segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

A Chegada

O filme recebeu algumas das melhores críticas quando foi lançado no final do ano passado. Depois de assisti-lo pude compreender que toda a boa receptividade não foi em vão. Realmente essa nova ficção "Arrival" faz jus a tudo o que de bom foi escrita sobre ela. Há bastante tempo Hollywood não vinha lançando boas fitas sci-fi como esse "A Chegada". A lembrança mais óbvia vem de "2001" do mestre Kubrick. A comparação não é gratuita. Desde que chegou aos cinemas o diretor Denis Villeneuve tem repetido que aquele clássico serviu como inspiração e modelo para seu filme. E o que isso significaria exatamente? Bom, significa que o roteiro foge dos clichês, procurando desenvolver um argumento mais intelectual, diria até psicológico, entre todos os personagens. Nada de apelar para saídas facéis. O enredo começa mostrando uma sala de aula numa universidade onde leciona a Dra. Louise Banks (Amy Adams). Ela é especialista em linguagem e línguas. Curiosamente sua aula mostrada no filme é sobre a nossa língua, a língua portuguesa, que ela explica aos seus alunos ser bem diferente de todas as outras! Em breve momento até elogia o português, explicando sobre sua riqueza linguística, um idioma nascido em uma época em que havia uma simbiose entre as línguas faladas e a poesia! Ponto para nós! Pois bem, sua aula é interrompida por um evento extraordinário: a chegada no planeta Terra de doze naves alienígenas, em diversos pontos do mundo. Elas chegam e ficam paradas, estáticas, sem qualquer sinal de ação. Isso intriga os governos que começam a recrutar seus melhores especialistas em comunicação e linguagem. Afinal é necessário abrir um canal de contato com essa suposta civilização alien.

Assim a Dra. Banks é levada por um coronel, interpretado pelo sempre ótimo Forest Whitaker, para o lugar onde uma dessas naves está pousada. Os seres alienígenas em nada lembram os seres humanos, mais se parecendo com algum tipo de criatura marinha, de sete pés (daí o nome que os cientistas colocam neles, Heptaporos). E assim segue o filme com a professora tentando entrar em comunicação com os seres vindos do espaço. O curioso é que ao mesmo tempo começa uma espécie de ligação sensorial entre a Dra. Banks e os seres espaciais, uma ligação que guarda algo maior, desvendando um sentido muito mais profundo, revelando a verdadeira intenção dos visitantes. Obviamente esqueça filmes como "Guerra dos Mundos" ou até mesmo as bobagens da franquia "Independence Day". Não é por aí. O filme apresenta um roteiro sofisticado e muito mais inteligente. Não se trata de um choque, uma uma guerra de civilizações, nada disso, pois seria banal demais. O roteiro ao invés disso se apoia em algo mais profundo, mais sensitivo. É um filme, como já escrevi, com as matizes de um "2001", algo mais intelectualizado. Sem dúvida uma das melhores obras cinematográficas de 2016. Não deixe passar em branco.

A Chegada (Arrival, Estados Unidos, 2016) Direção: Denis Villeneuve / Roteiro: Eric Heisserer, Ted Chiang / Elenco: Amy Adams, Jeremy Renner, Forest Whitaker, Michael Stuhlbarg / Sinopse: Especialista em línguas e linguagens é levada pelo governo americano para uma região remota onde aterrisou uma nave espacial de origem desconhecida. Ela terá que tentar abrir um canal de comunicação com os estranhos seres alienígenas que vieram do espaço.

Pablo Aluísio.

O Oposto do Sexo

Título no Brasil: O Oposto do Sexo
Título Original: The Opposite of Sex
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Rysher Entertainment
Direção: Don Roos
Roteiro: Don Roos
Elenco: Christina Ricci, Martin Donovan, Lisa Kudrow, Lyle Lovett
  
Sinopse:
Cansada de sua tediosa vida a adolescente Dede Truitt (Ricci) decide fugir de casa para ir morar com seu irmão Bill (Martin Donovan). Ele é gay e tem um namorado que vive ao seu lado. Dede então decide seduzir o companheiro de seu irmão, o levando para uma fuga insana de crimes e traições. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz (Christina Ricci).

Comentários:
Foi muito badalado quando lançado, mas sinceramente falando nunca vi nada demais nessa fita que em vários momentos apela aos sentimentos e desejos mais primitivos do ser humano. Explico. No roteiro temos uma Christina Ricci ainda muito jovem, tentando fazer a complicada transição entre sua carreira mirim e o mundo adulto. Sua personagem procura esbanjar sensualidade de todas as maneiras. Geralmente a atriz está de biquíni em cena, fazendo caras e bocas. Quando o filme foi rodado ela ainda tinha apenas 17 anos! Assim ainda era uma garota menor de idade. Achei um pouco abusivo as escolhas do diretor em explorar demais o lado sensual de Ricci, justamente por causa desse fato. O roteiro também não é tão maravilhoso como muitos chegaram a dizer na época. Há um clima de "Lolita" criminosa no ar que não se sustenta por muito tempo. Talvez o único grande crédito cinematográfico válido desse filme seja a direção de fotografia a cargo do talentoso Hubert Taczanowski. Abusando de cores fortes e invasivas ela acabou criando um visual bem interessante e marcante ao filme como um todo. De resto nada demais. Só seria indicado mesmo para quem tem interesse especial em Ricci nessa fase de transição em sua carreira e, é claro, para quem tem atração doentia por garotinhas na puberdade.   

Pablo Aluísio.

domingo, 15 de janeiro de 2017

Papa Vs Hitler

Título no Brasil: Papa Vs Hitler
Título Original: Pope Vs. Hitler
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: National Geographic
Direção: Christopher Cassel
Roteiro: Christopher Cassel
Elenco: Michael Deffert, Dan Nachtrab, Andrius Brazas
  
Sinopse:
Documentário que resgata a posição do Papa Pio XII (1876 - 1958) durante a II Guerra Mundial. Com a ascensão de Hitler e os nazistas ao poder começa uma verdadeira era de destruição e morte por toda a Europa. O Holocausto é implantado como uma verdadeira máquina de assassinatos em larga escala. Teria o Papa em Roma se omitido diante de tamanho genocídio? Qual era a sua posição perante o horror nazista?

Comentários:
O Papa Pio XII foi certamente um dos líderes religiosos mais difamados e caluniados da história. Em certos livros ele chegou a ser chamado de "O Papa de Hitler". Para muitos o Papa não cumpriu sua função, denunciando os crimes de genocídio do povo judeu implantado nos campos de concentração. Apesar dessas ideias serem bem difundidas esse novo documentário da National Geographic procura olhar com maior imparcialidade sobre aquele período histórico tão importante para a humanidade. O Papa realmente se omitiu? Foi um omisso em relação a tudo o que estava acontecendo? Baseado em livros mais recentes, alguns frutos de intensa pesquisa, esse documentário exibido recentemente na Europa e Estados Unidos demonstra que nem tudo aconteceu como muitos pensavam. Na verdade o Papa Pio XII foi um inimigo de Hitler desde o começo de seu regime. Com uma complexa rede de espiões e informantes por todo o continente o Papa soube em primeira mão sobre os absurdos que estavam ocorrendo.

Diante disso ele tinha dois caminhos a seguir: denunciar publicamente o regime nazista por suas atrocidades (o que poderia dar início a uma nova onda de perseguições e mortes contra católicos) ou agir nos bastidores, com espiões do Vaticano, apoiando grupos de resistência contra Hitler e seus vassalos. Assim o documentário esmiúça o papel desempenhado por Pio XII durante a guerra, mostrando que ele ativamente participou de inúmeras tentativas de derrubada do tirano alemão. Também agiu diplomaticamente, servindo de ponte ou elo de comunicação entre os países ocidentais (em especial Inglaterra e Estados Unidos) e os grupos que dentro do III Reich tentavam liquidar Hitler, para derrubar seu regime, abrindo assim uma nova era de paz, terminando com aquela guerra que custou a vida de milhões de seres humanos. A decisão de Pio XII até hoje causa controvérsias entre historiadores e especialistas em política internacional. Agiu bem Pio XII? Com o documentário todos os prós e contras são colocados numa balança, para que o próprio espectador tire suas conclusões. No saldo geral temos um excelente documentário, onde em 90 minutos de duração, tudo é discutido com a máxima isenção. Um programa obrigatório para quem procura conhecer melhor a história da Igreja Católica em nosso tempo.

Pablo Aluísio.

Tudo Por Dinheiro

Título no Brasil: Tudo Por Dinheiro
Título Original: Money Talks
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: New Line Cinema
Direção: Brett Ratner
Roteiro: Joel Cohen, Alec Sokolow
Elenco: Charlie Sheen, Chris Tucker, Heather Locklear
  
Sinopse:    
James Russell (Charlie Sheen) é um jornalista sem brilho e sucesso que acaba encontrando uma estória bem sensacionalista para explorar. Um veículo transportando prisioneiros é cercado por uma quadrilha e libertado. Todos fogem, dando origem assim a uma verdadeira caçada humana. Todos pensam que o responsável pela fuga espetacular é Franklin Hatchett (Chris Tucker), mas ele na realidade é um bandidinho pé de chinelo. O verdadeiro mentor de tudo é um contrabandista perigoso, illard (Gérard Ismaël). Filme indicado ao Framboesa de Ouro na categoria de Pior Ator do Ano (Chris Tucker).

