quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Embrutecido Pela Violência

Título no Brasil: Embrutecido Pela Violência
Título Original: Along the Great Divide
Ano de Produção: 1951
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Raoul Walsh
Roteiro: Walter Doniger, Lewis Meltzer
Elenco: Kirk Douglas, Virginia Mayo, John Agar, Walter Brennan
  
Sinopse:
Len Merrick (Kirk Douglas) é um orgulhoso Marshal federal que evita um enforcamento numa cidade do velho oeste. O acusado, Timothy 'Pop' Keith (Walter Brennan), está para ser enforcado por supostamente ter roubado gado e assassinado o filho de um rico e influente rancheiro da região. Para Len sua execução é completamente ilegal e por essa razão ele se compromete a levar Keith até um tribunal do júri na cidade de Santa Loma onde finalmente será devidamente julgado, perante um juiz de direito e um corpo de jurados, tudo como manda a lei. A jornada até lá porém não será tranquila e nem pacífica pois a família Roden está disposta a vingar a morte de um de seus membros.

Comentários:
Esse western dirigido pelo mestre Raoul Walsh tem um argumento muito mais sofisticado do que pode parecer à primeira vista. A história não foge muito do que vemos na tela, com um obcecado homem da lei tentando seguir os trâmites legais a todo custo, mesmo sendo ameaçado e perseguido por um bando de justiceiros pelo deserto afora. A questão é que uma vez em Santa Loma - para onde está levando um acusado - ele descobre que nem sempre a justiça é devidamente feita pelos tribunais. Há uma série de influências econômicas, sociais e extra jurídicas que determinam se alguém é considerado culpado ou não. Durante a jornada até lá ele vai colhendo impressões e verdades sobre o homem que tem sob custódia e descobre que seu próprio julgamento pessoal, criado na convivência com o suposto criminoso, tem mais validade do que um apressado e mal feito julgamento na calada da noite. Só esse aspecto já tornaria o filme bem acima da média dos demais faroestes da época, mas há outras qualidades dignas de nota. Walsh rodou um filme enxuto, diria até econômico, porém muito bonito, em bela fotografia em preto e branco. Rodado no deserto da Califórnia, em belas locações com penhascos e rochas enormes, o filme se valoriza enormemente por causa desse cenário natural rico em bonitas paisagens. 

O elenco também é outro ponto forte. Kirk Douglas está de certo modo em seu tipo habitual, a do xerife durão, até insensível que carrega velhos traumas do passado, em especial uma certa culpa pelo que aconteceu ao seu pai anos atrás (ele também era um homem da lei íntegro que acabou sendo linchado por tentar cumprir o que dizia a letra fria do devido processo legal). Agora, firme em suas convicções, ele precisa levar o acusado perante um juiz para que seja devidamente julgado. A questão é que a filha do homem preso, interpretada pela linda atriz Virginia Mayo, também quer justiça, mas ao seu modo. Douglas e Mayo inclusive soltam faíscas de atração no meio do deserto. Uma dupla que deu muito certo e que trouxe muita paixão reprimida para a tela. Com cabelos curtinhos e jeito até bem rude, Mayo acaba roubando todas as atenções por causa de sua personalidade ao mesmo tempo geniosa e sensual. Então é isso. "Embrutecidos Pela Violência" é muito mais do que aparenta ser. Um bom argumento, bem sólido e coerente, apoiado por um enredo que não nega os mais tradicionais cânones do western americano.

Pablo Aluísio.

...E o Bravo Ficou Só

Título no Brasil: ...E o Bravo Ficou Só
Título Original: Will Penny
Ano de Produção: 1967
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Tom Gries
Roteiro: Tom Gries
Elenco: Charlton Heston, Joan Hackett, Donald Pleasence, Lee Majors
  
Sinopse:
Durante toda a sua vida Will Penny (Charlton Heston) trabalhou como cowboy. Após levar uma grande rebanho de gado para o Arizona ele finalmente se vê sem trabalho e assim decide rumar em direção ao Kansas. Antes de ir embora porém uma disputa por um alce acaba terminando em morte quando um de seus colegas de trabalho mata o filho de um homem desequilibrado, que se diz pastor. Jurando vingança o suposto sacerdote chamado Quint (Donald Pleasence) começa a caçar Penny e todos os envolvidos na morte do jovem. Gritando versos bíblicos ele parte em busca de revanche. Filme vencedor do Western Heritage Awards na categoria de Melhor Filme de western.

Comentários:
No final dos anos 1960 o faroeste já dava sinais de desgaste. Isso porém não significava que excelentes obras primas não estavam mais sendo realizadas. Um exemplo de ótimo western desse período é esse "...E o Bravo Ficou Só". O roteiro traz um realismo surpreendente para uma produção daquela época. Ao invés de explorar a figura mitológica do cowboy, o colocando como um ser acima do bem e do mal, o texto valoriza o aspecto mais realista da profissão e do dia a dia daqueles homens. Assim o vaqueiro interpretado por Charlton Heston não é uma figura épica ou heroica, mas sim apenas um trabalhador tentando sobreviver com a força de seu trabalho que era muito duro e penoso. Em determinada cena fica claro também que ele seria analfabeto, uma maneira do roteiro mostrar o nível educacional daqueles cowboys da vida real no século XVIII. Após vagar em busca de serviço Will acaba indo parar numa fazenda do Kansas onde é contratado como vigia de um posto avançado, na realidade uma cabana perdida na montanha. Lá ele acaba encontrando a jovem senhora Catherine Allen (Joan Hackett) e seu filho. Um homem solitário, que vive de longas jornadas pelo velho oeste, ele acaba se apaixonando por ela - mas será que um romance assim daria frutos? 

Para piorar ainda há a quadrilha do velho pastor enlouquecido (interpretado pelo ótimo Donald Pleasence, completamente alucinado em cena). Filmado nas montanhas geladas do Arizona o filme tem uma bela fotografia, o que deixa ainda mais claro a dureza da vida daqueles pioneiros. O elenco é todo bom, com destaque para Joan Hackett, em delicada atuação que valoriza bastante a timidez a fragilidade de uma mulher no meio daquele ambiente rústico e selvagem. Lee Majors, na época apenas um coadjuvante desconhecido, iria se tornar um astro na TV alguns anos depois com a série de grande sucesso "O Homem de Seis Milhões de Dólares". Então é isso. Um bom faroeste valorizado por seu lado mais humano e realista. Uma pequena obra prima do gênero que merece ser redescoberta nos dias de hoje.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Vingança em Deliverance Creek

Depois do fim da guerra civil americana o confederado Jasper Gatlin (Christopher Backus) volta para sua terra natal. Ele cavalga ao lado de um bando de veteranos que no passado pertenceram à temida quadrilha de William Quantrill, que aterrorizava as cidades por onde passava. Agora, de volta para a vida civil, Jasper precisa encontrar um novo modo de vida. Ele reencontra sua irmã Belle Gatlin Barlow (Lauren Ambrose) que está tentando tocar a vida ao lado de seus filhos em um rancho em decadência. Viúva e tentando superar suas dívidas com o banco, ela vê sua propriedade rural prestes a ser vendida pela justiça para o pagamento de suas contas vencidas. Jasper então lhe propõe algo ousado e ilegal. Ela lhe ajudará no roubo do banco da cidade, que em poucos dias terá em seus cofres uma enorme soma em dinheiro e ouro trazido por tropas da União e em troca ele lhe dará parte do ouro roubado para que Belle consiga quitar todas as suas dívidas. Inicialmente o plano seria o bando de Jasper ir para o confronto direto, tentando matar todos os soldados ianques da guarda da fortuna assim que ela chegasse na pequenina agência de Deliverance Creek, mas Belle propõe algo mais sutil e inteligente, um roubo mais sofisticado, com a ajuda de uma ladra especialista, a escrava fugida Kessie (Yaani King), que inclusive acabou de roubar todo o dinheiro de seu antigo senhor, um homem violento e abusivo do qual ela conseguiu se livrar.

"Vingança em Deliverance Creek" é um telefilme produzido pelo canal a cabo Lifetime. No meio de tantos telefilmes insossos que passam na TV esse aqui até que se sobressai em alguns aspectos. A história é muito boa e mostra as dificuldades que os sulistas, principalmente pequenos rancheiros, enfrentaram após o fim da guerra. Com a economia do Sul destruída, não sobrava muitas alternativas para homens que haviam lutado sob a bandeira confederada. O mundo do crime assim surgia como uma opção na vida desses homens. A produção é modesta, mas digna. O roteiro surge em algumas ocasiões bem truncado, mas sinceramente falando se você levar em conta que está diante de um telefilme isso se torna pouco relevante. O grande destaque vem da atuação da ruivinha atriz Lauren Ambrose. Achei ela uma graça. Seu papel não é do tipo "heroína romântica", longe disso, porém mesmo interpretando uma mulher que cede à tentação de virar uma criminosa ela se mostra completamente cativante e carismática. Em suma, em tempos tão áridos no que se trata a faroestes, esse aqui surge como uma opção razoável de diversão para o fim de noite. Vale a pena conferir.

Vingança em Deliverance Creek (Deliverance Creek, EUA, 2014) Direção: Jon Amiel / Roteiro: Melissa Carter / Elenco: Lauren Ambrose, Wes Ramsey, Christopher Backus / Sinopse: O veterano confederado Jasper Gatlin (Christopher Backus) e sua irmã Belle Gatlin Barlow (Lauren Ambrose) decidem roubar um banco da pequenina cidade de Deliverance Creek, que em poucos dias estará abarrotado de dinheiro e ouro das tropas ianques, da União. Para isso eles contam com a preciosa ajuda de uma escrava fugida, Kessie (Yaani King), que tem grande talento para abrir cofres, algo que aprendeu com seu antigo senhor. Filme indicado aos prêmios American Society of Cinematographers, Motion Picture Sound Editors e Writers Guild of America.

