Mostrando postagens com marcador Chris Cooper. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Chris Cooper. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 6 de abril de 2023

Assalto Sobre Trilhos

Título no Brasil: Assalto Sobre Trilhos
Título Original: Money Train
Ano de Lançamento: 1995
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Joseph Ruben
Roteiro: Doug Richardson, David Loughery
Elenco: Wesley Snipes, Woody Harrelson, Jennifer Lopez, 
Robert Blake, Chris Cooper, Joe Grifasi

Sinopse:
Dois irmãos adotivos trabalham como policiais em Nova Iorque. Enquanto a vida de um é tão boa quanto possível a do outro é um inferno. Depois de perder o emprego, brigar com seu irmão e ser chutado por um agiota pela enésima vez, ele implementa seu plano para roubar o "trem do dinheiro", um trem que transporta a receita semanal do metrô de Nova York. E quando as coisas dão errado, seu irmão será capaz de salvá-lo a tempo?

Comentários:
Um típico filme de verão dos anos 90, com muitas cenas de ação e momentos de alta tensão em um trem em movimento. O filme contava com Snipes em excelente momento na carreira, colecionando um sucesso de bilheteria atrás do outro. Ao seu lado havia o bom ator Woody Harrelson e a gata latina e cantora pop Jennifer Lopez. Tudo parecia perfeito para outro grande hit nos cinemas, só que o filme não foi tão bem assim nas bilheterias. Uma produção cara para a época que não conseguiu recuperar o investimento, uma péssima notícia para a Columbia que vinha mal financeiramente. Nem a presença do ator Robert Blake como vilão ajudou, logo ele que ainda era popular por causa da série de TV Baretta. Enfim, um filme que apesar de tudo ainda considero um bom entretenimento. Nos anos 90 os efeitos digitais tinham chegado e a produção não se limitou nesse aspecto. Por isso o filme, ainda nos dias atuais, demonstra vitalidade com suas cenas de ação em trens desgovernados. 

Pablo Aluísio.

sábado, 9 de outubro de 2021

A Identidade Bourne

Título no Brasil: A Identidade Bourne
Título Original: The Bourne Identity
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Doug Liman
Roteiro: Tony Gilroy, W. Blake Herron
Elenco: Matt Damon, Franka Potente, Chris Cooper

Sinopse:
Jason Bourne (Matt Damon) acorda de repente no meio do nada, sem memória e sem saber direito quem é. Em posse de um código, que parece ser um número relativo a uma conta bancária na Suíça, ele cruza a Europa e os Estados Unidos em busca de respostas. Como todos já sabemos Bourne é um agente especial de um programa ultra secreto do governo americano que treina apenas a elite da elite, que tentará agora recuperar sua memória para entender melhor o jogo mortal no qual está inserido.

Comentários:
Primeiro filme da franquia Bourne. Foi obviamente uma tentativa de Hollywood em revitalizar os saturados filmes de espionagem do passado. Baseado em uma série de livros de sucesso, o resultado se mostra muito bom, acima da média. Inicialmente havia certas dúvidas sobre o ator Matt Damon. Ele tinha cacife suficiente para levar algo dessa magnitude em frente? Afinal de contas, com aquela cara de garoto, seria meio complicado convencer o público de que ele era na realidade um super agente da CIA com treinamento especial e de elite. Para surpresa de muita gente porém o filme acabou dando muito certo, fazendo bonito nas bilheterias. Acabou abrindo espaço para mais dois filmes com o mesmo Damon e outro mais recente, que se tornou uma nova tentativa do estúdio em recomeçar tudo praticamente do zero, dando origem a uma segunda franquia com o universo do agente Bourne. Muito movimentado, com ótimas cenas de ação, o filme de fato cumpre aquilo que promete. Uma diversão que não decepcionará os fãs de action movies.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 13 de outubro de 2020

Minha Casa na Úmbria

Título no Brasil: Minha Casa na Úmbria
Título Original: My House in Umbria
Ano de Produção: 2003
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: HBO Films
Direção: Richard Loncraine
Roteiro: Hugh Whitemore
Elenco: Maggie Smith, Ronnie Barker, Chris Cooper, Benno Fürmann, Giancarlo Giannini, Timothy Spall

Sinopse:
Com roteiro baseado na novela escrita por William Trevor, o filme "Minha Casa na Úmbria" conta a história de uma romancista chamada Emily Delahunty (Maggie Smith). Após um ataque terrorista ela abre sua própria casa para que sobreviventes desse atentado possam superar seus próprios traumas. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de melhor atriz (Maggie Smith).

Comentários:
Empatia com o sofrimento alheio. Esse é o principal motor da trama desse filme. Uma senhora rica decide ajudar um grupo de pessoas traumatizadas, que sobreviveram a um atentado terrorista. Ela então leva todos eles para as colinas da Umbria, uma bela região situada no centro da Itália. E lá todos vão se curando de seus problemas, uns ajudando aos outros, como bem reza a cartilha nesse tipo de ajuda mútua, baseada no solidariedade. O filme tem um clima muito calmo, onde a história se desenvolve lentamente. É um daqueles roteiros que prezam pelas nuances, pelos pequenos momentos, pelos gestos breves. Eu particularmente gosto muito desse estilo de filme, com um ar europeu mais sofisticado. É aquele tipo de produção que foca em um público mais interessado em diálogos e personagens bem estruturados, que vai assistir a um filme em busca de algo mais, de alguma bela lição de vida. Esses certamente não vão se decepcionar com esse drama sensível. E para completar o bom quadro cinematográfico todo o elenco está muito bem, com destaque especial para a maravilhosa Maggie Smith que, sozinha, já faria valer o filme inteiro. Que grande dama da atuação! Digna de todos os aplausos! 