Comentários:
O que fazer quando a carreira no cinema vai por água abaixo? No caso do Charlie Sheen a saída foi estrelar uma comédia de quinta categoria ao lado do ator e comediante Chris Tucker. Nem precisa dizer que o filme é uma grande porcaria, totalmente sem graça. Essa coisa toda de duplas (geralmente envolvendo um branco e um negro e as diferenças culturais entre eles) já deu o que tinha que dar. Desde o primeiro "Máquina Mortífera" já sabíamos que era uma roubada. O curioso é que Sheen acabou arranjando um jeito de ainda trabalhar no cinema, atuando em filmes como esse, que beiravam o pastelão. Mais estranho ainda é saber que ele nunca se assumiu como comediante, na verdade a graça em Sheen era justamente esse: ele não atuava como se estivesse em uma comédia, mas sim em um filme normal, como qualquer outro. As palhaçadas assim ficaram todas a cargo de Chris Tucker e sua vozinha da gazela! Como a bobagem que é, a única coisa boa (e visualmente válida) vem da presença da linda Heather Locklear, seguramente uma das atrizes mais bonitas que já passaram por Hollywood. Fora ela todo o resto é uma grande, enorme, perda de tempo! Fuja!

Pablo Aluísio.

sábado, 14 de janeiro de 2017

Fugindo do Passado

Título no Brasil: Fugindo do Passado 
Título Original: Twilight
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Robert Benton
Roteiro: Robert Benton, Richard Russo
Elenco: Paul Newman, Susan Sarandon, Gene Hackman, Reese Witherspoon, James Garner
  
Sinopse:
Ex-policial, agora aposentado, o detetive particular Harry Ross (Paul Newman) ganha a vida fazendo pequenos serviços, muitos deles sem grande importãncia. Tudo muda quando ele é contratado para entregar uma mala cheia de dinheiro a um chantagista. Seu cliente decide pagar uma alta soma em razão de uma chantagem que vem sofrendo, cujos detalhes Harry não tem pleno conhecimento. O problema é que há algo muito maior por trás, inclusive uma conspiração envolvendo um assassinato.

Comentários:
Bom filme policial cujo maior atrativo é a presença do veterano Paul Newman. Apesa da idade, o astro da era do cinema clássico americano esbanja carisma e versatilidade nesse bom roteiro, cheio de reviravoltas, que prende a atenção do espectador da primeira à última cena. Como se não bastasse toda a riqueza de nuances da trama principal, ainda temos um elenco de apoio excelente, de primeira linha, cheio de grandes nomes de Hollywood como Susan Sarandon, Gene Hackman, James Garner e Reese Witherspoon! O grande Gene Hackman (hoje aposentado das telas definitivamente) interpreta um velho ator que ficou milionário com sua carreira de sucesso. Os tempos de fama e glória porém ficaram no passado pois ele está morrendo de um agressivo tipo de câncer. Susan Sarandon interpreta sua esposa, uma atriz que não teve o mesmo êxito profissional. Ela parece esconder algo em seu passado, principalmente em relação ao desaparecimento de seu primeiro marido, um homem que simplesmente nunca mais foi visto, não deixando quaisquer pistas sobre o seu paradeiro. Teria ela algo a ver com o sumiço dele? Para Harry tudo pode ser investigado e encaixado em algo mais misterioso e nebuloso do que muitos pensam. Com essa boa trama, personagens bem desenvolvidos e um roteiro acima da média esse filme é sem dúvida muito bom. Enfim, eis aqui mais um grande momento na carreira de Paul Newman, cuja filmografia sempre foi uma das mais ricas da história de Hollywood. Ele foi um ator cuja simples presença já tornava obrigatório qualquer filme.

Pablo Aluísio.

Basil - Amor e Ódio

Título no Brasil: Basil - Amor e Ódio
Título Original: Basil
Ano de Produção: 1998
País: Inglaterra
Estúdio: Showcareer Limited Production
Direção: Radha Bharadwaj
Roteiro: Radha Bharadwaj
Elenco: Christian Slater, Jared Leto, Claire Forlani, Crispin Bonham-Carter
  
Sinopse:
Romântico e gentil, o jovem Basil (Jared Leto) finalmente consegue se casar com a garota de seus sonhos, a bela Julia Sherwin (Claire Forlani). Idealizando sua amada, mal sabe ele que sua noiva teve um longo relacionamento com John Mannion (Christian Slater). Pior do que isso, ela parece ainda gostar dele. John é um sujeito de má índole, sem valores morais, que pensa se vingar do irmão de Basil, Ralph (Crispin Bonham-Carter), por causa de uma antiga rixa. Logo a combinação entre amores, rivalidades e ódios se torna explosiva.

Comentários:
O roteiro desse filme foi baseado na novela romântica escrita por Wilkie Collin (1824 - 1889). Seus textos tiveram muitas adaptações para o cinema e TV, principalmente durante a década de 1940, mas o público brasileiro pouca familiaridade tem com esse romancista, dramaturgo e contista inglês. Ele foi muito popular em sua época por explorar em seus textos os conflitos românticos de pessoas comuns, da sociedade em que viveu. Obviamente seus romances se tornaram campeões de vendas pois eram consumidos por jovens britânicas românticas sonhando com seus primeiros amores. Embora dentro da academia Wilkie Collin seja considerado um autor menor (talvez por ter sido bem comercial em seu tempo), poucos ainda dão o devido valor ao escritor nos dias de hoje. Na década de 90 tivemos essa adaptação de um de seus livros, um filme até interessante cujo maior mérito foi ter apresentado a obra de Collin a um público mais jovem, dos dias atuais. Não é uma grande produção, de encher os olhos, mas é correta e eficiente. Além disso traz um ainda bem novo Jared Leto, aqui no papel pouco inspirado de um galã romântico idealista, um tipo de personagem sempre presente nesses romances do século 19. Então é isso. Um resgate cinematográfico bem-vindo de um dos mais populares romancistas ingleses da era Vitoriana.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Cidade das Sombras

Título no Brasil: Cidade das Sombras
Título Original: Dark City
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: New Line Cinema
Direção: Alex Proyas
Roteiro: Alex Proyas
Elenco: Kiefer Sutherland, Jennifer Connelly, Rufus Sewel, William Hurt
  
Sinopse:
Vivendo em uma cidade eternamente coberta pelas sombras da noite, John Murdoch (Rufus Sewell) acorda repentinamente sem lembrar de absolutamente nada do que aconteceu. Pior do que isso, ele vira suspeito de ter cometido vários assassinatos violentos, com requintes de crueldade! Seria verdade? Ele simplesmente não sabe responder. Para o inspetor de polícia Frank Bumstead (William Hurt) ele é o culpado.

Comentários:
Esse é aquele tipo de filme com muito estilo em seu visual, cenários e direção de arte, mas sem um grande roteiro por trás de tudo. Na época de seu lançamento foi bem elogiado nos aspectos técnicos, mas também criticado por tentar ser um filme noir moderno, onde se mistura uma trama de assassinato com uma tendência neo-punk futurista. Realmente, da estória você provavelmente esquecerá em pouco tempo, porém esse estilo visual ficará em sua mente por um bom tempo. Chego até mesmo a ficar surpreso que esse filme nunca tenha inspirado as histórias em quadrinhos (se virou graphic novel, desconheço). Até porque, pense bem, o diretor e roteirista Alex Proyas usou muito da linguagem de HQs. É no fundo uma mistura de Blade Runner com velhos filmes de detetives estrelados por Robert Mitchum. Uma mistura bem estranha, ainda mais acentuada pela extrema escuridão da fotografia do filme (não é brincadeira, em muitos momentos você não vai conseguir enxergar absolutamente nada na tela!). Do elenco o ator que mais se saiu bem nos anos seguintes foi Kiefer Sutherland. Seu personagem aqui porém é apenas secundário, um médico que decide ajudar o protagonista a encontrar a verdade dos fatos. Já Jennifer Connelly está muito atraente com esse figurino escuro, sombrio, o que por si só já é bastante sensual.

Pablo Aluísio.

O Amanhecer do Quarto Reich

Título no Brasil: O Amanhecer do Quarto Reich
Título Original: Beyond Valkyrie - Dawn of the 4th Reich
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Stage 6 Films
Direção: Claudio Fäh
Roteiro: Robert Henny, Don Michael Paul
Elenco: Sean Patrick Flanery, Tom Sizemore, Stephen Lang, Rutger Hauer
  
Sinopse:
Um grupo de soldados e espiões aliados são enviados além das linhas inimigas para encontrar um importante oficial do exército alemão que faz parte da Operação Valquíria. Esse era um plano para matar o líder nazista Adolf Hitler, assumir o controle do Estado e entrar em negociações de paz com as forças aliadas durante a II Guerra Mundial. O grupo porém enfrentará vários desafios, entre eles sobreviver dentro do território inimigo.