Pablo Aluísio.

Bone Tomahawk

Dois ladrões e assassinos invadem um cemitério sagrado de uma desconhecida tribo de homens selvagens que vivem nas montanhas. Pela ofensa os nativos imediatamente matam um dos criminosos, porém o outro consegue escapar, indo parar em uma cidadezinha do velho oeste. Lá a lei e a ordem é mantida pelo honesto xerife Franklin Hunt (Kurt Russell). Como é um forasteiro, o tal criminoso, ainda sem identidade definida, logo chama a atenção do xerife. Hunt o interroga no saloon, porém esse se mostra pouco colaborativo. Depois de uma discussão o ladrão é baleado e levado para a cadeia local. O que Hunt não desconfia é que os selvagens estão na caça do sujeito. Durante a madrugada conseguem entrar na delegacia e terminam sequestrando não apenas o desconhecido, mas também o auxiliar de Hunt e Samantha O'Dwyer (Lili Simmons) que estava cuidando dos ferimentos do prisioneiro. O xerife, sem outra alternativa, resolve então ir atrás dos selvagens e para isso forma um grupo de quatro homens corajosos que deverão enfrentar todas as dificuldades para libertarem os cativos daquele bando de nativos sanguinários. Mal sabem o terror que os aguarda.

Quando "Bone Tomahawk" começa você pensa estar prestes a assistir um bom filme de faroeste contemporâneo, com um claro respeito por parte de seu roteiro em relação às mitologias do western dos filmes do passado. Isso porém é verdade apenas em termos. Embora a estrutura da narrativa siga um estilo mais tradicional, mostrando a jornada dos homens em tentar localizar o paradeiro dos sequestrados para salvar suas vidas, há também também nuances que fogem dessa linha tradicionalista. Os grandes vilões do filme são os próprios selvagens, chamados pelos moradores locais de "trogloditas". Eles vivem nas cavernas montanhosas do deserto, não possuem qualquer tipo de civilidade e são canibais. Nem os próprios indígenas que lutam contra a presença do homem branco na região desejam qualquer tipo de contato com aqueles verdadeiros animais. Vivem como verdadeiros bichos irracionais. Também apreciam muito a carne humana como alimento. O fato de canibalizarem suas vítimas acaba abrindo margem para cenas extremamente violentas, como quando abrem ao meio (literalmente falando) um homem para comerem suas vísceras. Esse tipo de cena certamente vai desagradar bastante aos fãs mais tradicionais de filmes de western pois são mais presentes e costumeiras em filmes de terror do estilo Gore. Isso porém deve ser deixado de lado. Mesmo com pequenos deslizes ao velho estilo trash, com muito sangue e carnificina, "Bone Tomahawk" ainda pode ser considerado um dos melhores faroestes de 2015. Certamente há uma certa apelação no quesito sangue e tripas, mas vamos convir que isso definitivamente não tira seus méritos como um bom filme que é. Além disso é sempre um prazer renovado encontrar novamente Kurt Russell como xerife do velho oeste. Sua presença praticamente vale pelo filme inteiro.

Bone Tomahawk (Bone Tomahawk, EUA, 2015) Direção: S. Craig Zahler / Roteiro: S. Craig Zahler / Elenco: Kurt Russell, Patrick Wilson, Matthew Fox, David Arquette, Lili Simmons, Sean Young, Richard Jenkins / Sinopse: Um grupo de quatro homens fortemente armados partem rumo ao deserto para salvar a vida de três pessoas sequestradas por uma tribo de selvagens canibais que vivem em cavernas nas montanhas. Filme indicado ao Independent Spirit Awards nas categorias de Melhor Roteiro e Melhor Ator Coadjuvante (Richard Jenkins). Vencedor do Sitges - Catalonian International Film Festival nas categorias de Melhor Direção e Melhor Roteiro (S. Craig Zahler).

Pablo Aluísio.

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Emboscada Heróica

Um capitão do exército confederado se faz passar por vendedor de cavalos para as tropas da União enquanto conspira com o famoso bandoleiro Quantrill para destruir um importante depósito de armas do exército ianque. Essa é a premissa básica desse faroeste B intitulado "Emboscada Heróica". Como toda produção com orçamento reduzido, esse filme vai direto ao ponto, sem maiores preocupações com roteiro, desenvolvimento dos personagens ou contexto histórico. O que vale mesmo no final das contas é a ação e os confrontos entre inimigos. Existem os vilões e os mocinhos, porém curiosamente o roteiro não se posiciona muito bem nessa divisão. Muito provavelmente o roteirista Polly James, que nasceu no sul, tenha feito isso de propósito, de caso pensado. Ele não quis retratar os sulistas confederados apenas como vilões. Se bem que transformar Quantrill e sua quadrilha em heróis era algo muito complicado.

Esse personagem histórico de fato existiu. Ele ajudou o exército confederado em diversas ocasiões, inclusive em operações militares importantes, porém não era considerado oficialmente um membro dos exércitos do sul. O General Lee, comandante supremo dos confederados, por exemplo, considerava ele um bandido e um quadrilheiro, tamanha era a brutalidade que ele espalhava por onde passava. Lee estava certo. Quantrill formou um bando composto basicamente por assassinos e ladrões, a tal ponto que os irmãos James (incluindo o infame Jesse James) fez parte por longo período de seu bando. A lógica de Quantrill era saquear e roubar as populações civis indefesas de pequenas cidades que dessem apoio aos exércitos da União durante a Guerra Civil Americana. Ele espalhava terror e cometia crimes de guerra sem ressentimento. Essa brutalidade acabou trazendo ao grupo a denominação de "gorilas" por causa da extrema violência que praticavam. Tudo isso porém é posto um tanto de lado nesse filme pois como eu escrevi não era a intenção do filme em ir fundo nessa questão histórica. Assim o que acaba sobrando de tudo isso é uma fita rápida, movimentada e com boas cenas de ação. Nada muito além desse limite, que diga-se de passagem era justamente o que pretendia os produtores do filme. Vale pela diversão.

Emboscada Heróica (Quantrill's Raiders, Estados Unidos, 1958) Direção: Edward Bernds / Roteiro: Polly James / Elenco:  Steve Cochran, Diane Brewster, Leo Gordon / Sinopse: Um capitão do exército confederado se faz passar por vendedor de cavalos para as tropas da União enquanto conspira com o famoso bandoleiro Quantrill para destruir um importante depósito de armas do exército ianque. Roteiro parcialmente baseado em fatos reais.

Pablo Aluísio.

Shalako

Título no Brasil: Shalako
Título Original: Shalako
Ano de Produção: 1968
País: Inglaterra, Alemanha
Estúdio: Palomar Pictures International
Direção: Edward Dmytryk
Roteiro: James Griffith, baseado no livro de Louis L'Amour
Elenco: Sean Connery, Brigitte Bardot, Stephen Boyd
  
Sinopse:
Um grupo de nobres europeus resolve fazer uma viagem pelo velho oeste, uma espécie de sáfari na América. A intenção é conhecer aquela região selvagem para caçar animais exóticos como leões da montanha e carneiros de chifres. Durante a jornada acabam entrando inadvertidamente em uma reserva Apache. Os brancos não são bem-vindos naquele lugar desde que os nativos firmaram um tratado com o exército americano e por essa razão começam a ser caçados pelos guerreiros da tribo. Apenas o ex-coronel do exército Carlin "Shalako" (Sean Connery) poderá salva a vida daqueles viajantes. Com vasta experiência de sobrevivência no deserto adquirida por anos de serviço militar ele tentará salvar todas aquelas pessoas da morte certa.

Comentários:
Embora Sean Connery tenha atuado em mais de 90 filmes ao longo de sua carreira ele praticamente não trabalhou em faroestes. Uma exceção foi esse "Shalako", uma produção européia com jeitão de filme americano que tentou lançar a atriz Brigite Bardot dentro daquele mercado cinematográfico. A atriz que era um ícone de beleza e fama na época não levava jeito com a língua inglesa e por essa razão estava confinada e interpretar estrangeiras de passagem pela América. É o caso dessa sua personagem nesse filme. Ela é uma condessa em busca de um bom casamento. Para isso acaba participando da expedição patrocinada por um rico barão inglês. Todos vão para o oeste americano em busca de aventuras e diversão, mas tudo o que encontram pela frente são nativos selvagens e hostis. No meio do deserto começam a ser literalmente caçados por Apaches. Apenas a ajuda de um ex-militar veterano que vive de caçar búfalos chamado Shalako poderá garantir que não sejam mortos. Sean Connery dá vida ao protagonista, um sujeito que se veste como Daniel Boone que tenta sobreviver naquelas terras áridas. Embora se chame Moses Carlin ele acaba adotando o nome que os Índios lhe deram: Shalako! Como todo nome índigena esse também tinha um significado, "Aquele que traz chuvas", já que sempre que entrava nas reservas apaches havia sinais de chuva por vir. Como era de esperar com Connery e Bardot em um mesmo filme os roteiristas logo trataram de criar um improvável romance entre eles. 

O curioso é que Connery já estava passando da idade de posar de galã romântico e mesmo não estando muito à vontade nessa função até que acabou não se saindo muito mal. Bardot continuava linda, porém já com os primeiros sinais da idade chegando (embora estivesse apenas com 35 anos na época!). O roteiro do filme é até bem tradicional, sem maiores novidades. Basicamente é um jogo de vida ou morte no meio do deserto entre Apaches e os turistas europeus. Há também um bando de bandidos que roubam esses estrangeiros e também entram no meio desse jogo de gato e rato. Em praticamente três atos o filme tem uma conclusão muito boa, nas montanhas, quando Connery resolve levar os viajantes para o topo de platô no meio do deserto em busca de água. Além da escalada (o que já garante ótimas cenas de ação) há ainda um duelo de lanças entre Connery e um Apache no alto da colina (sem dúvida uma boa cena de luta, bem coreografada e executada). Tudo garantindo aquele clima de diversão e aventura bem típico dos filmes da época. A lamentar apenas o fato de que esse seria o último faroeste de Sean Connery que ao que tudo indica não gostou muito da experiência de filmar em um deserto como aquele (que apesar de parecer ser o deserto da Califórnia era na verdade a região de Andalucía, na Espanha, onde vários westerns spaghettis foram filmados).

