sábado, 14 de março de 2015

Os Mais Jovens

Título no Brasil: Os Mais Jovens
Título Original: Young Ones
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Bifrost Pictures
Direção: Jake Paltrow
Roteiro: Jake Paltrow
Elenco: Michael Shannon, Nicholas Hoult, Elle Fanning, Kodi Smit-McPhee
  
Sinopse:
Em um mundo futurista e desértico, onde a água é um item raro a se encontrar, o fazendeiro Ernest Holm (Michael Shannon) tenta de todas as formas transformar sua propriedade rural em um negócio rentável. Ao lado de seus dois filhos adolescentes, ele procura qualquer tipo de ajuda para manter a fazenda em pé, algo que vai se tornando cada vez mais complicado tendo em vista as hostis condições ambientais. Sua última esperança acaba sendo a compra de um robô que pretende facilitar seu empreendimento. Para seu azar ele acaba sendo roubado pouco tempo depois, dando origem a um busca desesperada pelos ladrões. Filme vencedor do Sitges - Catalonian International Film Festival na categoria de Melhor Roteiro.

Comentários:
Inicialmente você pensa que vai assistir a mais uma milésima versão do mundo pós-apocalipse ao estilo "Mad Max". Tudo está lá, o mundo seco e árido, a luta pela água, o clima opressivo, mas ao invés de apostar na pura ação e violência, o diretor Jake Paltrow resolveu investir em um enredo mais dramático, onde se sobressaem os filhos adolescentes do fazendeiro Holm (aqui interpretado pelo veterano Shannon). O garoto é muito jovem, mas mesmo assim tenta ajudar ao pai na sua luta em fazer aquela fazenda desértica produzir alguma coisa. A garota adolescente, interpretada pela bonita Elle Fanning, por sua vez está no limite. Isolada no meio do deserto, ela vive uma rotina de trabalhos domésticos pesados e falta de relacionamentos com rapazes de sua idade. A solidão vai se tornando cada vez mais um fardo insuportável de conviver. O roteiro divide a estória em três grandes partes, em capítulos intitulados com os nomes dos três personagens centrais. Esse enredo me fez inclusive lembrar muito de velhos faroestes dos anos 50, que exploravam a dura vida dos rancheiros que iam rumo ao velho oeste em busca de uma nova vida. Uma vez chegando lá acabam encontrando todos os tipos de dificuldades e desafios inimagináveis. A diferença básica é que ao invés de ser um western esse filme se propõe a ser uma ficção passada em um futuro sem muitas esperanças. No saldo final não chega a aborrecer, mas tampouco consegue se tornar marcante. É aquele típico filme mediano que você vai assistindo até o final com seu interesse oscilando entre a atenção e a dispersão completa.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 13 de março de 2015

Aliens vs Predator - Requiem

Se você estiver interessado em conhecer como morrem as franquias basta assistir a filmes como esse. Veja que quando uma franquia comercial de sucesso em Hollywood começa a derrapar nas bilheterias (e isso senhoras e senhores acontece com todas as séries cinematográficas) o que sobra é esse tipo de produção. A receita desse tipo de bolo indigesto não tem segredo: no título usa-se como isca o nome das franquias moribundas. Basta lembrar de "Jason vs Freddy" e esse "Aliens vs Predador". Muitos podem dizer que esse tipo de produto nasceu no mundo dos quadrinhos. De fato isso é uma verdade. Mas até mesmo no mundo dos comics isso significa decadência comercial e artística. Quando as revistinhas começavam a não vender mais como antes os editores de quadrinhos colocavam o Batman para trocar socos com o Superman na DC Comics ou o Homem-Aranha saindo no braço com o Homem de Ferro na Marvel. É um engodo em essência, uma forma de resgatar personagens decadentes do limbo, do fracasso.

E assim chegamos a "Aliens vs Predador". Eu fico realmente entristecido em ver essas franquias entrarem em seu cemitério cinematográfico aqui, já que ambas as séries trouxeram muitas alegrias para os fãs de filmes Sci-Fi. Aliens sempre foi mais relevante do ponto de vista artístico, principalmente por causa do marcante primeiro filme, "Alien - O Oitavo Passageiro" assinado pelo brilhante e talentoso Ridley Scott. Idem para sua continuação "Aliens - O Resgate" dirigido pelo cultuada James Cameron. Até mesmo a terceira parte da franquia tinha seus méritos. Já o Predador entrou em declínio mais rapidamente. Depois de um marcante filme de ação nos anos 80 a série ainda teve um pequeno fôlego com sua continuação Predador 2 mas depois disso de fato foi ladeira abaixo. Dito isso não sobra muito o que comentar sobre esse filme "Aliens vs Predador". É uma bobagem, tendo no elenco um grupo de atores desconhecidos e sem talento, que no final das contas só estão lá para morrerem de uma forma industrial, muitas vezes sem qualquer empolgação. Diversão fast food da pior espécie. Nem como produto trash funciona. Era mesmo melhor que esses dois monstros tivessem morte mais digna nas salas de cinema. "Aliens vs Predador" é a pior das tumbas cinematográficas.

Aliens vs. Predador 2 (AVPR: Aliens vs Predator - Requiem, Estados Unidos, 2007) Direção: Colin Strause, Greg Strause / Roteiro: Shane Salerno, Dan O'Bannon / Elenco: Steven Pasquale, Reiko Aylesworth, John Ortiz / Sinopse: Aliens e Predadores se enfrentam numa pequena cidade americana.

Pablo Aluísio. 

A Culpa é das Estrelas

Título no Brasil: A Culpa é das Estrelas
Título Original: The Fault in Our Stars
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Josh Boone
Roteiro: Scott Neustadter, Michael H. Weber
Elenco: Shailene Woodley, Ansel Elgort, Nat Wolff, Laura Dern, Willem Dafoe

Sinopse:
Hazel (Shailene Woodley) é uma adolescente que luta desde os 13 anos contra um câncer terminal. Sua vida porém ganha novos contornos quando ela conhece Gus (Ansel Elgort), um jovem que como ela também está passando por esse terrível momento em sua vida. Igualmente lutando contra um câncer que o fez perder parte de sua perna, eles imediatamente se identificam e se apaixonam. O tempo não está a favor do amor de ambos, mas eles decidem viver toda a intensidade de sua paixão até o fim. 

Comentários:
É uma coisa bem antiga, para ser mais exato nasceu no século XVIII. Estou falando do movimento romântico que obviamente surgiu inicialmente na literatura e só muitos anos depois invadiu o cinema. "A Culpa é das Estrelas" tem todos os elementos mais caros ao surgimento do romantismo, jovens apaixonados, na flor da idade, mas à beira da morte, tentando viver um grande amor que sabem ser finito mas que lutarão até o fim por ele. O amor que sentem um pelo outro é do mais puro e verdadeiro que você possa imaginar, sem interesses, sem falsas intenções, apenas o amor, aquele sentimento tão real e verdadeiro que muitas pessoas passarão sem sentir de fato em suas vidas, justamente por ser tão raro e praticamente impossível de encontrar. Existe algo mais romântico do que isso? Muitos críticos chamaram atenção também ao fato de que essa premissa já foi exaustivamente explorada pela sétima arte e não é nenhuma novidade. Tudo isso é verdade, mas querem saber de uma coisa? Ainda funciona muito bem! 

O enredo explorando o amor trágico desses dois adolescentes que estão morrendo de câncer é muito bem realizado, os atores são bem carismáticos e o filme consegue superar tudo - até o risco de se tornar excessivamente meloso - para cativar seu público. Claro que indicaria a produção para um público que esteja de preferência na faixa etária dos personagens, já que muitas vezes a idade traz a desilusão e o cinismo, principalmente para quem de alguma forma se decepcionou com seus relacionamentos amorosos no passado. Para um jovem de 16, 17 anos porém será uma experiência e tanto vivenciar as emoções que esse roteiro passa para sua platéia. Há momentos levemente engraçados, amizade, romance e morte! Muitas pessoas não entenderam ainda que a essência do romantismo é justamente a união desses elementos tão díspares na narrativa de suas estórias. Misture tudo e você terá uma obra romântica por excelência. Os poetas do "Mal do Século" certamente bateriam palmas. Você também gostará, a não ser que tenha um coração de pedra! Ah, e antes que me esqueça, não deixe de levar um lencinho para secar todas as lágrimas.

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 12 de março de 2015

Campo dos Sonhos

Kevin Costner já era um astro consagrado por causa do enorme sucesso de “Os Intocáveis” quando chegou aos cinemas esse “Campo dos Sonhos”. É curioso porque a trama do filme se utiliza de um dos maiores símbolos da cultura americana, o beisebol, e Costner naquele período era apontado como ele próprio um símbolo dos velhos ideais da América. Não era à toa que ele era considerado o “novo Gary Cooper”. Unir Costner com sua imagem de bom moço e símbolo do American Way of Life com o Beisebol, esporte maior da nação, foi mais do que providencial. A trama se apóia em um argumento de realismo fantástico onde Costner interpreta um fazendeiro com dificuldades financeiras chamado Ray que certo dia tem uma visão onde surge uma voz que lhe diz para construir um campo de beisebol em seu milharal. Estaria ele enlouquecendo? Contra tudo e contra todos Ray (Costner) decide então construir o tal campo de beisebol pois algo lhe diz que uma vez construído os antigos ídolos do esporte voltarão para aquela que seria sua última partida! Heróis do passado, ídolos há muito falecidos, retornarão para um jogo final de despedida. Surreal? Espiritualista? Sensorial? Simples loucura? Bom, tudo isso se pode dizer sobre filme, no mínimo. É aquele tipo de estória que o espectador tem que aceitar e embarcar nela, caso contrário o filme em si não fará o menor sentido.

