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sábado, 7 de janeiro de 2023

Enquanto a Guerra Durar

Esse filme é praticamente uma aula de como o fascismo se impõe em uma sociedade democrática. Mostra a ascensão do generalíssimo Franco ao posto de ditador vitalício da Espanha durante a década de 1930. Para se ter uma ideia do tipo de regime que foi implantado na Espanha, basta dizer que Adolf Hitler admirava o general. E como ele conseguiu o poder absoluto? Os ingredientes do fascismo são bem conhecidos pela ciência política. São fatores certos que ajudam no surgimento desse tipo de ditador. Uma mistura de fanatismo religioso com idolatra política, falso patriotismo e culto ao militarismo e a violência. Existe sempre um certo fator de messianismo, onde o ditador é visto praticamente como um Messias salvador da pátria. E se os ingredientes são conhecidos, os resultados são igualmente bem claros. Após a implantação do fascismo, começa um regime de terror e violência com perseguição política. Pessoas são presas e mortas sem qualquer tipo de julgamento. As violações aos direitos humanos se tornam banais, entram na ordem do dia. 

Estima-se que o regime de Franco tenha matado mais de 150 mil pessoas inocentes por motivação política. As pessoas eram eliminadas e executadas simplesmente por causa de suas posições políticas. O adversário político era considerado inimigo. E deveria ser eliminado fisicamente segundo esse tipo de regime. O filme tem um personagem interessante, um professor, um veterano reitor de uma universidade de prestígio. No começo, ele até vê com bons olhos a subida dos militares ao poder. Só percebe o estrago quando seus amigos professores começam a desaparecer e seus alunos são presos de forma sumária. E o pior de tudo, é saber que o fascismo está aí. Qualquer perigo deve ser combatido com rigor legal, exatidão e firmeza antes que seja tarde demais.

Enquanto a Guerra Durar (Mientras dure la guerra, Espanha, 2019) Direção: Alejandro Amenábar / Roteiro: Alejandro Amenábar / Elenco: Karra Elejalde, Eduard Fernández, Santi Prego / Sinopse: Esse filme é uma crônica sobre a subida histórica do fascismo ao poder na Espanha durante a década de 1930. Sob o comando do generalíssimo Franco, esse novo regime cometeu todos os tipos de violações aos direitos humanos na Europa daqueles tempos sombrios.

Pablo Aluísio.

O Monastério

Um policial se disfarça de monge e entra em um monastério isolado em uma região da Polônia. Suspeita-se do envolvimento dos religiosos na morte de diversas mulheres, crimes ocorridos naquela região. As mulheres desapareceram e seus corpos sumiram na Floresta. Haveria realmente algum tipo de ligação daqueles monges com os crimes? De uma forma em geral, o filme lembra até mesmo tramas que já conhecemos, com a referência mais óbvia de "O Nome da Rosa". Só que aqui o roteiro ganha contornos diferenciados. Naquele clássico escrito por Umberto Eco, não havia muito espaço para mitologia, fantasia religiosa. Tudo acontecia sob uma perspectiva mais realista, com o pé no chão. Não temos a mesma escolha temática nessa produção que está disponível na Netflix. A cena final deixa isso bem claro, pois o que temos aqui é realmente um filme de terror. O diabo se materializa numa igreja na última cena, então o que podemos falar depois disso? A cena é legal, mas...

O roteiro tenta decifrar seu mistério de forma longa e cautelosamente, algo cada vez mais raro no cinema atual. Só me incomodou um pouco a fotografia extremamente escura do filme. Algumas cenas são iluminadas apenas por velas medievais. E como o mosteiro já é um ambiente escuro, frio e úmido, tudo fica praticamente na sombra. O espectador mal consegue ver o que está acontecendo em cena. Entendo que isso seria uma decisão artística da direção, mas temos que ter em conta também que há um limite para esse tipo de coisa. Afinal, queremos ver o que está acontecendo no filme. No meio de tanta escuridão, algumas cenas se tornam impossíveis de acompanhar.