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Bandoleiros do Arizona

William Quantrill foi um infame bandoleiro que causou terror e desespero no velho oeste. Ele formou uma gangue de criminosos que invadiam pequenas cidades do interior, roubando e matando todos os moradores. Quando a Guerra Civil explodiu ele tentou se tornar um Coronel do exército confederado (chegava inclusive a se vestir como um) porém em pouco tempo o governo confederado entendeu que ele não passava de um criminoso. Depois de ser recusado a entrar nas fileiras do exército sulista  Quantrill decidiu se assumir pelo que sempre havia sido: um bandoleiro violento e cruel. O roteiro desse filme parte justamente da fase final do bando de Quantrill. Sua quadrilha está em seus últimos dias. O exército da União o caça pelas cidadezinhas sulistas e o cerca em uma velha fazenda abandonada. Lá seu líder é ferido de morte e seus homens fogem. Alguns deles não conseguem ter a mesma sorte e acabam presos, entre eles o jovem Clint (Murphy).

O problema é que o antigo bando de Quantrill volta a se reunir, agora sob liderança do bandoleiro Montana (George Keymas). Para destruir de uma vez por todas com a ameaça um grupo de homens da lei chamado Arizona Raiders resolve ir atrás dos criminosos, mas dessa vez com antigos membros da velha quadrilha de Quantrill, entre eles o próprio Clint. Esse é basicamente o trama central desse bom faroeste B estrelado pelo ator Audie Murphy. A produção é modesta, mas bem realizada. Há um uso muito interessante de cenários naturais dos desertos próximos a Cortaro no Arizona, com antigas ruínas espanholas de cidades que estavam abandonadas quando o filme foi feito. O interessante é que esse acabou sendo um dos últimos filmes da carreira de Murphy (ele só trabalharia em mais cinco produções depois dessa). O ator tinha vários traumas de guerra e problemas psicológicos que contribuíram para o fim prematuro de sua vida com apenas 46 anos de idade. Para seus fãs (e no Brasil existe uma boa quantidade deles) fica a dica desse bom western onde tudo parece se encaixar muito bem.


Bandoleiros do Arizona (Arizona Raider, EUA, 1965) Direção: William Witney / Roteiro: Alex Gottlieb, Mary Willingham / Elenco: Audie Murphy, Michael Dante, Ben Cooper, George Keymas / Sinopse: Clint (Murphy) é um ex-bandoleiro renegado da quadrilha de William Quantrill que é recrutado pelos homens da lei do grupo Arizona Raiders para caçar no meio do deserto antigos membros da quadrilha que fez parte no passado.

Pablo Aluísio. 

Uma Nação em Marcha

Título no Brasil: Uma Nação em Marcha
Título Original: Wells Fargo
Ano de Produção: 1937
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Frank Lloyd
Roteiro: Paul Schofield, Gerald Geraghty
Elenco: Joel McCrea, Bob Burns, Frances Dee
  
Sinopse:
Ramsay MacKay (Joel McCrea) é um empregado da empresa Wells Fargo Express cuja principal atividade econômica é levar correspondência e cargas entre as duas costas americanas. Seu trabalho não é tão fácil como parece pois ele precisa vencer longas distâncias, viagens e jornadas penosas, tudo para entregar as encomendas na hora certa, no momento exato. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Som (baseado no sistema sonoro inovador da época, chamado de Paramount SSD).

Comentários:
Faroeste muito antigo que conta uma história que sinceramente falando será pouco atrativo para os dias atuais. O personagem principal interpretado pelo ator Joel McCrea é basicamente um empregado de uma empresa privada que fatura levando encomendas e correspondências entre as costas leste e oeste dos Estados Unidos. Então o McCrea basicamente interpreta um carteiro? Tirando as devidas proporções é justamente isso. Hoje em dia enviar uma mensagem é a coisa mais banal do mundo, está a distância de um click no computador, mas no século XIX era praticamente uma aventura pois as cartas físicas tinham que atravessar grandes distâncias, geralmente passando por regiões hostis. O roteiro porém não se leva completamente à sério, longe disso, há todo um clima bem humorado que vai de ponta a ponta do filme. 

Para suavizar ainda mais Joel McCrea se apaixona por uma donzela, se declarando em galanteios românticos (nem todos muito convincentes). Como ainda era jovem (e tinha uma belo penteado, ou seja, bem antes de ficar careca) até que consegue convencer um pouquinho como galã sentimental, mas no geral nada é muito bem desenvolvido. O filme só se destaca mesmo por alguns aspectos da produção como uma bem detalhada réplica da San Francisco daqueles tempos, um vilarejo ainda, antes da chegada de milhares de imigrantes que iriam mudar a imagem da cidade, a transformando numa das metrópoles mais desenvolvidas da América. Outro fato que ajuda a manter o interesse é o fato de que o enredo explora praticamente toda a vida do protagonista, desde os primeiros tempos até sua velhice. Nesse meio termo explode a guerra civil, ele se casa e depois se separa da esposa (ela supostamente estaria apoiando os sulistas por causa da morte do próprio irmão no campo de batalha) tudo caminhando para o final quando ocorre a grande redenção entre eles. Poderia ser bem melhor, porém os roteiristas só estavam dispostos a ir até um certo limite. Mesmo assim, sendo menos do que poderia ser, ainda é um western que vale a pena ser ao menos conhecido.

Pablo Aluísio.

domingo, 10 de dezembro de 2017

Bone Tomahawk

Obviamente que o maior atrativo para assistir a esse filme vem justamente da presença de Kurt Russell no elenco. O ator não fazia um faroeste desde 1993 quando interpretou o lendário xerife Wyatt Earp em "Tombstone - A Justiça Está Chegando", ou seja, fazia mais de vinte anos que ele não estrelava um filme de velho oeste. Kurt nunca foi uma presença constante em filmes do gênero, o que sempre me deixou surpreso, já que definitivamente ele tem os atributos para estar em filmes como esses. Talvez o fato dele ter tido o auge de sua carreira no boom de filmes de ação tenha contribuído para que ele nunca se tornasse uma figurinha fácil em filmes de western. Ao invés disso Kurt colecionou atuações em filmes de pancadaria ao estilo anos 80.

Não há nada de errado nisso. Apenas podemos lamentar ele não ter realizado mais incursões no velho oeste. Dito isso temos que dar os devidos créditos para essa nova produção. Ela foi escrita e dirigida por S. Craig Zahler, um novato, que apenas agora assina sua primeira direção. Mais ligado ao cinema independente ele foi de tudo um pouco, desde roteirista até diretor de fotografia de alguns filmes menores. Aqui ele pretendeu em parte realizar um filme ao velho estilo, mas que fosse também atraente para o público mais jovem. A receita que encontrou para unir essas duas coisas foi escrever um enredo que embora fosse um western tradicional, também explorasse elementos de filmes de terror.

O resultado é bom. Há uma tensão constante, muita aridez (inclusive em termos técnicos com quase completa ausência de trilha sonora incidental, por exemplo), além de uma trama que me remeteu imediatamente a velhos clássicos com o mito John Wayne. Todo filme de western que explore a jornada de busca de um grupo de homens em salvar inocentes raptados me faz lembrar de produções como "Rastros de Ódio". Claro que digo isso levando em conta todas as devidas proporções, afinal de contas não é qualquer obra cinematográfica que pode sequer ser comparado a essa obra prima imortal. As semelhanças se restringem a parte do enredo e não ao filme em si, como um todo. Outro destaque que faz valer a pena assitir ao filme vem do elenco.

Além de Kurt Russell temos o retorno de outra estrela dos anos 80. Poucos vão perceber sua presença, mas lá no meio dos atores surge discretamente a atriz Sean Young vivendo a personagem Mrs. Porter. Sean Young foi uma das atrizes mais badaladas da década de 80. Ela trabalhou em clássicos daquela era como "Wall Street - Poder e Cobiça", "Duna", "Sem Saída" e principalmente "Blade Runner, o Caçador de Androides" onde interpretou a icônica Rachael. Sua imagem assustadora e sensual ao mesmo tempo ficou na mente dos fãs de cinema daquela época. Sua carreira entrou em decadência por causa de problemas sérios de saúde que enfrentou por longos anos. Sua presença no elenco foi uma sugestão do próprio Kurt Russell que resolveu lhe ajudar nesse retorno. Em suma, não deixe de conferir. Um western moderno, dos dias atuais, com um sabor nostálgico de um passado glorioso e distante.

Pablo Aluísio.

Domador de Motins

Mais um bom faroeste com o astro do western Randolph Scott. Aqui ele interpreta um tipo incomum em sua filmografia. Scott é Ned Britt. No passado ele fora um pistoleiro temido no velho oeste, principalmente no norte do Texas. Com o tempo ele passou a entender que seria morto mais cedo ou mais tarde pois sempre haveria alguém tentando ter a honra de ter matado o mais rápido do gatilho. Assim ele decide abandonar as armas, se dedicando a ser um jornalista. Isso mesmo. Com uma prensa mecânica em uma carruagem, Ned e sua pequena equipe se tornam jornalistas itinerantes, indo de cidade em cidade para publicar seu pequeno diário.

Depois de muito rodar ele acaba parando em sua terra natal, a pequena Fort Worth, no mesmo Texas que um dia deixou para tentar o começo de uma nova vida. Seu retorno acaba também trazendo problemas. Sua antiga namorada (e amor de sua vida) está para casar com o seu melhor amigo. Para piorar tudo, a presença de alguém disposto a publicar um jornal na cidade logo desperta ódios, principalmente dos bandidos e malfeitores da região. A liberdade de imprensa já existia nos Estados Unidos naqueles tempos pioneiros, porém não eram poucos os jornalistas que acabavam sendo mortos por aquilo que escreviam. Afinal de contas o oeste ainda era selvagem.