Comentários:

A conclusão a que se chega após assistir a filmes como esse é simples: Já não se fazem mais bons filmes de guerra como antigamente. Tudo bem que se trata de uma produção B, feita para ser lançada diretamente no mercado de venda direta ao consumidor, mas por que não capricharam um pouco mais? O elenco tem até bons atores, em especial Stephen Lang, que sempre considerei um excelente ator que nunca teve uma chance de verdade em sua carreira. O mesmo vale para Rutger Hauer, que infelizmente é mais uma vez desperdiçado. A premissa do roteiro até que é muito boa, mostrando uma missão de agentes do OSS (a agência de espionagem que seria substituída pela CIA) em território alemão. O problema é que o roteiro parece querer imitar alguns filmes de guerra dos anos 70 que primavam mais pela ação do que propriamente por desenvolver uma boa trama. Dessa maneira muito potencial é perdido. A produção, apesar de fraca, ainda consegue tirar leite de pedra, sendo aceitável, mas tudo desanda mesmo nessa falta de maior cuidado ao se contar essa estória. No final os roteiristas ainda encaixaram algumas informações históricas da guerra em seus momentos finais, porém sem grande ligação com o enredo que se viu no filme (que é em parte meramente ficcional). Em suma, precisam melhorar mais nessas produções atuais sobre a II Guerra Mundial. Muitos clássicos sobre o tema foram realizados no passado e por isso a responsabilidade aumenta. Fazer filmes fracos explorando esse nicho cinematográfico não me parece ser, por essa razão, uma boa ideia.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Um Crime Perfeito

Título no Brasil: Um Crime Perfeito
Título Original: A Perfect Murder
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Andrew Davis
Roteiro: Patrick Smith Kelly
Elenco: Michael Douglas, Gwyneth Paltrow, Viggo Mortensen, David Suchet
  
Sinopse:
Baseado na peça escrita por Frederick Knott, o filme mostra os detalhes de um crime planejado pelo frio e calculista Steven Taylor (Michael Douglas). Ele é um homem de negócios arruinado que precisa levantar uma grande soma rapidamente. Para isso ele resolve então assassinar sua própria esposa Emily Bradford Taylor (Gwyneth Paltrow), herdeira de 100 milhões de dólares. Sua plano é que outra pessoa cometa o crime, para que ele consiga se livrar através de um bem elaborado álibi. Para isso acaba usando o próprio amante da mulher! Filme vencedor do Blockbuster Entertainment Awards na categoria de Melhor Atriz - Suspense (Gwyneth Paltrow).

Comentários:
Esse filme é na verdade o remake de um dos maiores clássicos do cinema, "Disque M para Matar" (1954) de Alfred Hitchcock. A primeira questão que vem em nossa mente é se havia realmente necessidade de se refazer uma obra prima como aquela? Apesar de ser uma boa produção, bem realizada, elegante, contando com bom elenco, meu veredito é que esse filme dos anos 90 sequer precisava existir. A estória de crime e acobertamento de um marido assassino em busca da fortuna de sua esposa já havia encontrado sua versão final e definitiva pelas mãos do mestre do suspense. Tudo soa desnecessário. Se formos comparar então cada nome do elenco as coisas só pioram. Quem, em sã consciência, poderia preferir a gelada Gwyneth Paltrow ao invés da princesa Grace Kelly da versão original? É forçar demais a barra, não é mesmo? O filme só existe por causa dos caprichos do astro Michael Douglas. Ele queria dar seu toque pessoal nessa nova versão. Ao produzir essa nova versão Douglas quis soar como um renovador de antigos clássicos, como ele próprio declarou em entrevistas durante o lançamento do filme. O que ele não soube explicar é se havia mesmo alguma necessidade disso! Após assistir ao filme respondo com tranquilidade que não. Embora tenha uma bonita fotografia e alguns bons momentos, esse remake é como todo e qualquer remake de grandes clássicos: uma obra que sequer precisava existir.

Pablo Aluísio.

Amor Além da Vida

Título no Brasil: Amor Além da Vida
Título Original: What Dreams May Come
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Vincent Ward
Roteiro: Ronald Bass
Elenco: Robin Williams, Cuba Gooding Jr., Max von Sydow, Annabella Sciorra
  
Sinopse:
Baseado no romance escrito por Richard Matheson o filme "Amor Além da Vida" conta a estória de Chris Nielsen (Robin Williams). Após sua morte em um acidente de carro ele começa a procurar obsessivamente no mundo espiritual por sua esposa, também falecida, após cometer suicídio. Chris, que foi um bom homem em vida, é enviado ao paraíso, mas sua esposa suicida é enviada para outro lugar. Em nome do amor Chris não aceita o destino dela e parte em sua busca. Filme vencedor do Oscar de Melhores Efeitos Especiais.

Comentários:
Esse filme é visualmente belíssimo, com cenas extremamente bem feitas (a tal ponto que foi premiado com o Oscar). O enredo se tornou ainda mais interessante após a morte do ator Robin Williams. Como todos sabemos ele se matou após ser diagnosticado com uma doença sem cura. No filme sua esposa é também uma suicida que é punida por seu ato, sendo enviada para um lugar espiritualmente conturbado e doloroso (uma metáfora para o próprio inferno das religiões de origem cristã e judaica). O interessante desse inspirado enredo é que o céu também é retratado sob uma perspectiva bem subjetiva. O personagem de Williams é enviado para lá e o lugar mais se parece com quadros clássicos (ele havia sido um amante das artes plásticas em vida). Embora tenha sido bem criticado em seu lançamento, acusado de entre outras coisas ser superficial e sem conteúdo, o fato é que como obra puramente cinematográfica sempre considerei um filme acima da média. E o seu maior mérito não se resume nas belas imagens que desfilam pela tela. Há todo um complexo repertório subliminar em seu roteiro que merece ser desvendado pelo espectador mais atento. Enfim, um bom romance de natureza sobrenatural, especialmente indicado para pessoas espiritualistas.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Incógnito

Título no Brasil: Incógnito
Título Original: Incognito
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Morgan Creek Productions
Direção: John Badham
Roteiro: Jordan Katz
Elenco: Jason Patric, Irène Jacob, Thomas Lockyer
  
Sinopse:
Harry Donovan (Jason Patric) é um artista frustrado que decide mudar sua vida. Não reconhecido por seus quadros ele resolve então entrar no ramo criminoso das pinturas falsificadas. Ele tem talento para isso. Em pouco tempo pinta um quadro e depois tenta passar para o mercado dizendo ser um original do grande pintor Rembrandt. Para seu golpe dar certo porém ele precisa da ajuda de uma especialista em arte, Broeck (Jacob).

Comentários:
Anda bem esquecido esse thriller de ação e suspense estrelado pelo ator Jason Patric. Ele era apontado na época como um dos mais promissores futuros astros de Hollywood, algo que nunca aconteceu. Ele certamente atuou em bons filmes, mas nunca chegou ao topo. Esse filme "Incógnito" tem sua dose de sofisticação e charme. Esse mundo das artes sempre foi muito sofisticado. Mesmo quando se trata de um criminoso em cena há inegavelmente um certo glamour no ar. O filme de um modo em geral é bom, porém nem todos vão gostar, uma vez que ele tem um ritmo um pouco mais lento do que o habitual. Pessoalmente sempre gostei muito do trabalho do cineasta John Badham. Seu grande sucesso na carreira veio com o musical "Os Embalos de Sábado à Noite", mas há outros excelentes filmes assinados pelo diretor como, por exemplo, "Drácula", "Jogos de Guerra" e até mesmo o policial "Tocaia". Esse filme segue sendo um de seus filmes menos conhecidos, mas isso não significa que seja fraco ou ruim, bem ao contrário, é uma boa produção explorando o submundo dos quadros falsificados em um mercado milionário. Vale conferir.

Pablo Aluísio.

Grandes Esperanças

Título no Brasil: Grandes Esperanças
Título Original: Great Expectations
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Alfonso Cuarón
Roteiro: Mitch Glazer
Elenco: Gwyneth Paltrow, Ethan Hawke, Hank Azaria, Robert De Niro
  
Sinopse:
Baseado no conto atemporal de Charles Dickens, esta é uma história do amor de um homem por uma mulher inacessível. Atualizado para o dias atuais, modernos, de uma Nova York caótica, o enredo revela o amor que um modesto jovem nutre por uma garota extremamente rica e fora de seu alcance. Tudo muda quando ele é agraciado pela generosidade de um benfeitor. Com status e dinheiro, ele então parte para a conquista de sua amada que amou platonicamente por anos e anos. Filme indicado ao Boston Society of Film Critics Awards.

Comentários:
Monótono. Essa é a palavra que melhor expressa essa espécie de modernização da obra de Charles Dickens. O texto original foi publicado pela primeira vez em 1861 como parte do livro "Great Expectations". Na literatura tínhamos uma longa estória em três volumes sobre as desventuras de um jovem órfão na era vitoriana. Pegar uma obra clássica como essa e tentar adaptar para os dias atuais foi um erro. Primeiro porque ao se retirar o contexto histórico original tudo o que sobra é uma estorinha até bem frouxa e sem grandes atrativos. Charles Dickens foi um escritor de seu tempo, ele denunciava em seus textos a exploração das camadas mais pobres da Inglaterra, tentar tirar a essência desses escritos é simplesmente equivocado. Outro problema vem do elenco. Sempre achei a atriz Gwyneth Paltrow um tanto superestimada. Dona de uma frieza incomum (que alguns confundem com elegância e sofisticação), ela não consegue passar muito calor humano em cena, o que sinceramente era esperado. Pior vem com a opaca e fraca atuação de Ethan Hawke. Esse fez sua carreira interpretando homens fracos, vacilantes, sem força interior. Aqui ele repete esse tipo de personagem. Do elenco sem inspiração não escapa nem mesmo Robert De Niro. Sua presença no filme não faz qualquer diferença substancial, se revelando apenas uma perda de tempo desnecessária. Enfim, essa adaptação de "Grandes Esperanças" nos anos 90 é simplesmente sem brilho e sem alma. Não recomendamos.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

A Garota no Trem

Título no Brasil: A Garota no Trem
Título Original: The Girl on the Train
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: DreamWorks Pictures
Direção: Tate Taylor
Roteiro: Erin Cressida Wilson
Elenco: Emily Blunt, Haley Bennett, Rebecca Ferguson, Lisa Kudrow
  
Sinopse:
Após ser abandonada pelo marido, Rachel (Emily Blunt) entra em uma crise depressiva e autodestrutiva. Todas as manhãs ela pega o trem em direção a Nova Iorque e passa bem em frente a sua antiga casa. Seu ex-marido vive com uma nova mulher, tem um filho recém-nascido e parece feliz. Isso acaba destruindo ainda mais a auto estima e o amor próprio de Rachel. Ela se torna inconveniente, invasiva e começa a beber demais. O que ela jamais poderia esperar é acabar se envolvendo em um caso de assassinato e crime. Filme indicado ao BAFTA Awards e ao Screen Actors Guild Awards na categoria de Melhor Atriz (Emily Blunt).

