domingo, 22 de abril de 2018

Águias Modernas

Título no Brasil: Águias Modernas
Título Original: Young Eagles
Ano de Produção: 1930
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: William A. Wellman
Roteiro: Grover Jones, William Slavens McNutt
Elenco: Charles 'Buddy' Rogers, Jean Arthur, Paul Lukas

Sinopse:
A trama do filme gira em torno da rivalidade entre um piloto americano, o Tenente Robert Banks (Charles 'Buddy' Rogers), e seu adversário alemão, o Capitão Von Baden (Paul Lukas), um às da aviação, um piloto formidável, porém um sujeito desprezível. Em um combate feroz, Banks finalmente consegue abater o caça de Von Baden, que cai em território inimigo. Ele porém consegue sobreviver. Feito prisioneiro, jura vingança contra o aviador americano. Esse por sua vez parte para Paris com a intenção de encontrar sua noiva Mary Gordon (Jean Arthur). Seu breve romance acaba sendo interrompido quando seus superiores mandam Banks interrogar o piloto alemão na prisão com o objetivo de lhe arrancar segredos militares cruciais para a guerra. 

Comentários:
Seguindo os passos do famoso filme "Asas" (o primeiro a ser premiado com o Oscar) a Paramount resolveu produzir essa película que contava com alguns detalhes que a diferenciava dos demais filmes de guerra e aventura da época. O diretor William A. Wellman ficou insatisfeito com as primeiras tomadas de combate pois as cenas foram realizadas no chão, dentro do estúdio, com uma tela atrás dos atores projetando cenas capturadas em vôo. Ao assistir a montagem na sala de exibição concluiu que as cenas passavam longe de parecerem reais. De forma ousada e inovando completamente ele decidiu levar o elenco para os céus. Com uma câmera adaptada acoplada aos aviões conseguiu filmar algumas das mais bem feitas cenas de combate aéreo da década de 1930. O presidente da Paramount achou uma loucura aquilo tudo, mas resolveu confiar em Wellman. A beleza técnica é inegável, o que ajudou a consolidar ainda mais a fama do astro Charles 'Buddy' Rogers (que na década de 1980 seria premiado com o Oscar humanitário Jean Hersholt por sua dedicação em projetos de ajuda a sem-tetos de Los Angeles). Pelo visto Rogers foi de fato um herói não apenas nas telas, mas fora delas também.

Pablo Aluísio.

sábado, 21 de abril de 2018

Rio Grande

O tenente coronel Kirby Yorke (John Wayne) é o comandante de um forte localizado na fronteira do Texas com o México. A região é abalada pela união de várias tribos indígenas que resolvem unir forças contra os brancos. O problema é que sempre que a cavalaria liderada por Kirby consegue localizar os índios selvagens, esses fogem para o outro lado da fronteira, atravessando o grande rio que separa os dois países. Além dos problemas envolvendo conflitos com os nativos, Kirby ainda tem que lidar com a transferência de seu filho, recentemente expulso de West Point, para sua guarnição. Ele não vê o jovem há 15 anos e tem que criar algum relacionamento com ele, mesmo mal o conhecendo de fato. “Rio Grande” é o último filme da trilogia da cavalaria de John Ford. Aqui o lendário diretor utilizou-se de todos os elementos que fizeram seus grandes clássicos: cenas de batalhas bem executadas, música evocativa, lindos cenários naturais (o filme foi todo filmado aos pés do Monument Valley) além é claro da presença do mito John Wayne.

O roteiro foi baseado em uma estória publicada no jornal Saturday Evening Post de autoria de James Warner Bellah. Era comum a publicação de longas estórias de western nos grandes jornais norte-americanos. Alguns desses textos eram tão bons que acabavam indo parar nos cinemas. Esse de Bellah foi um grande sucesso, chegando ao ponto de aumentar as vendas do jornal. John Ford, sempre procurando por bom material, não tardou a comprar os direitos da estória. Sua adaptação é excelente como podemos conferir ao assistirmos essa inspirada saga sobre a cavalaria americana. O filme foi produzido pelo estúdio Republic, que já não existe mais. Dois grandes cenários foram construídos no pé do Monument Valley – o próprio forte do exército e uma pequena vila com uma igreja abandonada onde ocorrem os eventos finais do filme. As construções feitas pela equipe de John Ford ainda existem e viraram ponto de turismo na região! Outro atrativo em “Rio Grande” é a bela participação do grupo musical vocal “The Sons of Pioneers” que chegou a ter suas músicas lançadas na trilha sonora do filme, se tornando um grande sucesso de vendas. O tema principal do filme é a belíssima "I'll Take You Home Again, Kathleen" que ganhou inclusive versão na voz de Elvis Presley na década de 70. No final das contas quem melhor resumiu a produção foi o Los Angeles Times que qualificou “Rio Grande” como “um legítimo épico da mitologia americana”. Ninguém poderia definir melhor.

Rio Grande (Rio Grande, Estados Unidos, 1950) Direção: John Ford / Roteiro: James Kevin McGuinness; Camera Bert Glennon baseados na estória de James Warner Bellah / Elenco: John Wayne, Maureen O'Hara, Ben Johnson, Claude Jarman Jr, Harry Carey Jr, Victor McLaglen / Sinopse: Comandante de um forte na fronteira entre México e Estados Unidos tem que lidar com tribos selvagens rebeldes ao mesmo tempo em que resolve criar vínculos mais genuínos com seu filho, um soldado recentemente transferido para fazer parte da guarnição sob seu comando.

Pablo Aluísio.

Renegado Impiedoso

Após o fim das chamadas guerras indígenas, muitos nativos americanos levaram suas famílias para o deserto impiedoso para tentar levar uma vida pacífica no meio daquele ambiente hostil e selvagem. É o caso de Pardon Chato (Charles Bronson), um apache que vive no meio do deserto com sua família. De vez em quando ele tem que ir até a cidade em busca de provimentos para levar para casa. Para aliviar um pouco o calor decide também ir até o Saloon mais próximo para tomar alguns goles de whisky. Chegando lá acaba sendo hostilizado pelo xerife local. A implicância é de fundo puramente racista. Após uma série de ofensas proferidas o corrupto xerife resolve sacar sua arma o que se revela uma péssima ideia pois Pardon é rápido no gatilho e em legitima defesa mata o homem da lei. Assim que a noticia se espalha um veterano confederado da guerra civil, o capitão Quincey Whitmore (Jack Palance), resolve formar um grupo para ir até o deserto capturar e matar o apache foragido. Recrutando fazendeiros e pequenos proprietários rurais ele parte para uma caçada humana sem tréguas. O que ele não contava é que iria agora entrar em um conflito armado justamente nas terras do índio Pardon, em seu território, o que tornaria tudo muito mais complicado. E para piorar o apache estaria à sua espera, com forte desejo de vingança.

Charles Bronson trabalhou em sete filmes ao lado do diretor Michael Winner, sendo que esse foi o primeiro deles. Esse cineasta logo entendeu que Bronson (que até aquele momento havia desempenhado muitos papéis coadjuvantes) poderia muito bem se adaptar a um tipo de personagem ideal, com poucas falas mas muita ação física. É justamente o que acontece aqui. O ator tem apenas duas linhas de diálogo o filme inteiro mas em compensação protagoniza várias cenas de ação no meio daquela paisagem árida e rústica. Em ótima forma física, Bronson começa a liquidar um por um seus perseguidores, alguns com requintes de crueldade extrema. O filme aliás é bem mais violento do que os faroestes de sua época o que fez a produção ter alguns problemas com a censura que ameaçou só o liberar para uma faixa etária mais elevada (acima de 18 anos). Há uma cena de estupro coletivo que causou muitos problemas para o estúdio na época. Só após vários cortes é que o filme finalmente foi liberado para exibição para maiores de 16 anos. Além da violência o filme também se destacava pelo bom elenco. Charles Bronson está completamente convincente como o apache fugitivo e o cenário do deserto acaba também virando um personagem vivo dentro da trama. Jack Palance, como o velho veterano confederado, novamente marca presença com sua mentalidade típica dos sulistas americanos. Ator de traços marcantes ele aqui também surpreende pela vivacidade de seu papel. O resultado final é um filme cru, violento e sem concessões como seriam vários filmes com Charles Bronson dali pra frente. Dois anos depois o ator finalmente estrelaria o filme símbolo de sua carreira, “Desejo de Matar”, com o mesmo diretor e praticamente o mesmo argumento. A partir daí sua trajetória artística jamais seria a mesma novamente, algo que esse “Renegado Impiedoso” já antecipava. Não deixe de assistir, pois é um western visceral e obrigatório para os fãs desse ator.
   
Renegado Impiedoso / Renegado Vingador (Chato´s Land, Estados Unidos, 1972) Direção: Michael Winner / Roteiro: Gerald Wilson / Elenco: Charles Bronson, Jack Palance, James Whitmore / Sinopse: Após matar um xerife em legitima defesa um índio apache começa a ser caçado pelo meio do deserto por um veterano da guerra civil e seu grupo, formado por fazendeiros e pequenos proprietários rurais. No meio do deserto só sobreviverão os mais fortes e aptos para aquele ambiente completamente hostil e selvagem.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 20 de abril de 2018

O Homem dos Olhos Frios

Caçador de recompensas (Henry Fonda) chega em uma pequena cidade do oeste com o corpo de um bandido. Ele vem em busca do prêmio prometido pela captura do foragido morto. Assim conhece o Xerife local (Anthony Perkins) um jovem e inexperiente homem da lei que em pouco tempo se verá numa situação de vida ou morte. Lida assim a sinopse pode-se pensar que o filme é mais um faroeste de rotina entre tantos que foram produzidos durante os anos 50. Mero engano. "The Tin Star" (que recebeu um título nada adequado no Brasil de "O Homem dos Olhos Frios") é um excelente estudo psicológico daqueles homens que tinham a audácia e a coragem de impor a lei em lugares distantes e violentos do oeste americano no século 18. Eram mal remunerados, geralmente encontravam a morte cedo e mesmo assim procuravam exercer sua função da melhor forma possível. Aqui temos um jovem sem a malícia e a experiência necessárias para fazer valer a lei em uma cidade lotada de mal feitores. Curiosamente acaba encontrando seu mentor em um velho caçador de recompensas (Henry Fonda, ótimo) que só está ali atrás de seu dinheiro e nada mais. Os acontecimentos porém o farão mudar de idéia. Na realidade ele próprio era um xerife que largou a estrela de lata após perceber que ganharia muito mais caçando bandidos perigosos pelo deserto. Assim temos de um lado um jovem ainda idealista que tem que se confrontar com um experiente e calejado ex homem da lei que sabe exatamente o que ostentar aquela estrela significava no velho oeste. O "duelo" de personalidades deles é a base de todo o argumento do filme.