O interessante é que o personagem de Scott evita a todo custo em voltar a usar as armas. Ele acredita sinceramente que o poder das palavras é mais forte e imponente do que o poder das armas de fogo. Sua relutância em voltar ao velho estilo - de acertar todas as rivalidades com um cano fumegante - logo o deixa vulnerável contra os facínoras de Fort Worth. Ele só muda de ideia mesmo quando seu sócio é morto covardemente na própria sede do jornal Fort Worth Star que dirige. A partir daí não sobra outra alternativa. O velho e bom Randolph Scott então resolve acertar as contas ao velho estilo, em duelos face a face (algo que certamente fez a festa dos fãs do ator na época).

Embora seja um western bem na média do que Scott era acostumado a estrelar - ou seja, uma fita B, mas com muito bom gosto e com todos os elementos necessários presentes - o que mais me chamou a atenção nesse filme foi o bom roteiro, com inúmeras reviravoltas envolvendo todos os personagens. Ora Scott pensa contar com seu velho amigo, ora descobre que está entrando em uma verdadeira cilada, com traição à vista. E para não faltar nada mesmo, o filme ainda traz ótimas sequências de ação, como a corrida em direção a uma locomotiva em chamas e uma grande sequência de acerto de contas de Scott com todos os vilões do filme. Em suma, um faroeste para fã do gênero nenhum colocar defeito. Scott era realmente muito eficiente nesse tipo de produção. Bons tempos aqueles.

Domador de Motins (Fort Worth, EUA, 1951) Direção: Edwin L. Marin / Roteiro: John Twist / Elenco: Randolph Scott, David Brian, Phyllis Thaxter / Sinopse: Após viajar numa caravana em que um garotinho morre esmagado depois do estouro incontrolável de uma manada, o cowboy e jornalista Ned Britt (Scott) decide voltar para sua terra natal, Fort Worth. Lá reencontra o grande amor de seu passado e seu antigo melhor amigo,  Blair Lunsford (David Brian), um homem que se tornou extremamente rico, com ambições políticas. O problema é que ele parece ter enriquecido através de métodos ilegais e ilícitos. Será que a amizade entre Ned e Blair sobreviverá agora que tudo parece ter mudado na velha cidade?

Pablo Aluísio.

sábado, 9 de dezembro de 2017

Os Cowboys

John Wayne - Os Cowboys

Ontem aproveitei o fim de noite para rever o faroeste "Os Cowboys". O western foi estrelado pelo maior mito americano do gênero, o imortal John Wayne. Em uma carreira longa e produtiva o veterano ator incorporou como poucos o símbolo do pioneiro americano rumo a um velho oeste selvagem, perigoso e violento. Nesse filme em particular temos uma variação bem interessante de seu tipo habitual. Ao invés de ser um membro da cavalaria enfrentando tribos de nativos hostis, o ator interpretou um velho rancheiro que precisa levar seu gado até a Califórnia. Sem homens para contratar (pois estão todos nas montanhas na chamada busca ao ouro) ele não vê outra alternativa a não ser contratar um bando de guris, garotos de escola mesmo, para lhe ajudar a tocar a boiada durante a viagem, atravessando as longas planícies áridas do oeste americano. O roteiro, baseado na novela escrita por William Dale Jennings, parte justamente dessa premissa para construir todo o enredo do filme. De um lado temos um velho cowboy, veterano da guerra civil, já calejado pelos anos, com muita experiência de vida. Do outro um bando de meninos que acabam se espelhando nele para crescer, se tornando enfim homens de verdade.

Curioso é que se fosse lançado hoje em dia "Os Cowboys" poderia muito bem criar problemas com o politicamente correto que impera nos dias atuais. Afinal de contas o personagem de John Wayne recruta todos aqueles garotos para um trabalho duro, arriscado. Hoje algo assim seria visto com reservas certamente. No caminho os meninos tomam conhecimento de aspectos da vida adulta como bebidas (imagine a confusão que isso iria dar) e até mulheres de vida fácil!!! Numa das cenas mais interessantes dois dos adolescentes encontram uma carruagem cheia de mulheres, coristas que vão se apresentar nos saloons do velho oeste. Elas se apresentam praticamente despidas, pois estão tomando banho em um rio da região. Claro que pela pouca idade eles até se assustam com a desenvoltura das moças que acabam achando eles tão bonitinhos, montados em seus cavalos, até parecendo cowboys de verdade! Tal cena certamente iria chocar para os padrões conservadores dos dias atuais. Conheço pessoas que ficariam escandalizadas com algo desse tipo!

O roteiro porém não se limita a isso. Há a questão racial também. O cozinheiro do grupo é Jebediah Nightlinger (Roscoe Lee Browne), um senhor negro, que chegou a também lutar na guerra civil e que agora ganha a vida cozinhando em caravanas. Os meninos que agora trabalham para o personagem de Wayne jamais tinham visto um negro antes! Numa das melhores cenas eles perguntam ao velho Jebediah se ele é igual aos outros homens (no caso, os brancos). O velho que já presenciou tantos momentos movidos pelo racismo acaba virando o jogo, contando uma velha lenda envolvendo seu pai, ao qual seria um velho guerreiro mouro em um mundo das mil e uma noites - o que obviamente acaba encantando todos aqueles jovens. Roscoe era um grande ator e nesse monólogo em particular prova bem isso. No final ele acaba liderando o bando de meninos em um momento crucial da trama, mostrando que a amizade e o respeito sempre vencem qualquer tipo de barreira racial que venha a existir entre brancos e negros.

Por fim, além da garotada, outro fato marcou muito esse "Os Cowboys". Encurralados e cercados por bandidos o personagem de John Wayne acaba sendo morto de forma covarde (pelas costas) pelo vilão Long Hair (Bruce Dern). Eu me recordo que quando assisti a esse filme pela primeira vez, ainda adolescente e nos anos 80, ao lado de meu pai, ele ficou visivelmente chocado e perturbado por ver o seu herói Wayne tombar em cena! Afinal John Wayne não poderia jamais morrer em seus próprios filmes, era um absurdo! O fato porém foi que esse tipo de situação veio muito bem a calhar pois trouxe a dose de realismo que faltava em sua carreira. Afinal o típico personagem de John Wayne poderia ser um bravo, um homem íntegro e honesto, representando tudo o que de valioso havia do homem do velho oeste americano, mas certamente não poderia ser imortal também! Por essas e outras é que esse "Os Cowboys" é da fato um filme tão marcante e inesquecível. Um ótimo western que todos os cinéfilos precisam ter em sua coleção.

Os Cowboys (The Cowboys, EUA, 1972) Direção: Mark Rydell / Roteiro: William Dale Jennings, Irving Ravetch / Elenco: John Wayne, Roscoe Lee Browne, Bruce Dern / Sinopse: Em plena corrida do ouro nas montanhas, o rancheiro Wil Andersen (John Wayne) acaba ficando sem cowboys para tocar seu gado do Colorado até a Califórnia onde os animais serão vendidos. Para resolver seu problema de mão de obra Andersen acaba tomando uma decisão radical: contratar um grupo de garotos para realizar a longa jornada oeste adentro.

Pablo Aluísio.

Spirit - O Corcel Indomável

Título no Brasil: Spirit - O Corcel Indomável
Título Original: Spirit - Stallion of the Cimarron
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos
Estúdio: DreamWorks Animation
Direção: Kelly Asbury, Lorna Cook
Roteiro: John Fusco
Elenco: Matt Damon, James Cromwell, Daniel Studi
  
Sinopse:
Um garanhão selvagem chamado Spirit (Matt Damon) é capturado por seres humanos e levado para uma incrível aventura de muita emoção e perigos. Aos poucos ele vai perdendo a vontade de resistir ao treinamento imposto por seus novos donos, sem no entanto perder a vontade de reconquistar novamente sua tão amada liberdade. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Animação (Jeffrey Katzenberg). Também indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Canção ("Here I Am" de Hans Zimmer, Bryan Adams e Gretchen Peters). Vencedor de quatro prêmios no Annie Awards, considerado o Oscar da animação.

Comentários:
Desde que criou seu próprio estúdio, a DreamWorks, Steven Spielberg determinou aos seus executivos que dessem especial atenção para o mundo da animação. Isso se deveu não apenas aos números envolvidos nesse mercado (onde giram milhões e até bilhões de dólares em bilheteria), mas também para o fator prestígio. Todo grande estúdio de Hollywood que se preze precisa ter um bem elaborado departamento de animação. Pois bem, aqui está mais uma tentativa por parte de Spielberg em fincar posições no competitivo mundo da animação do cinema americano. O filme, como era de se esperar, é tecnicamente muito bem realizado. Além disso aposta numa proposta diferente, diria até mesmo mais clássica, explorando o velho oeste americano. Os protagonistas são cavalos e os humanos meros coadjuvantes. Gostei bastante do resultado final. É de um bom gosto à toda prova. Pena que não teve muita apelação ao público jovem dos dias de hoje o que resultou em uma bilheteria meramente morna. Em termos de elenco quem se destaca no quesito dublagem é o ator Matt Damon, dando vida ao personagem Spirit. É de se surpreender sua boa caracterização pois essa foi sua primeira experiência na area. Enfim, fica a recomendação de um western diferente, uma animação com o selo de qualidade de Steven Spielberg.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Uma Mente Brilhante

Segue sendo o trabalho mais memorável tem termos de atuação da carreira do ator Russell Crowe. Ele interpreta um gênio da matemática chamado John Nash. O filme, que é baseado numa história real, mostra Nash em seus primeiros anos, quando se torna um aluno brilhante numa das melhores universidades do mundo. Como é considerado um verdadeiro talento em sua área, acaba sendo procurado pelo governo para trabalhar no deciframento de códigos criptográficos. O que começa até bem logo desanda quando Nash começa a afirmar que está sendo perseguido, se tornando alvo de um complô extremamente complexo para lhe assassinar.