Comentários:
Eu esperava por outro tipo de filme quando comecei a assistir a esse "A Garota no Trem". Como não havia praticamente lido nada sobre ele pensei tratar-se de um drama existencial sobre a infelicidade de uma mulher apaixonada que fora trocada por outra, vendo sua vida praticamente ser destruída por isso. Também esperava por um roteiro que explorasse mais a fundo o alcoolismo da personagem principal. Em poucas palavras, esperava por um filme dramático, com tintas pesadas sobre o fracasso pessoal. Não é bem isso o que encontrei. Sim, a personagem foi traída, colocada de lado e tem problemas com bebidas. Isso é um fato, só que o roteiro não está concentrado apenas nisso. Na verdade tudo o que se vê em torno desse tipo de construção da protagonista é apenas um pano de fundo, um aspecto secundário, do que o argumento está mesmo interessado. Sob esse ponto de vista o filme não é um drama, mas um thriller de suspense apoiado em um assassinato e na busca da verdadeira identidade do próprio assassino. Para ser sincero essa escolha achei até muito banal.

Como é de se esperar nesse tipo de suspense a premissa mais desenvolvida pelos roteiristas se resume em deixar uma série de pistas falsas no meio da investigação para confundir o espectador. Uma hora ele pensará que o personagem A é o assassino, para depois entender que quem cometeu o crime foi B. Esse tipo de fórmula se desgastou muito nos últimos anos. Não traz nada de novo. Além disso o tal mistério nem é tão complicado de descobrir... Se você for atento o suficiente conseguirá descobrir a verdadeira identidade do assassino (ou assassina) com antecedência. Assim a minha impressão foi essa mesma, a de leve decepção. "A Garota do Trem" poderia ser um ótimo drama sobre relacionamentos fracassados e a impossibilidade que certas pessoas possuem de fechar as portas do passado atrás de si para sempre. O roteiro porém ignorou isso e foi por um caminho muito mais fácil e bem mais banal.

Pablo Aluísio.

Dr. Dolittle

Título no Brasil: Dr. Dolittle
Título Original: Doctor Dolittle
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Betty Thomas
Roteiro: Hugh Lofting, Nat Mauldin
Elenco: Eddie Murphy, Peter Boyle, Ossie Davis
  
Sinopse:
Dr. Dolittle (Eddie Murphy) é um médico veterinário que descobriu ter um dom absolutamente incrível - ele consegue conversar e se comunicar com os animais. Isso obviamente o deixa em uma posição completamente à frente dos outros colegas de profissão. Só que Dolittle precisará também colocar sua vida nos eixos e para isso contará com a ajuda de seus amigos animais. Filme indicado ao MTV Movie Awards.

Comentários:
O que fazer quando você é parado numa blitz policial e no dia seguinte todos os jornais dizem que você estava com um travesti dentro do carro, supostamente comprando favores sexuais (entenda-se prostituição) e muito provavelmente será processado? Bom, no caso do Eddie Murphy o que ele fez foi lançar um filme infantil! Absurdo demais para você? Pois foi justamente isso que aconteceu. Eddie estava no meio de um escândalo sexual, com a imprensa pegando no pé, quando chegou aos cinemas esse "Dr. Dolittle". O mais curioso é que o filme acabou se saindo bem nas bilheterias, algo que era uma novidade para o comediante naquela época, já que ele vinha colecionando um fracasso comercial atrás do outro. Pelo visto o caso do travesti de certa maneira serviu para indiretamente (e pelos meios errados) divulgar o filme nos cinemas. Tirando toda essa baixaria de lado o que temos aqui é realmente um produto bem infantil, indicado para crianças até seis ou sete anos de idade. Essa coisa de animais falando não parece perder nunca a atratividade para a garotada. E sinceramente os efeitos especiais são muito bons. O carisma do velho Eddie também está lá. A única coisa realmente ruim é o roteiro, bem fraco. De qualquer forma a criançada não pareceu estar muito preocupada com isso. O sucesso acabou sendo certeiro.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

It - Capítulo Dois

Título no Brasil: It - Capítulo Dois
Título Original: It Chapter Two
Ano de Produção: 2019
País: Estados Unidos
Estúdio: New Line Cinema
Direção: Andy Muschietti
Roteiro: Gary Dauberman
Elenco: Jessica Chastain, James McAvoy, Bill Skarsgård, Bill Hader, Isaiah Mustafa, James Ransone,

Sinopse:
Mais um filme baseado na obra-prima escrita por Stephen king. A trama se passa vinte e sete anos depois dos primeiros acontecimentos mostrados no primeiro filme. Aqui o grupo de amigos vai precisar se reunir mais uma vez para enfrentar o terrível palhaço assassino Pennywise (Bill Skarsgård).

Comentários:
A crítica não gostou muito. Alguns fãs de Stephen King voltaram a criticar negativamente, mas nem essa onda toda conseguiu atrapalhar o filme em termos de bilheteria. Somando-se o mercado americano com o internacional o filme já rompeu a barreira dos 700 milhões de dólares arrecadados. Um ótimo número, ainda mais para um filme de terror e mais, uma sequência. De fato é algo inédito dentro da indústria. No mais gostei de praticamente tudo por aqui. Alguns disseram que o filme ficou longo demais e em algumas partes cansativo. Discordo. Achei tudo no lugar certo, inclusive no desenvolvimento de todos os personagens. Alguns leitores de King reclamaram dizendo que o filme não havia sido fiel ao livro original. Ora, nem o primeiro filme foi, então pedir algo assim para sua continuação não soa bem ou adequado. Literatura e cinema são linguagens diferentes. Mudanças já eram esperadas para essa adaptação para as telas. O que vale muito a pena aqui é rever todos os personagens, agora adultos, tendo que lidar com um antigo problema, o palhaço sobrenatural Pennywise. Ele está de volta para aterrorizar a vida de todos eles, para deleite dos fãs de filmes de terror.E se você gosta da obra de Stephen King, então corra para assistir. É mesmo um momento imperdível do escritor na sétima arte.

Pablo Aluísio.

Segredos Imperiais da China

Título no Brasil: Segredos Imperiais da China
Título Original: China's Megatomb Revealed
Ano de Produção: 2016
País: Inglaterra, China
Estúdio: National Geographic
Direção: Hugh Ballantyne, Kaige Chen
Roteiro: Nic Young
Elenco: Dong Chunguang, Liming Geng, Ma Kun
  
Sinopse:
Documentário da National Geographic que enfoca as revelações arqueológicas e descobertas realizadas na tumba milenar do primeiro imperador da China. Qin Shihuang foi o primeiro governante na história do povo chinês que conseguiu conquistar os cinco grandes estados que dominavam as vastas extensões territoriais chinesas de sua época, unificando pela primeira vez o enorme território da China sob um único poder. Ele reinou dois séculos antes do nascimento de Jesus e foi um dos mais sangrentos e despóticos governantes que se tem notícia na história, tendo construído a maior tumba da história, além da sempre lembrada muralha da China. 

Comentários:

O ser humano tem uma certa atração por tiranos sanguinários e assassinos. Só esse aspecto da natureza humana poderia explicar a subida ao poder de um sujeito como o primeiro imperador da China. Ele era um verdadeiro psicopata que não tinha qualquer respeito pela vida humana. No auge de seu poder teve sob seu domínio pessoal mais de 700 mil escravos que utilizou para construir uma megatumba própria. Durante dez anos ele massacrou milhares de pessoas para dar vazão ao seu ego descomunal. Esse documentário realizado na China nos dias de hoje mostra parte dessas revelações arqueológicas. Além de esqueletos de trabalhadores o filme revela também a extensão do tamanho da tumba imperial que era maior do que Manhattan!!! O interessante é que apesar de se saber sua localização e as possibilidades de descobrir tesouros incríveis o governo chinês nunca autorizou a escavação do lugar onde o imperador foi enterrado, que segue sendo intocado. O que se pesquisou foram sítios arqueológicos periféricos como aquele onde foi encontrado o exército de terracota. Soldados que o imperador queria levar para o outro mundo para continuar suas guerras de conquistas sem fim. Um documentário bem revelador que mostra até que ponto pode chegar a megalomania do ser humano. Não deixe de assistir. 

Pablo Aluísio.

domingo, 8 de janeiro de 2017

Tempestade

Título no Brasil: Tempestade
Título Original: Hard Rain
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: British Broadcasting Corporation (BBC)
Direção: Mikael Salomon
Roteiro: Graham Yost
Elenco: Morgan Freeman, Christian Slater, Randy Quaid, Minnie Driver
  
Sinopse:
Durante uma enorme tempestade, um carro forte, de transporte de valores, levando mais de três milhões de dólares, fica atolado no meio do lamaçal. A oportunidade assim se torna perfeita para que criminosos ataquem o transporte, levando a fortuna. Dito e feito. Uma grande operação é montada, o carro é metralhado, mas um dos seguranças, Tom (Christian Slater), consegue fugir, levando todo o dinheiro, em um jogo de sobrevivência. 