O elenco é excelente. Henry Fonda não precisava de muita coisa para se impor em qualquer filme que trabalhasse. Ícone do western o ator se saí extremamente bem no papel do ex-xerife e atual caçador de recompensas Morg Hickman. Agora verdade seja dita: embora Fonda brilhe mais uma vez o destaque vai mesmo para Anthony Perkins. Ele mesmo, o ator que ficaria marcado para sempre como o psicopata Norman Bates de "Psicose" aqui interpreta um papel totalmente diferente, demonstrando que era realmente um bom ator e não apenas um intérprete de um personagem só (como muitos pensam). O xerife que interpreta é um sujeito sem moral, meio abobalhado, receoso e inseguro que tem que lidar com uma situação limite ao qual não tem o menor controle. "The Tin Star" ("A Estrela de Lata" no original) é isso, uma crônica muito bem estruturada sobre o modo de pensar e agir dos homens da lei em uma terra que passou para a história justamente por não ter lei, a não ser a lei do mais forte. Excelente western, procurem assistir.

O Homem dos Olhos Frios (The Tin Star, Estados Unidos, 1957) Direção de Anthony Mann / Roteiro de Joel Kane e Dudley Nichols / Elenco: Henry Fonda, Anthony Perkins, Lee Van Cleef, John McIntire / Sinopse: Caçador de recompensas (Henry Fonda) chega em uma pequena cidade do oeste com o corpo de um bandido. Ele vem em busca do prêmio prometido pela captura do foragido. Assim conhece o Xerife local (Anthony Perkins) um jovem e inexperiente homem da lei que em pouco tempo se verá numa situação de vida ou morte.

Pablo Aluísio.

Pacto de Justiça

Quando Kevin Costner anunciou que estaria de volta ao western houve grande expectativa entre os fãs e não era para menos. Seu último filme no gênero foi o clássico "Dança Com Lobos" que venceu todos os Oscars de seu ano. Depois da consagração porém veio a queda. Costner ficou cheio de si e teve a péssima ideia de tocar em frente um projeto complicado, fadado ao fracasso, Waterworld. Após esse monumental desastre o ator foi aos poucos tentando juntar os pedaços de sua carreira para ressurgir em Hollywood. Nada mais natural que mais cedo ou mais tarde retornasse ao gênero que o consagrou. "Pacto de Justiça" não tem a pretensão de ser um novo "Dança com Lobos", longe disso, com orçamento equilibrado (26 milhões de dólares) o filme nasceu com uma proposta honesta, sucinta. Para Costner o mais importante era rodar um bom filme que atendesse a demanda dos fãs do bom e velho faroeste. A boa notícia é que conseguiu seus objetivos.

No filme Costner lida com a figura mítica do cowboy americano. Ele interpreta um cowboy que ao lado do veterano  Boss Spearman (Robert Duvall) toca uma grande manada pela imensidão do oeste selvagem. Seu único problema é a reação pouco amistosa dos latifundiários liderados por um rancheiro (Michael Gambon). O filme não tem pressa nenhuma em contar sua estória, tudo ocorre no tempo devido mas com calma e contemplação. Como diretor Kevin Costner procura tirar o melhor da fotografia, captando lindas cenas da natureza ao redor. Alguns reclamaram da lentidão do ritmo do filme mas achei a opção de Costner correta. Westerns não devem ter o mesmo ritmo alucinante de algumas produções atuais, pelo contrário, é um gênero realmente feito de momentos intercalados por belas imagens que sempre reforçam a mitologia em torno de sua região primordial, o oeste norte-americano. Nesse aspecto Costner foi muito feliz. Some-se a isso o bom elenco de apoio (Diego Luna e  Annette Bening) e temos uma pequena obra prima moderna do western. Com o recente sucesso de sua nova série na TV americana, Hatfields & McCoys, espero que Costner faça mais bons faroestes como esse no cinema em breve. Os fãs agradecem certamente.

Pacto de Justiça (Open Range, Estados Unidos, 2003) Direção: Kevin Costner / Roteiro: Craig Storper baseado na obra de Lauran Paine / Elenco: Kevin Costner, Robert Duvall, Diego Luna, Annette Bening,  Michael Gambon / Sinopse: Boss Spearman (Robert Duvall) e  Charley Waite (Kevin Costner) são dois cowboys veteranos que tentam tocar uma grande manada bovina pelas terras selvagens do velho oeste. No caminho porém terão que enfrentar inúmeros desafios e conflitos.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Minha Vontade é Lei

Warlock é uma cidadezinha do velho oeste que é constantemente atormentada por um bando de mal feitores que cometem crimes à luz do dia, na frente de todos, aterrorizando a pacata população local. Após assassinar o último xerife da cidade um conselho de cidadãos resolve contratar dois famosos pistoleiros para proteger e impor ordem na localidade. Clay Blaisedell (Henry Fonda) e Tom Morgan (Anthony Quinn) são então chamados a Warlock para impor através de seus colts a ordem e a lei para todos. "Minha Vontade é Lei" é um western muito bem escrito, com excelente trama que consegue unir um dos melhores elencos que já vi reunidos: Além de Henry Fonda (sempre ótimo) e Anthony Quinn (interpretando um velho pistoleiro com os dias contados) o filme ainda traz o eficiente e subestimado Richard Widmark como um auxiliar do xerife que tenta de alguma forma estabelecer uma ordem na caótica Warlock. Para os fãs de "Star Trek" uma curiosidade: a presença de DeForest Kelley como um membro do bando de bandidos que aterrorizam a cidade. Assim que surge em cena lembramos automaticamente de seu maior personagem, o médico da nave espacial Enterprise.

"Minha Vontade é Lei" foi dirigido pelo veterano Edward Dmytryk (1908–1999) . Ele não era um diretor especializado em faroestes, tendo dirigido mais dramas o que talvez explique algumas características desse filme. O roteiro não tem pressa em apresentar os personagens e nem em desenvolvê-los de forma bem gradual, aos poucos. Todos possuem personalidades complexas, que podem transitar tranquilamente entre a lei e a desordem. Os pistoleiros interpretados por Fonda e Quinn são exemplos disso. Não são mocinhos absolutos, pelo contrário, podem facilmente mudar de lado caso isso seja de seu interesse. A direção de Dmytryk é adequada mas não tão ágil como alguns fãs de western preferem (principalmente os adeptos de filmes de bang-bang mais viris) mesmo assim não faltam os momentos vitais no desenrolar do filme, como os confrontos, brigas e por fim o duelo final. De fato é uma produção acima da média, um faroeste um pouco mais dramático do que habitual mas não menos interessante e bom. Recomendo com absoluta certeza.

Minha Vontade é Lei (Warlock, EUA, 1959) Direção: Edward Dmytryk / Roteiro: Robert Alan Aurthur baseado na novela de Oakley Hall / Elenco: Richard Widmark, Henry Fonda, Anthony Quinn, DeForest Kelley, Dorothy Malone / Sinopse: Warlock é uma cidadezinha do velho oeste que é constantemente atormentada por um bando de mal feitores que cometem crimes à luz do dia, na frente de todos, aterrorizando a pacata população local. Após assassinar o último xerife da cidade um conselho de cidadãos resolve contratar dois famosos pistoleiros para proteger e impor ordem na localidade. Clay Blaisedell (Henry Fonda) e Tom Morgan (Anthony Quinn) são então chamados a Warlock para impor através de seus colts a ordem e a lei para todos.

Pablo Aluísio.

Jornadas Heróicas

Em 1865 com o fim da Guerra da Secessão o Presidente Abraham Lincoln passa a preocupar-se com o futuro dos milhares de soldados que ainda voltavam do conflito sem muitas oportunidades de emprego e sem moradia. O sonho do presidente é que o oeste americano se transformasse no novo eldorado para esses milhares de soldados. O que o presidente não sabia era que um grupo formado por oficiais e alguns soldados da união planejava a venda de vários rifles de repetição para os índios; prática que era terminantemente proibida. Porém o pior acontece, e em 15 de abril de 1865, pouco depois do fim da guerra, Lincoln é assassinado dentro do Teatro Ford por John Wilkes Booth. A partir daí o contrabando de armas para as tribos Cheyennes e Sioux, liderado pelo negociante inescrupuloso John Lattimer (Charles Bickford) aumenta de tal forma que chega aos ouvidos do General Custer.

Preocupado, Custer manda convocar Wild Bill Hickok (Gary Cooper) e Buffalo Bill (James Ellison) para liderar um ataque que impeça que mais rifles de repetição caia nas mãos dos índios. Jornadas Heróicas (The Plainsman - 1936) é um faroeste fantástico com cenas impressionantes de batalha e com um elenco de primeira grandeza que conta com nomes de peso, como: Gary Cooper, Jean Arthur, James Ellison e Charles Bickford. Na verdade, o longa com a assinatura inconfundível do diretor Cecil B.DeMille, não é um faroeste comum. Requintado e travestido de épico - bem típico do grande diretor - Jornadas Heróicas mistura figuras lendárias do velho oeste americano como Wild Bill Hicock, Buffalo Bill, Jane Calamidade, General Custer e o Presidente Abraham Lincoln. Destaque também para as cenas de batalha que foram todas filmadas no estado de Montana, terra natal do ator Gary Cooper. Como curiosidade uma rápida aparição no final do ator Anthony Quinn que na época tinha 20 anos e faz o papel de um jovem índio Cheyenne.

Jornadas Heróicas (The Plainsman, EUA, 1936) Direção: Cecil B. DeMille / Roteiro: Courtney Ryley Cooper, Frank J. Wilstach / Elenco: Gary Cooper, Jean Arthur, James Ellison, Charles Bickford, Helen Burgess / Sinopse: Clássico da filmografia de Cecil B. DeMille estrelado por Gary Cooper e Jean Arthur. O filme narra o encontro entre grandes lendas do oeste americano como Wild Bill Hickok (Gary Cooper), Jane Camalidade (Jean Arthur), Buffalo Bill Cody, George Armstrong Custer e Abrahan Lincoln em um enredo com muita ação, emoção e aventura..

Telmo Vilela Jr.