Como era de se esperar a produção não despertou o menor interesse no público brasileiro por causa de seu tema muito americano. Filmes sobre esportes como beisebol ou futebol americano e outros que o brasileiro médio desconhece ou ignora geralmente não fazem sucesso por aqui. É de se lamentar já que “Campo dos Sonhos” apesar de ter como pano de fundo o esporte não gira apenas em torno dele, pelo contrário, o roteiro na realidade centra seu foco na realização dos sonhos de cada pessoa, individualmente. O personagem de Kevin Costner nada mais é do que uma alegoria representativa da capacidade de cada pessoa em sonhar e tornar esses sonhos uma realidade. O livro em que o filme foi inspirado, escrito pelo autor W.P. Kinsella é exatamente sobre isso. O personagem principal da estória nada mais é do que um alter ego do escritor que queria apenas escrever uma fábula sobre os sonhos de cada um, por mais impossíveis ou improváveis que eles sejam. A produção tem bom gosto e requinte e Costner tem no elenco de apoio grandes atores, entre eles um inspirado James Earl Jones e um jovem Ray Liotta como um dos jogadores de beisebol que chegam do além para uma partida final no milharal ou como o próprio nome do filme diz, no campo dos sonhos. E o que dizer da presença mais do que digna do veterano Burt Lancaster? Simplesmente maravilhoso. Esse filme é assim um bom e lírico passeio pelos ideais mais caros ao povo americano – as terras de cultivo do meio oeste, o beisebol, os valores de persistência e luta e por fim a concretização dos sonhos de infância. Um retrato amigável e simpático do homem comum daquele país. “Campo dos Sonhos” é de fato louvação à alma dos Estados Unidos como nação. Assista sem receios.

Campo dos Sonhos (Field of Dreams, Estados Unidos, 1989) Direção: Phil Alden Robinson / Roteiro: Phil Alden Robinson baseado no livro escrito por W.P. Kinsella / Elenco: Kevin Costner, James Earl Jones, Ray Liotta,  Amy Madigan, Burt Lancaster / Sinopse: Fazendeiro do meio oeste americano recebe através de um visão o desejo de construir um campo de beisebol no milharal de sua fazenda. Mesmo em dificuldades financeiras ele resolve transformar esse sonho em realidade para que antigos ídolos do esporte possam voltar pela última vez para um jogo final de despedida.

Pablo Aluísio.

Encontro de Amor

Não deu muito certo essa nova versão modernizada do conto Cinderela. O enredo todos conhecem: homem rico (um príncipe na estorinha original) se apaixona por humilde garota e após superarem vários preconceitos sociais conseguem finalmente viver felizes para sempre. Como estamos em um mundo globalizado e tecnológico não haveria como trazer a estorinha tradicional de volta, assim criou-se um novo contexto atual para no final contar tudo o que já vimos muitas e muitas vezes antes. Aqui acompanhamos a dura rotina de Marisa (Jennifer Lopez), uma mulher de origem latina que sofre todos aqueles preconceitos bem característicos da sociedade americana. Para sobreviver ela aceita um trabalho como camareira em um hotel de alto luxo de Manhattan. Infelizmente aqui temos uma situação bem comum por lá, pois muitos latinos nos EUA sobrevivem realizando exatamente aqueles serviços que os americanos consideram indignos de sua posição social.  Por um mal-entedido ou força do destino, como queiram, Marisa conhece por acaso o bonitão Christopher Marshall (Ralph Fiennes) que fica perdidamente apaixonado por ela, pensando ser a garota uma hospede no mesmo hotel onde ele se encontra.

Assim começa essa comédia romântica que une esse casal bem improvável, a quente e sensual Jennifer Lopez com seu sangue latino caliente e o elegante, frio e sofisticado Ralph Fiennes, ator premiado que se destacou no filme “O Paciente Inglês” e tanto outros. O problema começa justamente aí. “Encontro de Amor” falha onde uma comédia romântica dessas não pode falhar. Ao unir Lopez e Fiennes acabou acontecendo o inevitável: não houve química nenhuma entre eles. São pessoas muito diferentes, com jeitos de ser completamente diversos. Jennifer Lopez tenta alcançar o nível de sofisticação de Ralph Fiennes e falha completamente, até porque esse nunca foi seu estilo. Jennifer Lopez é aquele tipo de artista (cantora, atriz, etc) que vive da imagem de sua sensualidade, que no caso dela beira a vulgaridade. Ela nunca vai se sair bem em papéis de princesa ou garotas boazinhas simplesmente porque ninguém vai acreditar muito nisso. Jennifer não nega sua origem de mulher latina, forte, de personalidade robusta e gestos espalhafatosos, isso sem contar aquele que é apontado até agora como seu maior “talento” artístico – seu bumbum nada discreto! Heroínas de comédias românticas bobinhas não podem ser tão exuberantes fisicamente como ela! O resultado desse contraste de personalidades até que não fez feio nas bilheterias (pouco mais de 100 milhões de dólares) mas tampouco empolga ou consegue ser marcante. Lopez não é uma atriz de mão cheia, pelo contrário. Melhor ela voltar para as suas músicas onde sempre canta as “qualidades” de ser uma mulher latina popozuda nos EUA. Fica mais convincente. O resto é pura bobagem.

Encontro de Amor (Maid in Manhattan,  Estados Unidos, 2002) Direção: Wayne Wang / Roteiro:  Kevin Wade / Elenco: Jennifer Lopez, Ralph Fiennes, Tyler Posey, Marissa Matrone, Natasha Richardson, Chris Eigeman, Stanley Tucci, Seth William Meier, Bob Hoskins./ Sinopse: Homem rico de família tradicional (Ralph Fiennes) se apaixona por camareira latina (Jennifer Lopez) pensando que ela se trata de uma hóspede rica no hotel onde ele se encontra.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 11 de março de 2015

Hitchcock

Quem gosta de cinema certamente vai gostar de “Hitchcock”. No filme acompanhamos as filmagens do maior clássico da carreira do diretor, “Psicose”. Após filmar “Intriga Internacional” Hitchcock (Anthony Hopkins) acaba lendo em uma crítica que ele precisava se renovar, trazer coisas realmente novas. Assim o cineasta acaba saindo em busca de algo que surpreendesse seu público para seu novo filme. Acaba se interessando pelo livro “Psicose”, uma obra de ficção baseada livremente nos terríveis crimes do psicopata Ed Gein. Famoso pelas barbaridades que cometeu e pela obsessão psicótica em relação à mãe, Ed era o protótipo perfeito de Norman Bates, o principal personagem do livro. Na literatura havia um desfecho completamente perturbador e surpreendente que logo fisgou o mestre do suspense. Além disso existia toda uma coleção de momentos que ficariam perfeitos nas telas, como a famosa cena do chuveiro. Hitchcock via ali um grande material mas a Paramount pensava diferente. Achava o livro violento e apelativo demais e recusou bancar o projeto. Acreditando cegamente no sucesso do filme o velho Hitch resolveu então bancar do próprio bolso a realização do filme, apostando nesse processo o sucesso absoluto ou a mais terrível bancarrota. O roteiro de “Hitchcock” passeia deliciosamente por esse período da vida do diretor. Além da natural tensão de investir tudo o que tinha em “Psicose” o cineasta ainda tinha que lidar com aspectos complicados de sua vida pessoal, como o envolvimento da esposa com um aspirante a escritor.

Impossível não gostar de uma produção como essa que mostra o grande mestre do cinema sob uma perspectiva íntima e pessoal. O Hitchcock que surge é uma pessoa absolutamente genial em seus filmes mas ao mesmo tempo complexo e contraditório em sua vida particular. Suas constantes paixões platônicas em relação às suas atrizes loiras também são mostradas com a devida elegância. Como se sabe Hitch sempre se apaixonava platonicamente por praticamente todas as suas atrizes que acabavam representando o seu tipo ideal de mulher, a loira perfeita de seus sonhos. Ao mesmo tempo em que as destacava nas telas exigia completa dedicação, se metendo inclusive nas vidas pessoais delas. O caso mais famoso ocorreu justamente com Grace Kelly, que era a musa perfeita dentro da mente do diretor. Quando ela se foi para se tornar princesa de Mônaco ele se sentiu profundamente traído e abandonado. Anthony Hopkins, sob pesada maquiagem, realiza um trabalho muito bom, embora em certos momentos abra espaço apenas para o aspecto mais caricatural da imagem do diretor. É um pecado menor. Mesmo assim seu trabalho merece aplausos. Já Helen Mirren está muito adequada como a esposa de Hitch, uma mulher que abre mão de sua própria vida para viver a do marido, o acompanhando nos êxitos e nos fracassos de sua carreira. Não é por menos que ela foi indicada a todos os principais prêmios (Oscar, Globo de Ouro, SAG e Bafta). Assim se você se interessa pela história do cinema “Hitchcock” se torna item obrigatório. Um filme saborosamente nostálgico e docemente irônico sobre um dos maiores diretores de todos os tempos.

Hitchcock (Hitchcock, Estados Unidos, 2013) Direção: Sacha Gervasi / Roteiro: John J. McLaughlin, Stephen Rebello / Elenco: Anthony Hopkins, Helen Mirren, Scarlett Johansson, Danny Huston, Toni Collette, Michael Stuhlbarg, Michael Wincott, Jessica Biel, James D'Arcy, Richard Portnow, Kurtwood Smith, Ralph Macchio / Sinopse: Após seu novo projeto, “Psicose”, ser recusado pela Paramount, o diretor Alfred Hitchcock (Anthony Hopkins) resolve fazer o filme com seu próprio dinheiro. Hipoteca sua casa e parte para o tudo ou nada. Tamanho esforço para contar a estranha estória de Norman Bates e sua obsessão psicótica pela mãe.

Pablo Aluísio.

