quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Death Note

A Netflix adaptou esse "Death Note" da obra criada pelo artista  japonês Tsugumi Ohba. É uma adaptação Made in USA, o que já não é uma boa notícia. Como o material original já tinha uma legião de fãs o esperado aconteceu: choveram críticas e mais críticas dos admiradores do anime. Mais do que isso, muitos ficaram enfurecidos com o que assistiram aqui. O pior para a Netflix é que todas as queixas foram mais do que justificáveis. Realmente essa versão de "Death Note" é bem ruinzinha. Não houve capricho ou cuidado com o material que lhe deu origem. A produção é fraca e o roteiro não ajuda muito. Para quem não conhece o enredo, a trama é até bem interessante. Tudo começa quando um livro obscuro vai parar nas mãos de um jovem estudante, Light Turner (Nat Wolff). Ele é um estudante brilhante, de ótimas notas, que nas horas vagas aproveita para ganhar algum dinheiro, fazendo o trabalho para os outros alunos.

O tal livro tem o poder de ceifar a vida de qualquer pessoa que tenha seu nome escrito em suas páginas. Assim ensina a criatura Ryuk (Willem Dafoe), uma espécie de demônio que começa a aparecer para Light, após ele pegar o livro para si. E então o estudante começa a escrever nomes de criminosos no livro, numa tentativa de limpar a sociedade desses marginais. O que porém começa com boas intenções logo foge do controle, criando um verdadeiro caos em sua vida. Sinceramente, é um caso típico de desperdício de boas ideias. O anime original inclusive sempre foi muito elogiado por público e crítica. Ao tentarem criar uma versão americana da história parece que tudo se perdeu, inclusive o clima e o charme dos personagens japoneses. O elenco também é todo fraco, com jovens sem muito talento. O único que se sobressai, mesmo debaixo de um roupa de monstro, é o veterano Willem Dafoe. Todo o resto sequer é digno de nota. Então é isso, uma versão desnecessária e mal realizada de um material que poderia render muito mais, caso fosse melhor trabalhado pelos produtores americanos.

Death Note (Estados Unidos, 2017) Direção: Adam Wingard / Roteiro: Charley Parlapanides, Vlas Parlapanides / Elenco: Nat Wolff, Willem Dafoe, Lakeith Stanfield, Margaret Qualley, Shea Whigham / Sinopse: Jovem colegial, Light Turner (Wolff) coloca as mãos em um livro obscuro, que tem o poder de acabar com a vida daqueles cujos nomes são escritos em suas páginas. Com ele em seu poder começa a fazer uma espécie de "justiça pelas próprias mãos", em prol da sociedade, mas tudo acaba dando muito errado.

Pablo Aluísio.

Na Teia de Aranha

Essa foi a segunda vez que o ator Morgan Freeman interpretou o especialista forense Alex Cross. O primeiro filme havia sido lançado três anos antes com o título nacional de "Beijos que Matam". Baseados nos romances policiais escritos por James Patterson, essas produções eram muito boas, com roteiros que prendiam o espectador da primeira à última cena. Algo cada vez mais raro de encontrar nos dias de hoje. Curiosamente o que prometia ser uma longa franquia para Freeman acabou se encerrando aqui nesse segundo filme, sem maiores explicações. Uma pena. Pois bem o enredo desse segundo filme era também tão interessante quanto o primeiro filme.

Arrasado depois de ter sua parceira assassinada por um serial Killer, Cross pensa em se aposentar, mas logo precisa voltar à ativa porque outro assassino em série começa a atuar na capital dos Estados Unidos. Ele rapta a filha de um senador e toda a força policial é colocada para encontrar seu paradeiro. Cross porém logo percebe, com sua vasta experiência, que o criminoso está na verdade tecendo uma complexa rede, tal como se fosse um jogo entre ele e os investigadores que estão à sua procura. Por essa razão ele passa a ser chamado de Spider, justamente por seu modo de agir. No final quem acaba ganhando é o espectador pois esse é um daqueles bons filmes sobre serial killers que não decepcionam. Além disso vamos combinar, esse tipos, a dos assassinos seriais, sempre rendem bons momentos no cinema.

Na Teia de Aranha (Along Came a Spider, Estados Unidos, 2001) Direção: Lee Tamahori / Roteiro: Lee Tamahori, baseado no livro escrito por James Patterson / Elenco: Morgan Freeman, Michael Wincott, Monica Potter / Sinopse: Talentoso investigador forense precisa voltar à ativa, na véspera de sua aposentadoria, para perseguir e encontrar um serial killer que sequestrou a filha de um importante senador dos Estados Unidos. Destaque para a trilha sonora composta por Jerry Goldsmith, que foi premiada pelo BMI Film & TV Awards.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

It: A Coisa

A obra original escrita por Stephen King é considerada por muitos como o seu último grande livro. São mais de mil páginas, divididas basicamente em duas linhas narrativas, uma no passado e outra no presente, mostrando um grupo de amigos que desde a adolescência precisam lidar com uma estranha criatura maligna que se alimenta de medo e pavor. Já houve uma minissérie no começo dos anos 90 que foi adaptada do livro de King, mas como era de se esperar os recursos tecnológicos da época não conseguiram transpor a trama da literatura para a tela com muito êxito. Agora a New Line (produtora especializada em fitas de terror) trouxe para o cinema, finalmente depois de tantos anos, esse livro de Stephen King, ou pelo menos parte dele. Isso porque nesse filme só temos uma linha narrativa, justamente a passada na adolescência dos personagens, quando eles são apenas garotos que estudam na escola local. A primeira cena, do desaparecimento de um menino que sai em busca de um pequeno barquinho de papel que cai em um bueiro, já é pode ser considerada um pequeno clássico moderno do terror. Aqui fizeram tudo com perfeição. Depois que esse garoto desaparece tudo começa a girar em torno do desaparecimento não apenas dele, mas de várias outras crianças. A cidadezinha do Maine onde tudo acontece (velho instrumento de narração dos livros de Stephen King) surge como um lugar bem bizarro e assustador. Logo as crianças começam a ter pesadelos com "It" (a coisa) que pode assumir as mais diversas formas, mas que parece ter especial apreço pela figura de um palhaço, o Pennywise.

E assim se desenvolve o filme. Muitas pessoas que assistiram a "It - A Coisa" chamaram a atenção para o fato dessa produção se parecer bastante com um filme dos anos 80. Ora, o livro foi publicado originalmente em 1986, então obviamente é sim um produto dos anos 80. Inclusive poderíamos até mesmo defini-lo como uma espécie de "Goonies encontra Pennywise" sem perder muita a essência da estória. No mais é importante dizer que apesar desse novo filme ser muito bom, ele ainda deixa bastante a desejar se formos compará-lo ao livro de King. Os roteiristas não apenas usaram somente uma parte do enredo como também cortaram bastante em relação aos próprios personagens, pois King os definiu com muito mais conteúdo em suas páginas. Era algo normal e previsível de acontecer. Seria impossível mesmo levar um livro de mil páginas para um longa metragem sem ter que cortar muita coisa. De qualquer maneira, mesmo com essas mudanças, não se engane, pois esse "It - A Coisa" é seguramente um dos melhores filmes de terror do ano.

It: A Coisa (It, Estados Unidos, 2017) Direção: Andy Muschietti / Roteiro: Chase Palmer, Cary Fukunaga, baseados no best seller escrito por Stephen King / Elenco: Bill Skarsgård, Jaeden Lieberher, Finn Wolfhard / Sinopse: Um grupo de garotos descobre que uma estranha criatura sobrenatural está aterrorizando sua cidade nos anos 80. Eles a chamam simplesmente de "It" (a coisa). Essa entidade que veio diretamente do inferno parece se alimentar do medo alheio, assumindo as mais diversas formas para espalhar o horror. Filme vencedor do Golden Trailer Awards na categoria de Melhor Trailer do ano - Filme de Terror.