Verdade ou fruto de sua cabeça? O roteirista Akiva Goldsman joga o tempo todo com as duas possibilidades, dando um verdadeiro nó na cabeça dos espectadores. O filme só não é melhor porque o cineasta Ron Howard sempre foi muito convencional, nunca indo para caminhos mais desafiantes. Ele sempre preferiu mesmo o feijão com arroz do dia a dia. Sem esse tipo de coragem o filme acaba perdendo um pouco, até porque o diretor parece nunca estar à altura do roteiro, esse realmente acima da média, muito bem escrito. Fico imaginando um material como esse nas mãos de um Stanley Kubrick, por exemplo. Seria definitivamente uma das maiores obras primas da história do cinema.

Do jeito que ficou está OK, mas como sempre gosto de dizer, poderia ser bem melhor. De uma maneira ou outra o filme acabou se consagrando no Oscar com quatro importantes prêmios: Melhor direção (para Howard, um exagero!), Melhor Atriz Coadjuvante (Jennifer Connelly, a garota de "Labirinto" que cresceu e virou uma boa atriz), Melhor Roteiro (O prêmio mais merecido da noite) e Melhor Filme (achei um pouco forçado). Russell Crowe também foi indicado ao Oscar como Melhor Ator, mas não levou, naquela que foi a chance mais desperdiçada de sua carreira. Nunca mais ele voltaria a concorrer, mostrando que foi mesmo uma chance de ouro que ele perdeu de levantar a estatueta. Em conclusão considero um bom filme, com aquele tipo de roteiro que anda cada vez mais raro nos dias atuais. Muitos vão dizer que é tudo bem inconclusivo no final das contas, porém penso diferente, sendo esse aspecto uma das qualidades mais louváveis de seu texto.

Uma Mente Brilhante (A Beautiful Mind, Estados Unidos, Inglaterra, 2001) Direção: Ron Howard / Roteiro: Akiva Goldsman, baseado no livro escrito por Sylvia Nasar / Elenco: Russell Crowe, Ed Harris, Jennifer Connelly, Christopher Plummer, Paul Bettany, Josh Lucas/ Sinopse: John Nash (Russell Crowe) é um gênio da Matemática que é procurado pelo governo americano para trabalhar na decifração de códigos de países inimigos. Em pouco tempo Nash começa a temer por sua vida, pois o que parecem ser agentes do governo, começam a persegui-lo, colocando em risco sua vida. Seria verdade ou apenas fruto de sua mente perturbada? Filme indicado também ao Oscar nas categorias de Melhor Edição (Mike Hill, Daniel P. Hanley), Melhor Maguiagem (Greg Cannom, Colleen Callaghan) e Melhor Música (James Horner). Vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama, Melhor Ator - Drama (Russell Crowe), Melhor Atriz - Drama (Jennifer Connelly) e Melhor Roteiro (Akiva Goldsman).

Pablo Aluísio. 

A Guerra de Hart

Esse filme foi uma pausa para Bruce Willis. Ele deu um tempo nos filmes de ação ao estilo pura porrada, para estrelar algo mais sofisticado, com um roteiro melhor, mais intelectualizado. Ele interpreta um Coronel americano em um campo de prisioneiros dos alemães durante a II Guerra Mundial. Quando um militar negro é acusado de assassinato de um colega de farda ele passa a desempenhar o papel de advogado desse sujeito. Ele não é um advogado de fato, quando a guerra explodiu era apenas um estudante do 2º ano de Direito, mas acaba aceitando o encargo. Bruce Willis então deixa as interpretações fáceis de sua carreira de lado para encarar um papel mais complexo, mais bem construído. O fato de tudo se passar na guerra torna ainda mais interessante o filme como um todo.

"Hart's War" como se vê parte de uma boa premissa, um enredo interessante. Tem um bom elenco de apoio que conta, dentre outros, com um jovem Colin Farrell, ainda no começo da carreira e tentando se encontrar na profissão de ator. Dito isso também encontramos problemas. Um tribunal do jurí, mesmo feito nas circunstâncias do filme, em uma situação excepcional e fora do comum, jamais poderia ser encarado como algo que estivesse sob controle de um estudante de Direito de segundo ano. É inverossímil. Não haveria conhecimento jurídico para entrar numa situação dessas, seria mesmo um desastre. De qualquer maneira se você conseguir ignorar essa falha de lógica pode ser que ainda vá se divertir. Interessante lembrar também que não foram poucos os que acusaram o filme na época de seu lançamento de ser lento e em muitos aspectos chato. Quem diria que um dia alguém iria reclamar de lentidão em um filme estrelado por Bruce Willis, o rei da metralhadora dos filmes de ação...

A Guerra de Hart (Hart's War, Estados Unidos, 2002) Direção: Gregory Hoblit / Roteiro: Billy Ray, baseado na novela escrita por John Katzenbach / Elenco: Bruce Willis, Colin Farrell, Terrence Howard / Sinopse: O Coronel William A. McNamara (Bruce Willis), um militar de formação ainda muito restrita de Direito, acaba aceitando a incumbência de defender um jovem negro acusado de assassinato. Filme premiado no Shanghai International Film Festival na categoria de Melhor Ator (Colin Farrell).

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Coco Antes de Chanel

Como não conhecia praticamente nada da vida da famosa estilista Coco Chanel acabei gostando bastante desse filme. De maneira em geral gosto de biografias. Aqui o roteiro se concentra em mostrar os primeiros anos de sua vida, antes de criar sua grife que segue sendo, até os dias de hoje, uma das mais importantes do mundo da moda. Ela nasceu Gabrielle Chanel. Criada em um orfanato mantido pela igreja católica, sempre teve que lutar por sua vida. Quando se tornou adulta começou a se apresentar em cabarés e casas noturnas. Nessas apresentações em troca de trocados ela cantava uma popular música tradicional francesa que contava a história de um cachorrinho chamado Coco. Por isso seu apelido. Ao lado de uma amiga ela desenvolvia seu lado artístico nesses números de canto e dança.

O gosto pela moda veio cedo. Coco estava sempre observando o figurino das madames e mademoiselles da classe alta. Só faltava uma oportunidade de entrar no meio dessa gente, da elite. A oportunidade surge quando ela conhece Étienne Balsan (Benoît Poelvoorde), um ricaço inconsequente de bom coração. Coco teve um caso com ele, mas era algo um tanto superficial, do tipo chove, não molha. O mais importante desse relacionamento é que ela teve a oportunidade de conhecer pessoas que iriam ser fundamentais em sua nova carreira, a de estilista de moda. O filme também aproveita para mostrar um pouco da grande paixão da vida de Chanel, um inglês chamado Boy Capel (Alessandro Nivola). Ela que sempre se orgulhou de sua racionalidade e equilíbrio, de repente se viu apaixonada e boba por esse britânico. 

É um bom filme, elegante, sofisticado, tal como Chanel. A atriz Audrey Tautou está perfeita no papel principal. Ela não é apenas muito parecida fisicamente com Coco Chanel, como também conseguiu captar aspectos da personalidade da estilista de uma maneira surpreendente. Além disso sempre é um prazer assistir a filmes franceses, muito por causa da bela sonoridade da língua nativa. O francês tem mesmo uma bela melodia em suas palavras. É uma das mais bonitas línguas clássicas da Europa (ao lado do latim, espanhol e do nosso português). 

Coco Antes de Chanel (Coco avant Chanel, França, 2009) Direção: Anne Fontaine / Roteiro: Anne Fontaine, baseada no livro escrito por Edmonde Charles-Roux / Elenco: Audrey Tautou, Benoît Poelvoorde, Alessandro Nivola / Sinopse: "Coco Antes de Chanel" é uma cinebiografia que conta parte da história da estilista francesa Coco Chanel. O filme explora sua infância, quando foi criada em um orfanato católico, e sua juventude, quando acaba se envolvendo com dois homens bem diferentes entre si. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Figurino (Catherine Leterrier). Vencedor do César Awards nessa mesma categoria.

Pablo Aluísio.

Legalmente Loira

Esse filme é uma bobeirinha que caiu no gosto do público americano, rendendo uma ótima bilheteria em seu lançamento. Só para se inteirar nos números: o filme custou meros 18 milhões de dólares e rendeu no total quase 250 milhões dentro do mercado americano e ao redor do mundo! Nada mal não é mesmo? Com esse tipo de lucro é que entendemos porque o cinema americano é o mais rico do mundo, posição que provavelmente nunca perderá. Pois bem, deixando a chuva de dólares de lado o que sobra é uma comediazinha muito simplória que se sustenta basicamente toda no carisma da atriz Reese Witherspoon.

Ela interpreta Elle Woods, uma típica patricinha (e coloca patricinha nisso) que consegue entrar em uma das mais disputadas universidades dos Estados Unidos e logo no curso de Direito!!! Imaginem o choque de ver os demais alunos (todos sérios, estudiosos e vestidos com total sobriedade) ao lado dessa loira cor de rosa, com cachorrinho de lado, se tornando o suprassumo da futilidade. Fica óbvio que o roteiro não é lá essas coisas (é fútil igual sua personagem principal), mas os jovens adoraram e então não deu outra... caixa recheada de verdinhas para o estúdio. Uma sequência foi lançada alguns anos depois (alguém duvidaria que isso iria acontecer?), mas essa continuação conseguia ser pior do que o filme original! Sim, isso foi possível.