Um Lobisomem Americano em Londres

O melhor filme sobre Lobisomens já feito. Engraçado que nossos queridos licantropos não tem mesmo muita sorte no cinema, pois poucos são os clássicos envolvendo suas aventuras. Pior é que ultimamente estão usando os lobinhos como meros coadjuvantes de luxo em filmes de vampiros (vide Crepúsculo e Anjos da Noite). Em Anjos da Noite eles não passam de cães ferozes de estimação e em Crepúsculo são anabolizados andróginos. Assim não dá. Até hoje ainda não fizeram um filme de lobisomens tão bom quanto esse e olha que já tentaram muito. O que mais me agrada nesse filme é que apesar de ser um terror classe A o humor não foi deixado de lado, mostrando que bom humor e terror podem conviver perfeitamente dentro de um mesmo roteiro, sem necessariamente resultar em um terrir (expressão usada pelo diretor brazuca David Cardoso). Na trama acompanhamos dois jovens estudantes americanos em férias que são atacados por terríveis criaturas em uma região sombria e distante do interior da Inglaterra. Um deles não sobrevive ao ataque mas o outro é hospitalizado. Após receber alta ele começa a ter estranhas alucinações com seu amigo morto. O falecido inclusive vai sofrendo o processo de decomposição natural dos cadáveres enquanto vai aconselhando ao seu amigo a agir de forma definitiva para cessar as mortes ao seu redor. 

A cena da transformação segue imbatível até os dias de hoje. Nem toda a computação gráfica do mundo conseguiu superar o impacto dessa sequência. Na realidade o cérebro humano não reage bem a cenas com muita computação gráfica porque uma mensagem do inconsciente nos é enviada imediatamente informando que aquilo não é real. Por isso tudo fica falso demais. Já essa cena da transformação utilizou muito mais de maquiagem (real), ângulos de câmera e truques de montagem. O resultado logo se nota. A aparição do Licantropo é perfeita. Já a continuação desse filme é uma decepção total, mais uma vitima de uma overdose de CG. Dispense. Assim temos uma produção única que marcou época. Sempre presente em qualquer lista dos melhores filmes de terror já feitos, "Um Lobisomem Americano em Londres" é simplesmente obrigatório para todos os fãs do gênero. Depois dele você nunca mais verá uma lua cheio do mesmo jeito que antes.

Um Lobisomem Americano em Londres (An American Werewolf in London, Estados Unidos, Inglaterra, 1981) Direção: John Landis / Roteiro: John Landis / Elenco: David Naughton, Griffin Dunne, Jenny Agutter, Frank Oz, John Woodvine / Sinopse: Dois jovens estudantes americanos são atacados por terríveis criaturas em uma região sombria e distante do interior da Inglaterra. Um deles não sobrevive ao ataque mas o outro é hospitalizado. Após receber alta ele começa a ter estranhas alucinações com seu amigo morto. Estaria enlouquecido ou teria adquirido alguma maldição milenar? Assista para descobrir. "Um Lobisomem Americano em Londres" foi o vencedor do Oscar de melhor maquiagem e do prêmio Saturn Award, como melhor filme de terror do ano.

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 10 de março de 2015

As Vantagens de Ser Invisível

Superficialmente até parece um daqueles filmes americanos que falam sobre a dureza da vida dos estudantes no High School. Como se sabe há muita vulgaridade, ofensas, bullyng e toda aquela selva que todos conhecem da vida colegial. Como sempre também encontramos os tipos que sempre habitam esse tipo de produção: há os populares, os atletas, as patricinhas, os mauricinhos, os nerds e os freaks (esquisitos). Charlie (Logan Lerman) faz parte desse último grupo. Introvertido e com dificuldades de fazer amigos ele começa o filme indo para seu primeiro dia de aula na nova escola (o terror de muitos estudantes). Como sempre há toda aquela chatice que povoa o velho sistema educacional (que apesar da tecnologia ainda continua obsoleto com suas aulas de giz e quadro negro). No meio do tédio Charlie consegue finalmente fazer amizade com dois irmãos (ou meio irmãos), a gatinha Sam (Emma Watson) e o divertido Patrick (Ezra Miller), um jovem homossexual enrustido que namora às escondidas o atleta mais popular da escola. Juntos passam pelas experiências típicas da idade. O primeiro beijo, a primeira paixão, as descobertas sexuais, as decepções, as desilusões, etc. O repertório completo daquela fase tão complicada da vida de todos nós, a adolescência.

Para quem pensa encontrar apenas uma comédia leve passada no mundo jovem acaba se surpreendendo conforme o filme avança. Isso ocorre porque Charlie começa a apresentar transtornos que indicam  uma clara doença mental. Sem medicação adequada ele começa a delirar, ouvir vozes e perder o senso de realidade. Para piorar acaba conhecendo a LSD, uma droga alucinógena que funciona como catalisador de doenças mentais. A partir desse ponto o filme ameaça virar um drama pesado, daqueles com finais trágicos. O diretor porém puxa o freio de mão para não transformar tudo em uma daquelas tragédias que tanto conhecemos do cinema ianque. Em certo momento pensei que tudo iria desbancar para algo no gênero “Tiros em Columbine”. Mas nada disso acontece. O elenco traz como destaque Emma Watson, de "Harry Potter". Atriz simpática e carismática ela defende bem seu papel. Ao seu redor temos vários atores de séries americanas famosas. Logan Lerman, por exemplo, fez parte do elenco de "Jacky & Bobby". Fora ele o espectador ainda vai encontrar muitos rostos conhecidos da TV americana de séries como "The Vampire Diaries", "Americano Horror Story" e "Parenthood". Em conclusão podemos dizer que vale a pena assistir no final das contas. Não é uma película brilhante mas é humana. Procura fugir do dramalhão para contar uma estória de pessoas comuns em uma fase particularmente complicada para muitas pessoas, o que no final se torna bem-vindo. Em tempos de tantos filmes de efeitos especiais, pirotecnias e super-heróis pode ser uma boa opção para quem procura por algo mais profundo e sério.

As Vantagens de Ser Invísivel (The Perks of Being a Wallflower, Estados Unidos, 2012) Direção: Stephen Chbosky / Roteiro: Stephen Chbosky / Elenco: Emma Watson, Nina Dobrev, Logan Lerman, Paul Rudd, Ezra Miller, Mae Whitman, Melanie Lynskey, Kate Walsh, Dylan McDermott, Johnny Simmons, Nicholas Braun, Zane Holtz, Reece Thompson, Julia Garner / Sinopse: Charlie (Logan Lerman) é o novo aluno em um colégio de ensino médio (high School) nos EUA na década de 1980. Ele é introvertido o que lhe causa problemas para fazer novas amizades. Aos poucos porém acaba se aproximando de Patrick (Ezra Miller) e Sam (Emma Watson), dois meio irmãos que se tornam grandes amigos dele. Juntos vão passar pelas dificuldades da juventude e da escola.

Pablo Aluísio

Os Bons Companheiros

“Os Bons Companheiros” é até hoje considerado uma das grandes obras primas do diretor Martin Scorsese. O filme que narra a ascensão e queda de um membro da família Luchese mantém seu charme mesmo após tantos anos de seu lançamento. A trama é baseada em fatos reais e foi inspirada nas memórias de Henry Hill (Ray Liotta). Ainda quando era apenas um garoto começou a fazer pequenos serviços para os mafiosos de seu bairro no Brooklyn em Nova Iorque. Depois caindo nas graças dos membros da “família” foi alcançando postos cada vez mais altos na hierarquia mas havia um problema para sua ascensão completa rumo ao topo: ele não tinha origem italiana, era filho de irlandeses e por isso jamais ocuparia um posto relevante dentro da máfia mesmo sendo leal e eficiente. Para piorar ele começou a se sentir frustrado dentro da organização o que acabou o levando ao abuso de drogas, transformando sua vida em uma roleta russa. Em pouco tempo ele finalmente tomou consciência do beco sem saída que sua vida havia se transformado. O espectador é premiado assim com um dos melhores filmes de máfia da história do cinema americano só superado talvez por “O Poderoso Chefão” e “Era Uma Vez na América”. Scorsese capricha ao capturar a época e os costumes de todas as fases da vida de Herny, seja pela excelente trilha sonora seja pelo elegante e fino figurino dos membros da Cosa Nostra.

“Os Bons Companheiros” retrata uma realidade que o próprio Scorsese vivenciou pois também nasceu nas redondezas em que Henry Hill viveu. Inclusive durante as entrevistas de promoção do filme ele declarou de forma bem sincera: “De onde eu venho só existiam dois caminhos a serem seguidos por um descendente de italianos como eu: ou você entrava para a Igreja ou então para a máfia! Não havia meio termo!” Assim Scorsese conta sua estória com um misto de familiaridade e até mesmo carinho por seus personagens. Mas não é só. Conforme o filme avança ele acelera o ritmo das cenas como uma forma de retratar o gradual enlouquecimento por abuso de drogas de seu protagonista. Um toque genial. A galeria de tipos no filme também é outro ponto alto do filme e para dar vida a essas pessoas violentas e irascíveis mas também bem humanas o diretor contou com um elenco de primeira linha onde se destacam Robert De Niro, como um mentor mais velho para Henry Hill e Joe Pesci, como um gangster criado nas ruas que não consegue mais conter seus impulsos psicóticos e violentos. Assim como Francis Ford Coppola fez em seu grande clássico, “O Poderoso Chefão”, Scorsese aqui também trata com uma perturbadora naturalidade as cenas mais violentas possíveis. Os mafiosos de “Os Bons Companheiros” matam não como uma maneira de se auto afirmarem ou infringirem sofrimento alheio de forma gratuita mas sim como mera parte de seus negócios habituais. As mortes raramente são pessoais mas sim apenas ossos do ofício. O resultado de tudo isso é um espetáculo aos olhos, um filme que faz jus à longa tradição de grandes clássicos sobre esse tema.  Simplesmente imperdível aos amantes da sétima arte.

Os Bons Companheiros (Goodfellas, Estados Unidos, 1990) Direção: Martin Scorsese / Roteiro: Martin Scorsese, Nicholas Pileggi baseados no livro “Wiseguy” de Nicholas Pileggi / Elenco: Robert De Niro, Ray Liotta, Joe Pesci, Lorraine Bracco, Paul Sorvino / Sinopse: Os Bons Companheiros mostra a vida de Henry Hill (1943 – 2012), garoto nascido em um bairro dominado por gangsters em Nova Iorque. Fazendo pequenos serviços ele acaba caindo nas graças da máfia e entra para seu quadro permanente de membros. Vencedor do Oscar de Melhor Ator Coadjuvante (Joe Pesci). Indicado aos Oscars de Melhor Filme, Direção, Roteiro Adaptado, Edição e Atriz Coadjuvante (Lorraine Bracco).