Pablo Aluísio.

Café Society

Mais um filme dessa fase mais romântica e soft do diretor Woody Allen. Aqui ele usa como cenário a era de ouro do cinema americano para contar um enredo até muito simples, envolvendo um triângulo amoroso que acaba deixando marcas, mesmo com o passar do tempo. Tudo começa quando o jovem Bobby (Jesse Eisenberg) decide se mudar para Hollywood. Ele está desempregado e sem perspectivas. Quem sabe consiga algo com seu tio, que é um famoso e influente agente de atores (interpretado por, ora vejam só, o comediante Steve Carell). Pois bem, depois de tentar se esconder do próprio sobrinho o tio percebe que não tem mais como enrolar e acaba arranjando um emprego para o rapaz em seu próprio escritório. Lá também trabalha a secretária Vonnie (Kristen Stewart). Os dois possuem a mesma idade e saem para dar umas voltas pela cidade. Nem precisa dizer que Bobby fica caidinho por Vonnie, sem saber que ela na verdade tem um caso escondido com seu próprio tio!

Pronto, Allen usa essa velha fórmula de triângulo amoroso para desenvolver a estorinha de seu filme. Tudo é bem leve, com pontuais pitadas de bom humor, usando principalmente as origens judaicas do diretor para tirar um sorrisinho aqui e outro acolá. Nada demais, realmente. O filme inclusive é bem curtinho, o que não deixou de ser uma excelente opção do diretor. Afinal se tudo é tão despretensioso para que usar uma longa duração, além do necessário, para contar seu pequeno romance, não é mesmo? Entre idas e vindas o antes inocente Bobby vai entendendo melhor as artimanhas dos seus sentimentos, os pequenos remorsos e desilusões que vão ficando pelo caminho em sua vida. Ele se torna um bem sucedido homem de negócios, gerenciando um night club, se casa, forma uma família, mas quando, por mero acaso, revê sua antiga paixão (ela mesma, a secretária Vonnie) tudo parece desmoronar! O que parecia tão sólido e firme em seus sentimentos vem abaixo de forma avassaladora. Talvez esse seja a única mensagem mais consistente de Woody Allen no filme inteiro, a perenidade de certos sentimentos e paixões que perduram mesmo após anos e anos. Todo o resto é bem leve, como condiz a proposta maior do filme em si.

Café Society (Estados Unidos, 2016) Direção: Woody Allen / Roteiro: Woody Allen / Elenco: Jesse Eisenberg, Kristen Stewart, Steve Carell, Sheryl Lee / Sinopse: Jovem se muda para Los Angeles para tentar arranjar um emprego com seu tio, um rico e bem sucedido agente de atores e atrizes em Hollywood. Na nova cidade se apaixona pela secretária de seu tio, sem saber que eles cultivam um romance às escondidas de todos. Filme indicado ao Art Directors Guild, ao Casting Society of America e ao Golden Eagle Awards.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Minha Prima Raquel

Esse filme é um remake de um antigo clássico romântico lançado em 1952 e que tinha no elenco Olivia de Havilland e Richard Burton. A trama se passa na era vitoriana quando dois primos muito próximos são separados quando um deles é diagnosticado com tuberculose. Em busca de um lugar com clima mais ameno ele vai para uma região distante onde acaba conhecendo Rachel Ashley (Rachel Weisz), também sua prima de um outro ramo da família. Não demora muito e eles se casam, mas pelas cartas que envia ao seu primo as coisas não seguem muito bem. Em pouco tempo chega a notícia de sua morte. O primo sobrevivente,  Philip (Sam Claflin), se convence que ele foi morto pela esposa, que estaia de olho em seus bens, mas será que essa suspeita teria base na realidade? Uma vez que ele não tem provas sobre isso...

Eu gosto de chamar esse tipo de narrativa de "trama Dom Casmurro", isso porque assim como aconteceu no famoso livro de Machado de Assis nunca ficamos sabendo da culpabilidade ou não da personagem principal. A Rachel dessa história em muito se assemelha a personagem Capitu de Machado de Assis. Ao longo de toda a estória você nunca saberá com certeza se ela é uma boa moça (isso levando-se em conta seu modo de ser e personalidade que aparenta ter) ou se ela é na realidade uma viúva negra, uma mulher sem escrúpulos, disposta a matar seu próprio marido para ficar com sua herança! O filme tem uma bela fotografia e aquela ambientação que já bem conhecemos, tudo remetendo ao charme da era vitoriana, com seus belos figurinos e cenários. Com um desenvolvimento bem próprio, mais ao estilo europeu de fazer cinema, essa nova versão não decepciona, mas também não inova em quase nada. Um velho problema que parece se repetir em todos os tipos de remakes cinematográficos.

Minha Prima Raquel (My Cousin Rachel, Inglaterra, Estados Unidos, 2017) Direção: Roger Michell / Roteiro: Roger Michell / Elenco: Rachel Weisz, Sam Claflin, Holliday Grainger / Sinopse: Baseado na novela romântica escrita por Daphne Du Maurier, esse filme conta a história da enigmática Rachel (Welsz), que tanto pode ser uma viúva em luto, como também uma assassina fria e inescrupulosa. O primo de seu falecido marido não consegue chegar a uma conclusão sobre isso. Pior, ele aos poucos começa a se apaixonar perdidamente por Rachel e seus encantos femininos. Filme premiado no Golden Trailer Awards.

Pablo Aluísio.

Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar

Esse é o quinto filme da franquia "Piratas do Caribe". Somando-se as bilheterias de todos os filmes anteriores o estúdio faturou quase quatro bilhões de dólares arrecadados nos cinemas! É um valor assombroso! Por isso a Disney parece não querer largar o osso. Curiosamente esse quinto filme acabou decepcionando comercialmente, mostrando que o público finalmente cansou das aventuras do capitão pirata Jack Sparrow. Com orçamento de 230 milhões de dólares (outra fortuna), o filme mal conseguiu até agora se pagar nas bilheterias de cinema. Provavelmente, depois desse pífio desempenho, a franquia finalmente chegue ao seu tão adiado final. Realmente não há muito mais a se explorar. O roteiro desse novo filme, por exemplo, é apenas uma variação de todos os anteriores. Há obviamente o protagonista carismático, sempre envolvido em cenas absurdas, um capitão querendo vingança  e alguns personagens secundários que não fazem muita diferença no final. E claro, não poderíamos esquecer, muitos efeitos visuais, os mais bem realizados de Hollywood. Aqui temos tubarões zumbis (isso mesmo que você leu!) aliados a um navio fantasma (literalmente falando) com toda a tripulação morta voltando ao mundo dos vivos para uma acerto de contas definitivo com Sparrow.

Por falar nesses marinheiros mortos, a melhor coisa do filme é justamente o vilão, o capitão espanhol Salazar (Javier Bardem), No passado ele teve seu navio afundado por uma manobra de Jack Sparrow. Sua nau bateu nos recifes e todos morreram, inclusive ele. Envoltos numa maldição eterna eles conseguem voltar ao mundo dos vivos para se vingarem finalmente de Sparrow. Os efeitos digitais são muito bem feitos, como já escrevi, em especial o visual etéreo de Salazar, com seus cabelos sempre dando a impressão de que ele está afundando no fundo do mar (afinal ele morreu justamente assim). Fora isso esse quinto filme é mais do mesmo. Há o breve retorno de alguns personagens do primeiro filme e até uma aparição divertida de Paul McCartney como o tio de Sparrow,  Pena que são apenas aspectos menores que ajudam a passar o tempo.

Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar (Pirates of the Caribbean: Dead Men Tell No Tales, Estados Unidos, 2017) Direção: Joachim Rønning, Espen Sandberg / Roteiro: Jeff Nathanson / Elenco: Johnny Depp, Geoffrey Rush, Javier Bardem, Geoffrey Rush, Orlando Bloom, Keira Knightley, Paul McCartney / Sinopse: O falecido capitão espanhol Salazar (Bardem) volta para o mundo dos vivos para se vingar do capitão pirata Jack Sparrow (Depp), a quem ele culpa por sua morte e de seus tripulantes. Filme indicado ao Teen Choice Awards.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Hércules

Vamos inicialmente para a sinopse do filme: Segundo a lenda que se espalha aos quatro ventos na Grécia Antiga, o guerreiro Hércules (Dwayne Johnson) é o filho bastardo de Zeus com uma mortal. Desde cedo colocado à prova por ser considerado um semideus, ele agora se torna mercenário contratado por um rei que se diz cercado por terríveis inimigos movidos por magia negra, em um exército de centauros poderosos comandados por um bruxo cruel e sanguinário. Mas será que isso é realmente verdade? Pois é, o velho Hércules retornou às telas. Nos anos 1950 e 1960 o personagem Hércules viveu seus melhores dias em termos de popularidade no cinema. Muitos filmes foram realizados explorando sua lenda, principalmente produções italianas de baixo orçamento. Agora, em tempos de reciclagem, um grande estúdio de cinema americano resolveu investir nesse ícone da mitologia antiga.

Curiosamente ao invés de abraçar as aventuras de um herói semideus enfrentando terríveis monstros em seus famosos trabalhos, o roteiro procura mostrar Hércules como um guerreiro mercenário, cujas lendas populares que se cantam em prosa e verso não correspondem necessariamente com a verdade. Ele seria um tipo de herói cuja fama é superestimada em relação aos acontecimentos reais. Isso trouxe aspectos positivos, mas também negativos ao filme em si. Positivo porque fugiu de certas armadilhas que afundaram filmes como "Fúria de Titãs" e negativos porque podem vir a decepcionar o fã do Hércules da mitologia clássica. Em termos de produção não há o que reclamar, o filme de fato é muito bem realizado, cortesia dos 100 milhões de dólares de seu orçamento. Dwayne Johnson, o conhecido The Rock, está adequado para o papel, mas quem rouba o show mesmo no quesito atuação é o veterano John Hurt como o Rei Cotys. Inicialmente ele surge como um monarca frágil e cercado por forças terríveis que se espalham em seu reino, para só depois mostrar sua verdadeira face. Ao redor de Hércules também surge uma galeria de ajudantes, amigos e companheiros de batalha que ele foi conhecendo ao longo de sua jornada. Esse tipo de equipe de heróis me fez recordar dos primeiros filmes de Conan, ainda com Arnold Schwarzenegger. Então é isso, temos aqui um filme divertido, pipocão, que não nega suas pretensões e nem suas origens. Se for encarado apenas dessa forma sem dúvida lhe proporcionará uma sessão despretensiosa de pura diversão.

Hércules (Hercules, Estados Unidos, 2014) Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer / Direção: Brett Ratner / Roteiro: Ryan Condal, Evan Spiliotopoulos / Elenco: Dwayne Johnson, John Hurt, Ian McShane / Sinopse: Novo filme explorando as aventuras do herói da mitologia grega, Hércules. Aqui ele enfrenta novos e perigosos desafios que testarão sua força digna de um semideus. Filme indicado ao Teen Choice Awards nas categorias Melhor Filme de verão e Melhor astro de Filme de verão.

Pablo Aluísio.

A Lenda do Pianista do Mar

Título no Brasil: A Lenda do Pianista do Mar
Título Original: La leggenda del pianista sull'oceano
Ano de Produção: 1998
País: Itália
Estúdio: Medusa Film, Sciarlò Company
Direção: Giuseppe Tornatore
Roteiro: Alessandro Baricco, Giuseppe Tornatore
Elenco: Tim Roth, Pruitt Taylor Vince, Bill Nunn

Sinopse:
No começo do século XX, nasce a bordo de um navio um menino que é batizado com o nome de Danny Boodmann (Tim Roth). Os anos passam e ele aprende a tocar piano. Se torna um grande músico. Só que ele nunca deixa o navio onde nasceu.

Comentários:
O cinema italiano tem uma longa tradição em filmes emocionais, nostálgicos e líricos. O cineasta Giuseppe Tornatore (de "Cinema Paradiso", "Malena" e "Lembranças de um Amor Eterno") sempre teve grande talento para dirigir filmes nessa linha. Aqui ele assina uma de suas obras mais ternas, mais sensíveis. Tudo parece seguir como se fosse uma grande fábula. Isso é uma característica da obra original, uma peça teatral em forma de monólogo, onde um ator no palco contava a estória do tal pianista do mar. E em um filme onde a música é tão importante, o espectador ainda é presenteado com uma linda trilha sonora assinada pelo grande mestre da música no cinema Ennio Morricone, que inclusive foi premiado merecidamente com o Globo de Ouro por esse trabalho. Mais do que justo, merecido! Em termos de premiação aliás o filme foi muito bem, inclusive vencendo em várias categorias importantes do David di Donatello Awards, uma das premiações mais importantes do cinema italiano. Belo e poético, esse "A Lenda do Pianista do Mar" é uma excelente pedida para aquele tipo de público mais sensível, que gosta de cinema de arte produzido na Europa.

Pablo Aluísio.

domingo, 3 de setembro de 2017

Eu, Daniel Blake

Essa produção inglesa foi bastante elogiada pela crítica, fazendo uma excelente carreira em festivais internacionais de cinema. Seu roteiro realista critica a ineficiência do Estado, atolado em atividades burocráticas, a maioria delas não fazendo qualquer sentido prático. O protagonista é um trabalhador comum, um marceneiro, chamado Daniel Blake. Certo dia ele sofre um infarto no trabalho. Sua médica o aconselha a não mais trabalhar, com risco de sofrer um segundo infarto, que na sua idade seria praticamente fatal. Blake então vai até o centro de assistência social do governo inglês e então começa seu calvário. O procedimento para receber uma ajuda governamental, enquanto ele ainda não está trabalhado, é absurdamente Kafkiana. Uma infinidade de petições, protocolos, recursos e tudo o mais em que chafurda a burocracia estatal. Enquanto isso Blake vai definhando, sem dinheiro e sem condições de trabalhar para se sustentar.

Ele também conhece uma jovem mãe solteira, que vive com duas crianças, em estado de grande pobreza. Ela chega a roubar alimentos em um pequeno mercado do bairro e acaba indo parar em uma atividade moralmente condenável, embora tenha sido a única saída para ela sustentar as crianças. Como se vê é um filme que mostra pessoas comuns, sofrendo as piores situações, para simplesmente sobreviver com o mínimo de dignidade. O Estado, criado justamente para auxiliar nesses casos, se apresenta como uma máquina absurdamente ineficiente, cheia de servidores ineptos e incompetentes, levando um homem a perder praticamente todos os seus direitos. Um bom filme, muito consciente do ponto de vista social, demonstrando acima de tudo como pode ser cruel a máquina burocrática de um sistema falido.