Pablo Aluísio.

sábado, 5 de setembro de 2020

Um Lindo Dia na Vizinhança

Em um mundo onde as pessoas parecem estar mais amargas e sem esperanças a cada dia, é sempre bom se deparar com um filme como esse, cheio de boas intenções em seu roteiro, tentando passar uma mensagem positiva para a frente. E o melhor de tudo é saber que a história é baseada em fatos reais. Durante a década de 1980 um jornalista cético e com problemas para superar questões emocionais e familiares, interpretado pelo bom ator Matthew Rhys, é designado para entrevistar um conhecido apresentador de programas infantis, o bondoso e carismático Mr. Rogers (Tom Hanks). No começo esse jornalista chamado Lloyd Vogel (Matthew Rhys) acha aquilo uma grande chatice e uma perda de tempo completa. Afinal ele sempre foi um jornalista investigativo que escrevia sobre grandes temas polêmicos. Entrevistar um animador de programas para crianças realmente soava para ele como o fim da picada. O que não sabia é que esse encontro, com uma pessoa de personalidade e pensamentos tão diferentes dos seus, iria mudar sua vida para sempre. O Mr. Rogers era acima de tudo um bom homem. Ele não era apenas um personagem infantil, mas um ser humano com enorme coração, também atrás das câmeras. No começo a aproximação entre eles se torna um pouco complicada, mas devagarinho vão se tornando amigos de verdade.

A lição de vida desse roteiro porém não se resume a colocar dois personagens tão diferentes interagindo entre si. Esse aspecto é apenas um pano de fundo. Esse filme na verdade é sobre superar a raiva e as mágoas do passado, principalmente em relação aos familiares. O jornalista do filme sempre teve um péssimo relacionamento com o pai. Ele tinha certa razão em se sentir muito magoado com fatos do passado, mas tenta superar tudo após ser aconselhado pelo sábio e vivido Mr. Rogers. Não é questão de ser traído e enganado, mas sim de perdoar e ser perdoado, de superar as coisas ruins do passado para se ter um presente e um futuro melhores.

E mais uma vez Tom Hanks está de parabéns por seu trabalho nesse filme. Ele realmente incorporou seu personagem com aquele talento que todos já conhecemos. No Brasil o tal Mr. Rogers não é conhecido, porque seu programa de TV nunca foi exibido em nosso país. Porém nos Estados Unidos ele sempre foi um ícone. Falecido em 2003, esse filme é uma bela homenagem não apenas ao seu trabalho como homem de TV, mas principalmente por seu lado humano, o que no final sempre foi seu maior legado. Todos esses elementos resultaram em um belo filme, especialmente indicado para esses tempos conturbados em que vivemos.

Um Lindo Dia na Vizinhança (A Beautiful Day in the Neighborhood, Estados Unidos, 2019) Direção: Marielle Heller /  Roteiro: Micah Fitzerman-Blue, Noah Harpster / Elenco: Tom Hanks, Matthew Rhys, Chris Cooper, Susan Kelechi Watson / Sinopse: Um jornalista com problemas de relacionamento com seu pai, passa a entender a força do perdão e da superação de mágoas do passado após conhecer um apresentador de programas infantis conhecido como Mr. Rogers (Hanks). Filme indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro na categoria de melhor ator coadjuvante (Tom Hanks).

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 11 de junho de 2018

A Lei da Noite

Não deu certo essa tentativa do ator Ben Affleck em reviver os antigos filmes de gângsters. A produção é boa, com excelentes figurinos de época, carros clássicos de um passado que já se foi, além de uma direção de arte muito bonita, porém tudo isso não adianta muito. O filme se perde no artificialismo. Pelo visto Affleck não teve muita habilidade em reviver a era de Al Capone. Ele interpreta um sujeito que vai para a guerra e sobrevive ao front. De volta aos Estados Unidos ele percebe que o mundo do crime pode ser bem promissor para alguém como ele que deseja fazer fortuna rápido. Só que isso obviamente tem um preço, nada barato de se pagar.

Então o personagem de Ben Affleck se torna um figurão da máfia irlandesa em Boston. Em plena época da lei seca o caminho mais natural passa a ser o contrabando de bebidas e assim ele vai ficando cada vez mais rico e poderoso. O céu passa a ser o limite. Se aliando aos mafiosos italianos ele então passa a colocar em prática um velho sonho, o de construir um cassino. Problemas à vista. "A Lei da Noite" não conseguiu me convencer em praticamente nada. Ben Affleck está particularmente ruim em seu papel. Talvez fazer tantas coisas no filme, como dirigir, escrever o roteiro e atuar, tenha sido demais para Affleck. O que restou é um filme fraco, algumas vezes confuso e sem rumo. Poderia ser uma boa chance de revitalizar esse gênero cinematográfico, mas não deu. Ficou tudo no meio do caminho.

A Lei da Noite (Live by Night, Estados Unidos, 2016) Direção: Ben Affleck / Roteiro: Ben Affleck, baseado na novela policial escrita por Dennis Lehane/ Elenco: Ben Affleck, Elle Fanning, Chris Cooper, Zoe Saldana, Brendan Gleeson / Sinopse: Gângster irlandês de Boston se une com a máfia italiana para dominar o mundo do crime em Tampa, na Flórida. Eles ganham muito dinheiro com o contrabando de bebidas durante a lei seca. As coisas porém começam a dar errado quando decidem construir um cassino na região.