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 9 de março de 2015

Justiça Para Todos

Advogado criminalista (Al Pacino) acaba tendo que aceitar defender um juiz que odeia e que está sendo acusado de estupro contra uma garota. O cinema americano tem longa tradição em filmes que mostram o meio jurídico. Não é para menos. Quem trabalha na área sabe que esse é repleto de dramas e situações aflitivas que acabam gerando ótimos roteiros e filmes. Um processo judicial não é apenas uma sucessão de atos jurídicos ou procedimentos mas também um capítulo de extrema importância da vida das pessoas que atuam nele. O filme mostra justamente esse aspecto. O ponto alto é novamente a atuação do elenco. Al Pacino está brilhante na minha opinião e nem adianta argumentar dizendo que ele está novamente "over", exagerado ou fora de controle em cena. Nada disso, achei sua atuação muito adequada principalmente pela situação que seu personagem se encontra. Se existe algum exagero em "Justiça Para Todos" talvez seja seu clímax que é realmente um pouco inverossímil. Mesmo assim não macula o resto da produção que é muito relevante, diria até didática, sobre o que acontece debaixo dos olhos vendados do poder judiciário.

Outro destaque de "Justiça Para Todos" é a mensagem subliminar que ele transmite. Em um deles Pacino diz a seu velho avô que está sofrendo os problemas da velhice: "Ser honesto e ao mesmo tempo ser advogado é algo bem complicado". Realmente, poucas profissões do mundo transitam tanto entre a moralidade e a imoralidade, a legalidade e a ilegalidade. O profissional do direito vive realmente em um fio da navalha e o filme toca muito bem nisso ao colocar o sócio de Pacino no filme em crise existencial (ele consegue liberar um cliente da cadeia que acaba matando duas crianças poucos dias depois de solto). Quais são os limites, a linha que separa a ética da necessidade de se defender o cliente? Como se sente um advogado ao defender um criminoso capaz de atos bárbaros contra o próximo? É isso, "Justiça Para Todos" é um filme para se pensar sobre o poder judiciário, seus anacronismos e contradições. Uma lição que não se aprende nas faculdades de direito.

Justiça Para Todos (...And Justive For All, Estados Unidos, 1979) Direção: Norman Jewison / Roteiro: Valerie Curtin, Barry Levinson / Elenco: Al Pacino, Jack Warden, John Forsythe / Sinopse: Arthur Kirkland (Al Pacino) é um advogado criminalista que tenta transitar entre sua ética pessoal e a necessidade de defender seus clientes, entre eles um juiz corrupto e acusado de estupro contra uma inocente garota.

Pablo Aluísio

O Turista

Título no Brasil: O Turista
Título Original: The Tourist
Ano de Produção: 2011
País: Estados Unidos
Estúdio: Spyglass Entertainment
Direção: Florian Henckel von Donnersmarck
Roteiro: Julian Fellowes, Christopher McQuarrie
Elenco: Johnny Depp, Angelina Jolie, Paul Bettany, Timothy Dalton
  
Sinopse:
Frank Tupelo (Johnny Depp) e Elise Clifton-Ward (Angelina Jolie) formam um casal de turistas americanos que decide descobrir os encantos do velho continente europeu. Viajando por belos cenários e descobrindo a rica e milenar cultura europeia eles acabam se envolvendo em uma conspiração internacional de proporções imprevisíveis. Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Comédia ou Musical, Melhor Ator (Johnny Depp) e Melhor Atriz (Angelina Jolie), ambos também na categoria Comédia ou Musical.

Comentários:
Sinceramente pensei que fosse bem pior. "O Turista" tenta de todo modo imitar os antigos filmes de suspense do mestre Alfred Hitchcock, principalmente aqueles em que as tramas eram passadas em locações luxuosas na Europa, como por exemplo, "Ladrão de Casaca". Em termos gerais é um filme bonito de se assistir por causa da maravilhosa fotografia do especialista John Seale. Ele conseguiu extrair excelentes tomadas de cenas, algumas delas parecendo verdadeiros quadros de arte! Também não poderia ser diferente pois o filme foi rodado em lindas locações, de cidades históricas da Europa, ficando em destaque a beleza e o charme de Paris e Veneza. A trilha sonora também tem uma inegável sofisticação, tudo para combinar com esse visual de primeira linha. O figurino também é classe A, com profusão de vestidos de alta costura, roupas de grife e joias milionárias. Assim a atriz Angelina Jolie fica mais parecendo uma modelo em cena do que qualquer outra coisa. Em termos de luxo na produção, nada a reclamar. O problema é que um filme não vive só de produção luxuosa. Tem que haver boas atuações e roteiro coeso. Infelizmente apesar dos bons nomes no elenco (que incluem o ex James Bond, Timothy Dalton) o filme não deslancha nesse aspecto. Angelina Jolie confunde glamour com afetação! Ela passa o filme inteiro tentando dar uma de Grace Kelly, mas derrapa feio nisso. Primeiro porque não tem a sofisticação da clássica atriz. Segundo porque suas caras e bocas soam bem ridículas em vários momentos do filme. Sua atuação soa forçada, não natural e o espectador logo percebe isso. Já Johnny Depp surge em total controle remoto. Na realidade ele soa sonolento na maioria das cenas e não convence. Não vi nada de especial em seu personagem ou em sua atuação. Ele parece entediado com o filme. Então é isso, "O Turista" demonstra que nem sempre uma produção de primeira linha salva um filme cujo roteiro é oco e derivativo.

Pablo Aluísio.

domingo, 8 de março de 2015

Educação

A festa do Oscar premia blockbusters comerciais vazios como Avatar e ignora filmes menores mas com muito mais qualidade como esse lírico e instrutivo "Educação" O filme não teve maior repercussão quando foi exibido em poucas salas aqui no Brasil. Uma pena, pois privou o público de conhecer um belo retrato da sociedade inglesa no pós guerra. No filme somos apresentados a Jenny Mellor (Carey Mulligan) uma jovem estudante que anseia por uma vida melhor da que atualmente leva. Entediada com a vida banal e com a repressão moralista da rígida sociedade britânica da época ela resolve fazer o impensável naqueles tempos ao se envolver com um homem bem mais velho. Nem é preciso dizer o que tal decisão significaria em sua vida pessoal, em especial entre seus pais. Isso era algo como uma bomba sendo explodida dentro de seu núcleo familiar. A temática do roteiro foi inspirada em fatos reais e mostra como era o impacto de um relacionamento assim visto sob a ótica de uma típica família suburbana de Londres daquele período.

A personagem interpretada por Carey Mulligan é uma garota inteligente, que está prestes a ir para a universidade. Impaciente, ela procura alguma aventura emocional mais transgressora antes de ingressar definitivamente na chamada vida adulta. O argumento explora bem a ruptura que surge daí pois ao tomar uma decisão precipitada (típica de adolescentes) a personagem se vê jogada de forma abrupta nas responsabilidades de um relacionamento adulto. Além do roteiro bem escrito "Educação" também tem uma produção caprichada. A reconstituição de época do filme é do mais alto nível, tudo recriado com excelente bom gosto e finesse. Para quem gosta da chamada cultura vintage é um prato cheio. Já Carey Mulligan é um caso á parte. Mesclando ingenuidade com sensualidade ela traz à tela uma dose extra de carisma. Sua personagem, com toques de Lolita, certamente mexerá com o imaginário sexual dos quarentões. O roteiro também é muito bem escrito pois se contenta em apenas narrar os acontecimentos de forma espontânea e natural, sem cair nos perigos da simples e pura condenação moral. Enfim, recomendo "Educação" para o público que procura por um filme relevante do ponto de vista histórico. Uma produção que consegue mostrar velhos tabus e costumes que hoje em dia são totalmente ultrapassados mas que ainda teimam em persistir nas camadas mais conservadoras e atrasadas de nossa sociedade.

Educação (An Education, Inglaterra, 2009) Direção de Lone Schefrig. / Elenco: Carey Mulligan, Peter Saasgard, Alfred Molina e Emma Thompson. / Sinopse: Durante o pós guerra, jovem inglesa (Carey Mulligan) decide se envolver com homem mais velho. Produção inglesa que concorreu ao Oscar de melhor filme.

Pablo Aluísio

Guerra Mundial Z

Título no Brasil: Guerra Mundial Z
Título Original: World War Z
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Marc Forster
Roteiro: Matthew Michael Carnahan, Drew Goddard
Elenco: Brad Pitt, Mireille Enos, Daniella Kertesz

Sinopse:
Gerry Lane (Brad Pitt) é um especialista do governo americano e da ONU que começa uma busca ao redor do mundo pelo chamado paciente zero após uma grande contaminação mundial por um vírus que transforma todos os infectados em verdadeiros zumbis. Da Coréia do Sul a Jerusalém ele luta para encontrar a cura para o terrível vírus. Filme indicado ao prêmio da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films nas categorias Melhor Thriller e Melhor Ator (Brad Pitt).

Comentários:
Super produção da Paramount que explora o mundo dos zumbis! Ao custo de 190 milhões de dólares o filme não poupa esforços em ser um festival de efeitos digitais de última geração. Baseado na obra de Max Brooks a produção tenta resgatar o cinema pipoca blockbuster dentro do gênero terror. Curiosamente foi um projeto bem pessoal do ator Brad Pitt que só não dirigiu o filme, mas que ao invés disso coordenou todos os pequenos detalhes nas filmagens. É de se admirar que um ator como ele, que vem lutando há anos para ser reconhecido como bom intérprete, venha abraçar algo assim tão voltado para o cinema de pura diversão. O resultado, apesar da riqueza de recursos, é apenas razoável. Não há maiores novidades no roteiro que se baseia basicamente em cenas e mais cenas de ataques de multidões de zumbis sedentas por cérebros humanos. Assim Pitt se resume a correr de um lado para o outro, parando de vez em quando para soltar algum diálogo pseudo-científico. Sua atuação não convence e o filme vai ficando cada vez mais repetitivo (velho problema que se vê em praticamente todos os filmes de zumbi) até se chegar finalmente a um final inconclusivo, obviamente abrindo uma brecha para mais uma continuação milionária! Sinceramente falando é melhor rever os filmes originais com a assinatura do mestre George Romero. Esse aqui é um pipocão zumbi apenas.

