Após a morte do cacique Cochise (Jeff Chandler), a nação Apache se divide em dois blocos de guerreiros. Os que desejam continuar a manter a paz com os brancos são liderados por Taza (Rock Hudson), filho sucessor e novo chefe da tribo. Já o grupo que deseja uma guerra final para expulsar os brancos das terras indígenas é liderado pelo famoso guerreiro Geronimo (Ian MacDonald) e pelo irmão de Taza, o impiedoso Naiche (Rex Reason). No meio do conflito se situa o Forte Apache, guarnição da sexta cavalaria do exército americano que se encontra na região para manter a ordem e a paz. Esse filme “Herança Sagrada” é um western curioso por vários motivos. O primeiro é o fato de ser dirigido por Douglas Sirk, um diretor mais conhecido por seus dramas sentimentais e urbanos. Dentro do gênero faroeste ele realmente não tinha muita intimidade e nem experiência. Nem por isso deixou de desenvolver um excelente trabalho, haja visto que o filme se mantém muito bem, com doses exatas de aventura, ação e até romance. Por exemplo o personagem nativo Taza almeja se casar com a filha de um apache que pertence à ala guerreira do chefe Geronimo, o que lhe trará muitos problemas. A parceria do diretor Sirk com Rock Hudson funcionou novamente muito bem nesse improvável western. Ele era um cineasta hábil que conseguia extrair o melhor de seu elenco, mesmo em filmes como esse.
Em sua autobiografia, o ator Rock Hudson relembrou algumas impressões sobre esse filme. Inicialmente ele afirmou que não se sentia completamente à vontade interpretando um nativo, um índio, pois tinha um biótipo bastante caucasiano, não servindo para interpretar com veracidade esse tipo de guerreiro. Ele obviamente ficaria mais convincente como um soldado da cavalaria dos Estados Unidos, com seus uniformes azuis. Depois relembrou com muito bom humor as dificuldades no set de filmagens. “Herança Sagrada” foi todo rodado em locações reais, no meio do deserto, numa região rica em barro vermelho. Rock no livro escreveu que todos os dias, após filmar suas cenas, tinha que tomar um prolongado banho onde segundo suas próprias palavras havia “toneladas de barro que desciam pelo ralo do banheiro”.
Apesar de tudo Rock Hudson reconheceu em seu livro de memórias que o filme foi bom para sua carreira pois fez sucesso de bilheteria, o ajudando a se transformar em um astro. Deixando esses detalhes de lado a conclusão que se chega após assistir a esse “Herança Sagrada” é a de que se trata realmente de um bom western, com cenas bem realizadas (como a emboscada dentro do cânion com os apaches promovendo um verdadeiro massacre da sexta cavalaria) e uma boa dose de realismo na forma como os índios são retratados em cena. “Herança Sagrada” é acima de tudo um filme muito interessante, por colocar os índios como protagonistas da estória e não apenas como inimigos sem alma e nem personalidade, que só serviam para morrer nas mãos do colonizador branco. Por essa razão “Herança Sagrada” pode ser incluído até mesmo no panteão dos melhores filmes de faroeste já produzidos pela Universal Pictures.
Herança Sagrada (Taza, Son of Cochise, Estados Unidos, 1954) Direção: Douglas Sirk / Roteiro: Gerald Drayson Adams / Elenco: Rock Hudson, Barbara Rush, Gregg Palmer, Jeff Chandler, Ian MacDonald, Rex Reason / Sinopse: Após a morte do chefe Cochise (Jeff Chandler) o jovem Taza (Rock Hudson) assume a liderança de sua tribo. Ele deseja paz com os brancos mas enfrenta forte resistência de seu próprio irmão e Gerônimo, lendário guerreiro da nação Apache, que desejava a guerra contra o inimigo invasor.
Pablo Aluísio.
Western Clássico
ResponderExcluirHerança Sagrada
Pablo Aluísio.
"fato de ser dirigido por Douglas Sirk, um diretor mais conhecido por seus dramas sentimentais e urbanos. Dentro do gênero faroeste ele realmente não tinha muita intimidade e nem experiência"
ResponderExcluirAs vezes um diretor com essa deficiência é uma benção. Ele, sendo talentoso, vai trabalhar "fora da caixinha" e nos apresentar uma nova forma de ver esses personagens supostamente tão identificáveis do faroeste como indios e soldados.
Serge Renine.
É verdade Serge. No caso do Douglas Sirk nesse filme ele, como era um habitual diretor de dramas, procurou desenvolver melhor o lado humano dos personagens. Algo que melhorou muito o filme.
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