Legalmente Loira (Legally Blonde, Estados Unidos, 2001) Direção: Robert Luketic / Roteiro: Karen McCullah, baseada no livro escrito por Amanda Brown / Elenco: Reese Witherspoon, Luke Wilson, Selma Blair, Raquel Welch / Sinopse: Patricinha que só se veste de rosa, acaba entrando numa das melhores universidades de Direito dos Estados Unidos, causando um choque de diferenças entre ela e seus novos colegas de curso! Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Comédia ou Musical e Melhor Atriz (Reese Witherspoon).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Amor & Tulipas

Esse filme é um folhetim. Assim se você gosta de novelas muito provavelmente vai gostar desse "Amor & Tulipas". E como todo folhetim esse roteiro também tem um enredo com romances, traições e reviravoltas. Tudo se passa no século XVII, na Holanda. O rico comerciante Cornelis Sandvoort (Christoph Waltz) ficou viúvo após a morte da esposa em trabalho de parto. Ele pretende reconstruir sua vida e para isso precisa de um herdeiro. Em suas próprias palavras: "Um homem precisa deixar seu nome e sua fortuna para um filho!". Como já é um senhor com uma certa idade ele não vai mesmo conquistar nenhuma beldade da cidade onde vive, a não ser que seja uma interesseira.

Para resolver seus problemas ele decide ir até um orfanato mantido pela Igreja Católica. Lá existem muitas moças bem educadas, mas pobres, que só esperam por um bom casamento. Acaba encontrando o que procura em Sophia (Alicia Vikander). Eles se casam e tudo corre bem, a não ser pelo fato dela não conseguir engravidar, justamente o que Cornelis mais desejava. Pior do que isso, a jovem Sophia acaba se apaixonando por outro homem, um pintor contratado pelo marido para fazer um quadro clássico do casal. E a parti daí já sabemos mais ou menos o que virá. O marido é um bom homem, muito dedicado ao seu casamento, mas ela não o ama como deveria. Seu coração pertence mesmo ao jovem pintor interpretado por Dane DeHaan.

O filme tem boa produção, com excelente reconstituição de época, inclusive reproduzindo os estranhos figurinos daquele período histórico. O melhor ator em cena é justamente Christoph Waltz interpretando o marido traído. Mais contido do que o habitual, sem exageros dramáticos, ele procura escapar um pouco dos personagens de vilões que andou fazendo ultimamente. Outro destaque, com menos espaço na história, é a presença da grande dama do teatro e cinema Judi Dench. Ela interpreta uma freira que cuida de uma plantação de tulipas no convento onde mora. O roteiro aliás mostra um estranho mercado de vendas dessas flores que viraram objetos de especulação na época, com algumas delas valendo pequenas fortunas. Por fim há também a presença do comediante Zach Galifianakis em mais um papel de porcalhão bêbado. É o alívio cômico da trama. No geral é um bom filme, nada demais, um pouco folhetinesco além da conta, mas que cumpre seu papel.

Amor & Tulipas (Tulip Fever, Estados Unidos, 2017) Direção: Justin Chadwick / Roteiro: Deborah Moggach, Tom Stoppard / Elenco: Christoph Waltz, Judi Dench, Zach Galifianakis, Alicia Vikander, Holliday Grainger, Dane DeHaan / Sinopse: Jovem mocinha, criada em um orfanato católico, é dada em casamento a um rico comerciante holandês. Ele quer um herdeiro pois se tornou viúvo no casamento anterior. A nova esposa é submissa e leal, mas não consegue engravidar. Pior do que isso, depois de algum tempo ela acaba se apaixonando por um jovem pintor.

Pablo Aluísio.


Lembranças de um Verão

Falou em adaptação para o cinema de uma obra de Stephen King logo todos pensam em filmes de terror, suspense, etc. Só que King também escreveu dramas, dramas nostálgicos e existenciais. Um exemplo é justamente esse "Lembranças de um Verão". Não há vampiros, lobisomens e nem palhaços assassinos. Ao invés disso temos uma história simples, da amizade de um garoto e um senhor mais velho que vai morar na casa ao lado. Bobby Garfield (Anton Yelchin) é um garoto de 11 anos, filho de uma mãe solteira que luta para sobreviver. Eles são pobres e não há muito espaço para ter todos os presentes que ele sempre quis. Ted Brautigan (Anthony Hopkins) é o senhor idoso que se torna seu vizinho. Um homem de passado misterioso, mas que parece ser uma pessoa bondosa, sempre com observações pertinentes, embora pareça estar sempre pensativo e contemplativo, com o olhar perdido no horizonte.

E é basicamente isso. King não traz personagens fantásticos, sobrenaturais, nada disso. Aliás essa é uma das tramas mais humanas criadas pelo escritor. Parte dos acontecimentos são baseados em suas próprias lembranças da infância, por isso o clima de nostalgia percorre cada cena, cada acontecimento. Anthony Hopkins, bem contido em sua interpretação, me agradou bastante. Esse é um ator que não precisa de muito para desempenhar grandes atuações. No seu caso o "menos" sempre é "mais". Quanto mais introvertido seu personagem, mais Hopkins se sai bem. O filme de forma em geral pode vir a decepcionar os fãs de Stephen King justamente por causa de seu convencionalismo. Não tem ET, não tem monstros e nem aquele clima de contos de horror que nos acostumamos quando vemos o nome de Stephen King impresso nos posters de cinema. Ainda assim o autor acerta em cheio, principalmente se você for aquele tipo de espectador mais sensível.

Lembranças de um Verão (Hearts in Atlantis, Estados Unidos, 2001) Direção: Scott Hicks / Roteiro: William Goldman, baseado no livro de Stephen King / Elenco: Anthony Hopkins, Anton Yelchin, Hope Davis / Sinopse: Um homem relembra os acontecimentos de sua vida quando tinha apenas 11 anos de idade. Vivendo em uma pequena cidade do interior ele recorda as pessoas e as experiências que viveu naquele período que agora parece mágico de sua vida.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Onze Homens e um Segredo

Esse filme nasceu por acaso. O ator George Clooney estava hospedado em um hotel de Las Vegas quando assistiu na TV o clássico original com Frank Sinatra e seus amigos do rat pack. Ele então se perguntou porque ninguém tinha ainda feito um remake desse filme! Imediatamente contactou seu agente e esse saiu em busca dos direitos da obra cinematográfica. Com tudo pronto contratou o diretor Steven Soderbergh e no mesmo espírito que deu origem ao filme de Sinatra saiu convidando seus amigos mais próximos em Hollywood para fazer parte do elenco. Afinal Clooney sempre foi um dos atores mais bem relacionados dentro da indústria, tendo mesmo cacife para reunir tanta gente famosa em apenas uma produção.

Se você não tem ideia ainda do que se trata (o que acho bem difícil), o roteiro mostra um grupo de criminosos que decide roubar um grande cassino em Las Vegas. O plano, como era de se esperar, é simplesmente mirabolante, praticamente uma orquestra bem afinada formada por ladrões. O clima é bem ameno, quase levado às últimas consequências. Nenhum ator do elenco parece levar muito à sério o que acontece, o que é um ponto positivo a mais para o filme. Lançado em 2001 esse remake foi um grande sucesso de bilheteria, se tornando um blockbuster certeiro, mostrando que George Clooney tinha jeito (e sorte) também como produtor de cinema. Como deu origem a várias continuações (todas inferiores) ainda considero esse o melhor dessa nossa safra. Claro, nenhum desses novos filmes conseguiu ser mais legal e bacana do que o de Frank Sinatra e cia, mas no geral também não fez feio. É acima de tudo uma diversão bem-vinda ao estilo soft, tudo bem descompromissado.

Onze Homens e um Segredo (Ocean's Eleven, Estados Unidos, 2001) Direção: Steven Soderbergh / Roteiro: George Clayton Johnson, Jack Golden Russell / Elenco: George Clooney, Brad Pitt, Julia Roberts, Matt Damon, Andy Garcia, Don Cheadle, Casey Affleck, Bernie Mac, Joshua Jackson, Steven Soderbergh / Sinopse: Danny Ocean (George Clooney) decide formar um grupo de especialistas, ladrões de bancos, para um roubo milionário em um dos maiores e mais ricos cassinos de Las Vegas. Filme indicado ao César Awards (França) na categoria de Melhor filme estrangeiro (USA) e ao Art Directors Guild.

Pablo Aluísio.

A Sombra do Vampiro

"Nosferatu" é um clássico do terror. Filmado ainda na era do cinema mudo era uma adaptação não autorizada do livro "Drácula" de Bram Stoker. Durante muitos anos se especulou bastante sobre o ator que interpretava o vampiro, um alemão  chamado Max Schreck. Nesse universo de lendas urbanas criou-se o mito de que ele não era apenas um ator interpretando um vampiro, mas sim um vampiro de verdade! O roteiro desse filme "A Sombra do Vampiro" então parte justamente dessa ideia para contar as filmagens de Nosferatu, sustentando que Schreck era mesmo, de fato, uma criatura da noite. Bem criativo não é mesmo? Willem Dafoe interpreta Schreck e John Malkovich  dá vida ao cinesta Friedrich Wilhelm Murnau, mestre das sombras e do estilo noir. Tudo nos eixos, o filme parecia muito promissor, principalmente para quem gosta da história do cinema, só que... acabei não gostando do resultado final. Achei meio decepcionante, pouco criativo e com ritmo arrastado. A produção é boa, nada a reclamar nesse aspecto, mas o roteiro falha inúmeras vezes em desenvolver sua trama.

A premissa que parece muito interessante - a do ator vampiro que na verdade é um vampiro apenas fingindo ser um ator - não se sustenta por muito tempo, falhando em manter o interesse do espectador. Dafoe está perfeito em sua caracterização de um ser rastejante e nojento, porém não tem muito mais a trabalhar além de sua bem feita maquiagem. O roteiro apenas dá voltas e mais voltas sem chegar a um ponto certo em sua dramaturgia. Mesmo assim seus esforços lhe valeram indicações ao Oscar e ao Globo de Ouro, que vindas para um filme como esse não deixaram de surpreender muita gente na época. Pena que seu parceiro de cena não tenha se saído tão bem. É incrível que o excelente John Malkovich tenha errado a mão, tornando seu diretor muito caricato. Assim o filme não cumpre tudo aquilo que promete. É uma boa ideia que foi desperdiçada, infelizmente.