Eu, Daniel Blake (I, Daniel Blake, Inglaterra, Bélgica, 2016) Direção: Ken Loach / Roteiro: Paul Laverty / Elenco: Dave Johns, Hayley Squires, Sharon Percy / Sinopse: Daniel Blake (Johns), um trabalhador comum, homem honesto, passa por todas as dificuldades possíveis para ser aprovado em um sistema de proteção social. Ele perdeu sua capacidade de trabalho após sofrer um infarto, está sem dinheiro e precisa de ajuda para sobreviver. Filme premiado pelo BAFTA Awards na categoria de Melhor Filme Britânico do Ano. Também premiado pelo Cannes Film Festival.

Pablo Aluísio.

Viktor

O roteiro desse filme não necessariamente é aquele tipo que esperaríamos encontrar em uma fita estrelada por Gérard Depardieu. Está mais para Charles Bronson. Explico. A trama é bem simples. Depardieu interpreta um envelhecido membro da máfia russa. Após ficar sete anos preso na França por seus crimes ele volta às ruas. Sua primeira atitude é ir atrás do seu filho, que não vê há anos. Então descobre que ele foi assassinado, provavelmente por um contrabandista russo de diamantes. De volta a Moscou, Viktor (Depardieu) decide então fazer justiça pelas próprias mãos. Ele arma ciladas, onde vai pegando um a um do grupo de responsáveis pela morte de sua filho, um rapaz que tinha problemas com drogas.

Primeiro Viktor aponta sua fúria contra um advogado, que trabalhava com o traficante, depois... bom, se você já assistiu a algum filme de vingança com Charles Bronson já sabe do que estou falando. Um ponto positivo (já que o roteiro é previsível) é o fato do filme ter sido rodado na Russia e em outros lugares da federação russa, como a Chechênia, por exemplo. Isso trouxe um belo cenário para as cenas, algo que não estamos acostumados a encontrar em filmes de ação como esse. Outro destaque é a presença da bela Elizabeth Hurley no elenco. A inglesa interpreta uma antiga paixão de Viktor que ele reencontra. Pena que a química de sedução entre os dois é quase nula, muito pouco verossímil para o espectador. Então é basicamente isso. Como o velho Bronson não está mais vivo era de se esperar que roteiros como esse ficassem à deriva em busca de algum ator famoso, ate que o encontrasse. Gérard Depardieu fisgou a isca. Pena que o resultado seja bem mediano realmente.

Viktor (Viktor, França, Rússia, 2014)  Direção: Philippe Martinez / Roteiro: Philippe Martinez / Elenco: Gérard Depardieu, Elizabeth Hurley, Evgeniya Akhremenko  / Sinopse: Viktor (Depardieu) é um antigo membro da máfia russa que após ficar sete anos preso na França retorna à liberdade. Agora ele almeja vingar a morte de seu filho, que foi executado por um traficante de diamentes de Moscou. Armado até os dentes, ela saiu em busca de satisfazer sua sede de vingança.

Pablo Aluísio.

sábado, 2 de setembro de 2017

Os Oito Odiados

Como o próprio material promocional do filme deixa claro temos aqui o oitavo filme de Quentin Tarantino, o segundo no gênero western. O enredo é dos mais simples: O caçador de recompensas John Ruth (Kurt Russell) aluga uma diligência para levar sua prisioneira Daisy (Leigh) até Red Rock. A viagem é dura pois é realizada no meio de uma forte nevasca. No caminho eis que surge o Major Marquis (Jackson). Seu cavalo morreu por causa do clima hostil e ele está com dois corpos de foragidos. Pretende também levá-los a Red Rock para embolsar o prêmio de suas capturas. No começo Ruth reluta em lhe dar uma carona, mas depois de um diálogo dos mais interessantes (marca registrada de Tarantino) resolve lhe ajudar. A viagem segue. Mais a frente outra surpresa. Eles encontram Chris Mannix (Goggins) no meio da estrada coberta de neve. Ele se diz o novo xerife de Red Rock. Abrindo mais uma exceção Ruth resolve lhe ajudar também. Juntos acabam parando em uma estalagem, usualmente usada como posto de paradas em longas viagens. Ela pertence a uma velha conhecida de Ruth, mas para sua surpresa ela não está lá. Também não está seu fiel companheiro. No lugar deles há um grupo de homens. Não demora muito para que Marquis desconfie que algo muito estranho está prestes a acontecer naquele lugar esquecido por Deus.

"Os Oito Odiados" é mais uma tentativa de Tarantino em levar seu estilo único para o velho oeste. A boa notícia é que ele realizou realmente um bom filme. Não diria porém que está isento de críticas. Há uma duração excessiva (quase três horas de duração para um enredo tão simples é certamente um exagero), violência insana e gratuita (nada que irá decepcionar os fãs do diretor), atos de vulgaridade desnecessários (como a cena de sexo oral com o personagem de Samuel L. Jackson) e uma quebra de ritmo no terceiro ato do filme. Mesmo assim diverte e agrada. O que salva esse filme é a mesma característica que salvou em último análise todos os filmes anteriores do diretor, ou seja, uma profusão de ótimos diálogos, o desenvolvimento psicológico de praticamente todos os personagens, além do sempre presente clima surreal de contar suas histórias. Tarantino parece ter uma mente dual, pelo menos em relação aos seus personagens e isso volta a se refletir por aqui. No geral é certamente muito interessante, longe da banalidade do que anda se vendo nas telas. Não é o melhor em termos de Quentin Tarantino, mas certamente é muito melhor do que noventa por cento do que se vê hoje em dia nas telas. Vale a pena assistir, não tenha dúvidas disso.

Os oito odiados (The Hateful Eight, EUA, 2015) Direção: Quentin Tarantino / Roteiro: Quentin Tarantino / Elenco: Kurt Russell, Samuel L. Jackson, Jennifer Jason Leigh, Tim Roth, Walton Goggins, Demián Bichir, Michael Madsen, Bruce Dern / Sinopse: O caçador de recompensas John Ruth (Kurt Russell) acaba levando de carona em sua diligência dois homens que encontrou por acaso no meio da estrada, durante uma forte tempestade. Eles acabam parando numa velha estalagem que mais se parece com um armadilha mortal. Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Trilha Sonora (Ennio Morricone).

Pablo Aluísio.

Atômica

Pensei que seria um filme bem melhor. Antes de mais nada é interessante dizer que se trata de uma adaptação livre dos quadrinhos. Escrevo a palavra "livre" porque realmente mudaram bastante coisa. No comics a protagonista é uma jovenzinha nerd com cabelos pretos. Há poucas cenas de ação. Isso para Hollywood não serviria muito. Assim  na telas a agente Lorraine Broughton (Charlize Theron) virou uma loiraça fatal, com cabelos platinados, que resolve tudo na base da porrada! A personagem original era bem mais intelectual nos quadrinhos, resolvendo as questões envolvendo espionagem mais pelo caminho da deducão, da inteligência. No cinema a Lorraine por Theron decide enfrentar tudo na base dos punhos e das armas. Perdeu em sutileza, ganhou em ação. E cenas de ação são o que não faltam durante o filme inteiro. Mal termina uma pancadaria e começa outra. Quase não há espaço para o espectador pensar um pouco sobre tudo o que está acontecendo...