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 1 de março de 2017

A Lei da Noite

Esse é o novo filme de Ben Affleck. Aqui ele fez praticamente tudo: dirigiu, escreveu o roteiro e atuou. É um projeto bem pessoal, baseado no romance policial escrito por Dennis Lehane. A ideia de Affleck foi reviver os antigos filmes clássicos de gângsters do passado. Assim se você lembrou da trilogia "O Poderoso Chefão", "Os Bons Companheiros" ou até mesmo "Cassino", é bem por aí. Só que obviamente esse novo filme jamais poderia ser comparado a todas essas obras primas. Na realidade o que temos aqui é um filme policial muito inócuo e fraco, praticamente sem rumo e direção. Ao invés de ir fundo no tema, Affleck resolveu amenizar tudo, deixando aquela sensação de coisa falsa no espectador. Até mesmo o personagem principal perde sua principal característica, deixando de ser um gângster do mundo do crime para ter um final bizarro, com excesso de bondadismo e bom mocismo. Afinal ele é um bandido ou não?

No texto original, na novela escrita por Lehane, ele é claramente um criminoso. O jovem irlandês Joe Coughlin (Ben Affleck) vai para a guerra e consegue sobreviver. De volta aos Estados Unidos ele decide nunca mais ser subordinado a alguém e nem tampouco seguir ordens. Ao invés disso resolve formar uma quadrilha de assaltantes de bancos. Seguindo seu modo de pensar ele não quer fazer parte nem da máfia irlandesa e nem da italiana que existem em Boston. É um freelancer que age por conta própria. Só que os mafiosos não vão deixar que ele continue assim. Dessa maneira Joe termina no meio do fogo cruzado entre os dois grupos, ora indo para um lado, ora para o outro. Nesse meio tempo ele tem duas grandes paixões, dois amores que acabam sendo prejudicados por causa de sua vida no crime.

Em termos de produção o filme é bem realizado. Tem uma ótima reconstituição de época, excelentes figurinos, carros antigos, etc. Tudo do bom e do melhor. O problema é que Ben Affleck praticamente errou em tudo. A direção não é boa, o que resultou em um filme disperso, sem muito foco. O roteiro não consegue amarrar bem a trama, nem tampouco desenvolver melhor o principal personagem. Agora pior de tudo mesmo é a atuação de Ben Affleck! Ele sempre foi criticado por ser um ator limitado em termos de dramaticidade. Aqui fica tudo muito evidente. Ben Affleck desfila uma única expressão por praticamente todo o filme e falha miseravelmente ao tentar passar alguma emoção. Muito ruim sua atuação. Assim no balanço geral esse não é um bom filme. Tirando a produção classe A tudo o mais deixa muito a desejar.

A Lei da Noite (Live by Night, Estados Unidos, 2016) Direção: Ben Affleck / Roteiro: Ben Affleck, baseado na novela policial escrita por Dennis Lehane/ Elenco: Ben Affleck, Elle Fanning, Chris Cooper, Zoe Saldana, Brendan Gleeson / Sinopse: Gângster irlandês de Boston se une com a máfia italiana para dominar o mundo do crime em Tampa, na Flórida. Eles ganham muito dinheiro com o contrabando de bebidas durante a lei seca. As coisas porém começam a dar errado quando decidem construir um cassino na região. Filme indicado ao Broadcast Film Critics Association Awards na categoria Melhor Design de Produção.

Pablo Aluísio.

sábado, 10 de dezembro de 2016

Lone Star - A Estrela Solitária

Título no Brasil: Lone Star - A Estrela Solitária
Título Original: Lone Star
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: John Sayles
Roteiro: John Sayles
Elenco: Chris Cooper, Kris Kristofferson, Matthew McConaughey, Elizabeth Peña
  
Sinopse:
Os restos mortais de um homem assassinado é encontrado em um condado distante do Texas chamado Rio County. O xerife da localidade Sam Deeds (Chris Cooper) começa então a investigar o crime. Pelo estado da vítima ele foi morto há muitos anos. Isso leva o xerife a suspeitar de um velho policial, Charlie Wade (Kris Kristofferson). Conhecido como corrupto e racista, ele foi inimigo do próprio pai de Sam, o honesto xerife Buddy Deeds (Matthew McConaughey). Teria aquele crime algo a ver com o passado violento do lugar? Só o tempo dirá.

Comentários:
Indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Roteiro (assinado pelo próprio diretor John Sayles), essa produção é certamente um dos melhores filmes policiais dos anos 90. O filme tem duas linhas narrativas, uma no presente e outra no passado. Ligando ambas as épocas surge um crime, que foi cometido há muitos anos. Na região existia um conhecido policial corrupto, interpretado pelo cantor country Kris Kristofferson em uma das suas melhores atuações no cinema. Sujeito inescrupuloso, extremamente racista e perseguidor (com suspeitas de ser um líder do grupo Ku Klux Klan) seu nome vai surgindo cada vez mais com frequência durante as investigações. Esse "Dirty Cop" foi um inimigo declarado do pai falecido do próprio xerife que vai comandando as investigações. Muito bem produzido o filme vale bastante, não apenas em relação ao ótimo roteiro, mas também ao elenco. Matthew McConaughey ainda não era um astro e esse foi um dos seus primeiros grandes filmes, sob um ponto de vista de qualidade. Com elenco todo coeso, ótimo argumento, boa reconstituição de época e uma trama que não deixa o espectador perder o interesse em nenhum momento, esse é um daqueles filmes que merecem ser redescobertos.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Demolição