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Cavalgada Trágica

"Cavalgada Trágica" é um dos melhores westerns da carreira de Randolph Scott. Não é de se admirar já que aqui temos novamente Scott dirigido pelo ótimo cineasta Budd Boetticher. O diferencial de Budd para outros diretores de faroestes é que ele tinha profundo respeito pela mitologia do gênero. Admirador do estilo de vida do velho oeste o diretor tirava o máximo de roteiros que em essência eram simples. Esse é um exemplo típico. No filme Randolph Scott interpreta Jefferson Cody, um ex veterano das guerras indígenas que dedica sua vida em uma busca desesperada. Sua esposa há muito fora raptada por tribos Comanches hostis e assim Scott percorre os territórios indígenas na esperança de um dia encontrá-la. Numa dessas buscas acaba libertando a jovem e bela Nancy (Nancy Lowe) cujo marido ofereceu uma recompensa de 5 mil dólares para seu resgate. Claro que com tanto dinheiro em jogo vários caçadores de recompensas sairiam em seu encalço. É justamente isso que motiva Ben (Claude Atkins) e seu bando que querem colocar as mãos na mulher para receberem eles próprios sua recompensa.

Todos os ingredientes que fizeram a fama de Scott no cinema estão lá: o cavaleiro errante, a busca pelo ente querido, as tribos Comanches sedentas por sangue e os bandoleiros com más intenções. A locação é de rara beleza, rochedos de forte impacto na tela, localizados em Alabama Hills em Lone Pine, Califórnia. Além disso o diretor Budd Boetticher capricha no desenvolvimento psicológico dos personagens e no clima de tensão entre eles. O desfecho é brilhante, se tornando mais um dos grandes trabalhos da dupla Scott / Boetticher. Juntos realizaram alguns dos faroestes mais elegantes da história do cinema americano. A cena final com Randolph Scott e o por do sol ao longe, cavalgando nas pradarias é marcante, um momento único, difícil de se esquecer depois.

Cavalgada Trágica (Comanche Station, EUA, 1960) Direção: Budd Boetticher / Roteiro: Burt Kennedy / Elenco: Randolph Scott, Nancy Lowe, Claude Atkins / Sinopse: No filme Randolph Scott interpreta Jefferson Cody, um ex veterano da guerras indígenas que dedica sua vida em uma busca desesperada. Sua esposa há muito fora raptada por tribos Comanches hostis e assim Scott percorre os territórios indígenas na esperança de um dia encontrá-la. Numa dessas buscas acaba libertando a jovem e bela Nancy (Nancy Lowe) cujo marido ofereceu uma recompensa de 5 mil dólares para seu resgate.

Pablo Aluísio.

Django Mata por Dinheiro

Título no Brasil: Django Mata por Dinheiro
Título Original: 10,000 dollari per un massacro
Ano de Produção: 1967
País: Itália
Estúdio: Zenith Cinematografica
Direção: Romolo Guerrieri
Roteiro: Franco Fogagnolo, Ernesto Gastaldi
Elenco: Gianni Garko, Loredana Nusciak, Claudio Camaso

Sinopse:
Django vaga pelo velho oeste, ganhando a vida como caçador de recompensas. Ao chegar em um rancho é contratado para perseguir um bandoleiro que sequestrou uma jovem. Ao perceber que não está sendo pago ele decide fazer um jogo perigoso, tanto com o bandido que persegue, como com aqueles que o contrataram.

Comentários:
O protagonista, o caçador de recompensas, se chama na verdade Gary Hudson (uma mistura de Gary Grant com Rock Hudson!). Pois bem, esse personagem chamado de forma equivocada de "Django" (por motivos comerciais, claro!) não tem muito a ver com o famoso pistoleiro interpretado por Franco Nero. Assim poderíamos dizer que se trata de mais um western spaghetti com um falso Django como chamariz de bilheteria. O ator italiano Gianni Garko que estrela a fita inclusive atuaria em bons filmes como "Waterloo". Ele também interpretou mais falsos Sartanas do que Djangos, provando que no tempo do auge da popularidade do faroeste italiano tudo não passava mesmo de um mero detalhe sem grande importância.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 17 de abril de 2018

Rio Lobo

Está sendo lançado mais uma vez em DVD e Blu Ray nos Estados Unidos o western "Rio Lobo", com John Wayne. Lançado originalmente nos cinemas em 1970 esse filme marca o começo da última fase da carreira do ator. É também a última parceira dele com o cineasta Howard Hawks, diretor com quem realizou grandes clássicos do faroeste no passado. Esse aqui não chega a ser tão brilhante como outras parcerias entre Wayne e Hawks, mas mantém o nível. Com boa produção - algo que iria decair no decorrer dessa década - e um elenco coadjuvante interessante, contando inclusive com o Tarzan Mike Henry, essa fita foi uma despedida digna de uma grande dupla do western.

No enredo Wayne interpreta um Coronel do exército americano chamado Cord McNally. Quase aposentado, ele recebe a missão de caçar um traidor de guerra, um desertor confederado que participou de um roubo, quando ladrões desviaram um carregamento de ouro da União. Os tempos da guerra civil tinham ficado para trás, mas velhos fantasmas ainda teimavam em assombrar todos os envolvidos. O velho John Wayne dá conta do recado e em nenhum momento ficamos com dúvida de que ele pegará os criminosos, pois se uma coisa era certa era que apesar da idade o bom e velho John Wayne continuava o mesmo durão do passado. Enfim, fica a dica para quem ainda não viu esse western da última fase da filmografia do mito John Wayne.

Rio Lobo (Rio Lobo, Estados Unidos, 1970) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: Howard Hawks / Roteiro: Burton Wohl, Leigh Brackett / Elenco: John Wayne, Jorge Rivero, Jennifer O'Neill, Mike Henry / Sinopse:Logo após o fim da sangrenta Guerra Civil Americana, um Coronel da União, Cord McNally (John Wayne), sai em busca do paradeiro de um soldado considerado traidor de guerra e ladrão. Roteiro baseado no romance épico escrito pelo autor Burton Wohl. Trilha sonora de Jerry Goldsmith.

Pablo Aluísio.

Emboscada em Cimarron Pass

Título no Brasil: Emboscada em Cimarron Pass
Título Original: Ambush at Cimarron
Ano de Produção: 1958
País: Estados Unidos
Estúdio: Regal Films
Direção: Jodie Copelan
Roteiro: Robert A. Reeds, Robert W. Woods
Elenco: Scott Brady, Margia Dean, Clint Eastwood, Irving Bacon, Frank Gerstle, Ray Boyle

Sinopse:
Dirigido por Jodie Copelan, com Scott Brady e Margia Dean no elenco, o roteiro baseado em um livro escrito por Robert A. Reeds, contava uma história que se passava em 1867 no velho oeste americano. Clint interpretava um sujeito chamado Keith Williams. Ele era um homem que tentava sobreviver em um território distante, uma reserva Apache em guerra, onde soldados do exército americano, da União, literalmente caçavam ex-soldados confederados que tinham se tornado bandoleiros e assassinos.

Comentários:
Clint Eastwood não planejou sua carreira de ator como astro de filmes de western. As coisas simplesmente foram acontecendo. Em 1958 ele conseguiu um papel em um faroeste B chamado "Emboscada em Cimarron Pass" (Ambush at Cimarron Pass). Essa é uma produção bem difícil de se achar nos dias de hoje. É um filme pouco conhecido, obscuro, que poucos colecionadores possuem. Quase ninguém assistiu. Vale sobretudo por trazer Clint Eastwood ainda bem jovem, já no papel de cowboy, o tipo que iria consagrar sua carreira. Fora isso nada de muito relevante em termos cinematográficos. Anos depois Clint Eastwood não iria ser refinado ao se lembrar desse filme, dizendo que ele era "provavelmente o pior western que já existiu!". Sua opinião não incomodaria os produtores. Depois que Clint se tornou um astro de Hollywood, o estúdio resolveu relançar o filme nos cinemas, já durante a década de 60. Era impossível perder a chance de faturar alto com seu nome, afinal de contas era um faroeste com Clint Eastwood, que mesmo sendo ruim ainda poderia gerar um bom faturamento nas bilheterias.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 16 de abril de 2018

Oscar 2018

A fábula "A Forma da Água" venceu o prêmio de melhor direção e melhor filme do ano. Foi um exagero. Havia dois ótimos filmes históricos concorrendo que fariam mais bonito para a Academia. A velha mania de Del Toro com monstros foi supervalorizada. O filme é bom, simpático, diria até poético, mas melhor filme do ano? Acredito que não. De qualquer forma como se trata de uma eleição e não de uma escolha criteriosa tudo poderia acontecer. Gary Oldman venceu na categoria de Melhor Ator. Muito justo. Sua atuação é realmente acima da média. Mais do que merecido. Frances McDormand  levou por "Três anúncios para um crime". Como o Globo de Ouro sempre foi uma prévia do Oscar isso era meio que esperado.

Na categoria roteiro tivemos um prêmio justo e uma palhaçada. A justiça veio para James Ivory. Com quase 90 anos o veterano diretor foi premiado não tanto pelo roteiro que escreveu para o drama romântico gay "Me chame pelo seu nome", mas sim por toda a sua carreira. Ele sempre foi um dos meus cineastas preferidos e pelo conjunto da obra merecia ser premiado. Já o Oscar de Melhor Roteiro Original para "Corra" é uma fanfarronice sem desculpas. Premiaram o filme apenas por ele ser o representante negro no Oscar. Poderiam ter escolhido uma obra melhor porque esse é um filme B, meio terror, meio comédia cretina. Prêmio dado por ideologia, nada mais.

Sam Rockwell venceu o Oscar de melhor ator coadjuvante por "Três anúncios para um crime". Ele interpretou o policial racista e porcalhão que não consegue controlar seus instintos mais básicos. Boa atuação, mas penso que Woody Harrelson esteve bem melhor nesse mesmo filme. “Blade Runner 2049” ganhou um Oscar importante, o de melhor fotografia dado pelo trabalho de Roger Deakins. Também levou o Oscar de melhores efeitos especiais. O filme que não foi sucesso de bilheteria e nem empolgou a crítica pelo menos não saiu de mãos abanando da festa. O sofisticado "Trama Fantasma" levou um prêmio coerente com sua produção, o de melhor figurino, nada mais normal em um filme sobre vestidos luxuosos e o mundo da moda da nobreza europeia. Por fim o bom filme de guerra de Nolan, "Dunkirk", levou prêmios técnicos apenas. Merecia muito mais em minha opinião.