Comentários:
Um bom filme de ação e suspense tecendo toda uma trama de violência e morte no meio do caos. O caos aqui é o da natureza, pois os personagens tentam sobreviver no meio de uma tempestade jamais vista antes. É óbvio que o roteirista Graham Yost mesclou dois subgêneros cinematográficos bem conhecidos. Um deles, o chamado "Filme de assalto", quando geralmente temos um grupo de ladrões profissionais tentando roubar uma grande soma em dinheiro. O outro é o conhecido "Filme-catástrofe", quando um grupo de pessoas tenta sobreviver a um grande cataclisma da natureza. A boa notícia é que pelo menos aqui a fusão funcionou muito bem. Os personagens passam longe do clichê, sendo que até mesmo o xerife da cidade, o tira Mike Collins (Randy Quaid), quer roubar os milhões, mostrando que não há espaço para policiais heróis ou virtuosos dos antigos filmes. O elenco é bom, com atores da categoria de Morgan Freeman. O problema nesse aspecto porém vem da escalação de Christian Slater. Ele não tem muito cacife para levar um filme inteiro nas costas. É um ator fraco, de carisma apagado. Curiosamente o papel deveria ser de Mel Gibson, que acabou recusando por não encontrar espaço em sua agenda (na época ele estava bem ocupado trabalhando não apenas como ator, mas também como diretor). Mesmo assim o filme funciona no final das contas. "Hard Rain" sobreviveu até mesmo ao opaco Christian Slater.

Pablo Aluísio.

No Embalo da América

Título no Brasil: No Embalo da América
Título Original: Telling Lies in America
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Banner Entertainment
Direção: Guy Ferland
Roteiro: Joe Eszterhas
Elenco: Kevin Bacon, Brad Renfro, Maximilian Schell
  
Sinopse:
O filme conta a estória do imigrante Karchy (Brad Renfro) que deixa seu país natal, a Hungria, e se muda para os Estados Unidos durante a década de 1960. Lá ele conhece um novo mundo, uma nova cultura. Aos poucos vai se enturmando no novo lar. Sua vida muda porém quando conhece o DJ Billy Magic (Kevin Bacon) que promove eventos e concursos de canto, música e dança. Filme premiado pelo National Board of Review.

Comentários:
Sempre vi essa produção como uma tentativa do ator Kevin Bacon em repetir o sucesso do musical "Footloose". Dito isso é bom saber que o filme realmente não é grande coisa. Tem uma estorinha meio derivativa, quase boba, e algumas músicas pelo menos interessantes na trilha sonora. É um filme independente baseado em parte na história do próprio escritor Joe Eszterhas, também um imigrante que foi tentar "fazer a América". De certa forma, se tivesse seguido mais à risca a história real o filme poderia ser mais interessante, porém como ele é parte ficcional, não se pode esperar por nada muito espetacular. Curiosamente o roteiro só conseguiu ser filmado por causa do ator veterano Maximilian Schell. Ele comprou os direitos da adaptação e praticamente bancou de forma independente a produção do filme. Não era necessário tanto esforço, já que "Telling Lies in America" passa longe de ser uma obra prima ou algo que o valha. Embora tenha uma bonita direção de arte, com boa reconstituição de época, com todos aqueles carrões do modelo rabo de peixe dos anos 60, o roteiro deixa um pouco a desejar. Nada é muito dramático ou forte. Tudo soa meio plástico e vazio. No geral é apenas levemente divertido, nada muito acima da média. Para os fãs de Kevin Bacon (apenas para eles, é bom frisar) porém até que pode ser interessante. Mesmo assim não vá esperando por nada muito marcante ou fenomenal.

Pablo Aluísio.

sábado, 7 de janeiro de 2017

Kull - O Conquistador

Título no Brasil: Kull - O Conquistador
Título Original: Kull the Conqueror
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: John Nicolella
Roteiro: Charles Edward Pogue
Elenco: Kevin Sorbo, Tia Carrere, Thomas Ian Griffith
  
Sinopse:
Kull (Kevin Sorbo) é um guerreiro bárbaro que consegue se tornar rei em um duelo mortal. Com a morte do monarca ele seria assim o legítimo sucessor do trono, porém os herdeiros do rei morto não aceitam a subida ao poder de Kull, que dessa forma precisará lutar com toda a voracidade e fúria para sentar no trono que ele considera seu por direito e honra.

Comentários:
Mais um filme adaptado da obra do escritor Robert E. Howard. Obviamente o personagem bárbaro Kull não chega aos pés do guerreiro mais popular criado por Howard, o Conan. Mesmo assim há aspectos que poderiam ser bem aproveitados nas telas, como as origens do guerreiro descritas no livro original  (ele teria nascido na Atlântida Pré-Cataclísmica há mais de 10 mil anos, crescido com piratas selvagens, lutado grandes batalhas). Infelizmente todo o passado glorioso de Kull acabou sendo colocado de lado pelos produtores desse filme para se contar apenas uma estorinha quase que completamente banal. O curioso é tudo isso partir de Raffaella De Laurentiis, a filha do grande produtor Dino. Ela poderia ter aprendido mais com a experiência do pai (que produziu os dois primeiros filmes de Conan para o cinema) e ter optado por um roteiro melhor. O elenco também não colabora muito. Sempre achei muito equivocada a escolha do astro de TV Kevin Sorbo para interpretar o protagonista. Isso porque ele já estava muito associado às séries "Hércules" e "Xena", o que prejudicou bastante o filme como um todo. Assim, no geral, o filme apresenta muitos problemas. Para os fãs da obra de Robert E. Howard essa produção é certamente uma das piores já feitas. Não chegaria a tanto. Tudo bem, passa longe de ser um bom filme, mas pelo menos diverte, se você conseguir se focar apenas na pura diversão sem pretensões.

Pablo Aluísio.

Dr. T E as Mulheres

O diretor Robert Altman foi um cineasta talentoso, mas também teve sua cota de bobagens em sua filmografia. Afinal ninguém é perfeito nesse mundo. Antes de falecer em 2006 Altman deu essa derrapada ao dirigir esse fútil exercício sobre o nada absoluto chamado "Dr. T & the Women". O filme é bem fraco, com enredo girando em torno de um médico bonitão e metido a conquistador chamado Dr. T. O papel foi dado para Richard Gere que aqui não faz nada muito além do básico, exagerando com seus momentos de canastrice assumida. Ele precisa resolver uma série de problemas envolvendo ex-namoradas, esposas, clientes, filhas, conhecidas, ou seja, tentando superar todas as mulheres que giram em torno de sua vida.

Como Altman bem gostava de fazer, o roteiro é todo no estilo mosaico, com inúmeras estórias acontecendo ao mesmo tempo sem transparecer que elas estejam ligadas de alguma forma. Só no final todas as pontas e linhas se ligam, mostrando que no fundo era um só elo de ligação unindo todos os personagens. No fim de tudo quem salva a produção de afundar completamente é o seu elenco feminino. Fazendo jus ao título do filme as mulheres se destacam, desde as beldades mais jovenzinhas como Tara Reid, Kate Hudson e Liv Tyler, até as mais maduras como Helen Hunt e Farrah Fawcett. Essa última aliás, a famosa pantera loira da popular série de TV nos anos 70, teve um raro momento de destaque no cinema. Sempre achei a Farrah Fawcett bem injustiçada em Hollywood. Talvez por ser uma bela mulher, símbolo sexual, nunca a levaram à sério como atriz dramática. Uma pena. O Altman até tentou lhe dar uma chance aqui, mas como o filme como um todo é bem fraco seus esforços acabaram sendo em vão.

Dr. T E as Mulheres (Dr. T & the Women, Estados Unidos, 2000) Direção: Robert Altman / Roteiro: Anne Rapp / Elenco: Richard Gere, Helen Hunt, Farrah Fawcett, Laura Dern, Shelley Long, Tara Reid,  Kate Hudson, Liv Tyler / Sinopse: Bem sucedido na carreira profissional, o médico Dr. T (Gere) vive uma verdadeira bagunça na sua vida emocional e afetiva. Filme indicado ao Leão de Ouro do Festival de Veneza.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

O Principal Suspeito

Título no Brasil: O Principal Suspeito
Título Original: Nightwatch
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Dimension Films
Direção: Ole Bornedal
Roteiro: Ole Bornedal
Elenco: Ewan McGregor, Nick Nolte, Josh Brolin, Patricia Arquette
  
Sinopse:
Martin Bells (Ewan McGregor) é um jovem estudante de direito que para pagar suas contas até sua formatura acaba arranjando emprego como guarda noturno em um necrotério. Seu turno é realizado durante as madrugadas e é justamente nesse horário que ele descobre que algo muito estranho anda acontecendo pelos corredores escuros do lugar onde trabalha. Pior do que isso, ele termina sendo acusado de uma série de crimes ligados ao morgue que ele definitivamente não cometeu. Agora terá que se virar para sobreviver e provar sua inocência.