Davis (Jake Gyllenhaal) é um sujeito comum que perde sua esposa em um acidente de trânsito. Ele trabalha para seu sogro e a morte da mulher o deixa em um estranho estado mental. Ele parece não sentir nada com a tragédia, como se estivesse em um enorme vazio existencial. Durante a vigília no hospital, esperando por notícias sobre ela, logo após o acidente, Davis fica transtornado quando uma máquina não disponibiliza um pacote de amendoins que acabou de comprar. Ele então resolve escrever para o serviço de atendimento da empresa e acaba conhecendo Karen Moreno (Naomi Watts), uma garota com problemas parecidos com os dele. Davis então escreve longas cartas à mão para ela, onde revela o que está sentindo, seus pensamentos e sentimentos. Ele começa a agir de forma estranha, até mesmo bizarra. Começa a sentir uma compulsão em desmontar e destruir coisas. Chega ao ponto de ir em casas em demolição para ajudar a destruir tudo, sem qualquer razão aparente. Pior é ter que lidar com o namorado de Karen, seu próprio patrão, e um filho, um adolescente revoltado por causa da situação da mãe. Mesmo com tudo contra, Davis segue em frente, agindo a cada dia de forma mais esquisita.

Particularmente gosto muito do trabalho do diretor canadense Jean-Marc Vallée. De sua filmografia eu destaco o elegante "A Jovem Rainha Vitória" e "Clube de Compras Dallas", um ótimo retrato da chegada da AIDS na sociedade americana. O último filme de Vallée que havia assistido, o ótimo "Livre", me deixou ainda mais interessado em sua obra. De todos esses filmes certamente "Demolição" é o mais incomum, o mais fora dos padrões. Não é apenas esquisito o enredo em torno do protagonista, mas também a proposta do filme. Seu próprio título "Demolition" tanto se refere à demolição da saúde psicológica de Davis, como também ao seu surto maníaco de destruir tudo que encontra pela frente. Um filme, em suma, bem instigante. Foge do lugar comum, o que de certa maneira acaba contando pontos ao seu favor.

Demolição (Demolition, Estados Unidos, 2015) Direção: Jean-Marc Vallée / Roteiro: Bryan Sipe / Elenco: Jake Gyllenhaal, Naomi Watts, Chris Cooper / Sinopse: O executivo Davis (Jake Gyllenhaal) sofre um surto psicológico após a morte de sua esposa. Agindo de forma estranha ele encontra algum alívio quando conhece Karen (Watts), que logo se identifica com seu modo sui generis de ver a vida. Filme indicado aos prêmios da Rotterdam International Film Festival e do SXSW Film Festival.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 4 de março de 2016

Quebra de Confiança

A história desse filme é baseada em fatos reais. Tudo começa quando o FBI começa a desconfiar que o veterano agente Robert Hanssen (Chris Cooper) está repassando para os russos importantes informações da segurança interna dos Estados Unidos. Para comprovar as suspeitas a própria agência arma uma complexa rede de agentes e recursos para pegar Hanssen em flagrante. Para isso eles convocam o jovem agente Eric O'Neill (Ryan Phillippe), recém ingresso na agência de investigação, para se fazer passar por seu assistente pessoal. Como ambos são católicos e possuem as mesmas origens, o FBI acredita que Eric acabará entrando mais a fundo nos segredos e na intimidade de Hanssen. Logo nos primeiros momentos porém Eric descobre que essa missão não será nada fácil. O velho agente, calejado pela experiência, é bastante cuidadoso, minucioso e até mesmo paranoico. Ele desconfia que o FBI está fechando o cerco sobre ele e por isso jamais abaixa a guarda, mas Eric persiste, demonstrando que nenhum segredo é realmente cem por cento seguro e imune a falhas.

Gostei bastante desse filme. Esse gênero de espionagem ultimamente já não é mais tão explorado, com raras exceções, então quando você se depara com uma fita realmente boa desse estilo, valorizada por um roteiro inteligente, o melhor mesmo é comemorar. O texto foca bastante no relacionamento conturbado dos dois protagonistas. O velho Robert Hanssen é um mestre em contraespionagem, porém o FBI passa a desconfiar que ele virou agente duplo, repassando informações aos russos. Apenas a proximidade e a amizade de Eric poderá desvendar o que realmente se passa em sua carreira. Eu já tive  várias oportunidades de escrever dizendo que não gosto do trabalho do ator Ryan Phillippe. Ele é fraco e pouco complexo em suas atuações. Aqui ele jamais chega a atrapalhar o filme porque temos em cena Chris Cooper em atuação inspirada. Seu personagem é muito bem desenvolvido do ponto de vista psicológico. Ele parece estar sempre em conflito existencial. Ao mesmo tempo em que tenta ser um bom católico cultiva perversões sexuais bizarras. Externamente passa a imagem de um agente impecável, com quase 25 anos de bons serviços prestados ao FBI, enquanto que nas sombras joga dos dois lados, tanto dos americanos como dos russos. É certamente um personagem com uma personalidade dividida e atormentada, um belo presente para qualquer grande ator. O filme no geral é realmente muito bom, valorizado por enfocar o mundo da espionagem de uma maneira mais humana e relacional.