Pablo Aluísio.

sábado, 7 de março de 2015

Carga Explosiva 2

Título no Brasil: Carga Explosiva 2
Título Original: Transporter 2
Ano de Produção: 2005
País: Estados Unidos, França
Estúdio: EuropaCorp, TF1 Films Production
Direção: Louis Leterrier
Roteiro: Luc Besson, Robert Mark Kamen
Elenco: Jason Statham, Amber Valletta, Kate Nauta

Sinopse:
Frank Martin (Jason Statham) é um profissional do submundo do crime. Extremamente eficiente ele se especializou em levar encomendas para seu destino - sejam elas meras cargas ou pessoas reais! Agora ele está nos Estados Unidos onde trabalha para uma família poderosa. Trabalhando como motorista ele se afeiçoa ao garoto Jack (Hunter Clary) de apenas seis anos. Após esse ser sequestrado por bandidos que desejam um resgate, Frank decide resolver ele mesmo o problema. Uma péssima notícia para os criminosos.

Comentários:
Se o primeiro filme deu um lucro generoso é mais do que previsível que haveria uma continuação. Essa franquia "Transporter" inclusive é extremamente lucrativa. Os filmes não chegam a custar nem 25 milhões de dólares e conseguem um retorno certo, principalmente no mercado europeu (incluindo os países do leste, antigas repúblicas socialistas) e América Latina (Brasil incluído). E qual é a fórmula desse sucesso certeiro? Muito simples, ação ao estilo anos 80, personagens durões, roteiros e tramas mais singelas e simples e sequências extremamente bem realizadas do ponto de vista técnico. A intenção é não deixar a bola cair em nenhum momento, assim que termina uma cena com muita adrenalina, inicia-se outra. Jason Statham segue seu caminho de verdadeiro herdeiro dos action movies da década de 1980. Suas produções poderiam ser estreladas muito bem por Stallone ou Schwarzenegger caso eles fossem trinta anos mais jovens. Como sempre existirá público para esse tipo de fita (e não há nada de errado nisso), sempre teremos bons filmes de ação como os da série "Carga Explosiva". Então abra a latinha de cerveja, relaxe no sofá e divirta-se!

Pablo Aluísio.

Seabiscuit - Alma de herói

Esse é um daqueles filmes que vão chegando como quem não quer nada e acabando ganhando uma notoriedade surpreendente, alcançando inclusive uma indicação ao Oscar de Melhor filme do ano. Usando de uma gíria do próprio esporte que retrata, é um típico azarão da história da Academia. O filme aliás conta a trajetória de um verdadeiro azarão das pistas de corrida, o cavalo Seabiscuit, um animal pequeno, indisciplinado mas forte que acabou deixando todos de boca aberta durante os anos 1930 por causa de suas vitórias improváveis. Não tardou para a imprensa o transformá-lo em um símbolo do próprio povo americano que naquele momento passava pela mais terrível depressão econômica de sua história. É a velha lenda da vitória do menos apto, do improvável, daquele que ninguém acredita mas que supera todos os obstáculos e se torna enfim um campeão. Uma boa metáfora para servir de inspiração ao trabalhador comum americano que tinha também em sua vida que superar muitos desafios a cada dia.

O elenco conta com dois bons interpretes. O primeiro é Tobey Maguire que interpreta o Jóquei Red Pollard. Tentando se livrar o estigma do personagem mais famoso de sua carreira (O Homem Aranha), Maguire tenta trazer veracidade ao seu papel, um sujeito ora romântico, ora perspicaz, com vontade de vencer. Jeff Bridges está na pelo do dono de Seabiscuit, o milionário Charles Howard. Bridges é aquele tipo de ator que traz brilho a qualquer papel que interprete, seja a de um hippie fora de moda, seja a de um vilão em blockbusters. Muito versátil consegue elevar o filme no quesito atuação. Ao final da sessão o espectador sai do cinema com duas conclusões. A primeira, mais óbvia, é a de que acabou de assistir a um filme tecnicamente bem realizado, com boa reconstituição de época e roteiro redondinho. A segunda é que a enorme quantidade de indicações ao Oscar (oito ao total) foram desproporcionais. O filme é certamente bom mas não excepcional ao ponto de ganhar tantas indicações. Assim como o cavalo da história real esse filme também parece ter sido um vencedor improvável. A arte imitando a vida.

Seabiscuit – Alma de Herói (Seabiscuit, Estados Unidos, 2003) Direção: Gary Ross / Roteiro: Gary Ross, inspirado no livro de Laura Hillenbrand / Elenco: Tobey Maguire, Jeff Bridges, Chris Cooper, William H. Macy / Sinopse: Filme baseado na história real do cavalo Seabiscuit que na década de 1930 surpreendeu os EUA por causa de suas vitórias improváveis. Indicado ao Oscar nas categorias de melhor filme, melhor roteiro adaptado, melhor som, melhor edição, melhor figurino, melhor direção de arte e melhor fotografia. Indicado ao Globo de Ouro nas categorias de melhor filme drama e melhor ator coadjuvante (William H. Macy).

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 6 de março de 2015

O Sobrevivente

Cada ator famoso do gênero ação na década de 80 procurou trilhar um caminho próprio que acabasse caracterizando sua filmografia. Os filmes de Stallone, por exemplo, sempre flertaram com situações mais dramáticas como Rocky e até mesmo em Rambo - Programado para Matar. Já Chuck Norris era o rei das produções mais simples, de orçamentos modestos e cenas impossíveis. Entre eles Arnold Schwarzenegger foi o que mais flertou com a Ficção Cientifica. Como se não bastasse ter estrelado o clássico do gênero "O Exterminador do Futuro", ele alcançaria grande sucesso ainda com "Predador" e "O Vingador do Futuro", dois clássicos Sci-Fi daqueles anos. Assim não foi surpresa para ninguém quando surgiu com esse estranho "O Sobrevivente" (que no Brasil foi lançado também com seu título original, The Running Man). O roteiro era baseado na obra de Stephen King que curiosamente usou de um de seus pseudônimos quando o texto foi lançado,

Quando assisti recentemente "Jogos Vorazes" me lembrei imediatamente desse "The Running Man". O argumento é praticamente o mesmo. Em um futuro distante  Ben Richards (Arnold Schwarzenegger) se vê em um terrível jogo mortal onde terá que sobreviver a inúmeros combates e lutas.O diferencial é que tudo é consumido pelo povo em geral como simples diversão, numa verdadeira releitura das antigas arenas romanas de gladiadores. Assim tudo não passaria de um grande Game Show, na mais pura tradição do pão e circo para as massas empobrecidas e alienadas. Agora que você leu a sinopse de "O Sobrevivente" me diga com sinceridade: Existe alguma diferença com "Jogos Vorazes"? Eu sinceramente acho que não. O filme é bem realizado, tem boa produção e direção segura de Paul Michael Glaser, que curiosamente vinha do mesmo mundo da TV que criticava no filme. Tendo dirigido os sucessos "Miami Vice" e "Starsky e Hutch" ele certamente sabia lidar com o tema. Embora tenha sido lançado no auge da carreira do ator Arnold Schwarzenegger o filme, para surpresa de todos, não conseguiu fazer o sucesso esperado. Talvez o tema tenha soado muito complexo para aquele universo de filmes de ação da década de 80 ou então o público não comprou a ideia. De qualquer modo a produção funciona tanto como filme de ação como de Sci-Fi e merece ser redescoberto pelos fãs de ambos os gêneros. No fundo é uma crítica corrosiva sobre a futilidade reinante em nossos canais de TV, tal como o sucesso "Jogos Vorazes".


O Sobrevivente (The Running Man, Estados Unidos, 1987) Direção: Paul Michael Glaser / Roteiro: Steven E. de Souza baseado na obra de Stephen King / Elenco: Arnold Schwarzenegger, Maria Conchita Alonso, Yaphet Kotto, Jim Brown, Jesse Ventura / Sinopse: Em um futuro distante Ben Richards (Arnold Schwarzenegger) se vê em um terrível jogo mortal onde terá que sobreviver a inúmeros combates e lutas. Tudo não passando de um Game Show realizado para entreter as massas ociosas e desocupadas.

Pablo Aluísio.

Wolverine - Imortal

Título no Brasil: Wolverine - Imortal
Título Original: The Wolverine
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: Marvel Studios
Direção: James Mangold
Roteiro: Mark Bomback, Scott Frank
Elenco: Hugh Jackman, Will Yun Lee, Tao Okamoto, Hal Yamanouchi

Sinopse:
Logan (Hugh Jackman), mais conhecido como Wolverine, vai à terra do sol nascente, o Japão, para se envolver numa complicada conspiração corporativa, cujas consequências poderão lhe atingir diretamente. Filme indicado ao prêmio da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films na categoria de Melhor Adaptação de Quadrinhos.