Comentários:
A Dimension Films é uma companhia cinematográfica especializada em filmes de fantasia, terror e suspense. Nos anos 90 ela produziu esse curioso filme de suspense e ação que chamou bastante a atenção da crítica. Na verdade o que temos aqui é um thriller psicológico muito bem amarrado, com roteiro inspirado, que usa de uma situação básica e banal para dar origem a um grande e complexo sistema envolvendo crimes em série. A imagem que sempre me vem à cabeça em relação a essa produção é a de um jovem Ewan McGregor desesperado com um taco de beisebol nas mãos percorrendo as salas e corredores sinistros de um necrotério, completamente sozinho à noite, sem saber que está entrando em um perigoso jogo mortal. O grande diferencial é que na direção temos a presença do talentoso cineasta dinamarquês Ole Bornedal. Embora não fosse na época muito conhecido nos Estados Unidos ele tinha uma reputação e tanto em seu país natal. Realmente ele dirigiu excelentes filmes como "Nightwatch - Perigo na Noite". Assim ele acabou imprimindo para essa produção Made in USA aquele ritmo mais sofisticado e cadenciado das produções europeias, o que trouxe um estilo muito elegante ao filme como um todo. Infelizmente como não conseguiu ser muito bem sucedido dentro da indústria americana em termos comerciais acabou voltando para a Dinamarca. Não faz mal, esse "O Principal Suspeito" é sem dúvida o legado e a prova de seu talento como Filmmaker. Filme vencedor do Málaga International Week of Fantastic Cinema na categoria de Melhor Direção.

Pablo Aluísio.

O Príncipe do Egito

Título no Brasil: O Príncipe do Egito
Título Original: The Prince of Egypt
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: DreamWorks Animation
Direção: Brenda Chapman, Steve Hickner
Roteiro: Philip LaZebnik, Nicholas Meyer
Elenco: Val Kilmer, Ralph Fiennes, Michelle Pfeiffer, Sandra Bullock, Patrick Stewart, Helen Mirren
  
Sinopse:
Baseado no texto bíblico, "O Príncipe do Egito" conta a história de Moisés (Val Kilmer). Originário do povo judeu ele é abandonado nas águas do Rio Nilo. Encontrado por uma mulher pertencente à família real do Egito acaba sendo criado como um verdadeiro príncipe da realeza daquela antiga nação, até descobrir suas origens. Chamado por Deus para libertar seu povo, Moisés começa uma verdadeira saga pessoal que marcaria a história para sempre. Filme vencedor do Oscar na categoria melhor canção original ("When You Believe" de Stephen Schwartz). Também indicado ao Globo de Ouro na mesma categoria.

Comentários:
Quando Spielberg criou o novo estúdio DreamWorks ele bem sabia que para vencer nesse concorrido mercado cinematográfico, ele teria que vencer também no mundo da animação. Não era fácil. Havia obviamente o domínio completo da Disney, algo consolidado por anos e anos de tradição. Fora o estúdio do Mickey Mouse havia igualmente vários outros estúdios consolidados no meio. Assim abrir um canal de sucesso foi um dos grandes obstáculos para Spielberg e sua empresa. "O Príncipe do Egito" tinha uma proposta bem inovadora, adaptando o velho testamento para um longa-metragem de animação. A história de Moisés, amplamente conhecida, ganhou assim sua versão animada. Ficou realmente muito bom, porém o peso de ser comparado com o grande clássico da era de ouro "Os Dez mandamentos" cobrou o seu preço. A animação do estúdio de Spielberg não foi considerada tão grandiosa ou marcante como o filme original. Também pudera, era uma comparação absurda e fora de propósito. De toda forma a indicação segue valendo. Do que a DreamWorks produziu ao longo de todos esses anos em termos de desenhos animados, esse é seguramente um de seus melhores momentos na sétima arte. Vale muito a pena conferir.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Um Refúgio

O filme se passa na Guerra Civil americana. Logo na introdução os produtores colocaram uma frase do general da União William Sherman, um dos mais notórios e infames carniceiros daquele conflito que devastou os Estados Unidos. Na opinião de Sherman a guerra sempre seria um lugar de crueldade e violência, não importando as outras coisas que se atribuíam a ela. Nesse ponto ele tinha razão, haja visto que ele promovia todos os tipos de atrocidades por onde passava. Foi certamente uma figura histórica desprezível. Pois bem, o filme mostra uma fazenda no sul prestes a ser invadida pelas tropas de Sherman. Sua tática era destruir não apenas os exércitos confederados, mas também o espírito dos sulistas. Para isso valia de tudo, até mesmo crimes de guerra como estupros, assassinatos à sangue frio e violência irracional. E é justamente isso que ocorre quando dois batedores do exército da União chegam em um pequeno povoado do sul.

Ao se depararem com a bela Augusta (Brit Marling) eles resolvem persegui-la, indo até sua fazenda no meio rural. O pior é que Augusta está praticamente indefesa. Os homens da casa foram embora lutar na guerra e lá ficaram apenas ela, sua irmã mais jovem que está doente e uma escrava negra. Os yankees estão chegando com toda a brutalidade conhecida e Augusta precisa defendê-las! Para isso conta apenas com um velho rifle e muita coragem. O roteiro explora basicamente essa situação e o faz muito bem. Obviamente em temos de guerra era de se esperar por muita violência e isso certamente você encontrará no filme. Há inclusive cenas de estupro e assassinatos sumários. O ponto de vista de uma mulher, civil, tentando sobreviver a uma guerra insana como aquela, é o grande triunfo desse roteiro, porque ao invés de explorar as grandes batalhas ele foca sua ponto de vista para o medo e a agonia de quem está fora do campo de batalha, em casa, mas que teve que lidar com tudo após a própria guerra chegar em sua porta. Um bom filme, valorizado por algumas belas cenas como a que está no poster, com Augusta vendo o horizonte vermelho por causa das explosões no front de batalha.

Um Refúgio (The Keeping Room, Estados Unidos, 2014) Direção: Daniel Barber / Roteiro: Julia Hart / Elenco: Brit Marling, Hailee Steinfeld, Sam Worthington / Sinopse: Três mulheres tentam sobreviver em uma velha casa de fazenda do sul quando os primeiros soldados da União chegam na região durante a Guerra Civil Americana. Em tempos de vida ou morte apenas as mais fortes conseguirão sobreviver.

Pablo Aluísio.

O Despertar do Desejo

Título no Brasil: O Despertar do Desejo
Título Original: Afterglow
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Sony Pictures Classics
Direção: Alan Rudolph
Roteiro: Alan Rudolph
Elenco: Nick Nolte, Julie Christie, Lara Flynn Boyle, Jonny Lee Miller
  
Sinopse:
O filme mostra a história de dois casais infelizes. O primeiro é formado por um vazio e ambicioso homem de negócios, Jeffrey Byron (Jonny Lee Miller), e sua esposa sexualmente frustrada Marianne (Lara Flynn Boyle). O segundo com o profissional da construção civil Lucky Mann (Nick Nolte) e uma atriz fracassada de filmes B chamada Phyllis (Julie Christie). Quando Lucky é contratado para trabalhar no apartamento de Jefrey logo surge uma atração entre ele a esposa do seu contratante.

Comentários:
Casamentos infelizes geralmente rendem bons dramas, ainda mais porque a destruição de relacionamentos que deveriam durar para sempre sempre despertam a atenção do público. Esse "O Despertar do Desejo" é um drama cult dos anos 90 que explora justamente esse tipo de situação. Embora tenha sido indicado a vários prêmios pelos festivais mundo afora o grande destaque desse filme é realmente seu elenco. A começar pela presença sempre interessante de Julie Christie, uma musa do cinema clássico em sua era de ouro. Afinal é impossível esquecer Julie em seu maior papel, o da linda russa Lara em "Doutor Jivago", personagem que a marcou para sempre. Aqui ela já estava bem mais velha, porém o talento continuava intacto, tanto que acabou sendo agraciada com uma indicação ao Oscar justamente por interpretar essa atriz infeliz na profissão e no casamento. Essa foi a terceira vez que Julie Christie foi indicada ao Oscar, tendo sido premiada em 1965 com o filme "Darling - A Que Amou Demais", seguida das indicações em "Onde os Homens São Homens" em 1971 e "Longe Dela" em 2006. Julie sozinha, com seu imenso talento dramático, já vale o filme inteiro. Por isso não deixe de conferir esse grande momento de sua carreira.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

A Autópsia

Tudo se passa dentro de um necrotério. É lá que trabalham o médico legista Dr. Tommy Tilden (Brian Cox) e seu filho Austin (Emile Hirsch). A rotina de trabalho diário se resume a realizar várias autópsias, principalmente em corpos trazidos pelo xerife da cidade. A principal função é descobrir a causa mortis daquelas pessoas. Alguns foram brutalmente assassinados, outros cometeram suicídio, etc. Assim a primeira parte do filme mostra trechos de autópsias nesses cadáveres. Quem não tiver estômago forte certamente largará o filme em seus minutos iniciais. Tudo vai relativamente calmo até que chega um novo corpo no necrotério. É de uma jovem sem identificação. Assim ela logo recebe o rótulo de Jane Doe (uma expressão em inglês para designar justamente pessoas do sexo feminino sem identidade confirmada). Jane foi encontrada parcialmente enterrada no porão de uma casa onde ocorreu uma grande chacina. Todos os moradores foram encontrados mortos. A origem da moça é desconhecida, assim como a causa de sua morte. Caberá ao Dr. Tilden e seu filho investigar o que teria acontecido.