Quebra de Confiança (Breach, Estados Unidos, 2007) Direção: Billy Ray / Roteiro: Adam Mazer, William Rotko / Elenco: Chris Cooper, Ryan Phillippe, Laura Linney, Dennis Haysbert / Sinopse: Após muitos anos de trabalho no FBI, o agente Robert Hanssen (Chris Cooper) começa a ser alvo de uma investigação interna da agência após surgirem indícios de que ele estaria passando informações secretas aos russos. Para ficar em sua cola e de forma mais próxima possível o FBI coloca o jovem agente Eric O'Neill (Ryan Phillippe) como seu assistente pessoal para que ele possa relatar todos os seus passos no dia a dia. Filme indicado ao Village Voice Film Poll na categoria de Melhor Ator (Chris Cooper).

Pablo Aluísio. 

sábado, 7 de março de 2015

Seabiscuit - Alma de herói

Esse é um daqueles filmes que vão chegando como quem não quer nada e acabando ganhando uma notoriedade surpreendente, alcançando inclusive uma indicação ao Oscar de Melhor filme do ano. Usando de uma gíria do próprio esporte que retrata, é um típico azarão da história da Academia. O filme aliás conta a trajetória de um verdadeiro azarão das pistas de corrida, o cavalo Seabiscuit, um animal pequeno, indisciplinado mas forte que acabou deixando todos de boca aberta durante os anos 1930 por causa de suas vitórias improváveis. Não tardou para a imprensa o transformá-lo em um símbolo do próprio povo americano que naquele momento passava pela mais terrível depressão econômica de sua história. É a velha lenda da vitória do menos apto, do improvável, daquele que ninguém acredita mas que supera todos os obstáculos e se torna enfim um campeão. Uma boa metáfora para servir de inspiração ao trabalhador comum americano que tinha também em sua vida que superar muitos desafios a cada dia.

O elenco conta com dois bons interpretes. O primeiro é Tobey Maguire que interpreta o Jóquei Red Pollard. Tentando se livrar o estigma do personagem mais famoso de sua carreira (O Homem Aranha), Maguire tenta trazer veracidade ao seu papel, um sujeito ora romântico, ora perspicaz, com vontade de vencer. Jeff Bridges está na pelo do dono de Seabiscuit, o milionário Charles Howard. Bridges é aquele tipo de ator que traz brilho a qualquer papel que interprete, seja a de um hippie fora de moda, seja a de um vilão em blockbusters. Muito versátil consegue elevar o filme no quesito atuação. Ao final da sessão o espectador sai do cinema com duas conclusões. A primeira, mais óbvia, é a de que acabou de assistir a um filme tecnicamente bem realizado, com boa reconstituição de época e roteiro redondinho. A segunda é que a enorme quantidade de indicações ao Oscar (oito ao total) foram desproporcionais. O filme é certamente bom mas não excepcional ao ponto de ganhar tantas indicações. Assim como o cavalo da história real esse filme também parece ter sido um vencedor improvável. A arte imitando a vida.

Seabiscuit – Alma de Herói (Seabiscuit, Estados Unidos, 2003) Direção: Gary Ross / Roteiro: Gary Ross, inspirado no livro de Laura Hillenbrand / Elenco: Tobey Maguire, Jeff Bridges, Chris Cooper, William H. Macy / Sinopse: Filme baseado na história real do cavalo Seabiscuit que na década de 1930 surpreendeu os EUA por causa de suas vitórias improváveis. Indicado ao Oscar nas categorias de melhor filme, melhor roteiro adaptado, melhor som, melhor edição, melhor figurino, melhor direção de arte e melhor fotografia. Indicado ao Globo de Ouro nas categorias de melhor filme drama e melhor ator coadjuvante (William H. Macy).

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Adaptação

Título no Brasil: Adaptação
Título Original: Adaptation
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Spike Jonze
Roteiro: Charlie Kaufman, Donald Kaufman, Susan Orlean
Elenco: Nicolas Cage, Tilda Swinton, Meryl Streep, Chris Cooper, Jay Tavare, Brian Cox, Maggie Gyllenhaal

Sinopse:
Um roteirista recebe uma tarefa praticamente impossível: adaptar para o cinema um livro técnico sobre orquídeas! Como transformar algo assim em um filme? Desesperado, em crise, resolve inovar escrevendo um outro texto, esse sobre a adaptação de um livro simplesmente impossível de adaptar. Filme que usa brilhantemente a chamada metalinguagem cinematográfica.

Comentários:
Para alguns é um filme chato, pretensioso em demasia e sem sentido. Para outros é uma pequena obra prima que usa a metalinguagem cinematográfica de forma brilhante. Afinal quem tem razão? Na verdade toda obra artística desperta sentimentos e reações contraditórias, dependendo do espectador. "Adaptação" não é diferente. O estilo vem bem ao encontro do cinema pouco convencional de Spike Jonze, um cineasta que passa longe de realizar filmes banais. Na verdade ele utilizou de sua própria experiência profissional e pessoal para criar um enredo muito inteligente e sui generis. Por essa razão não espere nada muito quadradinho e nem dentro dos padrões. No elenco cabe destacar também o trabalho do Nicolas Cage. Hoje em dia infelizmente ele está em uma maré baixa que não parece ter fim mas há mais de dez anos tinha um status de ótimo ator, sempre se envolvendo em projetos ousados e fora do comum. A construção de seu personagem aqui é realmente perfeita e mexe bastante com o espectador que está em busca de algo novo, que fuja do lugar comum. Experimente, conheça, não podemos dizer com certeza que você vai gostar mas certamente será uma experiência cinematográfica diferente.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

O Patriota

Título no Brasil: O Patriota
Título Original: The Patriot
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Roland Emmerich
Roteiro: Robert Rodat
Elenco: Mel Gibson, Heath Ledger, Tom Wilkinson, Chris Cooper

Sinopse: 
Na colônia da Carolina do Sul, no ano de 1776, o colono Benjamin Martin (Mel Gibson) se torna vítima da brutal repressão das tropas inglesas na região. Tentando vencer na vida duramente, com sua pequena plantação, ele vê seus dois filhos mais velhos se alistarem no chamado exército continental formado após a colônia decidir lutar contra um dos maiores impérios do mundo, o da Grã Bretanha. Todos querem a independência. A rebelião desperta a fúria da metrópole que decide se vingar da população civil. A pequena plantação de Martin é incendiada e sua família sofre a tragédia da guerra que se forma no horizonte. A partir desses eventos Martin finalmente se decide por lutar no conflito para que uma nova, jovem e ambiciosa nação finalmente se liberte da opressão inglesa.