Pablo Aluísio.

domingo, 15 de abril de 2018

Carrie Fisher

Como todos sabemos a atriz Carrie Fisher morreu ontem em Los Angeles após lutar alguns dias pela vida no hospital, onde ela estava em estado crítico em decorrência de uma parada cardíaca que sofreu quando estava voltando de avião de Londres. A imprensa mundial obviamente ressaltou sua presença na saga "Star Wars", até porque Carrie sempre será lembrada como a Princesa Leia. Ela porém foi bem mais versátil como atriz e escritora do que muitos pensam. Na verdade Carrie já nasceu com os holofotes sobre si. Ela era uma genuína filha da aristocracia de Hollywood, pois era filha de outra atriz muito famosa, Debbie Reynolds e de um cantor também de sucesso, Eddie Fisher. Aliás desde a infância Carrie Fisher foi alvo da imprensa sensacionalista pois seu pai acabou o casamento para ir viver com Elizabeth Taylor, naquele que foi um dos casos mais falados na imprensa na época. Um escândalo que repercutiu por muito anos. Carrie jamais superou isso e em diversas ocasiões, de forma bem sarcástica (uma das qualidades mais marcantes de sua personalidade), comentou sobre a canalhice do próprio pai. "Quando você mistura duas pessoas famosas de Hollywood o resultado é uma pessoa como eu!" - costumava dizer com ironia.

Como não poderia deixar de ser sua estreia como atriz veio pelas mãos de sua mãe, no telefilme "Debbie Reynolds and the Sound of Children", um musical meio bobinho que serviu para que Carrie experimentasse pela primeira vez o gostinho de representar. Em 1975 ela então apareceu em seu primeiro filme no cinema, na comédia "Shampoo". Era uma crônica de época, estrelada pelo galã Warren Beatty. Um bom filme que abriu as portas para o convite para atuar em um novo filme de George Lucas chamado "Star Wars". É curioso porque todo o elenco achava o roteiro meio idiota e eles tinham sérias dúvidas se aquele filme sobre vilões e mocinhos espaciais iria dar certo. A própria Carrie achava que estava atuando em um legítimo filme trash durante as filmagens. Ela estava enganada. Desnecessário dizer que o filme foi um dos maiores sucessos de bilheteria de todos os tempos.

Carrie assim ficou muito marcada como a Princesa Leia já em seu segundo filme para o cinema, algo perigoso para qualquer ator ou atriz pois corre-se o risco de ficar marcado para sempre por apenas um papel. E ela bem sabia disso e até que se saiu muito bem ao procurar por personagens diferentes. Atuou em "Os Irmãos Cara de Pau" (outro clássico dos anos 80), no filme "Hannah e suas Irmãs" (sendo dirigida por Woody Allen) e em "Harry & Sally" (um dos grandes sucessos da comédia romântica da década de 80). Talvez Carrie só não tenha tido uma carreira melhor por causa de problemas pessoais bem sérios que enfrentou.

A atriz foi dependente química desde muito jovem. Na "realeza" de Hollywood conheceu as drogas e a vida sem freios. Como ela própria confessou em um de seus livros, o fato de você pertencer a esse seleto grupo abria todas as portas, inclusive a de festas regadas a muitas drogas. O vício foi decorrência desse estilo de vida. Assim Carrie lutou por muitos anos para superar esse problema. Para se entender melhor também começou a escrever e fazer análise. Descobriu que sofria de transtorno bipolar, o que explicava muitos aspectos obscuros de sua personalidade. O fim do casamento também demonstrou que ela precisava encontrar equilíbrio em sua vida, algo que alcançou em seus últimos anos. Uma das obras mais indicadas para entender a pessoa Carrie Fisher é "Lembranças de Hollywood", filme cujo roteiro foi inspirado em um dos livros autobiográficos escritos pela atriz. Lá você poderá entender em parte as pressões e as angústias pelas quais passou. Um retrato muito sincero de uma princesa de Hollywood que precisou enfrentar desde muito cedo grandes traumas e fantasmas em sua vida pessoal.

Morre Carrie Fisher (1956 - 2016)
Os familiares da atriz Carrie Fisher divulgaram nota informando a morte da atriz hoje (27/12) em Los Angeles. Carrie Fisher, que se tornou mundialmente famosa como a Princesa Leia da saga Star Wars, tinha 60 anos de idade e não suportou os efeitos de um ataque cardíaco que sofreu durante viagem entre Londres e a costa oeste dos Estados Unidos. Em nota a mãe de Carrie, a também atriz Debbie Reynolds, lamentou: "É com profundo pesar que informamos a morte de Carrie Fisher. Ela faleceu hoje pela manhã às 8:55hs. Ela que sempre amou a todos, deixará saudades eternas e tristeza profunda com quem compartilhou sua vida!".

A notícia do ataque cardíaco:
A atriz Carrie Fisher sofreu uma parada cardíaca no fim de semana durante um voo em direção a Los Angeles. A atriz teve a parada no coração durante a viagem que vinha de Londres, o que dificultou enormemente a ajuda médica. Aos 60 anos de idade a situação da atriz é bastante complicada segundo a equipe médica que a atendeu. Assim que o avião pousou no aeroporto da cidade americana a atriz foi levada às pressas até o hospital para pronto atendimento.

A empresa United Airlines, proprietária do avião em que Carrie viajava informou por meio de uma nota de imprensa que Carrie sofreu uma parada cardíaca no meio da viagem e que apesar de todos os esforços da tripulação não conseguiu reagir ou mostrar reação. Seu estado de saúde é considerado crítico. A atriz tem um longo histórico de problemas de saúde principalmente por causa de um sério vício de cocaína que quase causou sua morte há pouco mais de 10 anos. Agora resta aguardar por novas informações.

Confirmação da morte - Os familiares da atriz Carrie Fisher divulgaram nota informando a morte da atriz hoje em Los Angeles. Carrie Fisher, que se tornou mundialmente famosa como a Princesa Leia da saga Star Wars, tinha 60 anos de idade e não suportou os efeitos de um ataque cardíaco que sofreu durante viagem entre Londres e a costa oeste dos Estados Unidos. Em nota a mãe de Carrie, a também atriz Debbie Reynolds, lamentou: "É com profundo pesar que informamos a morte de Carrie Fisher. Ela faleceu hoje pela manhã às 8:55hs. Ela que sempre amou a todos, deixará saudades eternas e tristeza profunda com quem compartilhou sua vida!".

Pablo Aluísio. 

Jennifer Aniston

Ontem a atriz Jennifer Aniston escreveu um texto que teve grande repercussão na internet e na imprensa em geral. Eu particularmente gostei bastante do que ela disse em poucas, mas bem escritas linhas. Ela resolveu se manifestar depois que um tabloide publicou fotos suas de férias na praia, com o companheiro. Por estar um pouco fora dos padrões de beleza nas fotos tiradas em trajes de verão, o jornaleco logo anunciou que ela estaria grávida! Claro que se tratava de uma invasão de privacidade da atriz, uma coisa bem ofensiva, um verdadeiro assédio de natureza sensacionalista. Assim, depois de anos de silêncio, Aniston resolveu se manifestar. Ela esclareceu que não estava grávida, mas farta de tanta invasão em sua vida privada. Também fez uma bem elaborada análise sobre a forma preconceituosa que as mulheres em geral são tratadas e rotuladas pela sociedade de acordo com seu status civil, julgadas de acordo com visões ultrapassadas e anacrônicas de um passado que não faz mais sentido. Obviamente Aniston se sentiu incomodada pelo fato de não ter filhos, não ter optado por ser mãe e ser julgada por isso.

Em certo trecho ela escreveu: "A forma como sou retratada pela mídia é simplesmente um reflexo de como nós vemos e retratamos as mulheres em geral, todas medidas por um padrão de beleza torto. O mês passado em particular me trouxe luz sobre o quanto a gente define uma mulher com base em seu status matrimonial ou maternal. Somos completas com ou sem um companheiro, com ou sem filhos. Somos nós quem temos que decidir, por nós mesmas, o que é bonito quando o assunto é nosso corpo. A decisão é nossa, e só nossa. Vamos tomar essa decisão por nós mesmas e pela jovens mulheres neste mundo que nós veem como exemplo. Não precisamos ser casadas ou mães para ser completas. Nós que determinamos nosso próprio 'felizes para sempre".

A sociedade em que vivemos ainda é muito atrasada, sob qualquer ponto de vista. As mulheres solteiras sofrem enorme estigma social apenas pelo fato de terem optado por uma vida sem filhos e sem companheiros. Aquelas frases do tipo "Ficou para titia" são extremamente cruéis e imbecis se formos pensar bem. Cada um é dono de si e do seu futuro. Ninguém precisa se acomodar em padrões pré-estabelecidos. Além disso é inegável o fato de que uma mulher ser casada e ter filhos não significa necessariamente que ela seja feliz e realizada. Muitas vezes é justamente o contrário disso.

Como advogado já presenciei divórcios de casamentos simplesmente desastrosos. Casais que na verdade se odiavam e só levaram um casamento em ruínas em frente por causa de dinheiro ou dos filhos. Muitos desses casamentos só se fundaram em interesses econômicos. São uniões matrimoniais que nasceram pelos motivos errados. Quando se vê esses casamentos de perto se encontra de tudo, menos amor verdadeiro ou felicidade. Ter filhos também é uma decisão muito séria. Só tenha filhos quem realmente tiver aptidão para isso. Filhos são caros, problemáticos e se tornam uma obrigação para toda a vida. O mundo já está cheio, não temos problema de população! Não ter filhos é um favor para a sociedade nos dias de hoje! Pessoas que não possuem e nem querem esse tipo de obrigação fariam um bem para a sociedade simplesmente não tendo filhos. Os casos de casais que se enchem de filhos e depois os jogam para a sociedade é uma triste realidade do nosso mundo.

Dessa maneira o desabafo da Jennifer Aniston foi muito pertinente e relevante. Cada um é feliz ao seu próprio modo. Para alguns o casamento seria a felicidade, para outros não. Casais podem viver felizes por longos anos sem nunca terem se casado. São namorados eternos e são mais felizes do que muitos casais com papel passado. Não há nada de errado sobre isso. A visão preconceituosa de que as pessoas solteiras são infelizes, possuem algum tipo de problema e nunca se realizaram na vida é de um primitivismo burro absurdo. Como a Aniston deixou claro em seu texto a definição de "Felizes para sempre" cabe a cada um de nós, sem amarras ou preconceitos.