O Monastério (Ostatnia wieczerza, Polônia, 2022) Direção: Bartosz M. Kowalski / Roteiro: Bartosz M. Kowalski / Elenco: Piotr Zurawski, Olaf Lubaszenko, Sebastian Stankiewicz / Sinopse: Um investigador da polícia se infiltra em um monastério isolado e remoto. Ele quer descobrir se há o envolvimento de monges nos crimes envolvendo mulheres na região. Conforme as investigações avançam, ele descobre que há uma seita satanista atuando dentro daqueles muros isolados do mundo.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Alexandria

Esse filme se propõe a ser uma biografia para o cinema da filósofa, matemática e astrônoma Hipátia de Alexandria que teria vivido no século IV. Mulher extremamente culta e inteligente, acabou sendo atinginda por fatos que nem diziam respeito a ela pois não era religiosa. O que acontecia em Alexandria na época em que viveu é que havia uma ruptura violenta com o sistema de crenças, com o desaparecimento do paganismo da cultura romana e o surgimento do cristianismo. Para jogar ainda mais fogo na situação havia ainda a classe dos judeus, que batiam com ambas as religiões, criando um caldeirão de intolerância religiosa em todos os setores da sociedade.

Resgatar a figura de Hipátia é muito louvável no meu ponto de vista, mas é a tal coisa: faça um resgate honesto da história, não invente bobagens. Infelizmente o roteiro desse filme está cheio de erros históricos. Só para citar um deles, o pior de todos. No filme a famosa biblioteca de Alexandria é destruída por uma horda de cristãos fanáticos. Para a grande maioria dos historiadores isso jamais aconteceu. Os verdadeiros destruidores da biblioteca foram os árabes sob o comando do Califa Omar. Outro erro é colocar o templo de uma antiga divindade de Roma como parte da biblioteca. Eram duas construções diferentes, localizadas em lugares diversos de Alexandria. O roteiro assim me passa uma sensação de ser uma propaganda anticristã. Claro que houve abusos e erros na história do cristianismo, porém forçar a barra, criando algo que não existiu, me soa como desonestidade intelectual.

Outro ponto que estraga o filme como um todo é a tentativa de colocar Hipátia como uma mulher mais importante para a ciência do que realmente foi. Das obras dela que chegaram até nós temos uma ideia do trabalho que ela desenvolvia, principalmente nos campos da matemática e astronomia. A colocar como descobridora do sistema solar de Kepler, que só iria ser descoberto pela ciência mil anos depois da morte dela, soa bobo e infantil, principalmente para quem conhece a história da ciência. Então é isso. O filme peca pelos erros históricos absurdos e pela má fé que o roteiro tenta passar em todos os momentos. Sou da opinião de que se vai fazer um filme histórico o faça direito, respeitando os acontecimentos, não manipulando tudo em prol de sua própria ideologia.

Alexandria (Agora, Espanha, 2009) Direção: Alejandro Amenábar / Roteiro: Alejandro Amenábar, Mateo Gil / Elenco: Rachel Weisz, Max Minghella, Oscar Isaac / Sinopse: Biografia para o cinema de Hipátia de Alexandria , professora, astrônoma e matemática que viveu entre os séculos III e IV na cidade de Alexandria, onde desenvolvia seus estudos na famosa Biblioteca da cidade. Após conflitos religiosos envolvendo pagãos, cristãos e judeus, Hipátia acabou sendo envolvida numa teia de conspirações que iriam custar muito caro para sua vida.

Pablo Aluísio.

domingo, 3 de dezembro de 2017

Regressão

Esse é um filme de suspense cujo tema explora a existência de seitas satânicas nos Estados Unidos. Baseado em fatos reais, a história se passa no começo dos anos 90. Bruce Kenner (Ethan Hawke) é um policial de interior que precisa desvendar um caso bem estranho, envolvendo uma jovem chamada Angela Gray (Emma Watson). Ela afirma que foi abusada sexualmente pelo próprio pai durante um ritual de satanismo envolvendo vários membros da comunidade. Kenner assim fica numa situação bem delicada, pois a investigação começa a desvendar a existência mesmo de um grupo satanista na sua cidade. Pior do que isso, até mesmo policiais de sua delegacia estariam envolvidos nisso.

O filme não pode ser qualificado como de terror, no estilo clássico que conhecemos. Claro, por se basear em uma história real nem tudo acontece do jeito que os fãs de terror esperariam. O roteiro explora as diversas nuances da história contada por Angela, que parece ser chocante demais para ser verdade. Assim o tira interpretado por Ethan Hawke entra até mesmo em crise, pois sendo ele um cético, que não acredita em nada, em mundo espiritual, deuses, anjos e demônios, tudo se torna ainda mais complicado de aceitar. O roteiro procura por essa razão manter os pés no chão, embora adicione cenas bem interessantes de cultos demoníacos.