Comentários:
Filmes sobre a revolução americana sempre despertaram certos receios por parte dos grandes estúdios de Hollywood, principalmente depois do enorme fracasso comercial de "Revolução", estrelado por Al Pacino. Só mesmo o nome de Mel Gibson para levantar um projeto como esse. Tentando misturar fatos históricos reais com personagens de mera ficção "O Patriota" pretendeu levar acima de tudo entretenimento para as plateias. Nenhuma grande tese ou programa político é defendido em cena. Apenas história emoldurada nos moldes dos grandes blockbusters da indústria americana. Curiosamente até que a ideia não se mostra ruim. Gibson tem uma boa cena de ação atrás da outra e se destaca numa boa produção, que procura humanizar e dar um rosto aos colonos americanos que cansados da exploração do colonizador resolveram colocar em frente suas ambições de liberdade e independência. No elenco de apoio temos a presença de um jovem Heath Ledger, ainda tentando abrir seu espaço dentro do mercado. Sua interpretação é apenas mediana e nada realmente deixa transparecer o grande ator que viria a se tornar. Tom Wilkinson também merece destaque pelo bom trabalho desenvolvido em seu personagem, o general e Lord Charles Cornwallis. O filme só não é melhor porque afinal de contas temos o inexpressivo Roland Emmerich por trás das câmeras. Exigir desse diretor algo acima da média seria realmente pedir demais.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Álbum de Família

Título no Brasil: Álbum de Família
Título Original: August Osage County
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: Weinstein Company
Direção: John Wells
Roteiro: Tracy Letts
Elenco: Meryl Streep, Dermot Mulroney, Julia Roberts, Ewan McGregor, Chris Cooper, Juliette Lewis, Julianne Nicholson, Abigail Breslin

Sinopse: 
Baseado na peça de Tracy Letts (que também assina o roteiro) o filme "Álbum de Família" conta em seu enredo os fatos que acontecem quando a família Weston se reúne na casa de sua mãe, Violet Weston (Meryl Streep), após a morte de seu marido. As três filhas estão lá para consolar sua mãe mas as coisas logo saem do controle. Farpas e grandes doses de veneno logo são jogados em plena mesa do jantar. O texto original foi premiado com o Pullitzer e o Tony no ano de seu lançamento.

Comentários:
É incrível como Meryl Streep consegue se superar a cada novo filme. Quando você pensa que ela já chegou ao topo da arte de interpretar ela surge com algo a mais em sua nova produção nas telas. Nesse filme aqui a atriz tem a oportunidade de dar vida a uma de suas melhores personagens, a matriarca Violet Weston. Ela tem problemas com drogas prescritas (toma diariamente um verdadeiro coquetel de pílulas) que aliada ao seu terrível temperamento dá origem a uma pessoa que se comporta como uma verdadeira víbora, desfilando veneno para todos os lados. Como não poderia deixar de ser seu alvo se materializa principalmente em seus parentes. Karen (Juliette Lewis) é fútil e sem juízo, sempre trocando de maridos. Agora ela surge com um novo noivo, um sujeito mais velho, que parece ter ligações com atividades ilícitas. Ivy (Julianne Nicholson) é tímida e oprimida. Solteirona ela se torna vítima das piadas maldosas da mãe. Na surdina porém mantém um relacionamento com seu primo, algo que nunca poderá se concretizar por causa de um complicado segredo de família. A única filha que tem força suficiente para enfrentar a mãe Violet é Barbara (Julia Roberts, em bela atuação). Seus problemas no casamento porém logo minam sua vontade de enfrentar Violet de forma frontal.

"Álbum de Família" foi inspirado nas próprias experiências pessoais da autora da peça. A personagem Violet foi criada a partir de sua tia, uma matrona muito maldosa e ferina, que sempre atacava a todos quando a família finalmente se reunia em datas festivas. Como toda família temos um palco ideal para muitas brigas e conflitos internos. O clima é sufocante e inóspito e tudo parece prestes a explodir quando todos os parentes resolvem novamente se reunir. O cenário é o estado americano do Oklahoma, um lugar distante e muito quente, localizado no meio oeste do país. A região acabou forjando pessoas muito duras no trato social. A Violet de Meryl Streep (que é o grande personagem do filme) é fruto desse meio. Uma pessoa má em essência, com muita maldade para jogar em todos os membros de sua família. Certamente para quem já passou uma saia justa numa reunião familiar a identificação será imediata, até porque ao que tudo indica todas as famílias são muito parecidas em si e esse texto foi brilhante ao capturar o pior aspecto de todas elas. É um filme apoiado em grandes diálogos e grandes atuações. A peça original tem mais de três horas de duração mas o diretor John Wells conseguiu colocar tudo muito bem em pouco mais de duas horas de filme, sem perdas significativas. O resultado sem dúvida é uma grande e bela obra cinematográfica. Não deixe de assistir pois é seguramente desde já um dos melhores filmes do ano.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