Pablo Aluísio.

sábado, 14 de abril de 2018

Jason Statham - Chaos

O filme se chama "Chaos" (no Brasil "Caos"). Foi produzido em 2005, mas eu nunca havia assistido. Como achei o elenco interessante e como se trata de uma produção britânica resolvi conferir. Aliás aqui vai uma dica que é (quase) certeira: qualquer filme policial inglês com Jason Statham é no mínimo bom. Todos sabem que Jason é bem irregular na carreira, alternando bons filmes com porcarias, porém quando ele acerta a coisa toda funciona muito bem. E sabe-se lá o porquê o fato é que sempre quando trabalha no cinema inglês a coisa dá certo.

Veja o caso desse filme policial. É fato que qualquer filme sobre roubo de bancos agrada. É muito difícil errar a mão nesse tipo de roteiro. Agora imagine colocar como vilão do enredo o ator Wesley Snipes. Ele passou um tempo na prisão por sonegação de impostos, mas conseguiu dar a volta por cima. Não cometeria o absurdo de dizer que Snipes é um grande ator, porém dentro do tipo de filme que ele se propôs a estrelar se sai muito bem. Pois bem, aqui está Snipes no comando de um grande roubo a banco. Sua quadrilha tem entre 10 a 12 homens. Todos fortemente armados. Como era hora de pico, de movimento, o banco estava lotado quando a quadrilha chega. Assim rapidamente são feitos de reféns mais de 40 pessoas. E agora como negociar com uma situação de tensão como essa?

Para surpresa da polícia o personagem de Snipes, que usa o codinome de Lorenz (o nome do criador da chamada teoria do caos, cujo roteiro irá explicar lá pelo final), só pede uma exigência: Que seja trazido para as negociações o detetive Quentin Conners (Jason Statham), O veterano policial vive seu inferno astral. Ele participou de uma outra ação com refém onde deu tudo errado. A vítima indefesa foi atingida em cheio pela própria polícia. Julgado, conseguiu escapar de ser expulso da corporação, mas acabou pegando uma suspensão pesada. Agora, no ostracismo, ele precisa voltar para negociar com Lorenz e sua quadrilha. Uma situação ruim que pode terminar muito mal (novamente).

Esse filme me agradou por vários aspectos. Não foi pela presença de Ryan Phillippe, que sempre considerei fraco e nem tampouco por causa de Snipes. Em minha forma de ver o que melhor funciona em "Chaos" é o seu roteiro. A trama dá uma guinada e tanto e de repente somos surpreendidos por algo que era realmente inesperado. Eu sou até muito bom em desvendar "pegadinhas cinematográficas", mas aqui confesso que não matei a charada. Sem querer estragar a diversão de ninguém o fato é que o espectador deve ficar de olho aberto em relação aos personagens de Snipes e Statham. Eles definitivamente não são o que aparentam ser... Mas enfim, vou ficando por aqui. Deixo assim a dica desse "Chaos". Filmes policiais andam tão banalizados, mas esse aqui certamente vale a pena (e a diversão).

Caos (Chaos, Inglaterra, 2005) Direção: Tony Giglio / Roteiro: Tony Giglio / Elenco: Jason Statham, Ryan Phillippe, Wesley Snipes / Sinopse: O veterano policial Quentin Conners (Jason Statham) é suspenso da corporação após a morte de uma refém durante uma situação de sequestro. Agora ele terá que voltar rapidamente à ativa pois o líder de uma quadrilha de assaltantes de bancos, conhecido como Lorenz (Snipes) exige sua presença numa cena de crime onde mais de 40 pessoas inocentes também estão feitas de reféns.

Pablo Aluísio.

Jack Nicholson - A Few Good Men

Nos anos 90 Jack Nicholson já estava com pensamento de se aposentar. Afinal ele tinha feito de tudo na carreira, estava mais do que consagrado. Não havia mais barreiras a atravessar. Mesmo assim Jack deixava a porta aberta. De repente poderia surgir algum roteiro interessante, quem sabe... Em 1992 Jack finalmente encontrou um bom texto pela frente. Era uma adaptação de uma peça teatral de sucesso. O filme iria se chamar "Questão de Honra" e Jack aceitou interpretar um militar linha dura que era desafiado em um tribunal.

Quando o diretor Rob Reiner entrou em contato com Jack levou um susto pelo cachê que ele esperava receber. Nicholson pediu meio milhão de dólares por dia trabalhado. Ele tinha apenas quatro cenas no filme, mas isso significaria um risco para o estúdio já que Jack poderia levar muitos dias para terminar sua parte. Mesmo com relutância os produtores aceitaram o valor. Esperava-se que Jack terminasse sua parte em 10 dias, o que significaria 5 milhões de dólares para ter a honra de estampar seu nome no cartaz do filme. Com tudo certo, Jack começou seu trabalho, indo ao figurino, debatendo partes do roteiro com o diretor, etc.

A produção também contava com o astro Tom Cruise. Logo no começo dos trabalhos Jack criou uma antipatia natural com Tom. Eles vinham de escolas diferentes de atuação. Jack era um veterano, havia estrelado excelentes filmes, clássicos, enquanto Cruise era o típico astro de Hollywood. Além disso ele seguia uma religião estranha, a Cientologia, que Jack dizia publicamente ser um "monte de besteiras". O clima entre eles nunca foi bom. Para o diretor Rob Reiner isso não era necessariamente um problema, já que os personagens deles se antagonizavam no filme. Assim era até bom que eles não se gostassem também fora das telas.

Enquanto as filmagens avançavam Jack amargou um fracasso comercial. O filme "O Cão de Guarda" estreou nas telas de cinema e conseguiu faturar apenas 4 milhões de dólares. Um desastre.  Jack chegou a comentar com amigos: "Esse filme não é bom, o roteiro é fraco. Fiz pela minha amizade a Bob Rafelson. Eu devo favores a ele." Jack sabia que Rafelson já havia fracassado antes e por isso decidiu que queria dar uma força ao amigo fazendo esse filme, mas sabia também que muito provavelmente as coisas não iriam sair bem. Jack não se abalou. Ele sabia que "Questão de Honra" tinha potencial, que havia chances até mesmo dele concorrer a um Oscar. Tudo era possível.

Jack acabou acertando. Assim que o filme chegou nos cinemas a recepção da crítica americana foi a melhor possível. O ator recebeu muitos elogios pelo seu trabalho e o filme recebeu quatro indicações ao Oscar, inclusive uma de melhor ator coadjuvante para o próprio Jack. Na vida pessoal as coisas também iam muito bem. Ele havia se tornado pai de novo e apesar da felicidade da paternidade decidiu que iria continuar a morar sozinho. Perguntado sobre isso, o ator respondeu com sinceridade: "Ao longo da minha vida morei com muitas mulheres. Já fiz minha parte. Depois de tantas experiências descobri que prefiro morar sozinho. Ela fica na sua casa e eu na minha. Ninguém enche o saco de ninguém e todos são felizes".

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 13 de abril de 2018

O Exorcista - Segunda Temporada

Ontem terminei de assistir a segunda temporada da série "O Exorcista". Como já escrevi antes essa temporada foi bem melhor do que a primeira, até porque os primeiros episódios da série nunca conseguiram acertar direito. Na segunda temporada vários personagens foram cortados, ficando basicamente apenas os padres Tomas e Marcus. Esse foi um acerto grande dos roteiristas. Tiraram aquele núcleo familiar insuportável de Geena Davis e focaram apenas nos dois padres exorcistas, agora andarilhos, viajando pelo interior dos Estados Unidos. Numa dessas jornadas eles encontram um orfanato, ou melhor dizendo, uma família que acolhe órfãos.

No lugar já havia acontecido uma chacina ao estilo Amityville, assim era de se supor que alguma manifestação demoníaca estivesse agindo naqueles bosques. E realmente era verdade. O roteiro dos primeiros episódios da segunda temporada são muito bons, tanto que consigo até mesmo dizer que é melhor ignorar a primeira temporada e partir logo para essa.  Aos poucos a qualidade vai decaindo um pouco, mas nada muito grave. Por isso de maneira em geral acabei gostando dessa segunda season. No episódio final chega-se até a pensar que o padre Marcus vai embora, abandonado a série (o que seria um erro absurdo), mas a última cena deixa tudo em aberto. Gostei também da ideia de colocar o padre Tomas dentro da mente dos possuídos, enfrentando o diabo praticamente face a face. Com efeitos especiais muito bons - para uma série de TV - o desfecho me deixou satisfeito. Assim vou continuar assistindo, caso haja uma terceira temporada e olha que quase larguei tudo no episódio piloto.

O Exorcista - Segunda Temporada (The Exorcist, Estados Unidos, 2018) Direção: Jeremy Slater, entre outros / Roteiro: Jeremy Slater, entre outros / Elenco: Alfonso Herrera, Ben Daniels, Kurt Egyiawan / Sinopse: Nessa segunda temporada dois padres exorcistas chegam numa pequena cidade do interior dos Estados Unidos, numa região onde aconteceu um crime terrível no passado. Pelas circunstâncias tudo leva a crer que o demônio ainda age no lugar, colocando em risco a vida de um grupo de adolescentes que vive em uma casa orfanato.

Episódios Comentados:

O Exorcista - 2.03 - Unclean
Nesse episódio o Padre Tomas Ortega (Alfonso Herrera) e seu fiel parceiro de exorcismos o ex-Padre Marcus Keane (Ben Daniels) chegam em Seattle para atender um pedido de socorro de uma mãe que diz que sua filha está possuída. Assim que entram na casa Marcus desconfia do que está realmente acontecendo. A garota não demonstra os sinais claros de possessão. Pelo contrário, ela parece ter sido induzida naquele estado por sua mãe, que leu vários livros sobre exorcismos e ficou obcecada com o assunto. Marcus assim nega que seja realizado o ritual, mas Tomas pensa diferente, que a garota precisa sim de um exorcismo, criando um clima bem ruim entre os dois. Enquanto eles não chegam em um acordo uma revoada de corvos se dirige para uma casa que serve como orfanato para crianças e adolescentes abandonados. Os pássaros acabam atingindo a casa com violência, demonstrando que algo sobrenatural está prestes a acontecer. Bom episódio de uma série que em minha opinião ainda não se encontrou completamente./ O Exorcista - 2.03 - Unclean (EUA, 2016) Direção: Ti West / Roteiro: Jeremy Slater / Elenco: Alfonso Herrera, Ben Daniels, Zuleikha Robinson, Kurt Egyiawan, Li Jun Li, Brianna Hildebrand.