Comentários:
Uma tentativa de recomeçar uma franquia própria para o personagem Wolverine da trupe X-Men. O primeiro filme acabou não agradando a ninguém, nem ao público e nem à crítica. Assim o diretor James Mangold tomou a sábia ideia de simplificar tudo, cortando personagens e investindo em um enredo mais enxuto, embora eficiente. Com ares de Graphic Novel esse novo filme do Wolverine finalmente caiu nas graças do público (foi a terceira maior bilheteria do ano) e da crítica, que definitivamente gostou do que viu. Some-se a isso o fato da história se passar no Japão e você terá realmente um bom filme, valorizado pelos cenários bonitos e direção de arte de bom gosto. Como se sabe o personagem Logan (mais uma vez interpretado por Hugh Jackman) sempre foi o mais popular mutante dessa saga em quadrinhos e como hoje vivemos a época de ouro das adaptações de heróis para o cinema, ele certamente não poderia ficar de fora. Em suma, uma boa diversão que agradará em cheio aos fãs dos X-Men.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 5 de março de 2015

Os Cinco Rapazes de Liverpool

Mesmo depois de tantos anos de seu lançamento (e lá se vão 21 anos de sua estréia!) ainda considero o melhor filme já feito sobre os Beatles no cinema. O mais famoso grupo de rock da história aqui surge como um bando de jovens amigos, que ainda não sabiam direito o que fariam da vida, mas que nesse meio tempo resolveram apostar no velho sonho de fazer sucesso no mundo da música. O interessante é que nessa fase eles eram cinco e não quatro, como foram imortalizados. O roteiro assim foca na figura de Stuart Sutcliffe (Stephen Dorff), o quinto Beatle, que para muitos ainda segue sendo um completo desconhecido. Grande amigo pessoal de John Lennon, ele foi incorporado aos Beatles por causa de sua amizade, embora não soubesse tocar direito nenhum instrumento. Na verdade ele sonhava ser artista plástico e se casar com sua namorada, a bela Astrid Kirchherr (Sheryl Lee), embora o destino lhe reservasse outro caminho.

A história dessa grande amizade é o foco principal dessa produção que contou ainda com uma maravilhosa trilha sonora, que procurou revitalizar o som que o grupo tinha na época, quando eles foram para a Alemanha lutar por alguns trocados, tocando em boates cavernosas e bares de strip-tease. Nunca os Beatles foram tão humanos e próximos de nós como nesse filme, um verdadeiro clássico moderno que mostra acima de tudo que é possível se fazer um grande filme sobre alguns dos maiores mitos do olimpo da música mundial. Um belo retrato de uma amizade que rompeu a barreira do tempo.

Backbeat - Os 5 Rapazes de Liverpool (Backbeat, Inglaterra, Alemanha, 1994) Direção: Iain Softley / Roteiro: Iain Softley, Michael Thomas / Elenco: Stephen Dorff, Sheryl Lee, Ian Hart. / Sinopse: O filme resgata a história dos Beatles em seus primórdios. Filme vencedor do BAFTA Awards na categoria de Melhor Filme Musical.

Pablo Aluísio. 

Quatro Casamentos e Um Funeral

Uma comédia romântica realmente saborosa, com excelente roteiro, explorando justamente a vida de um grupo de amigos, cujas vidas são mudadas exatamente em quatro casamentos e um funeral. O roteiro é muito bem elaborado porque praticamente funciona como flashes da vida desses personagens centrais. Entre eles se destaca obviamente a relação conturbada e indefinida entre Charles (Hugh Grant) e Carrie (Andie MacDowell). Como se trata de uma produção britânica você já sabe que terá pela frente o melhor do humor inglês, com todo aquele clima de sofisticação que é de repente afrontado pelas mais bizarras situações. Daí vem o humor, desse choque e contraste entra uma postura fina e tradicional e o modo de ser mais grotesco revelado dentro dos relacionamentos amorosos e de amizade.

Essa comédia acabou transformando o ator Hugh Grant em um astro. Seu estilo tipicamente britânico acabou caindo no gosto do grande público, inclusive do americano, já que as mulheres acabaram suspirando por seu ar tímido e atrapalhado, que acabava se revelando um charme irresistível para o público feminino. Bom para ele, que depois desse sucesso cruzou o Atlântico e começou uma bem sucedida carreira na América, colecionando sucessos e mais sucessos de bilheteria (embora hoje em dia ele esteja em baixa, praticamente aposentado). Mesmo assim ainda vale muito a pena rever o filme, pois ele não envelheceu em nada, mantendo-se ainda muito divertido e engraçado, com ótima trilha sonora.

Quatro Casamentos e Um Funeral (Four Weddings and a Funeral, Inglaterra, 1994) Direção: Mike Newell / Roteiro: Richard Curtis / Elenco: Hugh Grant, Andie MacDowell, James Fleet / Sinopse: Comédia romântica de sucesso nos anos 90, com toques de puro humor negro inglês. Indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme e Melhor Roteiro Original. Vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator - Comédia ou Musical (Hugh Grant).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 4 de março de 2015

RoboCop

Título no Brasil: RoboCop
Título Original: RoboCop
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM), Columbia Pictures
Direção: José Padilha
Roteiro: Joshua Zetumer, Edward Neumeier
Elenco: Joel Kinnaman, Gary Oldman, Michael Keaton

Sinopse:
Alex Murphy (Joel Kinnaman) é um policial que cumpre muito bem suas funções, tanto que acaba descobrindo um jogo sujo envolvendo tiras como ele. Antes que denuncie o esquema acaba sofrendo um atentado a bomba que deixa seu corpo destroçado. Isso acaba se tornando uma ótima oportunidade para que um projeto de unir homem e máquina em prol da lei seja revitalizado, surgindo daí RoboCop, o modelo ideal do policial do futuro.

Comentários:
Remakes via de regra são bem desnecessários, a não ser que o material original dê margem para uma nova releitura, mais atualizada e moderna. O primeiro filme com o policial do futuro soava muito interessante na década de 80. Era um filme de ficção policial que não se resumia a apresentar a mais pura ação descerebrada, pois tinha um interessante argumento por trás (a mudança da estrutura estatal da segurança pública para o mundo corporativo). "RoboCop" assim seria a materialização da transformação pelo qual a sociedade passava na época (inclusive sob o ponto de vista tecnológico). Até hoje é considerado um bom filme, muito coeso e bem realizado. Então chegamos a esse novo remake. Houve mesmo alguma necessidade em realizar essa obra? Sinceramente depois de assistir cheguei na conclusão que não! O cineasta José Padilha é sem dúvida talentoso, basta lembrar de "Tropa de Elite", mas aqui ele foi controlado completamente pela máquina industrial do cinema americano. No fundo não há nada de autoral nessa revisão. Ora, se o novo RoboCop não traz maiores novidades (o roteiro segue praticamente o mesmo, sem traços do diretor em seu conceito) para que refazer o que já tinha ficado tão bom? No papel principal de Alex Murphy temos o ator Joel Kinnaman, que interpreta o policial noiado da boa série "The Killing". Se não surpreende, pelo menos não atrapalha. Sua atuação é uma das poucas novidades dignas de nota. Assim chegamos na conclusão que o novo "RoboCop" não tinha mesmo razão para existir.

Pablo Aluísio.

A Liga Extraordinária

Título no Brasil: A Liga Extraordinária
Título Original: The League of Extraordinary Gentlemen
Ano de Produção: 2003
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Stephen Norrington
Roteiro: James Robinson, baseado na obra de Alan Moore
Elenco: Sean Connery, Stuart Townsend, Peta Wilson, Tony Curran

Sinopse:
Um grupo de personalidades marcantes do mundo da literatura resolve se unir para enfrentar uma grande ameaça contra a humanidade. O aventureiro Allan Quatermain (Sean Connery), o lendário Capitão Nemo (Naseeruddin Shah), a sedutora Mina (Peta Wilson) do romance "Drácula", Dr. Henry Jekyll e Edward Hyde (Jason Flemyng) de "O Médico e o Monstro" e até mesmo Dorian Gray (Stuart Townsend), saído diretamente das páginas escritas por Oscar Wilde, entre outros, estão nessa perigosa aventura. Filme indicado ao prêmio da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films nas categorias de Melhor Filme de Fantasia, Melhor Atriz Coadjuvante (Peta Wilson) e Melhor Figurino.

Comentários:
"The League of Extraordinary Gentlemen" por ser uma adaptação da Graphic Novel de Alan Moore causou grande expectativa nos fãs de HQs. Infelizmente Hollywood ainda não conseguiu captar todas as nuances dos quadrinhos para as telas de cinema. Mudanças são realizadas em nome de um maior potencial comercial e partes do enredo são alterados em prol do ego dos atores. Isso acaba de uma maneira ou outra desfigurando a essência da obra original. Foi justamente isso que aconteceu mais uma vez aqui. Inicialmente o próprio Alan Moore rejeitou o filme. Tentou até mesmo tirar seus nomes dos créditos. Depois, para piorar ainda mais, o ator Sean Connery entrou em atritos com o diretor e o estúdio. Connery queria ainda mais espaço para seu personagem Allan Quatermain, mas o roteiro tentava em vão trazer o aspecto mais coletivo da Graphic Novel original. No meio de tantos problemas de produção o filme acabou saindo truncado, mal dividido, o que acabou desagradando tanto o público como a crítica. Em termos de produção, direção de arte, efeitos especiais e figurino, não há o que reclamar. Tudo é muito bem realizado, de acordo com uma película que custou mais de oitenta milhões de dólares. O problema realmente é de roteiro, esse se mostra muitas vezes sem salvação. Como fracassou comercialmente o filme hoje em dia serve apenas como curiosidade, uma amostra que a fusão entre quadrinhos e cinema nem sempre dá muito certo.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 3 de março de 2015

As Pontes de Madison

Título no Brasil: As Pontes de Madison
Título Original: The Bridges of Madison County
Ano de Produção: 1995
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros, Malpaso Productions
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Richard LaGravenese
Elenco: Clint Eastwood, Meryl Streep, Annie Corley
  
Sinopse:
Junho de 1965. Francesca Johnson (Meryl Streep) é surpreendida com um estranho em sua fazenda. Robert Kincaid (Clint Eastwood) é um fotógrafo profissional que trabalha para a revista National Geographic que está ali para tirar fotos das famosas pontes de Madison. Francesca inicialmente estranha sua presença, mas depois concorda em lhe mostrar a região. Seu marido e seus filhos estão fora, no estado vizinho de Illinois, e ela decide se tornar a guia informal de Kincaid pelas redondezas. Desse convívio de apenas quatro dias entre uma reprimida esposa e dona de casa e um jornalista livre e com espírito de aventura começa a surgir uma inesperada paixão. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Atriz (Meryl Streep). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama e Melhor Atriz (Meryl Streep).