O Despertar de um Homem

Título no Brasil: O Despertar de um Homem
Título Original: This Boy's Life                 
Ano de Produção: 1993
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Michael-Caton Jones
Roteiro:  Robert Getchell, baseado no livro de Tobias Wolff
Elenco: Robert De Niro, Ellen Barkin, Leonardo DiCaprio, Chris Cooper

Sinopse: 
Filme baseado em fatos reais. O enredo se passa nos anos 70. Enquanto cresce e se torna um homem o jovem Toby Wolff (Leonardo DiCaprio) presencia sua mãe Caroline (Ellen Barkin) se envolver com uma série de homens violentos, irascíveis e cafajestes. A situação se torna insustentável o que faz com que ela procure recomeçar sua vida em uma outra cidade. Lá acaba conhecendo um novo namorado, Dwight (Robert De Niro), um sujeito que parece ser um bom partido para ela. Trazendo um pouco de estabilidade em sua conturbada vida amorosa, Caroline acaba tendo que lidar com os atritos entre sua nova paixão e seu filho que não gosta do novo companheiro dela.

Comentários:
Pois é, a Rede Globo parece ter se especializada em passar bons filmes apenas nas madrugadas, quando praticamente ninguém pode assistir. Hoje, por exemplo, teremos esse bom filme sendo exibido às duas da matina! Esse aqui assisti em VHS nos anos 90. É aquele tipo de drama que procura ser o mais pé no chão possível. Nada de espetacular ou absurdo acontece - apenas retrata as dificuldades da vida de um jovem, adolescente, que vê sua mãe errando sempre na escolha de seus namorados. Tudo baseado nas memórias pessoais do escritor Tobias Wolff. Eu me recordo que o filme realmente me tocou quando o vi pela primeira vez. Embora nunca tenha passado por algo semelhante deve ser muito penoso (para não dizer traumatizante) ser criado em uma família desestruturada como a do personagem de Leonardo DiCaprio. Afinal de contas nessa idade o ser humano vai criando seus valores morais, seus padrões familiares e quando não há modelos disso por perto tudo pode ficar ainda mais desesperador. Robert De Niro está realmente inspirado pois seu papel exige uma dualidade de personalidades que ele desenvolve muito bem. Para Caroline ele é um tipo de pessoa, já para seu filho o quadro muda drasticamente. DiCaprio, anos antes de virar ídolo em "Titanic" demonstra uma maturidade em seu trabalho que realmente espanta. Afinal ele era apenas um garoto na época! Por fim a bela Ellen Barkin explode em sensualidade em seu papel, mesmo sendo uma personagem em si dramática e infeliz. Assim tente dar uma de coruja hoje à noite e faça uma forcinha para conferir pois esse "This Boy's Life" realmente vale a pena.

Pablo Aluísio.

sábado, 29 de junho de 2013

A Identidade Bourne

Esse foi o primeiro filme da franquia Bourne. Com toques de James Bond e muita ação os filmes Bourne fizeram grande sucesso e lançaram o ator indie Matt Damon no rol dos heróis de Action Movies. Não há como negar que todos os três filmes da série são bem realizados, bem roteirizados, com ótimo enfoque na mais pura ação. Como se sabe o gênero ação vive sua fase de ouro desde a década de 80 e segue colecionando ótimas bilheterias todos os anos, sendo que se formos analisar bem praticamente todos os blockbusters de Hollwyood atualmente são de ação (até mesmo os filmes de super-heróis). Praticamente não existem exceções. Mas voltemos a Bourne. Jason Bourne (Matt Damon) acorda de repente no meio do nada, sem memória e sem saber direito quem é. Em posse de um código, que parece ser um número relativo a uma conta bancária na Suíça, ele cruza a Europa e os Estados Unidos em busca de respostas. Como todos já sabemos Bourne é um agente especial de um programa ultra-secreto do governo americano que treina apenas a elite da elite.

Matt Damon se preparou bastante para o papel, afinal esse é o tipo de filme que era uma completa novidade para ele, uma vez que construiu sua carreira em cima de filmes mais alternativos, dramas em essência. Virar um astro de filmes de ação não é para qualquer um. Conforme explicou depois em entrevistas de promoção da fita ele treinou arduamente artes marciais para se sair bem em cena. Em muitas cenas – como a luta dentro do apartamento – literalmente dispensou dublês, realizando ele próprio toda a coreografia do confronto contra seu oponente. A produção de “A Identidade Bourne” foi cara e complicada pois o filme foi filmado em diversas locações, em países diferentes. O diretor Doug Liman também nunca tinha feito nada no gênero ação, sendo seus filmes anteriores pertencentes a outros estilos. Houve um tipo de atrito inicial entre Damon e o estúdio pouco antes do começo das filmagens pois resolveu-se mudar o roteiro da noite para o dia. “Esse não foi o filme que eu topei fazer” – avisou Damon, deixando claro que abandonaria o projeto caso o roteiro fosse modificado de última hora. Depois de muitas negociações ele e o diretor Doug Liman conseguiram então impor a primeira versão do texto, que é justamente essa que o espectador conferiu nos cinemas. Assim deixamos a dica do primeiro filme Bourne – caso você seja jovem demais para conhecer que tal uma maratona nesse fim de semana com toda a trilogia? Pode ser uma boa pedida, sem dúvida.