E o que estaria de fato acontecendo? Basicamente agentes de vários países (Inglaterra, Estados Unidos e Rússia) lutando entre si para colocar as mãos em uma lista com os nomes de todos os agentes infiltrados por toda a Europa. O cenário onde se dá essa guerra de espionagem é a cidade de Berlim, durante o ano de 1989, às vésperas da queda do muro. E por ai vai... Surge também a identidade de um agente duplo, sua identificação também se torna vital e assim começam os jogos no tabuleiro da espionagem internacional. O filme me decepcionou um pouco justamente pela falta de um roteiro melhor, mais bem trabalhado. Filmes de espiões sempre foram mais complexos, com tramas mais bem criadas e elaboradas. Não é o que acontece aqui. O enredo pode ser definido como básico. Essa coisa de lista com nomes de espiões não é nenhuma novidade, acho até que já foi tema de algum filme de James Bond. Assim sobram apenas as várias cenas de ação, uma atrás da outra. São bem feitas, mas em certo momento cansam. Muito pouco para que o filme se torna algo memorável ou que fuja do lugar comum em que rastejam todos os blockbusters dos últimos anos.

Atômica (Atomic Blonde, Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, 2017) Direção: David Leitch / Roteiro: Kurt Johnstad / Elenco: Charlize Theron, James McAvoy, John Goodman / Sinopse: Filme baseado na graphic novel "The Coldest City", escrita por Antony Johnston. Na trama uma agente do serviço de espionagem do governo inglês é enviada até Berlim para localizar e pegar uma lista com o nome de todos os agentes secretos em atividade na Europa. A CIA e a KGB também querem a lista, o que dá origem a vários assassinatos e crimes. Filme premiado pelo Golden Trailer Awards.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

O Céu de Outubro

Título no Brasil: O Céu de Outubro
Título Original: October Sky
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Joe Johnston
Roteiro: Lewis Colick
Elenco: Jake Gyllenhaal, Chris Cooper, Laura Dern, Chris Owen, William Lee Scott, Scott Thomas

Sinopse:
Filme baseado em fatos reais. O filho de um mineiro das minas de carvão de sua cidade natal, decide estudar foguetes. Ele fica inspirado após o lançamento do primeiro satélite a ir até o espaço, o Sputnik. Para o adolescente Homer Hickam (Jake Gyllenhaal) essa seria a sua saída para um futuro melhor.

Comentários:
Bom filme que trata a ciência de uma forma bem carinhosa. O protagonista é um jovem sonhador que se une aos seus amigos para soltar foguetes. Tudo seria apenas uma diversão entre os rapazes se não fosse também um sonho, o de um dia se tornar cientista, fugindo do destino de seu pai, um trabalhador comum que se mata nas minas de carvão da região. Como se trata de uma adaptação de uma história real, baseada em um livro de memórias, podemos verificar como tudo soa nostálgico, relembrando os primeiros passos de um jovem que no futuro iria se dedicar à ciência, ao programa espacial americano. É uma espécie de sonho de virar astronauta que se tornou realidade (ou quase isso, bem próximo!). O elenco é todo bom, com atores jovens e bem talentosos. Alguns se tornariam bem famosos, como o próprio Jake Gyllenhaal que demonstrou no filme que talento realmente não tem idade. Boa diversão aliada a história mais do que interessante. Recomendo.

Pablo Aluísio.

Grandes Olhos

Fiquei surpreso como esse filme de Tim Burton foi pouco comentado em seu lançamento. A bilheteria foi muito modesta e quase ninguém falou sobre o filme na imprensa. Isso apesar de contar com um elenco muito bom e uma história mais do que interessante. O roteiro é baseado na vida real da pintora Margaret Keane (Amy Adams). Em plenos anos 50, um tempo bem conservador, ela decidiu se separar do marido, indo morar em San Francisco com sua pequena filha. Tempos duros, sem dinheiro e nem emprego. Para sobreviver ela acabou arranjando um pequeno trabalho temporário pintando berços infantis e nos fins de semana ia à luta, ao tentar vender seus quadros pelos parques e ruas da cidade. Até que conhece Walter (Christoph Waltz), também um artista de rua. Só que ao contrário de Margaret, que era bem tímida e sem jeito, Walter era um falastrão, um canastrão, sempre pronto a convencer os outros de que estudou belas artes em Paris e que seus quadros teriam sido todos pintados enquanto morava naquela glamorosa cidade europeia. Seria verdade ou pura balela dele?

Aos poucos Walter vai conquistado Margaret e se dispõe a tentar vender os seus quadros. Margaret sempre pintava crianças com grandes, enormes olhos. Um estilo próprio que logo acabou caindo no gosto dos ricaços da cidade. Em pouco tempo os quadros das crianças começaram a vender muito e se tornaram uma febre, até mesmo entre estrelas de cinema. Tudo seria lindo e maravilhoso se Walter não colocasse os créditos das pinturas para si mesmo, deixando Margaret (a verdadeira pintora das obras) em segundo plano! É inacreditável pensar que as pessoas compraram essas obras de arte pensando se tratar de pinturas de Walter, enquanto tudo era feito pela sua companheira. De certa maneira é um retrato da época, onde as mulheres eram injustamente colocadas de lado, quase sempre ignoradas completamente, por mais talentosas que fossem. Gostei bastante do filme principalmente pelo fato de ser um momento de sobriedade do diretor Tim Burton. Nada daqueles exageros e esquisitices tão conhecidas do cineasta se fazem presente. Tudo é contado numa narrativa até bem tradicional, sóbria e equilibrada. Talvez por essa razão o público cativo de Burton não tenha feito grande alarde. Eles gostam mesmo é do kitsch cheio de listas e bolhas coloridas por todos os lados. De qualquer forma com esse elenco tão bom, "Big Eyes" não poderia mesmo dar errado. Assista sem receios.

Grandes Olhos (Big Eyes, 2014) Direção: Tim Burton / Roteiro: Scott Alexander, Larry Karaszewski / Elenco: Amy Adams, Christoph Waltz, Terence Stamp, Danny Huston, Jason Schwartzman,  / Sinopse: Após o fim de seu casamento a pintora Margaret Keane (Amy Adams) resolve recomeçar sua vida. Ela passa a vender seus quadros nos parques e ruas de San Francisco. Ao conhecer outro artista como ela, o falastrão e extrovertido Walter (Waltz), seus quadros começam a fazer sucesso no mundo das artes. Filme premiado pelo Globo de Ouro na categoria Melhor Atriz (Amy Adams). Também indicado nas categorias de Melhor Ator (Christoph Waltz) e Melhor Música Original ("Big Eyes" de Lana Del Rey). 

Pablo Aluísio.

sábado, 26 de agosto de 2017

A Casa das Amarguras

Título no Brasil: A Casa das Amarguras
Título Original: Ten North Frederick
Ano de Produção: 1958
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Philip Dunne
Roteiro: Philip Dunne, baseado no romance de John O'Hara
Elenco: Gary Cooper, Diane Varsi, Suzy Parker, Geraldine Fitzgerald, Ray Stricklyn
  
Sinopse:
Joseph B. 'Joe' Chapin (Gary Cooper) é um advogado bem sucedido, paí de uma família tradicional, que começa a ter ambições políticas. Ele pretende se candidatar a um alto cargo público. Suas pretensões porém acabam esbarrando em problemas familiares diversos. Sua filha fica grávida de um músico trompetista de uma banda de jazz. Ele é pobre, descendente de italianos e não condiz com os requisitos de Joe para se tornar o marido de sua filha. Seu outro filho, Joby (Ray Stricklyn), também não quer seguir os passos do pai, preferindo estudar música ao invés de ser enviado para Yale para se formar em Direito. Para piorar Joe descobre estar apaixonado por uma jovem que poderia ser sua filha. Tantos conflitos de uma só vez acabam minando sua vida política e familiar. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator - Revelação (Ray Stricklyn). Vencedor do Locarno International Film Festival na categoria de Melhor Filme.