Logo nos primeiros procedimentos de autópsia eles descobrem que ela não tem qualquer marca de violência externa em seu corpo, porém quando abrem o cadáver descobrem algo interessante, pois seus órgãos internos foram mutilados e destruídos - mas como isso seria possível sem qualquer sinal de corte, ferimento ou dilaceração? Do ponto de vista científico pouca coisa faz sentido! O que eles não sabem é que Jane Doe sequer pertence ao nosso tempo. Bem, falar demais poderia estragar as surpresas do roteiro, então quanto menos se explicar o enredo, melhor. Eu gostei desse filme. É bem sabido que filmes de terror andam sem muita originalidade e criatividade. O gênero de uma maneira em geral anda saturado. Esse "The Autopsy of Jane Doe" possui algumas situações que fogem do lugar comum, do puro clichê. O espectador mais atento, por exemplo, vai logo perceber que tudo o que se vê na tela pode ser apenas um aspecto subjetivo da visão dos protagonistas, o que lança um véu de fumaça sobre os reais acontecimentos. Achei isso um aspecto bastante positivo do roteiro. Além disso há uma tendência a valorizar bastante o suspense, algo que gera pontos a favor do filme. Assim pela criatividade, pela originalidade de se tentar algo novo o filme certamente vale a pena. Basta captar todas as mensagens subliminares de seu roteiro sui generis.

A Autópsia (The Autopsy of Jane Doe, Estados Unidos, 2016) Direção: André Øvredal / Roteiro: Ian B. Goldberg, Richard Naing / Elenco: Emile Hirsch, Brian Cox, Olwen Catherine Kelly, Ophelia Lovibond / Sinopse: O cadáver de uma jovem sem identificação chega ao necrotério para se submeter a uma autópsia. Inicialmente os sinais encontrados não fazem muito sentido do ponto de vista científico. O pior porém está apenas por acontecer, quando eventos sinistros e sombrios começam a se manifestar naquele lugar lúgubre.

Pablo Aluísio.

A Maldição de Quicksilver

Título no Brasil: A Maldição de Quicksilver
Título Original: Quicksilver Highway
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: 20th Century Fox Television
Direção: Mick Garris
Roteiro: Clive Barker, Stephen King
Elenco: Christopher Lloyd, Matt Frewer, Raphael Sbarge
  
Sinopse:
Baseado na obra “Pesadelos e Paisagens Noturnas” de Stephen King, esse filme traz duas pequenas estórias. Aaron Quicksilver é um sujeito misterioso que vaga pelas estradas empoeiradas do interior dos Estados Unidos contando velhas estórias de terror para quem encontra pela frente. Em uma delas ele relembra a insensatez de um homem que havia perdido sua mão em um acidente. Na outra os apuros enfrentados por um senhor que havia adquirido uma dentadura amaldiçoada.

Comentários:
Produção feita para a TV americana que foi lançada no mercado de VHS no Brasil. O roteiro foi escrito por dois gênios do universo de terror. O escritor de livros de sucesso Stephen King escreveu o roteiro de "Chattery Teeth" e Clive Barker de "The Body Politic". De certa maneira o filme se apoia na velha fórmula de explorar pequenos contos de terror ligados entre si por um tipo de instrumento narrativo que vai ligando todas as narrativas. É interessante que assim que foi lançado o filme foi muito elogiado pela crítica dos Estados Unidos, a ponto de ser indicado ao Oscar da TV americana, o Primetime Emmy Awards. Na verdade o roteiro original quase foi adaptado para o cinema, mas o estúdio Fox, no último momento resolveu cortar custos para lançar na TV mesmo. Parte do elenco ficou, como o ótimo ator Christopher Lloyd (o Dr. Emmett Brown da série "Back to the Future"). Em termos de suspense e medo não vá esperando por algo muito assustador. A opção dos realizadores foi mesmo produzir um produto pop para consumo médio. Nada muito fora dos padrões, embora o filme seja inegavelmente bom e divertido. Faz muitos anos que vi sendo exibido pela última vez. Pode ser uma boa opção para a saturada programação dos canais a cabo. Deixo assim a dica.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Calígula - 1400 Dias de Terror

Título no Brasil: Calígula - 1400 Dias de Terror
Título Original: Caligula: 1400 Days of Terror
Ano de Produção: 2012
País: Estados Unidos
Estúdio: NorthSouth Productions
Direção: Bruce Kennedy
Roteiro: Bruce Kennedy
Elenco: Darius Arya, Corey Brennan, Lowell Byers
  
Sinopse:
Com a morte de seu tio avô, o Imperador Tibério, o jovem Caio Júlio César Augusto Germânico, conhecido como Calígula (botinhas) se torna o novo Imperador do vasto e poderoso Império Romano. No começo de seu governo, com apenas 24 anos de idade, o novo líder romano se mostra um bom político, amado pelo povo e respeitado pelo Senado. Após sofrer uma doença misteriosa e sobreviver a ela, o Imperador começa a mostrar sinais de desequilíbrio mental, agindo como um louco sádico e cruel.

Comentários:
Muito bom esse documentário com mais ou menos 90 minutos de duração que se propõe a contar a história do sanguinário e tirano Calígula. Ele esteve no poder por apenas 1400 dias, mas seu reinado foi tão terrível que mesmo após 2000 mil anos de sua morte, seu nome ainda segue sendo sinônimo de loucura e violência. O roteiro do filme tenta em termos explicar o que teria deixado o jovem imperador tão insano. Entre as explicações podem ser citadas as origens violentas de sua biografia. Toda a sua família foi assassinada pelo Imperador Tibério, que tinha laços de parentesco com o garoto Caio Júlio. Acontece que naqueles tempos antigos era considerado até normal as diversas mortes entre parentes, tudo com o objetivo de se alcançar o poder absoluto. Por fatores inexplicáveis até hoje Calígula ganhou as graças do velho imperador Tibério que o levou para morar em seu palácio isolado. Lá, ainda bem jovem, testemunhou todos os tipos de barbaridades e violência. Alguns historiadores afirmam inclusive que ele foi vítima da pedofilia de Tibério, se tornando um dos seus "peixinhos" (a forma como o decrépito líder romano se referia aos garotos que ele abusava sexualmente). De qualquer forma ao subir ao poder com a morte de Tibério, o novo Imperador se mostrou mais violento, sádico e insano que o seu antecessor. O documentário explora as ruínas do antigo império, mostra estátuas antigas de Calígula e conta com a fala de experientes professores e especialistas na história da Roma antiga. Tudo muito bem feito e realizado. Aconselho a quem queira saber mais sobre esse tirano alucinado e assassino.

Pablo Aluísio.

Morte Anunciada

Título no Brasil: Morte Anunciada
Título Original: Postmortem
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Imperial Entertainment
Direção: Albert Pyun
Roteiro: John Lowry Lamb, Robert McDonnell
Elenco: Charlie Sheen, Michael Halsey, Ivana Milicevic
  
Sinopse:
James McGregor (Charlie Sheen) está farto de sua terra natal, a cinzenta e chuvosa Escócia. Ele planeja ir embora para os Estados Unidos para começar uma nova vida, mas acaba sendo surpreendido ao ser acusado da morte de um sujeito que ele definitivamente não conhece. Para os policiais porém McGregor tem algo a esconder pois um dia antes do assassinato ele recebeu um fax incriminador em seu escritório. Agora ele terá que provar que é inocente de todas as acusações.

Comentários:
Enquanto entrava e saia da cadeia por causa de sua vida louca, o ator Charlie Sheen ia atuando em qualquer produção que surgisse pela frente. Ele estava muito endividado por causa das drogas, das prostitutas e das custas judiciais, envolvendo advogados extremamente caros que se esforçavam para deixar seu cliente fora das grades. Um dos filmes que atuou nessa época caótica foi esse "Postmortem". Por causa de questões fiscais o filme foi todo filmado na Escócia, o que não foi mal para Sheen, pois assim ele não corria o risco de ser preso bem no meio das filmagens. O filme em geral é bem mais ou menos. A produção não é das melhores e o diretor Albert Pyun (especialista em filmes de baixo orçamento, sem muita relevância) precisou confiar no roteiro. Sheen não parece muito animado em cena. Na verdade seu tédio fica claro desde a primeira cena, mas no final das contas isso até que não é tão mal já que acabou combinando perfeitamente com o inferno astral de seu personagem. É a tal coisa, um filme que foi lançado apenas em VHS no Brasil, sendo esquecido rapidamente. Nesse caso o esquecimento foi até justificável, já que o filme é realmente descartável.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

O Quarto dos Esquecidos

A premissa desse roteiro é até bem familiar para quem gosta de assistir filmes de terror. Uma família decide comprar uma antiga casa no interior. A ideia é tentar reconstruir a unidade familiar após a morte da caçula, uma garotinha recém nascida que morreu por causa de um acidente doméstico. Para Dana (Kate Beckinsale), que é arquiteta, também será uma boa oportunidade trabalhar na reforma daquele velho casarão. Há muito o que fazer e ela aos poucos vai descobrindo os lugares mais escondidos da residência. No sótão ela encontra um pequeno quarto, escondido, que parece ter sido construído no alto da casa justamente para que ninguém o encontrasse. Curiosamente o pequeno e claustrofóbico recinto não consta da planta original. Ao entrar naquela verdadeira cela ela sente uma energia negativa vindo em sua direção. Com o passar do tempo começa a ver aparições do espírito de uma garotinha que parece assustada e infeliz.