O Exorcista 2.04 - One For Sorrow
 A primeira temporada de "O Exorcista" não foi grande coisa. Presos em certos personagens, tirados do filme clássico, a coisa não fluiu muito bem. Percebi porém que essa era aquele tipo de série que deveria se persistir assistindo, mesmo com os episódios fracos iniciais. Nessa segunda temporada já temos outro plot, que está muito interessante mesmo. Desde os primeiros episódios, ainda lá na primeira temporada, eu percebi que a melhor coisa dessa série era a dupla formada pelo padre Tomas Ortega e o ex-sacerdote (agora excomungado) Marcus Keane! E minhas impressões iniciais só se confirmaram com o tempo. Os roteiristas tiveram a ótima ideia de tirar eles da cidade grande, os fazendo andar por pequenas cidadezinhas do interior, onde acabam encontrando novos casos para exorcizar. Os três primeiros episódios dessa segunda temporada já foram muito bons, que agora ficam melhores com a chegada dos dois padres em um orfanato que está sendo acuado por diversas manifestações sobrenaturais. Aviso de spoler! A cena final desse episódio quando se descobre que a garotinha Grace já não mais pertence a esse mundo é de arrepiar! Simplesmente imperdível!/ O Exorcista 2.04 - One For Sorrow (EUA, 2016) Direção: So Yong Kim / Roteiro: Jeremy Slater / Elenco: Alfonso Herrera, Ben Daniels, Zuleikha Robinson, Kurt Egyiawan, Li Jun Li, Brianna Hildebrand

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 12 de abril de 2018

Perdidos no Espaço

Finalmente depois de um tempo assisti a essa nova versão de "Perdidos no Espaço". Não, não é um filme novo, mas sim uma série da Netflix. Confesso que minhas expectativas não estavam muito altas, principalmente depois de ver cenas avulsas do episódio piloto. Havia modificações ali que me deixaram um pouco de sobreaviso. Só que após conferir o primeiro episódio pude constatar que a série - pelo menos tirando em média nesse primeiro programa - está realmente boa, diria até acima do que eu esperava. A trama segue basicamente sendo a mesma: uma família de astronautas perde o rumo após sua nave, a Jupiter 2, sofrer um acidente. Eles vão parar em um planeta desconhecido, fora do nosso sistema solar. Após se recuperarem do pouso forçado começam os problemas. A nave afunda numa fenda de gelo. As temperaturas são congelantes e eles precisam achar um jeito de ir embora dali.

A Judy também fica presa no gelo congelado ao mergulhar na fenda onde está a Jupiter 2. Antes dela conseguir sair da água essa congela completamente. Bom, se você alguma vez assistiu na vida ao seriado clássico vai saber que três personagens sempre dominaram todas as atenções: o garoto Will Robinson (aqui menos cerebral e gênio do que o primeiro), o Robô (que estava sempre soltando a expressão "Perigo! Perigo!) e é claro o Dr. Smith, alívio cômico e grande vilão (embora querido) da série original. Os três estão de volta. O Robô agora não é a velha "lata de sardinhas" dos tempos passados, mas sim uma criatura high-tech que inclusive consegue mudar o formato de seu corpo, se tornando ora mais aracnídeo, ora humanoide! Em relação ao Dr. Smith temos uma surpresa e tanto. Não é mais um senhor já idoso, mas sim uma mulher. Bom, em termos. Na verdade a personagem que vai ser a nova Dra. Smith é apenas uma fugitiva que rouba um casaco de um engenheiro chamado... Dr. Smith! Estou realmente curioso para ver como isso vai se desenvolver. Então é isso. Ainda só vi até o momento o primeiro episódio, mas posso antecipar que gostei do que assisti. Espero que mantenha o bom nível nos próximos episódios.

Perdidos no Espaço (Lost in Space, Estados Unidos, 2018) Direção: Tim Southam, Neil Marshall, Stephen Surjik, Deborah Chow / Roteiro: Vivian Lee, Kari Drake, Katherine Collins, baseados na série original criada por Irwin Allen, Matt Sazama e Burk Sharpless / Elenco: Maxwell Jenkins (Will Robinson), Parker Posey (Dra. Smith), Brian Steele (O Robô), Toby Stephens (John Robinson), Molly Parker (Maureen Robinson), Taylor Russell (Judy Robinson), Mina Sundwall (Penny Robinson), Ignacio Serricchio (Don West) / Sinopse: A nave Jupiter 2 sofre um acidente e vai parar em um planeta desconhecido, onde a tripulação, formada pela família Robinson, terá que sobreviver a todos os perigos desse novo universo.

Pablo Aluísio.

The Terror

Nova série da produtora AMC (uma das minhas preferidas nesse ramo). Aqui voltamos ao passado. O ano é 1847. A Marinha Real Inglesa envia dois navios para explorar o Círculo Polar Ártico. Não é uma viagem comum ou simples de realizar. A região é extremamente perigosa, não apenas pelos mares congelados, mas também pelo clima extremo a que são submetidos todos os homens da tripulação. Ambas as embarcações estão sob o comando de um capitão que almeja mais a glória da conquista e da aventura, do que propriamente em navegar com segurança. Assim ele resolve ignorar os conselhos de seu imediato, avançando rumo ao norte mesmo com a aproximação de um inverno absurdamente rigoroso.

A produção é ótima. Logo nas primeiras cenas do episódio piloto já percebemos que vem coisa por aí. Aliás boas séries são assim, elas conquistam o espectador desde o primeiro episódio, caso contrário não valem mesmo a pena. Aqui temos um roteiro inteligente, seguindo as linhas históricas com precisão. O Ártico, uma imensa massa de oceanos congelados, não forma um continente como a Antártida. Isso porém era desconhecido por esse pioneiros que acabaram se dando mal por causa das condições climáticas da região. Nem as bússolas conseguiam parar no lugar por causa do eixo magnético da Terra. Então é isso. Por enquanto só vi o primeiro episódio chamado "Go For Broke", mas já posso adiantar que a série é coisa fina. Em tempo: nessa primeira temporada são previstos dez episódios. Espero acompanhar todos eles.

The Terror (Estados Unidos, 2018) Direção: Tim Mielants, Edward Berger. Sergio Mimica-Gezzan / Roteiro: David Kajganich, Andres Fischer-Centeno / Elenco: Jared Harris, Ciarán Hinds, Tobias Menzies, Ian Hart / Sinopse: Dois navios da Marinha Real Britânica partem rumo ao Círculo Polar Ártico para explorar a região, sem saber das imensas dificuldades que encontrarão pela frente.

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Hostis

Um faroeste estrelado pelo ator Christian Bale? Taí algo que chama a atenção desde a primeira vez que você ouve falar desse filme! É uma combinação que me fez assistir a esse western assim que tive oportunidade. E logo no começo percebemos que vem coisa boa. A primeira cena é brutal. Temos um rancho onde vive um casal e suas duas pequenas filhas. O homem está cortando madeira quando percebe um grupo de índios Cheyenne se aproximando. O massacre se torna inevitável. Naqueles tempos pioneiros a lei que prevalecia no velho oeste era a do mais forte. É triste ver crianças sendo mortas, mas é através dessa primeira cena que as coisas começam a tomar rumo no roteiro.

Em um forte próximo o Capitão da cavalaria Joseph J. Blocker (Christian Bale) é designado para uma nova missão. E isso envolve a escolta de um antigo chefe tribal. Ele odeia índios. Passou a vida inteira matando nativos em guerras sangrentas, de pura barbárie na fronteira. Por isso fica indignado quando é designado para levar o velho indígena para o território mais ao norte, onde ele poderá reencontrar seu antigo lar. O antigo chefe tribal é conhecido do capitão. No passado eles estiveram em linhas diferentes no campo de batalha. O militar da cavalaria o considera apenas um assassino cruel. Seguindo ordens - com ameaças de ir para a corte marcial - ele finalmente obedece às ordens. Forma uma pequena tropa e começa a seguir viagem pelo oeste. O caminho está cheio de guerreiros ávidos em derramar sangue dos "jaquetas azuis", os soldados da cavalaria. O pior é que ele terá que manter a vida do chefe a salvo, custe o que custar. Claro que no meio da jornada o destino do capitão se cruza com a da mulher do rancheiro assassinado na primeira cena do filme, a única sobrevivente do massacre envolvendo toda a sua família. Esse encontro será a espinha dorsal de toda a história do filme.

De maneira em geral gostei bastante desse novo western. Ele tem o que poderíamos chamar de velho charme dos faroestes do passado. Claro que há também um desenvolvimento maior da parte psicológica de todos os personagens, em especial do capitão de Bale. É um homem forjado pela guerra e pela violência que não consegue viver de outra forma. O filme é um pouco mais longo do que o habitual, com mais de duas horas de duração, mas não senti o tempo passar. Roteiro, reconstituição de época, figurinos, tudo muito bem realizado. A produção é ótima, com belas paisagens do velho oeste. Por fim uma pequena ressalva. O ator Ben Foster interpreta um militar que está sendo enviado para a forca após cometer crimes de guerra. Ele obviamente tem uma personalidade psicopata o que cria uma certa afinidade com o capitão interpretado por Bale. Afinal ambos fizeram parte de grandes carnificinas no passado. Esse personagem poderia render muito mais, até porque Foster é um dos melhores atores de sua geração. Porém infelizmente ele não tem o potencial aproveitado. Um pequeno deslize de um filme realmente muito bom que vai agradar aos fãs do bom e velho western americano.

Hostis (Hostiles, Estados Unidos, 2017) Direção: Scott Cooper / Roteiro:  Scott Cooper, Donald E. Stewart / Elenco: Christian Bale, Rosamund Pike, Ben Foster, Scott Shepherd, Jonathan Majors / Sinopse: Capitão da cavalaria é designado para levar um velho e doente chefe indígena e sua família para uma reserva no Colorado. Ele odeia isso, simplesmente por odiar nativos em geral. Para ele servir de escolta para o inimigo seria o maior dos absurdos, Porém, ordens são ordens, e ele parte em sua jornada rumo ao destino final. No caminho acaba encontrando guerreiros cheyennes, fazendeiros armados e clima hostil.

Pablo Aluísio. 