Comentários:
Drama familiar estrelado pelo astro Gary Cooper. Já em fase final de carreira, beirando os 60 anos de idade, o bom e velho Cooper acabou realizando uma de suas melhores atuações nesse filme ao velho estilo. A carga dramática é o seu grande atrativo. O roteiro mostra a vida de um homem que vê a ruína e o fracasso se instalarem em sua vida profissional e familiar. Ao se deparar com problemas ele acaba escolhendo os caminhos errados, se desvirtuando do que seria certo. As coisas começam a andar mal quando sua filha fica grávida de um músico de jazz band. O sujeito é um pobretão, filho de imigrantes italianos e sem grande futuro pela frente. Como se isso não fosse ruim o bastante Ann Chapin (interpretada pela doce e elegante Diane Varsi) está grávida dele. Um escândalo que coloca em risco até mesmo as ambições políticas de Joe Chapin (Cooper) em se tornar um figurão do mundo da política. Tentando abafar a situação ele suborna o músico e o manda sumir de vista, destroçando emocionalmente a vida sentimental de sua própria filha. 

Depois força a barra para que seu único filho homem, Joby (Stricklyn), vá para Yale estudar Direito contra sua vontade. Manipulando a vida dos filhos, causando frustrações e infelicidades neles, tentando controlar a tudo e a todos, a vida de Joe começa a entrar em um ciclo de fracassos e planos que nunca dão certo. Ele também termina se apaixonando pela colega de quarto de sua própria filha, a bela Kate Drummond (Suzy Parker, sensual e apaixonada na medida certa), mas a diferença de idade entre ambos torna tudo praticamente impossível. O diretor Philip Dunne era um hábil cineasta na realização desse tipo de drama mais pesado, com tintas excessivas. Curiosamente ele tentaria três anos depois da realização dessa produção trazer um pouco mais de carga dramática para a carreira do roqueiro Elvis Presley no filme "Coração Rebelde". Não foi tão bem sucedido. Já ao lado do veterano Cooper as coisas funcionam muito bem. O filme tem densidade dramática adequada, ótimas atuações de todo o elenco e o toque final mostrando e explorando a hipocrisia que reina dentro da sociedade como um todo. Um pequeno clássico que anda esquecido e que merece ser redescoberto pelos admiradores do cinema clássico americano.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Uma Lição Para não Esquecer

Excelente filme dirigido pelo ator Paul Newman. Ele interpreta Hank Stamper, o filho mais velho de uma família de lenhadores. O pai Henry Stamper (Henry Fonda) é um sujeito austero, rígido, durão, que não admite que seus filhos demonstrem qualquer sinal de moleza. Ele impõe praticamente um regime militar dentro de sua própria casa. Todos os dias acorda toda a família às quatro da manhã para que eles estejam ao amanhecer na floresta, derrubando árvores. Se orgulham dessa forma de viver, como trabalhadores honestos que ganham a vida com o suor do próprio rosto. Quando uma greve de madeireiros explode na região os Stampers se recusam a descumprir seus contratos, parando o serviço e por isso decidem  continuar a trabalhar no dia a dia, como sempre fizeram. Isso acaba criando uma tensão com o sindicato de trabalhadores que começa a promover atos de sabotagem contra a família. Eles porém não estão dispostos a mudarem seu ponto de vista e vão até o final para levar a madeira até os depósitos da empresa que os contrataram. Para complicar ainda mais a situação do clã a volta do caçula Leeland Stamper (Michael Sarrazin), após passar vários anos fora cursando uma universidade, embaralha a já complicada situação familiar dentro da casa dos Stampers. Para o patriarca Henry aquela seria uma visita inesperada que ele agora terá que lidar da melhor maneira possível.

O roteiro do filme é baseado no best-seller do autor Ken Kesey. Em sua obra ele criou um retrato da típica família operária da sociedade americana. Os valores da classe trabalhadora são colocados em choque com os ideais do sindicato da região. Para os Stampers aqueles sindicalistas não passariam de comunistas disfarçados e eles não estariam dispostos a abrirem mão de sua ética de trabalho, descumprindo os contratos que assinaram. O núcleo familiar dos Stampers é formado por excelentes atores. O velho Henry Fonda é o patriarca. Ele passa praticamente o filme inteiro engessado após sofrer um sério acidente na floresta. Isso em nada tira sua visão de vida. Mesmo afastado do trabalho ele faz questão que seus filhos continuem a rotina dura de acordar de madrugada para passar o dia inteiro no meio da floresta derrubando árvores. O caçula da família é Leeland (Sarrazin), um jovem com outra visão de vida. Ele passou vários anos fora, estudando numa universidade, porém desempregado na grande cidade acaba voltando para o antigo lar, para trabalhar ao lado dos irmãos na floresta, um trabalho duro, onde apenas os fortes sobrevivem. Como viveu na cidade grande ele tem uma visão mais liberal do mundo, o que contrasta com seus irmãos mais rudes, que vivem da floresta. Por fim Paul Newman consegue demonstrar que também tinha grande talento para a direção. Ele criou um filme extremamente bem realizado que ganha muitos pontos positivos por causa da narrativa e das excelentes sequências na floresta, principalmente nas cenas mais impactantes, como por exemplo quando seu irmão no filme, Joe Ben (Richard Jaeckel), fica preso embaixo de um enorme tronco de árvore pesando algumas toneladas. Ele tenta de todas as formas salvar sua vida, mas a força da natureza acaba vencendo todos os seus esforços. O melhor porém vem na última cena do filme, com um maravilhoso toque de humor negro que fecha com chave de ouro essa excelente produção assinada pelo grande Paul Newman em um dos melhores momentos de toda a sua carreira.

Uma Lição Para não Esquecer (Sometimes a Great Notion, EUA, 1970) Direção: Paul Newman / Roteiro: John Gay, baseado na obra de Ken Kesey / Elenco: Paul Newman, Henry Fonda, Michael Sarrazin, Lee Remick, Richard Jaeckel / Sinopse: A família Stamper é formada por lenhadores. Quando o sindicato da categoria resolve fazer uma greve na região do Oregon eles se recusam a participar do movimento. Isso acaba criando uma tensão entre os Stampers e os demais trabalhadores, mas engana-se quem pensa que eles vão dar o braço a torcer pela pressão que sofrem. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Música e Melhor Ator Coadjuvante (Richard Jaeckel).

Pablo Aluísio.

Pergaminho Fatídico

Título no Brasil: Pergaminho Fatídico
Título Original: Plunder of the Sun
Ano de Produção: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: John Farrow
Roteiro: Jonathan Latimer, David Dodge
Elenco: Glenn Ford, Diana Lynn, Patricia Medina, Francis L. Sullivan
  
Sinopse:
O americano Al Colby (Glenn Ford) vai para Cuba. Ele pretende encontrar novas oportunidades de negócios. As coisas porém acabam dando errado e ele termina sem dinheiro em Havana. Justamente quando tudo parecia perdido ele é procurado por um misterioso homem que lhe oferece um serviço. Ele deverá viajar até o México levando consigo uma preciosidade arqueológica encontrada em ruínas antigas. São três páginas de pergaminho antigo e uma valiosa peça de jade que parece contar a chave para a decifração do que está escrito naquelas antigas folhas. Por mil dólares Colby aceita realizar a jornada. Ele só não contava que seria perseguido por inúmeras pessoas que também tentariam de todas as formas colocar as mãos naquele que pode ser um mapa ou guia para encontrar uma verdadeira fortuna, um tesouro antigo escondido pelos povos nativos dos conquistadores espanhóis no século XV.