Comentários:
Muitos ficaram realmente surpresos com a sensibilidade mostrada por Clint Eastwood nesse (já considerado clássico nos dias de hoje) "As Pontes de Madison". Logo Clint, que sempre foi mais conhecido por interpretar sujeitos durões nas telas, surgir com um roteiro tão romântico como esse! Era mesmo de admirar. Baseado na novela escrita por Robert James Waller o roteiro era de uma singeleza ímpar, mas conseguia transmitir muito em cima de uma pequena história que parecia ser bem simples. Basicamente vemos o encontro de um fotógrafo e uma dona de casa em plenos anos 1960. Ela é infeliz no casamento. Ele se interessa por ela assim que a conhece. Obviamente há uma clara paixão despertando entre eles, mas tudo fica muito reprimido e soterrado por causa das convenções sociais da época. Assim o argumento discute de forma subliminar os limites que não podem ser ultrapassados dentro de uma sociedade conservadora como a americana. Até que ponto deve-se deixar a felicidade de lado apenas para obedecer a esse tipo de imposição social? 

O elenco está ótimo. Quem poderia dizer que uma atriz tão respeitada (e oscarizada) como Meryl Streep iria se dar tão bem com Clint em cena? Pois é justamente isso que acontece. A química entre eles salta aos olhos. Outro ponto de destaque nesse romance temporão é o trabalho do excelente diretor de fotografia Jack N. Green. Ele transformou o cenário do enredo em um personagem indireto. O filme que foi todo rodado no lindo estado americano do Iowa conseguiu transpor para o espectador todo o bucolismo ao redor, valorizando ainda mais o romance contido dos personagens centrais. Um trabalho primoroso. Enfim, "The Bridges of Madison County" é uma bela aula de cinema, mostrando de forma cabal que maravilhosos filmes de romance podem surgir das situações mais inesperadas. O que vale mesmo no final das contas é o sentimento verdadeiro envolvido.

Pablo Aluísio.

Armadilha

Título no Brasil: Armadilha
Título Original: Entrapment
Ano de Produção: 1995
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox Film
Direção: Jon Amiel
Roteiro: Ronald Bass, Michael Hertzberg
Elenco: Sean Connery, Catherine Zeta-Jones, Ving Rhames
  
Sinopse:
Robert MacDougal (Sean Connery) é um sofisticado ladrão de obras de arte que aplica seus golpes em museus de alta segurança mundo afora. Virginia Baker (Catherine Zeta-Jones) é uma agente de seguros enviada para descobrir se ele está envolvido com o roubo de um importante quadro que vale milhões. Após conhecer Robert melhor acaba aceitando fazer uma improvável dupla ao seu lado! Juntos se unem para realizar um bilionário golpe financeiro no mercado econômico mundial. Filme vencedor do Blockbuster Entertainment Awards na categoria de Melhor Atriz - Filmes de ação (Catherine Zeta-Jones). Filme indicado ao Framboesa de Ouro nas categorias de Pior Atriz (Catherine Zeta-Jones) e Pior Elenco (Sean Connery e Catherine Zeta-Jones).

Comentários:
Eu sempre vi esse filme como um símbolo de que a carreira de Sean Connery tinha realmente chegado ao fim. O astro que havia experimentado uma maravilhosa ressurreição como ator nos anos 80 já não tinha mais muito o que fazer no cinema. Em busca de se tornar comercialmente viável para os estúdios, Connery de certa maneira acabou vendendo sua alma artística, se tornando mais um astro genérico de filmes de ação sem maior consistência. Tudo bem que o filme tem uma produção interessante com uso de excelentes efeitos visuais (como a cena em que eles tentam passar por um corredor cheio de lasers), mas eles por si só não valem por todo o filme. Provavelmente um dos poucos motivos para se gostar mesmo de "Armadilha" seja a bonita presença da bela Catherine Zeta-Jones! Ela, temos que confessar, está linda no filme! Tudo valorizado ainda mais por seu sensual figurino de couro negro - algo que deixará os fãs mais fetichista em êxtase! Sua personagem chamada Virginia Baker é vazia e sem conteúdo, como o próprio roteiro, mas esse pecado é deixado de lado por causa de sua beleza morena marcante. Uma visão fútil, é verdade, mas que na falta de méritos melhores acaba se sobressaindo. E por falar em falta de conteúdo... o nome do diretor inglês Jon Amiel nos créditos já antecipava de antemão o que poderíamos esperar do filme, ou seja, quase nada. Afinal de contas ele havia assinado coisas como "O Homem Que Sabia de Menos" e "O Núcleo - Missão ao Centro da Terra", o que deixava mais do que claro que ele nunca fora mesmo nenhum Orson Welles.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 2 de março de 2015

Gremlins 2

Título no Brasil: Gremlins 2 - A Nova Geração
Título Original: Gremlins 2 - The New Batch
Ano de Produção: 1990
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros., Amblin Entertainment
Direção: Joe Dante
Roteiro: Chris Columbus, Charles S. Haas
Elenco: Zach Galligan, Phoebe Cates, John Glover

Sinopse:
Um exército de pequenos monstros malévolos assume o controle de um arranha-céu corporativo high-tech quando um pequenino animal de estimação exótico, bonito e inteligente é exposto à água. O proprietário dos bichinhos então se une  ao chefe da rica corporação para tentar recuperar o controle do lugar. Filme indicado ao prêmio da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films nas categorias de Melhor Filme de Fantasia, Melhor Ator Coadjuvante (John Glover), Melhor Direção (Joe Dante), Melhor Música (Jerry Goldsmith) e Melhores Efeitos Especiais (Rick Baker, Ken Pepiot e Dennis Michelson). 

Comentários:
Em uma época em que não existiam efeitos digitais plenamente desenvolvidos para o cinema, o cineasta Joe Dante ousou realizar um filme com marionetes e bonecos animados pelo antigo sistema de animatronics para dar vida aos seus Gremlins, bichinhos fofinhos que não poderiam ser molhados após a meia-noite pois caso isso ocorresse seria um verdadeiro caos. O sucesso daquele filme fez com que essa sequência fosse realizada, novamente produzida pelo mago Steven Spielberg. Em termos gerais essa continuação é bem mais escrachada e debochada do que o primeiro filme, que tinha seu humor, mas que não era tão acentuado como aqui. Dante, com mais autonomia, resolveu chutar o balde, realizando um filme a mil, que não consegue parar nunca com suas gags e referências visuais a filmes, músicas e artes em geral. Hoje em dia os filmes dos Gremlins estão obviamente datados do ponto de vista técnico (não poderia ser diferente pois a tecnologia deu saltos gigantescos desde que eles foram realizados), mas mesmo assim o velho charme nostálgico para quem assistiu na época em sua adolescência e infância permanece. Dante foi certamente um dos diretores mais imaginativos e criativos do cinemão pipoca americano daqueles tempos. Um profissional que não tinha medo em misturar cinema com quadrinhos e cultura pop. Por isso seus filmes provavelmente jamais perderão o atrativo, mesmo estando inegavelmente envelhecidos hoje em dia.

Pablo Aluísio.

 

Caçada Mortal

Título no Brasil: Caçada Mortal
Título Original: A Walk Among the Tombstones
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Cross Creek Pictures
Direção: Scott Frank
Roteiro: Scott Frank, Lawrence Block
Elenco: Liam Neeson, Dan Stevens, David Harbour
  
Sinopse:
Matt Scudder (Liam Neeson) é um ex-policial que é procurado por um traficante de drogas desesperado após sua esposa ter sido sequestrada e morta por bandidos, mesmo após o pagamento do resgate. Trabalhando como detetive particular, Matt inicialmente reluta em aceitar o serviço, mas depois que a mulher é encontrada morta em pedaços no cemitério da cidade resolve ir atrás dos assassinos. Suas pistas acabam o levando a uma dupla de psicopatas insanos, que defendem um estranho senso de justiça próprio.

Comentários:
Pelo visto Liam Neeson deixou definitivamente o perfil mais artístico de sua carreira de lado para se aprofundar cada vez mais em fitas policiais ou de ação como essa. Nesse "Caçada Mortal" ele volta ao gênero que tem lhe proporcionado boas bilheterias ao redor do mundo. Seu personagem é um policial em crise, um sujeito que nunca se perdoou após ter matado acidentalmente uma garotinha de sete anos numa troca de tiros com uns delinquentes juvenis. A morte da menina acaba o levando a uma forte crise existencial que o faz inclusive a abandonar seu próprio distintivo, largando uma promissora carreira policial. Agora ele vive como detetive particular, trabalhando praticamente como um mercenário. Seu mais novo cliente é um traficante de drogas que lhe paga uma boa soma para que ele encontre os sequestradores responsáveis pela morte de sua esposa. Claro que no meio do caminho o ex-tira terá que ir até os piores becos da cidade em busca de informações. Nesse caminho acaba fazendo uma curiosa amizade com um jovem negro que tem como sonho também se tornar detetive particular como ele. Devo dizer que esse "A Walk Among the Tombstones" é um bom filme policial, valorizado por um certo clima opressivo, com uma fotografia escura e deprimente que captou muito bem o inferno astral do protagonista. Existem algumas apelações no roteiro, mas nada que comprometa o resultado como um todo. Neeson, que cultiva na vida real uma personalidade torturada e depressiva (causada pela morte precoce de sua esposa) cai como uma luva no papel. Um filme angustiante, mas também muito bem realizado. Vale o ingresso.