Submersão

Wim Wenders é um diretor cultuado pelos cinéfilos. Alguns de seus filmes são considerados obras primas da sétima arte. Aqui porém ele decidiu trilhar caminhos mais convencionais. O roteiro divide a sua história em dois momentos bem definidos. No primeiro temos o encontro entre Danielle Flinders (Alicia Vikander) e James More (James McAvoy); Eles estão no mesmo hotel, curtindo férias. Depois de um breve encontro na praia, onde rápidas apresentações são feitas, começam a namorar.  Ela é uma cientista, no momento fazendo um estudo sobre a vida em regiões escuras e desconhecidas dos oceanos. Ele se diz engenheiro especializado em recursos hídricos. Conforme o filme avança vamos descobrindo que ele está obviamente mentindo para ela.

No segundo momento, após eles se separarem com promessas de reencontro, o filme fica bem melhor. Danielle embarca em uma missão de estudo, fazendo parte da equipe de um submarino de submersão em grandes profundezas. Como se trata de um mergulho muito profundo nas fossas oceânicas muita coisa pode dar errada. Já James vai para a Somália, região situada no chamado chifre da África, em constante guerra civil. Novamente usando o disfarce de engenheiro de águas ele entra no país, mas é sequestrado no aeroporto da capital por terroristas. Afinal, há suspeitas que ele é um agente do serviço secreto britânico. Embora Wim Wenders tenha feito seu filme mais convencional, uma produção conjunta entre produtores alemães e franceses, seu estilo de cinema ainda pode ser percebido em diferentes momentos do filme, principalmente quando os protagonistas estão em algum tipo de crise existencial. No geral é uma produção que funciona melhor como tensão (com a descida ao fundo do oceano) e violência (com o sequestro dos terroristas) do que como filme romântico. Winders parece ter atirado para dois alvos, não acertando direito nenhum deles.

Submersão (Submergence, França, Alemanha, 2017) Direção: Wim Wenders / Roteiro: Erin Dignam, baseado no romance de J.M. Ledgard / Elenco: Alicia Vikander, James McAvoy, Alexander Siddig / Sinopse: O filme narra a história do romance entre Danielle (Alicia Vikander) e James (James McAvoy); que se conhecem em um hotel à beira-mar. Depois de um breve namoro eles precisam se separar, pois cada um tem seus compromissos profissionais. Ela vai para uma missão nas profundezas do oceano e ele parte para a Somália, um país em guerra civil, infestado por terroristas islâmicos. Filme indicado no San Sebastián International Film Festival na categoria de Melhor Filme europeu do ano.

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 10 de abril de 2018

Você Nunca Esteve Aqui

Não adianta esperar que o ator  Joaquin Phoenix venha a interpretar uma pessoa normal. Isso está fora de seus planos há anos. Assim quando o vejo na lista de qualquer elenco já espero de antemão que venha personagens bizarros e estranhos pela frente. É justamente o que ocorre nesse seu novo filme. Phoenix interpreta um sujeito bem esquisito. Com barba messiânica, ao estilo profeta do velho testamento, ele mora com a mãe idosa em um pequeno apartamento. Vida dura. Aos poucos descobrimos que ele faz pequenos "serviços" para sobreviver. Entenda-se serviços sujos no submundo. Também fica claro desde o começo que ele tem muitos problemas psicológicos. Na verdade é um suicida em potencial. Seu novo serviço consiste em localizar uma garota menor de idade que está em um prostíbulo frequentado por pedófilos. Mais barra pesada impossível.

O sujeito não usa armas, para isso prefere martelos, daqueles de construção civil. Um único golpe na cabeça de seu opositor já resolve a questão. Claro que nas brigas ele também acaba se ferindo, mas isso não é problema. Ele consegue arrancar seus dentes quebrados com um alicate! Com a boca cheia de sangue dá um sorriso psicótico. Pois bem, o que parecia ser mais um servicinho sujo acaba trilhando outros caminhos. Figurões políticos pedófilos estão no meio de seu caminho e até mesmo os tiras parecem encobrir os crimes desses figurões. Perceba que a imagem de políticos em geral não é péssima apenas no Brasil, mas no mundo todo. Aqui eles são retratados como vermes imundos. O filme é pesado, sombrio e não abre margem para muitos clichês desse tipo de produção. Não é um filme de ação, está mais para drama existencial com cenas brutais. Se for o que estiver procurando é uma das melhores opções de Menu à disposição.

Você Nunca Esteve Aqui (You Were Never Really Here, Estados Unidos, 2017) Direção: Lynne Ramsay / Roteiro: Lynne Ramsay, baseado no romance escrito por Jonathan Ames / Elenco: Joaquin Phoenix, Judith Roberts, Ekaterina Samsonov / Sinopse: Veterano na guerra do Afeganistão, Joe (Phoenix) ganha a vida agora fazendo pequenos e grandes serviços sujos. Um sujeito brutal que usa martelos de construção civil para esmagar os crânios daqueles que ficam em seu caminho. Agora ele é contratado para localizar uma garota menor de idade que está semi escravizada em um prostíbulo para pedófilos. Entre os envolvidos estão figurões do mundo político, entre eles o próprio governador do estado. Filme premiado no Cannes Film Festival nas categorias de Melhor Ator (Phoenix) e Melhor Roteiro.

Pablo Aluísio.

Paterno

Filme baseado em fatos reais. Al Pacino interpreta Joe Paterno, um treinador veterano de futebol americano. Querido pelos torcedores e jogadores de sua equipe, um nome muito respeitado no mundo do esporte, ele vê toda a sua carreira desmoronar quando uma jovem jornalista chamada Sara Ganim (Riley Keough) começa a investigar uma série de denúncias envolvendo pedofilia de um dos membros da equipe de Paterno. O que parecia algo baseado apenas em rumores, começa a ganhar uma grande dimensão quando vários outros casos de abuso sexual infantil começam a ser descobertos. Pior do que isso, muitos dos abusos foram cometidos dentro do estádio do time de futebol, algo que seria facilmente descoberto pelo veterano treinador. Teria ele se omitido diante desses crimes? Encobriu de alguma forma os abusos envolvendo crianças? O que realmente fez para que seu assistente pedófilo fosse acusado e preso? Estaria envolvido nos crimes de alguma forma? São perguntas que o roteiro vai desvendado aos poucos...

Al Pacino volta ao mundo do futebol americano, terreno que ele não pisava desde "Um Domingo Qualquer" de 1999. Ao contrário desse outro filme, que de certa maneira louvava o esporte, esse aqui mostra um dos piores escândalos envolvendo treinadores, cartolas e jogadores. Algo que gerou grande escândalo nos Estados Unidos quando foi desvendado. Mostra que a pedofilia está em praticamente todos os setores da sociedade, envolvendo até mesmo pessoas acima de qualquer suspeita. Além do velho Pacino, novamente muito bem em sua atuação, com grandes e pesados óculos de grau, outro destaque do elenco é a atriz Riley Keough. A neta de Elvis Presley, que começou profissionalmente no mundo da moda, tem surpreendido cada vez mais como atriz. Sempre escolhendo personagens mais desafiadoras, ela tem se destacado em sua geração. Aqui atua em um filme com o grande Al Pacino, um dos mais consagrados atores da história do cinema, mais uma amostra que a garota vai realmente longe na carreira.

Paterno (Paterno, Estados Unidos, 2018) Direção: Barry Levinson / Roteiro: Debora Cahn, John C. Richards / Elenco: Al Pacino, Riley Keough, Annie Parisse / Sinopse: Joe Paterno (Al Pacino), um treinador veterano de futebol americano, há 60 anos considerado um dos melhores profissionais do esporte, vê sua imagem ser destroçada pela mídia após o envolvimento de um de seus assistentes em um caso envolvendo inúmeros abusos sexuais de menores. O homem, um criminoso pedófilo, acaba arrastando Paterno para o centro do escândalo, quando todos começam a se perguntar se o treinador de alguma forma encobriu tudo o que estava acontecendo ao seu redor.

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Solaris

Em 1972 o mundo do cinema ficou surpreendido por uma das obras primas da ficção, o filme russo "Solaris" de Andrei Tarkovsky. Até hoje o filme é cultuado por representar um salto absurdo em termos de roteiro e ambientação. Para celebrar os 30 anos de seu lançamento original o ator George Clooney e o diretor Steven Soderbergh resolveram fazer um remake americano da obra. Então chegamos nessa versão de 2002. Tive a oportunidade de assistir no cinema. De fato considero um filme muito bom, embora não possa ser comparado com a versão original de Tarkovsky. Um dos acertos foi não aceitar fazer concessões comerciais, ou seja, transformar a trama em algo mais palatável para o público em geral. O mesmo clima opressivo foi mantido.

Isso ajudou e também prejudicou o filme em certos aspectos. O ritmo lento e a proposta mais cabeça não foi tão bem aceito no ocidente. Muitos criticaram a pretensão de Steven Soderbergh em tentar fazer algo melhor ou, pelo menos, igualar ao impacto que o filme russo causou nos anos 70. Comercialmente o filme foi um fracasso. Eu me recordo de ter assistido a uma entrevista de lançamento da produção, onde um George Clooney muito nervoso, tenso e estressado, rebatia as críticas de que o filme era "longo, chato e arrastado demais". Nesse ponto dei inteira razão a Clooney, uma vez que esses mesmos adjetivos poderiam ser usados contra o filme de 72. Como escrevi antes, não é um ficção comum, que se renda aos clichês do gênero. O roteiro traz algo a mais, com argumento bem complexo e com toques de surrealismo presentes. Tem que aceitar sua proposta para curtir a produção como um todo. Caso contrário o espectador vai achar mesmo tudo um grande tédio.

Solaris (Solaris, Estados Unidos, 2002) Direção: Steven Soderbergh / Roteiro: Steven Soderbergh, baseado no livro de Stanislaw Lem / Elenco: George Clooney, Natascha McElhone, Ulrich Tukur / Sinopse: Chris Kelvin (George Clooney) é um astronauta que orbitando um planeta distante começa a ter alucinações psicológicas perturbadoras, onde começa a ver estranhas criaturas andando pelos corredores de sua nave. Filme indicado ao Urso de Ouro do Berlin International Film Festival.

Pablo Aluísio. 

Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra

Eu acompanhei a carreira do ator Johnny Depp desde os anos 80. Naquela época ele só atuava em filmes mais cult, artísticos. Por isso era um dos jovens atores mais prestigiados pela crítica mundial. O tempo passou e em 2003 ele finalmente se rendeu ao cinemão mais comercial de Hollywood. Deixou sua imagem de ator alternativo de lado para abraçar esse blockbuster da Disney. O mais curioso dessa metamorfose é que o filme não era baseado em um livro, nem um game, mas sim em uma atração do parque Disneyworld, isso mesmo, um brinquedo muito popular entre os visitantes de lá. Absurdo? Ora, em Hollywood nada se cria, tudo se transforma, tudo se copia...