Comentários:
Na era de ouro do cinema clássico americano não só se produziam grandes filmes, produções realizadas para marcar época. Hollywood sempre foi uma indústria cultural e como tal havia também um segmento direcionado principalmente para a pura diversão do grande público. Esse "Plunder of the Sun" se enquadra bem nessa última categoria. O filme em si é uma aventura embalada por um trama bem ao estilo do cinema noir (nesse período já em franca decadência). A mistura ora funciona, ora deixa bastante a desejar. O enredo gira em torno desse manuscrito que supostamente poderia indicar a localização exata de um grande tesouro que pertenceu a uma civilização antiga. Quando a Espanha começou a dominar as vastas terras que iriam se transformar no futuro México, muitos desses povos nativos foram simplesmente exterminados. Para se proteger os monarcas mandaram esconder ricos tesouros com ouro, prata e demais riquezas minerais. De certa maneira é uma derivação do velho mito do Eldorado aqui adaptado para o tempo em que o filme foi lançado (na primeira metade da década de 1950). Claro que filmes assim hoje em dia soam bem datados ainda mais depois que o cinema americano voltou a explorar esse gênero com produções ao estilo "Indiana Jones". A comparação obviamente é desproporcional, porém serve bem para dar uma ideia do que o espectador encontrará pela frente. Do cinema noir verá mulheres fatais, mentirosas, que só contam inverdades para colocar as mãos no pergaminho. Do gênero aventura fará um passeio bem interessante por ruínas das civilizações pré-colombianas. É curioso, até prende a atenção, mas no geral não passa mesmo de uma produção B realizada para faturar bem nas matinês. Um passatempo divertido, acima de tudo.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Confissões de um Espião Nazista

Título no Brasil: Confissões de um Espião Nazista
Título Original: Confessions of a Nazi Spy
Ano de Produção: 1939
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Anatole Litvak
Roteiro: Milton Krims, John Wexley
Elenco: Edward G. Robinson, George Sanders, Francis Lederer, Paul Lukas, Henry O'Neill,  Dorothy Tree

Sinopse:
Um americano de origem alemã, desempregado e precisando ganhar dinheiro para sustentar sua família, aceita fazer serviços de espionagem para a Alemanha nazista de Hitler. Assim começa a passar informações militares dos Estados Unidos para espiões do III Reich, o que leva o agente do FBI Edward Renard (Edward G. Robinson) a abrir uma investigação para descobrir todo o aparato de espionagem.

Comentários:
Bom filme que fica ainda melhor se levarmos em conta alguns fatos históricos importantes. O primeiro deles é saber que essa produção foi realizada em 1939, ou seja, antes dos Estados Unidos entrarem na II Guerra Mundial. O nazismo naquela época era visto como algo absurdo pelos americanos, mas o governo do país não parecia disposto a entrar em mais um conflito de proporções épicas, onde muitos soldados e militares iriam morrer nos campos de batalha da Europa (algo que havia acontecido na I Guerra e que o povo americano não queria ver se repetir). Assim como Chaplin em "O Grande Ditador" esse filme também não perde tempo, se posicionando claramente contra o regime nazista, colocado aqui como vilão. O roteiro também chama bastante a atenção por não ter uma linha narrativa tão tradicional, ao invés disso segue por um estilo do tipo mosaico, com inúmeros personagens dispersos que depois vão se encontrar já perto do final do filme em um mesmo momento da trama. O ator Edward G. Robinson interpreta um agente do FBI, mas só aparece bem depois, quando todo o esquema de espiões de Hitler já se encontra bem montado e funcionando. O ator aliás foi peça central na produção desse filme já que a Warner tinha receios de produzir algo tão incisivo.  Robinson porém estava decidido em bater de frente com a ideologia nazista e nem pensou duas vezes em enfrentar Hitler e seus seguidores, pelo menos no cinema. Fica assim a lição de história e de bom cinema, onde a sétima arte foi colocada à serviço de bons ideais.

Pablo Aluísio.

Filhos do Desprezo

Título no Brasil: Filhos do Desprezo
Título Original: Juvenile Court
Ano de Produção: 1938
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: D. Ross Lederman
Roteiro: Michael L. Simmons
Elenco: Paul Kelly, Rita Hayworth, Frankie Darro, Hal E. Chester, Don Latorre, Richard Selzer

Sinopse:
Após a condenação de um jovem delinquente à pena de morte, o defensor público Gary Franklin (Paul Kelly) promete a si mesmo não mais falhar no tribunal. Ele fica frustrado até o surgimento de um novo caso, envolvendo um jovem acusado de um crime que não cometeu.

Comentários:
Bom filme de tribunal. Hoje em dia a grande atração para os cinéfilos que gostam de filmes clássicos é a presença de uma ainda bastante jovem Rita Hayworth no elenco. Ela interpretava a irmã de um jovem acusado de um crime do qual seria inocente. Quando o filme foi rodado um dos produtores sugeriu que Rita pintasse seu cabelo de loiro porque sua personagem fazia parte de uma família de imigrantes holandeses em Nova Iorque. O teste de câmera não ficou bom, por essa razão ela acabou aparecendo com seus longos cabelos negros que iriam virar sua marca registrada em Hollywood. Esse filme foi recentemente relançado nos Estados Unidos em um box com várias outras produções envolvendo o tema da delinquência juvenil. Por lá os jovens eram julgados como criminosos comuns, adultos, não havendo espaço para a proteção da lei contra menores de idade. O roteiro até que abre margem para um debate maior sobre esse tema, mas se concentra mesmo nos aspectos jurídicos do crime cometido pelo jovem acusado. Um bom filme, curtinho, mas bem eficiente. Além disso trouxe um dos primeiros trabalhos de Rita Hayworth que muito em breve iria se tornar uma das grandes estrelas de Hollywood.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

A Herança do Deserto

Título no Brasil: A Herança do Deserto
Título Original: Heritage of the Desert
Ano de Produção: 1932
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Henry Hathaway
Roteiro: Zane Grey, Harold Shumate
Elenco: Randolph Scott, Sally Blane, J. Farrell MacDonald, David Landau, Gordon Westcott, Guinn 'Big Boy' Williams

Sinopse:
Adam Naab (J. Farrell MacDonald) é um fazendeiro, antigo bandoleiro e pistoleiro, que tem ambições de dominar todo o condado em que vive no Arizona. Ele tenta comprar as terras do rancheiro Jack Hare (Randolph Scott), mas esse se recusa a vender seu rancho. Pior do que isso, Naab deseja também a garota de Jack. Com isso a situação vai se tornando cada vez mais tensa até o inevitável duelo final.

Comentários: 
Depois de vários filmes mais sofisticados, chiques, produções do tipo "bolhas e champagne", finalmente Randolph Scott foi contratado para atuar em um faroeste. "A Herança do Deserto" de  Henry Hathaway trazia Randolph Scott como um cowboy envolvido bem no meio de uma disputa de terras no velho oeste americano. Ele fotografou muito bem com seus trajes de pistoleiro. O roteiro também foi um presente pois era bem escrito, com cenas marcantes. Produzido pela Paramount Pictures, filmado no próprio rancho da companhia, esse foi o primeiro grande sucesso de bilheteria de sua carreira. Um filme bem importante, que determinaria os rumos da filmografia do ator nas próximas décadas. O interessante é que por essa época Scott ainda não havia decidido se dedicar apenas aos filmes de faroeste. Ele tinha a ideia de apenas esporadicamente participar desse tipo de filme, porém com o tempo ele foi percebendo que as bilheterias de seus filmes de western eram bem superiores aos dos dramas e romances. Assim viu que o público o queria ver mesmo em trajes de cowboy, caminho do qual iria se dedicar mais com o passar dos anos.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Matá-lo

Título no Brasil: Matá-lo
Título Original: ¡Mátalo!
Ano de Produção: 1970
País: Espanha, Itália
Estúdio: Rofima Cinematografica
Direção: Cesare Canevari
Roteiro: Nico Ducci, Eduardo Manzanos Brochero
Elenco: Lou Castel, Corrado Pani, Antonio Salines

Sinopse:
Uma quadrilha de bandoleiros e ladrões de bancos e trens resgata um dos seus comparsas e depois parte para uma nova onda de crimes. Seu alvo é uma diligência que está carregando ouro e prata. Logo após o roubo são cercados pelo xerife e decidem fugir para o deserto onde finalmente encontram seu trágico destino...