A Sombra do Vampiro (Shadow of the Vampire, Estados Unidos, 2000) Direção: E. Elias Merhige / Roteiro: Steven Katz  / Elenco: John Malkovich, Willem Dafoe, Udo Kier, Cary Elwes / Sinopse: Durante a década de 1920, ainda na era do cinema mudo, um diretor chamado F.W. Murnau (John Malkovich) decide contratar o estranho Max Schreck (Willem Dafoe) para interpretar um personagem de vampiro em seu filme, o Conde Graf Orlok. Só que ele não é apenas um ator comum, é um vampiro de verdade!  Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante (Willem Dafoe) e Melhor Maquiagem (Ann Buchanan e Amber Sibley). Também indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Willem Dafoe).

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Assassinato no Expresso do Oriente

Sempre gostei das adaptações dos livros de Agatha Christie para o cinema. Grandes filmes do passado mantiveram bem essa tradição. Provavelmente o livro mais famosa dessa escritora seja exatamente esse, "Assassinato no Expresso do Oriente". Aqui você encontrará todos os ingredientes que fizeram dessa pacata velhinha inglesa uma das maiores vendedores de livros de todos os tempos. Sempre há um mistério a se resolver e vários suspeitos geralmente em ambientes fechados. É quase uma experiência empírica. Com o ambiente controlado fica mais fácil estudar os objetos de estudo, que são justamente as pessoas suspeitas do crime que move toda a trama. Esse sempre foi o grande atrativo da obra de Agatha Christie: resolver um caso misterioso e desvendar a identidade do verdadeiro autor do crime.

Pois bem, nem faz muito tempo que assisti a versão de 1974. Um filme muito bom por sinal. Agora o ator e diretor Kenneth Branagh resolveu apostar numa nova adaptação. Como é de praxe nesse tipo de filme ele contou também com um elenco numeroso, cheio de nomes famosos, do passado e do presente. O problema é que Kenneth Branagh decidiu que iria fazer um produto fast food, de rápida digestão, a ser exibido nos cinemas comerciais de shopping center mundo afora. Uma decisão lamentável. Tudo parece acontecer rápido demais, sem explorar o clima e nem os personagens que rondam esse assassinato que ocorre justamente nesse trem tão famoso, o Orient Express. Esse aliás é o grande problema desse novo filme: a pressa. Praticamente tudo vai se atropelando, sem muita sofisticação, sem muita preocupação em se criar todo um ambiente sofisticado para contrastar justamente com o lado grotesco de um homicídio.

Em um filme assim temos que ter também uma caracterização perfeita do detetive Hercule Poirot. Nesse quesito nenhum ator até hoje conseguiu superar Peter Ustinov que foi a mais perfeita encarnação de Poirot no cinema. Talvez envaidecido por sua própria fama, o diretor Kenneth Branagh cometeu o erro fatal de se auto escalar como Poirot. Ficou péssimo. Ele não tem nem a corporação física de ser Poirot que sempre foi um figura bonachona, com quilinhos a mais e QI acima do normal. Tentando ser Poirot  Kenneth Branagh só se tornou muito chato! E o que dizer daquele bigode simplesmente horrível que ele ostenta no filme? Com o personagem central mal escalado tudo fica mais difícil. Para piorar ainda mais a situação a pressa não dá chance nenhuma para nenhum dos atores desse rico elenco se sobressair. Eles possuem apenas pequenos momentos, pequenos trechos que não fazem muita diferença. Assim o meu veredito final não é bom. Não gostei dessa nova versão que peca por querer ser comercial demais. Ficou com cara mesmo de fast food descartável.

Assassinato no Expresso do Oriente (Murder on the Orient Express, Estados Unidos, Inglaterra, 2017) Direção: Kenneth Branagh / Roteiro: Michael Green, baseado na obra escrita por Agatha Christie / Elenco: Kenneth Branagh, Penélope Cruz, Willem Dafoe, Michelle Pfeiffer, Judi Dench,  Johnny Depp / Sinopse: Durante uma viagem no Expresso do Oriente um homem é morto misteriosamente em sua cabine. Para descobrir o crime entra em cena o detetive Hercule Poirot que acaba descobrindo que praticamente cada um dos passageiros do trem teria um motivo para assassinar o tal sujeito.

Pablo Aluísio.

O Livro de Henry

Meu irmão mais velho se chama também Henry. Assim resolvi assistir a esse filme, por pura curiosidade mesmo. OK, não é o melhor motivo para se ver um filme, mas de vez em quando é interessante escolher dessa forma. O curioso é que o roteiro gira em torno da história de dois irmãos. Eles moram com a mãe solteira em uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos. O Henry do título é um dos meninos, só que ele definitivamente não é um garoto normal. Extremamente inteligente, curioso e culto, ele é o orgulho da sua mãe. Uma criança com o QI muito acima da média de seus coleguinhas da escola.

A vida vai seguindo até que Henry tem um ataque durante a noite. A partir daí começa o drama da família, já que no hospital ele é diagnosticado com um tumor cerebral. A partir desse ponto é conveniente não revelar muito mais sobre o enredo para não estragar as surpresas. Basta dizer apenas que a partir do momento em que Henry descobre que tem uma doença séria o filme muda de direção, infelizmente não para melhor, pois em determinado momento pensei que tudo iria se perder por causa dessa reviravolta. Ainda bem que os roteiristas recobraram a razão e o bom senso prevaleceu no final. Se tivesse seguido pelos rumos que tudo ia tomando certamente teria se tornado um dos filmes mais estranhos e bizarros que assisti nos últimos anos.

De qualquer forma não precisa se preocupar. O filme que parece familiar é mesmo "family friendly", para toda a família. No elenco o destaque vai para o garotinho Jaeden Lieberher como Henry. Parece ter sido natural para ele interpretar esse pequeno gênio. Tudo soa muito tranquilo em sua interpretação. Provavelmente o ator mirim seja também um desses prodígios. Naomi Watts interpreta sua mãe. Essa atriz tem se mostrado bem corajosa ultimamente, largando os papéis de mulheres bonitas para embarcar numa nova fase da carreira, ao estilo mais dramático. Outro ator que você vai reconhecer é o Dean Norris. Ele foi o cunhado de Walter White em "Breaking Bad", uma série fenomenal. Então é isso. "O Livro de Henry" não decepciona, apesar de em determinado momentos deixar uma sensação no espectador que tudo pode desmoronar de uma hora para outra. Isso não acontece, felizmente. Assista sem receios.

O Livro de Henry (The Book of Henry, Estados Unidos, 2017) Direção: Colin Trevorrow / Roteiro: Gregg Hurwitz / Elenco: Naomi Watts, Jaeden Lieberher, Dean Norris, Jacob Tremblay, Maddie Ziegler / Sinopse: Mãe solteira cria seus dois filhos numa pequena cidade do interior. Apesar da ausência do pai, eles são felizes. O filho mais velho Henry é um pequeno gênio de 12 anos de idade. A rotina deles muda quando Henry é diagnosticado com uma séria doença.

Pablo Aluísio.

domingo, 3 de dezembro de 2017

Feito na América

O astro Tom Cruise vinha mesmo devendo um bom filme nesses últimos anos. Ele se limitou nesse tempo a estrelar produções milionárias de ação com roteiros bem cretinos. Aqui há uma pausa nesse estigma. Esse novo "American Made" conta uma história real bem interessante. É a história de um jovem piloto comercial da TWA que acaba se envolvendo com um agente da CIA. Em troca de um pagamento melhor ele aceita pilotar pequenos e velozes aviões em incursões pela América Central. São missões não oficiais que de certa forma fazem o jogo sujo do governo americano por debaixo dos panos.

Em uma dessas viagens ele acaba tomando contato com traficantes colombianos, eles mesmos, a quadrilha de Pablo Escobar e cia, que iria se denominar Cartel de Medellín! Nada poderia ser mais lucrativo do que aquilo. Voar em baixa altitude, levando cocaína da Colômbia para os Estados Unidos. Todos voos arriscados, onde o próprio piloto jogava a "carga" nos pântanos da Louisiana. Apesar do risco tudo começou a dar muito certo, a ponto do personagem de Cruise trazer outros pilotos para trabalharem para ele. Imaginem o tamanho do dinheiro que jorrou nessas operações. O mais bizarro de tudo é que ele não deixou de trabalhar para a CIA, traficando cocaína enquanto transportava armas para grupos armados patrocinados ilegalmente pelo governo dos Estados Unidos. Uma loucura completa, um caos!

O filme me agradou bastante. Claro, há alguns probleminhas. A escalação de Tom Cruise foi muito criticada. O verdadeiro piloto da histórica chamado Barry Seal era um sujeito gordinho, de cabeça grande, nada parecido com o galã Cruise. Isso porém não vejo com uma falha ou erro, mas apenas como uma opção na escalação do elenco. Claro que em certos momentos Cruise mais parece um remake de seu filme "Top Gun", mas não chega a atrapalhar. A única crítica que faria ao roteiro é que ele cai em certos clichês desse tipo de filme, como os exageros no tocante ao dinheiro ganho pelo piloto. De repente ele se vê em montanhas de maços de dinheiro, que ele precisa esconder em todos os lugares, até nos estábulos, no meio dos cavalos de sua propriedade. Exageros narrativos à parte, esse "Feito na América" é uma boa pedida para quem quer saber mais um pouco da história do crime, como também para quem estiver em busca de um bom filme no circuito mais comercial. Coisa bem rara hoje em dia.

