Mostrando postagens com marcador Tom Gries. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Tom Gries. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 15 de abril de 2019

O Trem do Inferno

Uma locomotiva carregada com uma preciosa carga atravessa a região das montanhas rochosas em um momento extremamente delicado pois vários crimes são cometidos em seu interior durante a travessia. "O Trem do Inferno" mistura vários estilos - é um western, com pinceladas de filmes de espionagem e suspense à la Agatha Christie. Apesar de atirar para tantos lados o roteiro só consegue ser mediano em todos os gêneros que passeia. Como western não consegue ser muito empolgante. Se não fosse a época enfocada teríamos poucos elementos para considerar ele um faroeste clássico. Como suspense ao estilo Agatha Christie o filme também só consegue ser superficial. Ao contrário das tramas escritas pela famosa escritora esse "O Trem do Inferno" não consegue se sustentar muito em cima do mistério que envolve os crimes cometidos dentro do trem. Por fim, como filme de espionagem também não temos nada de muito especial - principalmente quando Bronson revela sua verdadeira identidade (o que em momento algum chega a ser uma grande surpresa). O roteiro, apesar de ser baseado em um bom livro de autoria de Alistair MacLean, não consegue empolgar e nem envolver.

Apesar de todas as suas limitações "O Trem do Inferno" não é um desperdício completo de tempo. Nesse aspecto a produção conta muitos pontos a seu favor. O filme tem bela fotografia, pois foi filmado numa das regiões mais bonitas das rochosas em Idaho e além disso conta com ótimas cenas de ação (em especial a queda de vagões desgovernados e uma bem coreografada cena de luta em cima do trem em movimento). Esses momentos realmente até amenizam seus problemas. Também recomendaria o filme aos admiradores de Charles Bronson. Esse filme é mais um em sua escalada rumo aos estrelato. Por muitos anos Bronson só aparecia em filmes como coadjuvante. A partir do final dos anos 60 e começo da década de 70 porém ele conseguiu virar o jogo e começou a estrelar seus próprios filmes, como "Chino", "O Grande Búfalo Branco" e "Sol Vermelho" o que acabou lhe abrindo as portas do personagens centrais. Seu auge viria em pouco tempo com o grande sucesso "Desejo de Matar". Para os que desejam conhecer sua filmografia melhor é claro que "O Trem do Inferno" se torna realmente obrigatório. Em suma temos aqui um filme apenas mediano mas que ajudou Bronson a abrir seu lugar ao sol. Se você não for exigir demais "O Trem do Inferno" pode até mesmo ser encarado como bom passatempo.

O Trem do Inferno
(Breakheart Pass, EUA, 1975) Direção: Tom Gries / Roteiro: Alistair MacLean / Elenco: Charles Bronson, Ben Johnson, Richard Crenna / Sinopse: Uma locomotiva carregada com uma preciosa carga atravessa a região das montanhas rochosas em um momento extremamente delicado pois vários crimes são cometidos em seu interior durante a travessia.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

...E o Bravo Ficou Só

Título no Brasil: ...E o Bravo Ficou Só
Título Original: Will Penny
Ano de Produção: 1967
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Tom Gries
Roteiro: Tom Gries
Elenco: Charlton Heston, Joan Hackett, Donald Pleasence, Lee Majors
  
Sinopse:
Durante toda a sua vida Will Penny (Charlton Heston) trabalhou como cowboy. Após levar uma grande rebanho de gado para o Arizona ele finalmente se vê sem trabalho e assim decide rumar em direção ao Kansas. Antes de ir embora porém uma disputa por um alce acaba terminando em morte quando um de seus colegas de trabalho mata o filho de um homem desequilibrado, que se diz pastor. Jurando vingança o suposto sacerdote chamado Quint (Donald Pleasence) começa a caçar Penny e todos os envolvidos na morte do jovem. Gritando versos bíblicos ele parte em busca de revanche. Filme vencedor do Western Heritage Awards na categoria de Melhor Filme de western.

Comentários:
No final dos anos 1960 o faroeste já dava sinais de desgaste. Isso porém não significava que excelentes obras primas não estavam mais sendo realizadas. Um exemplo de ótimo western desse período é esse "...E o Bravo Ficou Só". O roteiro traz um realismo surpreendente para uma produção daquela época. Ao invés de explorar a figura mitológica do cowboy, o colocando como um ser acima do bem e do mal, o texto valoriza o aspecto mais realista da profissão e do dia a dia daqueles homens. Assim o vaqueiro interpretado por Charlton Heston não é uma figura épica ou heroica, mas sim apenas um trabalhador tentando sobreviver com a força de seu trabalho que era muito duro e penoso. Em determinada cena fica claro também que ele seria analfabeto, uma maneira do roteiro mostrar o nível educacional daqueles cowboys da vida real no século XVIII. Após vagar em busca de serviço Will acaba indo parar numa fazenda do Kansas onde é contratado como vigia de um posto avançado, na realidade uma cabana perdida na montanha. Lá ele acaba encontrando a jovem senhora Catherine Allen (Joan Hackett) e seu filho. Um homem solitário, que vive de longas jornadas pelo velho oeste, ele acaba se apaixonando por ela - mas será que um romance assim daria frutos? 

Para piorar ainda há a quadrilha do velho pastor enlouquecido (interpretado pelo ótimo Donald Pleasence, completamente alucinado em cena). Filmado nas montanhas geladas do Arizona o filme tem uma bela fotografia, o que deixa ainda mais claro a dureza da vida daqueles pioneiros. O elenco é todo bom, com destaque para Joan Hackett, em delicada atuação que valoriza bastante a timidez a fragilidade de uma mulher no meio daquele ambiente rústico e selvagem. Lee Majors, na época apenas um coadjuvante desconhecido, iria se tornar um astro na TV alguns anos depois com a série de grande sucesso "O Homem de Seis Milhões de Dólares". Então é isso. Um bom faroeste valorizado por seu lado mais humano e realista. Uma pequena obra prima do gênero que merece ser redescoberta nos dias de hoje.

Pablo Aluísio.