Pablo Aluísio.

domingo, 1 de março de 2015

Descalços no Parque

Título no Brasil: Descalços no Parque
Título Original: Barefoot in the Park
Ano de Produção: 1967
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Gene Saks
Roteiro: Neil Simon
Elenco: Robert Redford, Jane Fonda, Charles Boyer, Mildred Natwick 
  
Sinopse:
Um jovem casal recém-casado se muda para um pequeno e frio apartamento em Nova Iorque. Ele, Paul Bratter (Robert Redford), é um advogado em começo de carreira, conservador e presunçoso. Ela, Corie Bratter (Jane Fonda), acaba sendo o extremo oposto dele, uma jovem com ideias liberais, espírito livre e independente, que gosta de fazer tudo o que lhe traga prazer e aventura. Mesmo sendo tão diferentes vão morar juntos nesse prédio localizado no Washington Square Park, onde aprenderão a viver a dura rotina de um casamento. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante (Mildred Natwick). Também indicado ao Bafta Awards na categoria de Melhor Atriz (Jane Fonda).

Comentários:
Baseado numa peça teatral escrita pelo ótimo Neil Simon, "Barefoot in the Park" é um clássico romântico que se desenvolve na rotina desse casal que, aos poucos, vai descobrindo as delícias e torturas de se viver sob um mesmo teto. Além de possuírem personalidades conflitantes (a ponto inclusive de pararmos para perguntar como se apaixonaram!), eles precisam contornar os pequenos problemas do dia a dia, a rotina maçante e enervante de ter que conviver no cotidiano. Costuma-se dizer que nada é mais eficaz para se destruir um relacionamento e uma paixão do que o próprio casamento! Ironias à parte, o que vale mesmo aqui é a ótima atuação tanto de Robert Redford como de Jane Fonda (interpretando uma personagem que diga-se de passagem é quase uma caricatura de si mesmo, de sua vida real). Ambos estavam jovens e adoráveis e a excelente química deles funciona perfeitamente bem. Só não recomendo o filme para pessoas que não gostam muito de tramas passadas quase que inteiramente dentro de ambientes fechados, com muitos diálogos e jeitão de peça de teatro. O filme é bem isso, por essa razão se esse não for o seu tipo de filme é melhor esquecer. Não que se trate de algo chato, pelo contrário, o humor de Neil Simon alivia bastante esse aspecto, mas o estilo teatral realmente se impõe em vários momentos. No mais, para quem gosta de boas atuações e bom cinema, "Descalços no Parque" é uma ótima pedida para se assistir a dois, mesmo que isso acabe dando margem para intermináveis discussões sobre seu próprio relacionamento amoroso depois com sua companheira.

Pablo Aluísio.

Cinquenta Tons de Cinza

Título no Brasil: Cinquenta Tons de Cinza
Título Original: Fifty Shades of Grey
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Sam Taylor-Johnson
Roteiro: Kelly Marcel
Elenco: Dakota Johnson, Jamie Dornan, Jennifer Ehle
  
Sinopse:
Anastasia Steele (Dakota Johnson) é uma jovem estudante de literatura inglesa que resolve fazer um favor para a amiga que está doente: ir realizar uma entrevista com o empresário milionário Christian Grey (Jamie Dornan). Assim que Grey conhece Anastasia surge um interesse imediato nela, apesar de tantas diferenças entre eles. Ela, por sua vez, o considera intimidante e misterioso, mas também charmoso e elegante. O que a garota nem desconfia é que Grey tem uma visão muito própria de como se relacionar com as mulheres em geral.

Comentários:
Baseado no romance de sucesso escrito por E.L. James, "Fifty Shades of Grey" explora a atração que surge entre duas pessoas que possuem muito pouco em comum. Ele é um homem de negócios milionário, frio e ousado que vê na jovem garota mais uma oportunidade de dar vazão aos seus instintos mais básicos (e selvagens). Ela é uma universitária, sem grande sofisticação, que acaba sendo atraída pelo estilo diferente de Grey. Desse choque de contrastes surge uma relação marcada por uma estranha forma de buscar e realizar prazer sem limites. Esse filme, pelo sucesso e pela repercussão que tem alcançado, acabou gerando várias polêmicas desnecessárias, tanto por parte da imprensa como nas redes sociais. Na verdade não há nada de muito novo nesse tipo de jogo de sedução. Nem mesmo as manias sádicas de Grey podem ser encaradas como novidade pois já estão por aí na sociedade há décadas. Aliás o uso de violência para alcançar o prazer sexual nem é tão bem explorado no filme, tudo ficando em um nível puramente superficial. 

A personalidade de Grey, seus traumas e motivações, poderia ser muito bem trabalhada, mas fica também em uma superfície sem grande aprofundamento psicológico. No final das contas ela se deixa levar por causa do status do rico executivo, o que demonstra uma certa superficialidade por parte de seu caráter. As manias que ele tem, como por exemplo, a aversão ao toque feminino ou as muitas reservas em compartilhar seu próprio leito com uma mulher teria levado qualquer uma a ir embora no minuto seguinte. Grey é acima de tudo um esquisitão, com ideias mórbidas e violentas. Para piorar nutre uma frieza cortante, fruto provavelmente de uma personalidade psicopata, que assustaria grande parte das mulheres (pelo menos as de bom senso). Como se trata da adaptação de um romance sem muito conteúdo tudo fica nessa zona cinzenta entre o descartável e o irrelevante. Em termos puramente cinematográficos o filme poderia ser mais enxuto, com uma duração menos excessiva. De qualquer maneira se você não se importar com a superficialidade de argumento a produção pode até mesmo a vir a se tornar um passatempo fugaz de um fim de noite entediante.

Pablo Aluísio.

sábado, 28 de fevereiro de 2015

Sr. Turner

Título no Brasil: Sr. Turner
Título Original: Mr. Turner
Ano de Produção: 2014
País: Inglaterra, França, Alemanha
Estúdio: Film4, Focus International (FFI), France 3 Cinéma
Direção: Mike Leigh
Roteiro: Mike Leigh
Elenco: Timothy Spall, Paul Jesson, Dorothy Atkinson
  
Sinopse:
Mr. Turner (Timothy Spall) retorna para a casa paterna após passar alguns anos fora, percorrendo a Inglaterra em busca de paisagens maravilhosas para suas pinturas. De volta ao antigo lar ele reencontra seu velho pai já um tanto abalado pelo peso da idade. Ele mantém um desarrumado atelier em sua própria casa, onde vende os quadros do filho. Esse acaba descobrindo surpreso que para o amor não há mesmo tempo e nem idade. Mesmo cinquentão acaba se apaixonando por uma viúva que mantém uma antiga hospedaria no cais do porto. Teria ainda tempo de viver finalmente uma relação amorosa realmente gratificante em sua vida? Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Fotografia (Dick Pope), Melhor Figurino (Jacqueline Durran), Melhor Trilha Sonora Incidental (Gary Yershon) e Melhor Design de Produção (Suzie Davies e Charlotte Watts).

Comentários:
Belo filme de época enfocando a vida do pintor inglês J.M.W. Turner (1775 - 1851). O interessante desse roteiro é que ele mostra Turner em um momento já crepuscular de sua vida, quando foi abalado pela morte de seu querido pai. Ele próprio havia se transformado em um velho ranzinza e mal humorado que tinha que lidar com vários problemas profissionais e pessoais. Embora fosse um artista respeitado em seu tempo suas obras começaram a sofrer críticas por causa do uso considerado ultrapassado de cores e formas em seus quadros. Especialista em Marinhas (pinturas que mostravam barcos históricos em momentos marcantes da história britânica), Turner começava a entender que seu talento estava cada vez mais se tornando coisa do passado. Para piorar sua vida pessoal era uma grande bagunça emocional. Pai de duas filhas que mal chegou a conhecer, ele tinha que lidar com a mãe das garotas, uma senhora de modos rudes e violentos, com personalidade dramática e propensa a dar escândalos públicos. Quando tudo parecia caminhar fora dos trilhos Turner acaba conhecendo casualmente uma viúva, dona de uma modesta hospedaria, que acaba aceitando seus tímidos e relutantes galanteios.

O cineasta Mike Leigh mostra o tempo todo que tem grande carinho por Turner, mas sabiamente não procura esconder seus pequenos e grandes defeitos. O roteiro aliás é sofisticado o suficiente para explorar a grande contradição existente entre o modo de ser de Turner, muitas vezes rude e sem classe alguma, com a beleza imortal de sua arte. Nem é necessário salientar também que o filme é visualmente muito bonito, com planos que muitas vezes procuram imitar até mesmo o senso estético das obras de arte desse grande pintor. A trilha sonora também é outro deleite, com várias peças de música erudita. A duração que poderá soar até excessiva para alguns passa despercebida por causa do enredo cativante e sereno. Não é um filme para quem tem pressa, pelo contrário, é uma obra cinematográfica de contemplação e esse aspecto é sem dúvida alguma seu maior mérito. "Mr. Turner" mostra acima de tudo que o cinema de bom gosto ainda não morreu.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Lua de Mel Assombrada

Título no Brasil: Lua de Mel Assombrada
Título Original: Haunted Honeymoon
Ano de Produção: 1986
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Orion Pictures
Direção: Gene Wilder
Roteiro: Gene Wilder, Terence Marsh
Elenco: Gene Wilder, Gilda Radner, Dom DeLuise, Jonathan Pryce, Bryan Pringle, Peter Vaughan

Sinopse:
Larry Abbot (Gene Wilder) trabalha em novelas de rádio de terror, só que em sua vida real ele tem vários ataques de pânico e terror. Quando vai para um velho castelo, que pertence à sua família, ele começa a descobrir o que é ter terror de verdade!

Comentários:
Esse filme foi originalmente planejado para o diretor Mel Brooks dirigir, mas antes do começo das filmagens ele caiu doente. Então o ator Gene Wilder decidiu assumir a direção, além de escrever parte do roteiro. O resultado ficou bom, mas não hilário. O filme é uma sátira aos velhos filmes de terror do passado, satirizando os velhos clichês, os cenários de castelos mal assombrados e tudo mais. Para quem gosta de cinema, do passado da estética cinematográfica, fica interessante, mas para quem estiver em busca de uma comédia hilariante vai ficar chupando o dedo. Tem muito estilo, mas pouca graça, essa é minha conclusão final.

Pablo Aluísio.