Feito na América (American Made, Estados Unidos, 2017) Direção: Doug Liman / Roteiro: Gary Spinelli / Elenco: Tom Cruise, Domhnall Gleeson, Sarah Wright / Sinopse: Barry Seal (Tom Cruise) é um piloto de aviões comerciais que decide mudar de vida. Trabalhando na TWA, grande companhia de aviação dos Estados Unidos, ele decide largar o emprego para fazer missões secretas não oficiais para a CIA na América Central. Não satisfeito, descobre um jeito de ganhar muito dinheiro, traficando cocaína da Colômbia para seu país, sob as ordens do infame Cartel de Medellín, chefiado por Pablo Escobar.

Pablo Aluísio.

Regressão

Esse é um filme de suspense cujo tema explora a existência de seitas satânicas nos Estados Unidos. Baseado em fatos reais, a história se passa no começo dos anos 90. Bruce Kenner (Ethan Hawke) é um policial de interior que precisa desvendar um caso bem estranho, envolvendo uma jovem chamada Angela Gray (Emma Watson). Ela afirma que foi abusada sexualmente pelo próprio pai durante um ritual de satanismo envolvendo vários membros da comunidade. Kenner assim fica numa situação bem delicada, pois a investigação começa a desvendar a existência mesmo de um grupo satanista na sua cidade. Pior do que isso, até mesmo policiais de sua delegacia estariam envolvidos nisso.

O filme não pode ser qualificado como de terror, no estilo clássico que conhecemos. Claro, por se basear em uma história real nem tudo acontece do jeito que os fãs de terror esperariam. O roteiro explora as diversas nuances da história contada por Angela, que parece ser chocante demais para ser verdade. Assim o tira interpretado por Ethan Hawke entra até mesmo em crise, pois sendo ele um cético, que não acredita em nada, em mundo espiritual, deuses, anjos e demônios, tudo se torna ainda mais complicado de aceitar. O roteiro procura por essa razão manter os pés no chão, embora adicione cenas bem interessantes de cultos demoníacos.

A primeira coisa que me chamou atenção no elenco desse filme foi a presença de Emma Watson. Ela é uma ativista feminista, sempre pregando o empoderamento das mulheres. Assim quando o filme começou fiquei bem desconfiado. Sua personagem parece bem tímida, recatada, vulnerável! Não era bem o tipo que esperaríamos ver Emma interpretando. Por isso pensei comigo mesmo: tem coisa aí. E realmente o filme dá uma reviravolta, que obviamente não vou contar aqui. Quando as coisas finalmente se revelam você percebe e entende exatamente o que Emma estaria fazendo nesse filme. No geral é um bom thriller de suspense, porém não foge muito do lugar comum. O interesse se mantém até o final que infelizmente não entrega tudo o que poderia se esperar. Mesmo assim vale a pena assistir, nem que seja pelo menos uma vez.

Regressão (Regression, Estados Unidos, 2015) Direção: Alejandro Amenábar / Roteiro: Alejandro Amenábar / Elenco: Ethan Hawke, Emma Watson, David Thewlis / Sinopse: Angela Gray (Emma Watson), uma jovem garota tímida, decide denunciar o abuso sexual que sofreu nas mãos de seu próprio pai. Além disso resolve denunciar uma seita satânica que funcionava e realiza cultos em sua cidade, contando com membros influentes dentro da comunidade. O policial Bruce Kenner (Ethan Hawke) é designado pelo departamento para investigar o caso, mas acaba se surpreendendo com o que acaba encontrando.

Pablo Aluísio.

sábado, 2 de dezembro de 2017

Bingo: O Rei das Manhãs

O filme é uma adaptação da vida real de um dos atores que interpretaram o palhaço Bozo no SBT durante os anos 80. Arlindo Barreto era o seu nome. Ator de filmes de pornochanchada ele acabou indo até o canal de Silvio Santos para um teste. Afinal precisava trabalhar. Acabou sendo aceito, interpretando o palhaço americano em um programa infantil que acabou fazendo bastante sucesso. Enquanto fazia o divertido personagem na frente das câmeras, afundava no vício em cocaína fora delas, o que o levou a situações absurdas, todas aproveitadas pelo roteiro.

O que vemos na tela porém é apenas parcialmente verdade. O roteiro do filme é uma mescla de histórias reais com pura ficção. Obviamente para evitar processos, os produtores não usaram o nome Bozo que é marca registrada de uma empresa americana. Mudaram para Bingo e criaram também um canal de ficção (SBT e Globo são citados no filme, mas com nomes diferentes). O próprio Arlindo também esclareceu que algumas cenas nunca aconteceram, como a que vemos o ator sangrando pelo nariz em pleno palco por causa do excesso de cocaína cheirada no camarim. Ele era divorciado, sua mãe era uma antiga estrela de TV, mas não morreu desprezada e depressiva como vemos no filme. 

Embora seja um bom filme, com temática interessante, "Bingo" não é tudo aquilo que foi dito por alguns críticos de cinema. É um filme bem realizado, mas que tropeça em alguns momentos, principalmente na parte mais dramática envolvendo os dramas pessoais do protagonista. Em certos momentos ficou com jeitão de novela da Globo, o que nem sempre é uma boa notícia. O ator Vladimir Brichta é seguramente um profissional talentoso que traz muita alma ao filme, mas o roteiro nem sempre está à sua altura. Na vida real havia cinco atores fazendo o Bozo, mas no filme tudo recai sobre ele. No geral é um bom filme nacional, apesar de pequenos e eventuais problemas de desenvolvimento. Dá para ver numa boa, sem maiores aborrecimentos.

Bingo: O Rei das Manhãs (Brasil, 2017) Direção: Daniel Rezende / Roteiro: Luiz Bolognesi, Fabio Meira / Elenco: Vladimir Brichta, Leandra Leal, Emanuelle Araújo, Raul Barreto / Sinopse: Baseado parcialmente em fatos reais o filme conta a história de um ator desempregado que acaba indo parar em um programa infantil interpretando um palhaço americano chamado Bingo! Com o sucesso de audiência vem também os exageros, como o uso de drogas e a companhia de mulheres bonitas. Seu relacionamento com o filho porém começa a se deteriorar.

Pablo Aluísio.

Três é Demais

Título no Brasil: Três é Demais
Título Original: Rushmore
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Wes Anderson
Roteiro: Wes Anderson, Owen Wilson
Elenco: Jason Schwartzman, Bill Murray, Luke Wilson, Olivia Williams, Brian Cox

Sinopse:
Jovem adolescente chamado Max Fischer (Jason Schwartzman) se apaixona perdidamente por sua nova professora. Tentando conquistá-la, ele comete o erro de pedir conselhos a Herman Blume (Bill Murray), pai de um de seus amigos. Herman então decide ele mesmo conquistar a professora, para a tristeza de Max. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Bill Murray).

Comentários:
Para um filme que tinha a proposta de ser uma comédia achei tudo bem chato. O humor de Wes Anderson não é para todo mundo. Ele é bem queridinho da crítica, por causa das temáticas muitas vezes estranhas de seus filmes, dos roteiros diferentes, das direções de arte bizarras, mas no geral sempre achei muito discurso teórico para poucas risadas. Filmes como "Os Excêntricos Tenenbaums", "Viagem a Darjeeling" e "A Vida Marinha com Steve Zissou" sempre me deixaram mais com tédio e sono do que qualquer outra coisa. Esse filme só não é o pior de sua carreira porque ele é salvo mais uma vez pela presença de Bill Murray. Embora Bill tenha em determinado momento de sua filmografia adotado um tipo de filme mais cult, cabeça, do que suas habituais comédias, aqui ele volta de certa forma ao seu velho estilo de fazer rir, com aquele sorriso de cinismo divertido que o fez famoso. Claro que não pode ser considerado um de seus melhores trabalhos, mas ele no final das contas acaba se tornando uma das poucas razões para se assistir a esse filme bem esquecível, que não conseguiu fugir do esquecimento depois de alguns anos. Wes Anderson não superou sua característica principal de ser um cineasta bem chato, para dizer a verdade.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

A Filha da Luz

Título no Brasil: A Filha da Luz
Título Original: Bless the Child
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio:  Paramount Pictures
Direção: Chuck Russell
Roteiro: Thomas Rickman
Elenco: Kim Basinger, Jimmy Smits, Rufus Sewell, Christina Ricci, Ian Holm, Michael Gaston

Sinopse:
Baseado na novela escrita por Cathy Cash Spellman, o filme "A Filha da Luz" conta a história de     
Maggie O'Connor (Kim Basinger), uma mulher que precisa cuidar da sobrinha autista depois que sua irmã a abandona, por ser viciada em drogas. Com o passar dos anos o que parecia ser apenas um caso de autismo na menina se revela muito mais, com poderes espirituais que ninguém poderia prever.

Comentários:
Quando o brilho de determinadas estrelas começa a se apagar, não tem jeito. Ok, a Kim Basinger nunca foi uma grande estrela de cinema, mas teve lá seu período de popularidade e fama, principalmente nos anos 80. Quando chegou os anos 90 a carreira dela começou a afundar, até chegar nesse ponto, já na virada do milênio, com esse filme muito fraco e ruim que não conseguiu fazer sucesso, isso apesar de seu tema que supostamente poderia atrair a atenção do público mais jovem. O diretor Chuck Russell só teve mesmo um filme bacana em sua filmografia que foi justamente "O Máskara". O resto vai de mediano a ruim como "O Escorpião Rei" e "A Hora do Pesadelo 3: Os Guerreiros dos Sonhos". Essa fitinha com a Kim não o ajudou muito nesse aspecto. Diante de tudo fica a pergunta inevitável: alguma coisa vale a pena nesse filme? Sim, para surpresa de muita gente o elenco de apoio é excepcionalmente bom, contando com o ótimo ator Rufus Sewell, com a estranha Christina Ricci e, como não poderia deixar de citar, a presença elegante de Ian Holm como um reverendo. Pena que nenhum deles teve muito espaço, afinal o estrelismo se apagando de Kim Basinger acabou ofuscando todo mundo. Uma pena.

Pablo Aluísio.