O curioso é que apesar de revisitar um velho tema em termos de gêneros cinematográficos, a dos filmes de piratas, bem populares nos tempos de Errol Flynn, essa nova produção tinha como alvo o público mais jovem, que frequentava salas de cinema dos shopping centers. Assim havia farto uso de efeitos especiais de última geração, com um toque de magia e fantasia que não ficariam deslocados em um filme da série "O Senhor dos Anéis". O resultado foi, pelos menos comercialmente, muito bom. Esse primeiro filme rendeu quase um bilhão de dólares, o colocando entre as maiores bilheterias de todos os tempos, abrindo espaço para uma franquia que não parece ter fim, pois até hoje em dia está em cartaz. Johnny Depp obviamente ficou milionário. Dos cachês pequenos dos filmes de arte, ele pulou para o primeiro time entre os mais bem pagos da indústria cinematográfica americana. Nada mais justo, uma vez que seu pirata Jack Sparrow (inspirado nos maneirismos de Keith Richards dos Stones) era certamente uma das melhores coisas do filme.

Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra (Pirates of the Caribbean: The Curse of the Black Pearl, Estados Unidos, 2003) Direção: Gore Verbinski / Roteiro: Ted Elliott, Terry Rossio / Elenco: Johnny Depp, Geoffrey Rush, Orlando Bloom, Keira Knightley / Sinopse: O Capitão Jack Sparrow (Johnny Depp) é um pirata do século XVII que precisa quebrar uma maldição envolvendo sua tripulação e seu navio, o Pérola Negra! Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Ator (Johnny Depp), Melhor Maquiagem, Melhor Mixagem de Som, Melhor Edição de Som e Melhores Efeitos Especiais. Também indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator - Comédia ou Musical (Johnny Depp).

Pablo Aluísio.

domingo, 8 de abril de 2018

A Exceção

A queda da antiga e tradicional monarquia prussiana abriu espaço para a subida ao poder do nazismo. Esse mais do que interessante filme mostra o que aconteceu com o Kaiser Wilhelm II (Christopher Plummer) vinte anos após perder o poder. Ele se encontrava isolado, no exílio na Holanda. Levava uma vida melancólica, mas igualmente tranquila até que a Alemanha invade a Holanda em 1940. Hitler imediatamente manda um capitão do exército do Reich para supostamente garantir a segurança pessoal do Kaiser, mas como o roteiro do filme mostra não era bem essa a intenção real. O filme se desenvolve justamente a partir da chegada do capitão ao velho casarão onde agora mora o Kaiser. Ele é um homem de idade avançada que ainda tem sonhos de voltar ao trono alemão. O que seria uma dádiva ao mundo se realmente acontecesse, pois era um homem calejado pela vida, com certa sabedoria, que jamais daria começo a uma guerra de proporções mundiais como a que os nazistas promoveram.

Claro que com Hitler no poder ele jamais voltaria à antiga glória da monarquia, porém a esperança ainda o movia. O filme tem uma sensibilidade bem orquestrada para mostrar esse lado sentimental, piegas e até ridículo de um antigo monarca que ainda respirava ideais que eram impossíveis de acontecer naquele momento histórico. Grande parte do que se vê na tela é mera ficção, mas o contexto histórico foi bem real, aconteceu de verdade. Um dos pontos altos do filme acontece quando o Kaiser destronado recebe a visita do braço direito de Hitler, a besta fera Heinrich Himmler, um monstro capaz de falar despreocupadamente na mesa de jantar sobre a melhor forma de executar crianças deficientes em campos de concentração. Claro que essa cena, muito bem realizada, muito provavelmente jamais aconteceu, mas serve como ponto de inflexão do grande trabalho de atuação do excelente Christopher Plummer em um papel que lhe caiu muito bem. Ele sai despedaçada interiormente do que ouve. Há também um romance entre o capitão e a empregada do Kaiser, mas essa parte da trama, apesar de importante na história, não consegue superar o grande trabalho de Plummer. Enfim, um filme muito bom, mostrando um lado periférico da história que poucos conhecem.

A Exceção (The Exception, Estados Unidos, Inglaterra, 2016) Direção: David Leveaux / Roteiro: Simon Burke, baseado no romance "The Kaiser's Last Kiss", escrito por  Alan Judd  / Elenco: Christopher Plummer, Lily James, Jai Courtney, Ben Daniels, Eddie Marsan / Sinopse:  Holanda, 1940. O Kaiser destronado Wilhelm II (Christopher Plummer) vê pela janela de sua casa a chegada de um destacamento do exército alemão. O país foi invadido por tropas nazistas e Hitler envia um capitão para cuidar da segurança pessoal do ex-monarca prussiano. Tudo porém está encoberto em uma grande neblina de falsa intenções e mentiras deliberadas por parte do III Reich. Filme indicado ao Golden Trailer Awards.

Pablo Aluísio.

Anastasia

Essa foi a primeira animação da Fox. Veio em um momento em que esse mercado começava a ser disputado pelos demais estúdios de Hollywood por causa dos grandes sucessos de bilheteria da Disney, que reinava sozinha e absoluta nesse mundo de longas de animação. Tecnicamente é um filme perfeito, a tal ponto de chegou a concorrer a dois Oscars (ambos relacionados ao maravilhoso trabalho que foi realizado em sua trilha sonora). O enredo foi escrito em cima da lenda que persistiu por décadas após a morte da família do último czar da Rússia, Nicolau II. Dizia-se que a sua filha mais jovem, Anastasia, teria sobrevivido ao massacre da revolução comunista. Ela teria ido embora, morar em algum lugar lugar da Europa. Era a última representante da monarquia destronada.

Claro que historicamente você não deve esperar muito dessa animação. A ideia dos produtores e do diretor Don Bluth (de "Fievel") era contar uma estorinha de conto de fadas, com princesas perdidas, etc. Nada de dissecar o que de fato aconteceu na revolução russa! O grande vilão é Rasputin, que na história real era um protegido da família Romanov (veja que ironia!). Os verdadeiros vilões da morte da família Romanov foram os comunistas que comandados por Lênin, promoveram um banho de sangue inocente na Rússia. Isso porém não é mostrado na animação. Todo o mal cabe apenas ao bruxo Rasputin, aqui voltando do mundo dos mortos, o que rende algumas sequências que na minha opinião nem eram muito adequadas para crianças. Afinal ele retorna praticamente como um zumbi, com pedaços de seu corpo caindo pelo caminho! Mesmo assim gostei de praticamente tudo, das músicas, do romance entre Anastasia e um jovem que vive de pequenos golpes, do estilo e da riqueza dos desenhos, da paleta de cores, etc. No final o filme foi elogiado pela crítica, mas não chegou a ser um campeão de bilheteria, apenas retornando um pequeno lucro para a Fox Talvez essa coisa toda de revisitar um período tão complicado da história tenha atrapalhado um pouco seu sucesso. Ignore esse aspecto e procure se divertir com o que a animação tem de melhor.

Anastasia (Anastasia, Estados Unidos, 1997) Direção: Don Bluth, Gary Goldman / Roteiro: Susan Gauthier, Bruce Graham / Elenco (dubladores): Meg Ryan, John Cusack, Christopher Lloyd, Kirsten Dunst, Angela Lansbury / Sinopse: O bruxo Raputin resolve amaldiçoar a família imperial da Rússia. Depois de uma noite de caos e violência apenas a princesa Anastasia consegue sobreviver. Ela vai parar em um orfanato, sem memória, sem lembrar de seu passado. Após se encontrar com um jovem ela decide ir a Paris para reencontrar sua avó, que a procura por anos e anos. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Música ("Journey To The Past" de Stephen Flaherty e Lynn Ahrens) e Melhor Trilha Sonora Original (Stephen Flaherty, Lynn Ahrens e David Newman).

Pablo Aluísio.

sábado, 7 de abril de 2018

O Rebelde no Campo de Centeio

J.D. Salinger foi um dos escritores mais aclamados e estranhos da literatura dos Estados Unidos. Ainda bastante jovem, recém saído da universidade, ele escreveu uma obra prima absoluta chamada "O Apanhador do Campo de Centeio". O livro vendeu 25 milhões de cópias e a crítica se rendeu ao talento daquele escritor iniciante. E depois disso aconteceu o inesperado. Ao invés de desenvolver uma longa e produtiva carreira literária, publicando outros grandes livros, Salinger simplesmente desapareceu. Foi morar em uma remota propriedade onde ficou praticamente recluso por décadas e nunca mais lançou outro livro na vida! Um fato surpreendente, ainda mais se formos pensar naquela figura caricata do gênio precoce que é lembrado por apenas uma única obra prima e nada mais.

Esse filme aqui tenta contar a história desse escritor (ou pelo menos o que se sabe após ele se retirar do mundo). Quando o filme começa Salinger é apenas um estudante universitário, tentando que alguns de seus contos curtos sejam publicados em revistas literárias. Ele tem um mentor, o professor Whit Burnett (Kevin Spacey, novamente roubando o filme para si), que o encoraja a escrever um romance com o mesmo personagem de seus contos, um jovem rebelde chamado Holden Caulfield que acabou virando um símbolo para a juventude da época. Outro bom aspecto desse filme biográfico é que ele explora também um lado pouco conhecido do escritor. Ele foi para a II Guerra Mundial como soldado, voltando para casa com sérios traumas do que viveu nos campos de batalha. Pode-se inclusive afirmar que ele nunca mais foi o mesmo depois dessa experiência, o que talvez explique, do ponto de vista psicológico, muitas das atitudes estranhas que tomou ao longo de sua vida. Enfim, muito bom (diria didático até) esse retrato de J.D. Salinger, um escritor sui generis, que escreveu apenas um romance, um clássico de seu tempo, para depois sumir  para sempre da vida pública.

O Rebelde no Campo de Centeio: A Vida de J.D. Salinger (Rebel in the Rye, Estados Unidos, 2017) Direção: Danny Strong / Roteiro: Danny Strong, baseado na biografia escrita por Kenneth Slawenski/ Elenco: Nicholas Hoult, Kevin Spacey, Victor Garber, Zoey Deutch / Sinopse: Anos 1940. Um jovem universitário que aspira ser um escritor, chamado J.D. Salinger (Nicholas Hoult), decide incentivado por seu professor, escrever um romance a quem chama de "O Apanhador no Campo de Centeio", se tornando assim um dos autores mais aclamados de seu tempo.

Pablo Aluísio.