A primeira coisa que me chamou atenção no elenco desse filme foi a presença de Emma Watson. Ela é uma ativista feminista, sempre pregando o empoderamento das mulheres. Assim quando o filme começou fiquei bem desconfiado. Sua personagem parece bem tímida, recatada, vulnerável! Não era bem o tipo que esperaríamos ver Emma interpretando. Por isso pensei comigo mesmo: tem coisa aí. E realmente o filme dá uma reviravolta, que obviamente não vou contar aqui. Quando as coisas finalmente se revelam você percebe e entende exatamente o que Emma estaria fazendo nesse filme. No geral é um bom thriller de suspense, porém não foge muito do lugar comum. O interesse se mantém até o final que infelizmente não entrega tudo o que poderia se esperar. Mesmo assim vale a pena assistir, nem que seja pelo menos uma vez.

Regressão (Regression, Estados Unidos, 2015) Direção: Alejandro Amenábar / Roteiro: Alejandro Amenábar / Elenco: Ethan Hawke, Emma Watson, David Thewlis / Sinopse: Angela Gray (Emma Watson), uma jovem garota tímida, decide denunciar o abuso sexual que sofreu nas mãos de seu próprio pai. Além disso resolve denunciar uma seita satânica que funcionava e realiza cultos em sua cidade, contando com membros influentes dentro da comunidade. O policial Bruce Kenner (Ethan Hawke) é designado pelo departamento para investigar o caso, mas acaba se surpreendendo com o que acaba encontrando.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Os Outros

“Os Outros” foi um dos últimos grandes filmes de terror e suspense a chegar em nossas telas. Seu roteiro é um primor e a escolha de se priorizar o clima sufocante de uma grande casa que vive sempre às escuras foi mais do que acertada. A trama é relativamente simples: numa isolada e grande casa na Ilha de Jersey vive Grace (Nicole Kidman) e seus dois filhos. As crianças sofrem de uma estranha doença que as torna muito sensíveis a luz e por isso a casa está sempre fechada, com as cortinas cerradas. A rotina soturna da família começa a mudar quando chegam três novos empregados no local. Eles vêm em busca de emprego após os serviçais anteriores simplesmente sumirem. O problema é que a velha casa começa a mostrar sinais inexplicáveis como sons, móveis se arrastando e portas batendo. Intrigada Grace (Kidman) começa a investigar o que poderia estar acontecendo e descobre alarmada que o motivo talvez seja a presença de entidades sobrenaturais no local. Com o marido distante na guerra só lhe resta enfrentar o perigo oculto que se esconde nos cômodos escuros e sinistros do imóvel.

“Os Outros” é inteligente, bem desenvolvido e tem uma das melhores reviravoltas finais do cinema contemporâneo. O projeto foi o último do casal Nicole Kidman e Tom Cruise. O famoso ator aqui surge como produtor. Em crise o casal ainda conseguiu finalizar o filme mas o casamento não sobreviveu por muito tempo. Quando foi lançado e chegou finalmente nos cinemas o casal já se encontrava em processo de divórcio. Para as más línguas o ator Tom Cruise se separou de Nicole Kidman poucos dias antes dela ganhar direito à metade de sua fortuna pessoal (algo que havia sido estipulado no contrato pré-nupcial). Em vista de tantos problemas pessoais é de se admirar a grande atuação de Nicole Kidman (tão boa que lhe valeu a indicação ao Globo de Ouro de Melhor Atriz – categoria Drama). Assim fica a recomendação. Se ainda não viu esse excelente “Os Outros” não perca mais tempo pois o filme já é desde já um clássico do gênero.

Os Outros (The Others, Estados Unidos, 2001) Direção: Alejandro Amenábar / Roteiro: Alejandro Amenábar / Elenco: Nicole Kidman, Fionnula Flanagan, Christopher Eccleston, Alakina Mann, James Bentley / Sinopse: Grace (Nicole Kidman) e seus filhos vivem numa isolada e distante casa na Ilha de Jersey quando começa a notar eventos inexplicáveis no local. Não tarda para ela começar a sentir a presença de entidades sobrenaturais. Indicado ao Leão de Ouro no Festival de Veneza

Pablo Aluísio