Procurando por respostas Dana começa a descobrir o passado daquela velha casa. Ela pertenceu a um juiz da cidade, um homem cruel e frio, que tinha um segredo a esconder. Sua filha nasceu com problemas de deficiência e ele a escondeu do mundo, por pura vergonha e canalhice. Aos poucos Dana vai ligando o passado com as assombrações que vão surgindo pelo meio do caminho. Não será algo fácil a se superar uma vez que ela própria também tem seus traumas pessoais, que vão se entrelaçando com o desespero que parece reinar naquele lugar. De maneira em geral "O Quarto dos Essquecidos" se mostra bem eficiente, embora apresente alguns problemas. Os produtores afirmam que a história do filme foi baseada em fatos reais e isso obviamente aumenta o interesse. Porém notei uma certa pressa em se contar tudo. Como o filme foi lançado nas salas de cinema, dentro do circuito mais comercial para consumo rápido, essa narrativa mais pop, digamos assim, prejudicou um pouco o suspense que poderia ter sido melhor explorado. As situações vão surgindo na tela de forma muito rápida, sem tempo para desenvolver com mais calma as cenas. Com isso o filme perde um pouco em termos de clima. De qualquer forma, mesmo com esse pequeno problema de pressa, ainda há um bom roteiro a se mostrar. Acabei gostando do filme, muito embora deva confessar que ele soa muitas vezes em grandes novidades. Como diversão mais pop porém funciona perfeitamente.

O Quarto dos Esquecidos (The Disappointments Room, Estados Unidos, 2016) Direção: D.J. Caruso / Roteiro: D.J. Caruso, Wentworth Miller / Elenco: Kate Beckinsale, Mel Raido, Lucas Till / Sinopse: Jovem família passa a ser assombrada por espíritos perturbados após se mudar para um velho casarão do interior. O lugar no passado foi residência de um cruel magistrado e palco de um crime sangrento e desumano.

Pablo Aluísio.

Crime em Palmetto

Título no Brasil: Crime em Palmetto
Título Original: Palmetto
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Castle Rock Entertainment
Direção: Volker Schlöndorff
Roteiro: James Hadley Chase, E. Max Frye
Elenco: Woody Harrelson, Elisabeth Shue, Gina Gershon
  
Sinopse:
Na ensolarada Flórida, a fútil e ambiciosa Rhea Malroux (Elisabeth Shue) faz um pacto criminoso com o jornalista Harry Barber (Woody Harrelson). Ele deve simular um sequestro envolvendo ela, para tirar dinheiro de seu marido, um milionário que ela sinceramente detesta. Barber, que acabou de sair da prisão, acaba aceitando a proposta, mal sabendo ele na mortífera armadilha em que está se envolvendo.

Comentários:
A atriz Elisabeth Shue interrompeu uma promissora carreira no cinema para se formar na prestigiada universidade de Harvard nos Estados Unidos. Após a conclusão de seu curso ela tentou várias vezes retomar seu trabalho como atriz e esse thriller policial chamado "Palmetto" foi uma das tentativas. O filme não teve grande bilheteria e no Brasil só foi lançado em vídeo, mesmo assim há coisas interessantes nessa produção. A primeira delas é a forma em que o roteiro tenta reviver os antigos filmes noir dos anos 40. Claro que sob uma perspectiva histórica não há comparações, porém essa personagem interpretada por Shue traz todos os elementos que fizeram a fama das famosas mulheres fatais dos filmes antigos clássicos. Em essência ela é uma víbora que se aproveita da fragilidade dos que estão ao redor para manipula-los ao seu bel prazer. Uma psicótica que tenta dar um grande golpe em seu marido, ao mesmo tempo em que destrói a vida do jornalista que a ajuda nessa empreitada criminal. Outro ponto a favor é a atuação do ator Woody Harrelson. Sempre gostei de seu estilo. Seu jeito redneck de ser é uma marca característica que sempre funciona. Então deixamos a dica desse bom policial que explora o lado mais sórdido dos seres humanos. Afinal todo cuidado é pouco.

Pablo Aluísio.

domingo, 1 de janeiro de 2017

Passageiros - Curiosidades

10 Curiosidades sobre o filme "Passageiros"

1. O filme está em cartaz em todo o Brasil. A produção foi realizada com orçamento generoso, de 110 milhões de dólares, mas não tem se saído muito bem nas bilheterias americanas.

2. O filme também anda colecionando críticas ruins. Muitos criticaram a opção nada ética ou honesta do personagem principal que tira uma jovem passageira da hibernação apenas para satisfazer seus caprichos e desejos, a condenando a nunca mais chegar em seu destino final.

3. O roteiro foi escrito em 2007, mas só conseguiu aprovação de um estúdio quase uma década depois. Embora a trama seja bem original, alguns produtores temiam uma reação negativa por causa do ato do personagem principal.

4. Andy Garcia foi um dos primeiros atores a serem contratados. Ele ficou completamente surpreso depois ao receber o script e perceber que não tinha nenhum diálogo em cena, ficando apenas pouco mais de um minuto na tela. Quase recusou sua participação ao saber disso, mas como já havia assinado o contrato cumpriu sua obrigação.

5. A atriz Jennifer Lawrence recebeu 20 milhões de dólares por seu trabalho no filme. Já o ator Chris Pratt levou 12 milhões por sua atuação. Depois da conclusão do filme a atriz explicou que exigiu um cachê maior para acabar com o estigma de que em Hollywood as mulheres recebem cachês bem menores do que os homens.

6. A personagem de Jennifer Lawrence se chama "Aurora" por causa da personagem de "A Bela Adormecida". O roteiro aliás está cheio de pequenas referências pop como essa.

7. O diretor do filme explicou que as cenas de bar foram completamente inspiradas no clássico "O Iluminado" de Stanley Kubrick. Inclusive o figurino do barman é exatamente o mesmo.

8. O filme seria inicialmente estrelado por Keanu Reeves. Ele cogitou realmente estrelar a produção mas depois desistiu. Para a revista Variety o ator caiu fora por achar que seria criticado por causa do personagem "politicamente incorreto" que teria que fazer.

9. O roteiro traz várias referências ao clássico da ficção "2001: A Space Odyssey". Parte da ideia inclusive partiu logo após o roteirista Jon Spaihts assistir ao clássico imortal de Stanley Kubrick.

10. Laurence Fishburne foi escalado para o filme por causa do papel de capitão de uma nave espacial que desempenhou em "O Enigma do Horizonte". O nome do personagem inclusive é o mesmo.

Pablo Aluísio. 

Passageiros

Sinceramente falando não me lembro de ter assistido nada parecido a isso. O filme se passa em uma grande espaçonave que cruza o universo em direção a um planeta chamado Homestead II. É para lá que vão mais de cinco mil passageiros (fora a tripulação) em busca de um novo lar. Como as distâncias são enormes, com a viagem prevista para 120 anos terrestres, todos são colocados em câmaras de hibernação. Apenas quatro meses antes de chegar na nova colônia é que todos seriam despertados. O problema é que a nave passa por uma chuva de asteroides e começa a apresentar defeitos técnicos. Um dos passageiros, o mecânico Jim Preston (Chris Pratt), é despertado antes da hora. Sua câmara é aberta por causa de um defeito e ele se vê na terrível situação de ter sido retirado da hibernação fora da hora, mais exatamente 90 anos antes da espaçonave chegar em seu destino! E não há possibilidade dele retornar para a câmara que foi feita para ser aberta uma única vez. Imaginem o desespero. Antes mesmo de chegar no novo planeta ele obviamente já estará morto!

E Jim fica nessa situação desesperadora por um longo ano de viagem - vivendo praticamente sozinho na grande nave, sem ter nenhum ser humano para conversar ou conviver. Apenas o robô barman Arthur (Michael Sheen) traz uma falsa impressão que ele realmente não está sozinho nessa longa viagem que para ele não terá fim e nem um destino. Então Jim toma uma decisão moralmente condenável, mas compreensível, ao despertar uma jovem escritora de sua hibernação. Obviamente ele jamais poderia fazer isso, mas acaba tomando a decisão, trazendo Aurora Lane (Jennifer Lawrence) para seu convívio. Muito bem, se eu fosse definir esse filme de maneira bem simples diria que se trata mesmo de um "Romance Espacial". Achou estranho? Pois é, o roteiro soa assim realmente. Claro que um casal sozinho em uma nave enorme iria se relacionar mais cedo ou mais tarde e assim começa a parte romântica do filme que não é de todo mal, pelo contrário, acaba se revelando a melhor coisa dessa ficção. Eles sabem que estão condenados a viver até o fim de seus dias dentro dos corredores daquele nave espacial e acabam se apaixonando. Acabei gostando do filme, confesso. A fita tem colecionado críticas negativas, mas como passo longe de ser um desses críticos ranzinzas, terminei curtindo a proposta do roteiro. Claro que contou pontos a favor disso o fato de ter um lado romântico à prova de tudo. O namoro dos personagens acabou fazendo com que eu ficasse cativado pelo filme. Até Oscar Wilde gostaria, tenho certeza. O romantismo é meio bobo mesmo, mas não existe nada melhor, pode ter certeza. Deixe o emocional falar mais alto e se divirta!

Passageiros (Passengers, Estados Unidos, 2016) Direção: Morten Tyldum / Roteiro: Jon Spaihts / Elenco: Jennifer Lawrence, Chris Pratt, Michael Sheen, Andy Garcia / Sinopse: Dois passageiros de uma viagem espacial acabam sendo despertados antes da hora de suas câmaras de hibernação, o que acaba selando seus destinos para sempre.

Pablo Aluísio.