A Identidade Bourne (The Bourne Identity, Estados Unidos, 2002) Direção: Doug Liman / Roteiro: Tony Gilroy, W. Blake Herron / Elenco: Matt Damon, Franka Potente, Chris Cooper / Sinopse: Jason Bourne (Matt Damon) é um super agente da CIA que acorda sem memória. Agora terá que correr contra o tempo para entender a complexa rede de interesses no qual está supostamente envolvido.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

O Reino

Talvez o público não agüente mais falar nas intervenções americanas no Oriente Médio ou talvez o roteiro maniqueísta e manipulador tenha ultrapassado o limite do bom senso, não se sabe ao certo, mas o fato desse filme ter sido tão pouco visto talvez demonstre o esgotamento e saturação do tema no cinema. Afinal se todos os dias vemos na TV os equívocos americanos nos países árabes porque pagaríamos para ver a mesma coisa no cinema? O enredo mostra os esforços do agente do FBI Ronald Fluery (Jamie Foxx) em investigar um grave atentado promovido contra cidadãos americanos no Oriente Médio. Atuando em outro país, tendo que lidar com outra cultura e leis, o obstinado agente federal não mede esforços para chegar nos verdadeiros culpados dos atos terroristas. Jamie Foxx teve aqui a chance de demonstrar aos estúdios que poderia arcar com a responsabilidade de estrelar um sucesso, baseado apenas em sua presença do elenco, sem qualquer outro nome por trás. Infelizmente não deu muito certo pois o filme foi mal nas bilheterias.

Atribuo isso ao roteiro que não se exime de passar ao espectador uma visão muito preconceituosa, diria até mesmo racista, contra os árabes em geral. Os agentes americanos em ação, por exemplo, não procuram se dar ao trabalho de conhecer as leis e a cultura do país onde atuam. Passam por cima de tudo com a truculência que lhes é habitual. Além disso cometem o grave erro de generalizar a situação, a ponto de tornar qualquer um suspeito, pelo simples fato de ser árabe. De certa forma o filme não parece estar preocupado em discutir os grandes temas que envolvem as intervenções militares americanas naqueles países. Ao invés disso investe em cenas de ação, nem sempre com bons resultados. Sendo assim o filme acaba virando um belo retrato da forma como muitos americanos encaram esses conflitos. Para eles os terroristas estão em todas as partes e praticamente todos os árabes são suspeitos em potencial. No final da exibição a única certeza que tiramos é que de fato os americanos não parecem ter a menor noção da raiz dos problemas políticos e sociais do Oriente Médio.

O Reino (The Kingdom, Estados Unidos, 2007) Direção: Peter Berg / Roteiro: Matthew Michael Carnahan / Elenco: Jamie Foxx, Jennifer Garner, Jason Bateman, Chris Cooper, Andrew Espósito / Sinopse: Agente federal do FBI investiga um atentado terrorista contra americanos em um distante país árabe.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Capote

"Capote" traz a melhor atuação do talentoso Philip Seymour Hoffman no cinema. Levando-se em conta que o ator fez excelentes trabalhos ao longo de toda sua carreira, isso definitivamente não é pouca coisa. O personagem enfocado é dos mais controvertidos. Durante décadas Truman Capote (1924 - 1984) foi um dos mais influentes jornalistas e escritores americanos. Dono de um estilo único e visceral, Capote foi um dos melhores cronistas de seu país. Sob uma vertente nua e crua ele expôs como poucos as vísceras de uma América que passava muito longe daquela idealizada pelos pais da nação. Na escrita de Capote veio à tona o país das mazelas, das discriminações, da marginalidade e da futilidade também. Tudo em doses excessivas, sem meio termo. Sua obra prima, "A Sangue Frio" é um daqueles livros simplesmente obrigatórios para todos que prezam uma boa e inteligente leitura. O autor se destacou por fazer um jornalismo diferente, que tangenciava não apenas o aspecto informativo mas também literário. Foi assim um dos verdadeiros pioneiros do que ficaria conhecido anos depois como jornalismo literário.

Trazer à tona em uma única cinebiografia uma pessoa com obra tão importante como essa não seria fácil. Capote tinha uma personalidade muito diferenciada, única e transpor aquele jeito de ser poderia desbancar facilmente para a mera caricatura. Felizmente para o espectador temos aqui em cena um dos melhores atores da nova geração. Philip Seymour Hoffman incorpora Capote com sutileza e bom gosto. Nunca cai no grotesco e nem faz qualquer tipo de concessão. De fato sua atuação é seguramente uma das mais brilhantes dos últimos dez anos dentro da indústria do cinema americano. Assim quando seu nome foi anunciado na noite do Oscar ninguém realmente se surpreendeu. Nenhum concorrente conseguia chegar à altura de sua atuação - o prêmio foi considerado uma barbada e mais do que merecido. Outra decisão acertada foi focar a trama do filme em um evento específico da vida de Capote. Assim evitou-se aquele tipo de trama sem foco, disperso como aconteceu recentemente em "A Dama de Ferro". O resultado final é brilhante em um filme que funciona em todos os aspectos. "Capote" é uma obra cinematográfica extremamente digna e à altura do grande talento de Truman Capote. Imperdível.

Capote (Capote, Estados Unidos, 2005) Direção: Bennett Miller / Roteiro: Dan Futterman / Elenco: Philip Seymour Hoffman, Catherine Keener, Clifton Collins Jr., Chris Cooper, Bruce Greenwood / Sinopse: Cinebiografia do escritor e jornalista americano Truman Capote. Autor de obras primas como "A Sangue Frio" seu estilo visceral marcou o jornalismo e a literatura americana do século XX.

Pablo Aluísio.