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sábado, 12 de março de 2022

Diários de Motocicleta

Título no Brasil: Diários de Motocicleta
Título Original: Diarios de motocicleta
Ano de Produção: 2004
País: Argentina, Chile
Estúdio: FilmFour Pictures
Direção: Walter Salles
Roteiro: Jose Rivera
Elenco: Gael García Bernal, Rodrigo de la Serna, Mía Maestro, Mercedes Morán, Jean Pierre Noher, Sofia Bertolotto

Sinopse:
Baseado em fatos reais, o filme conta a história de um jovem Ernesto Guevara que decide fazer uma grande viagem de motocicleta pela América Latina e em sua jornada acaba conhecendo o lado mais desigual da sociedade, com a camada pobre da sociedade sendo colocada à margem. E essa situação reforça e concretiza sua mentalidade socialista e humanista.

Comentários:
Premiado com o Oscar, esse filme é realmente muito bom. Uma visão bem interessante do jovem Che, quando ele ainda não era um revolucionário comunista lutando na Ilha de Cuba. Intelectual, interessado pelos problemas de sua comunidade, prestes a entrar na universidade de medicina, ele decidiu ver com seus próprios olhos a América Latina. isso rendeu um diário que anos depois se tornou um livro premiado, um verdadeiro best-seller. Claro que o filme renova e engrandece o mito em torno de Che Guevara, o que certamente vai irritar quem não possui um viés ideológico de esquerda. Ignore esse aspecto e veja o filme como pura obra de arte cinematográfica. Como puro cinema esse filme é realmente ótimo, sob qualquer ponto de vista.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 7 de julho de 2021

Água Negra

Tive a oportunidade de assistir a esse filme no cinema. Duas lembranças ficaram bem nítidas em minha mente. A primeira, mais óbvia, é a do mofo preto na parede do apartamento da protagonista. A segunda, bem realista, veio das imagens das partes menos turísticas de Nova Iorque, com seus portos cheirando mal, navios enferrujados e um clima de decadência moral e econômica daqueles lugares sujos. Pontos da cidade onde os turistas certamente jamais vão visitar. A coisa toda cheirava mal, era mofada e apodrecia as paredes do pequeno e acanhado apartamento que a protagonista alugava no começo do filme. Uma jovem mulher (interpretada com garra por Jennifer Connelly), sem muitos recursos, vivendo de seu modesto salário que não dava para pagar por algo melhor. Pior era levar sua filhinha para morar em um lugar daqueles.

Esse filme me surpreendeu de forma positiva em vários aspectos. É tecnicamente um filme de terror, mas não vá esperando por sustos fáceis, cenas baseadas em clichês idiotas. O roteiro é um primor do conhecido (e reconhecido) terror psicológico. As coisas são bem sutis, as sombras muitas vezes assustam mais do que toneladas de efeitos digitais. E o elenco está ótimo. O cineasta brasileiro Walter Salles foi um maestro e tanto para dirigir essas atrizes brilharem, interpretando mãe e filha. "Dark Water" é um daqueles filmes que ficam em sua mente por muito tempo.  É o terror que nasce da vida cotidiana insuportável que certas pessoas vivem em seu dia a dia.

Água Negra (Dark Water, Estados Unidos, 2005) Direção: Walter Salles / Roteiro: Hideo Nakata, Rafael Yglesias / Elenco: Jennifer Connelly, John C. Reilly, Tim Roth, Dougray Scott / Sinopse: Mãe e filha vão morar em um apartamento velho e mofado de Nova Iorque. A vida é dura, a mãe precisa não apenas garantir a sobrevivência das duas, como também lutar com o ex-companheiro na justiça pela guarda de sua única filha. E dentro daquele apartamento úmido e escuro começam a surgir eventos sobrenaturais.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Na Estrada

Jack Kerouac (1922 -1969) não era um escritor comum. Após fracassar com seu primeiro livro, “The Town and The City”, dito por alguns como convencional demais, até conservador, ele resolveu chutar o balde e partiu para o extremo oposto disso. O que era “certinho” e “quadrado” virou puro caos nas linhas de sua nova obra, “On The Road”. Numa linguagem alucinada o livro se destacava por fugir das amarras da literatura da época. O texto simplesmente fluía sem muita ordem ou sentido. Tudo era literalmente jogado pelo autor em suas páginas e o leitor é que deveria colocar uma certa ordem naquela narrativa um tanto desconexa, baseada muito mais em sensações do que em organização e sentido. O livro marcou época dentro da literatura americana justamente por se livrar das amarras que impediam a plenitude criativa dos autores. O enredo, se é que se podia definir assim, mostrava flashes de um grupo de amigos que simplesmente cruzavam o interior dos Estados Unidos em busca de aventuras e autoconhecimento. Desde o início o cinema quis adaptar para as telas esse texto de Kerouac mas sua narrativa dispersa e sem foco tornava tudo muito complicado. Até mesmo o mito Marlon Brando quis interpretar a estória em um filme mas seus planos foram por água abaixo após um dos mais famosos roteiristas da época lhe explicar que o livro era simplesmente “inadaptável”.

Assim chegamos nessa produção dirigida pelo cineasta brasileiro Walter Salles. Como quase sempre acontece quando um livro famoso vira filme houve muitas reações acaloradas sobre o resultado final da obra cinematográfica. Aqui a crítica (principalmente a brasileira) resolveu expor os problemas do filme de forma muito exagerada. Reclamaram de praticamente tudo, do elenco, da edição, do roteiro (simplista para alguns), da direção e da falta de uma melhor abordagem em torno do tema. Superficial para alguns, maçante para outros, sobraram reações negativas a esse “Na Estrada”. Bobagem. Jamais alguém vai conseguir transpor um texto como esse com extrema fidelidade. A linguagem literária é bem diferente da linguagem cinematográfica. Um evento banal pode ser descrito de forma maravilhosa em um texto, com palavras que tocam profundamente o leitor. No cinema essa mesma passagem pode soar completamente sem importância dentro do que se mostra na tela. São linguagens totalmente diferentes. A primeira funda suas raízes no sensorial e a segunda no visual. Por essa razão não vejo qualquer motivo justificado para falarem tão mal do filme. Eu particularmente gostei do resultado. Obviamente não é perfeito mas é bem realizado. Certamente vai despertar a curiosidade dos mais jovens sobre a obra do autor Jack Kerouac – e isso já justifica a existência da produção. Claro que o filme tem eventuais problemas, mas dentro dos limites que uma adaptação como uma obra dessas impõe o resultado se mostra bem satisfatório e competente. Por isso pegue a estrada com Kerouac e se divirta – nas telas e no livro.

Na Estrada (On The Road, Estados Unidos, 2011) Direção: Walter Salles / Roteiro: Jose Rivera, baseado na obra de Jack Kerouac / Elenco: Kristen Stewart, Amy Adams, Viggo Mortensen, Kirsten Dunst, Garrett Hedlund, Alice Braga, Sam Riley, Elisabeth Moss, Steve Buscemi, Terrence Howard, Tom Sturridge, / Sinopse: Dois amigos de Nova Iorque e a namorada de um deles resolvem cruzar os Estados Unidos praticamente de costa a costa. No caminho conhecem os mais diversos tipos de pessoas e lugares numa aventura on the road em busca de autoconhecimento e diversão escapista.

Pablo Aluísio.