Comentários:
Filme espanhol que surfa na onda do western spaghetti. Esse aqui procura misturar elementos do velho oeste com um roteiro que explora até mesmo o mundo do sobrenatural. Acontece que os bandidos vão parar em uma cidade fantasma perdida no meio do deserto. A desolação é completa. Nesse lugar não existe nenhuma alma viva a não ser uma velha misteriosa que surge nas sombras, trazendo maldições e terror para os bandoleiros que chegam por lá. A fita é estrelada pelo colombiano Lou Castel. Ator (e também diretor), foi muito produtivo na era do cinema italiano, chegando ao recorde de ter trabalhado em nada mais, nada menos, do que 150 filmes! Provavelmente um recorde mundial na época. Noventa por cento desses filmes de faroeste nunca foram lançados no mercado brasileiro, com algumas exceções, é claro. Entre seus filmes mais conhecidos por aqui estão "Gringo" de 1967 e o clássico "O Leopardo" onde ele fazia apenas uma pequena participação. Esse "Matá-lo" acabou sendo assim um dos destaques de sua filmografia, chegando a ser lançado nos cinemas brasileiros no começo dos anos 70.

Pablo Aluísio.

O Preço do Poder

Título no Brasil: O Preço do Poder
Título Original: Il prezzo del potere
Ano de Produção: 1969
País: Itália, Espanha
Estúdio: Patry Film, Films Montana
Direção: Tonino Valerii
Roteiro: Massimo Patrizi
Elenco: Giuliano Gemma, Warren Vanders, María Cuadra, María Luisa Sala, Ángel Álvarez, Norma Jordan

Sinopse:
Bill Willer (Giuliano Gemma) é um agente especial da agência de detetives Pinkerton que é enviado para o deserto do Texas, numa região bem isolada e remota, para investigar a morte do presidente James Garfield em 1881. Depois das primeiras investigações ele descobre uma enorme teia de conspirações envolvendo assassinos profissionais e políticos desonestos e gananciosos.

Comentários:
Segundo os produtores desse western spaghetti o roteiro era baseado nos acontecimentos que levaram ao assassinato do presidente JFK em Dallas. Até aí tudo bem, o problema histórico porém é que o enredo da fita se passava no século XIX. Assim usou-se a morte de outro presidente norte-americano, James Garfield, para se fazer uma grande mistureba de eventos, fatos e conspirações históricas, tudo junto e misturado! Quem gosta de spaghetti western porém não haverá muito do que reclamar pois a receita e a fórmula desse tipo de produção é seguido à risca, inclusive com aquelas trilhas sonoras bem marcantes, muitos tiros e violência estilizada. Uma das coisas que mais me chamaram a atenção foi a atuação de Giuliano Gemma. Embora fosse um ator bem apessoado, sempre notei uma certa indiferença dele em cena. Seria pura omissão ou falta de um talento maior em termos dramáticos? Isso fica a critério de cada um descobrir.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

As 3 Espadas de Zorro

Título no Brasil: As 3 Espadas de Zorro
Título Original: Le Tre Spade di Zorro
Ano de Produção: 1963
País: Itália, Espanha
Estúdio: Hispamer Films, Rodes Cinematografica
Direção: Ricardo Blasco
Roteiro: Mario Amendola
Elenco: Guy Stockwell, Gloria Milland, Mikaela, Giuseppe Addobbati, Franco Fantasia, Juan Luis Galiardo

Sinopse:
A história se passa em 1830, no ano da independência do México. Um grupo de tirânicos governantes decide impor à população mais pobre e humilde um governo de opressão e tirania. Apenas um homem parece disposto a lutar pelos mais humildes, um cavaleiro de capa e espada chamado Zorro! Mas quem estaria por trás daquela máscara?

Comentários:
O famoso personagem Zorro também foi explorado dentro do western spaghetti! Esse filme é uma adaptação italiana de suas aventuras. Para dar uma impressão de que se tratava de um filme feito em Hollywood os produtores contrataram o ator norte-americano Guy Stockwell. Com longa experiência na TV, onde atuou em várias séries ao longo dos anos, Stockwell resolveu cruzar o Atlântico para dar vida a esse justiceiro negro, de capa e espada, tão cultuado dentro da cultura pop. Até que não ficou tão mal. O filme obviamente não pode ser comparado às produções americanas da mesma época, que contavam com maiores recursos e orçamentos mais milionários. Mesmo assim esse filme funciona até muito bem se você é fã do Zorro. Curiosamente em 1972 um filme chamado "Les aventures galantes de Zorro" usou várias cenas desse filme como pano de fundo! A produtora Hispamer Films estava indo à falência, por essa razão usou vários cenas rodadas para essa produção para suprir a falta de dinheiro para um novo filme sobre o Zorro. Oportunismo puro, claro.

Pablo Aluísio.

A Marca do Zorro

Título no Brasil: A Marca do Zorro
Título Original: Zorro
Ano de Produção: 1975
País: França, Itália
Estúdio: Les Productions Artistes Associés
Direção: Duccio Tessari
Roteiro: Giorgio Arlorio
Elenco: Alain Delon, Stanley Baker, Ottavia Piccolo

Sinopse:
Don Diego (Alain Delon) chega em uma nova província espanhola na Califórnia. O lugar está sob poder do tirano e corrupto Coronel Huerta. Para despitar ele se mostra perante todos como um sujeito fraco e que não representa ameaça, mas durante as noites se transforma no Zorro, um justiceirot implacável contra os crimes do Coronel.

Comentários:
Que tal ver o famoso galã francês Alain Delon como o Zorro? Pois foi justamente isso que aconteceu em meados dos anos 70. Com uma produção muito boa, bem acima da média, os produtores franceses cobriram o mais popular ator do país com a capa e a máscara do Zorro. O resultado ficou muito bom. Para muitos fãs do Zorro aliás esse é certamente um dos melhores filmes feitos sobre o personagem. Embora tenha sido intitulado como "A Marca do Zorro" essa não é uma refilmagem do clássico com Tyrone Power e nem tampouco uma adaptação literal do livro original que deu ínicio a saga do famoso mascarado. Na verdade o filme traz uma história própria, muito bem escrita, mostrando o Zorro lutando contra a corrupção e a tirania de uma caudilho local. Como toda produção europeia desse estilo o filme tem um acentuada dose de bom humor, mas que não chega a atrapalhar. Como diversão o filme funciona excepcionalmente bem e passa longe de decepcionar os fãs de longa data do Zorro. Um filme que realmente fez jus a esse famoso personagem da cultura pop, com ótimas cenas de luta de espadas, mostrando que Delon era também um bem treinado espadachim. Enfim, "A Marca do Zorro" é diversão garantida para todas as idades.

Pablo Aluísio.

domingo, 20 de agosto de 2017

Drácula - Bram Stoker

É mais do que interessante ler um livro como esse. Isso porque tendo sido escrito em 1897, em plena era vitoriana, ele captou para suas páginas grande parte da sensualidade da época. Sim, o livro "Drácula" é muito sensual, embora poucas pessoas parem para pensar sobre isso. O texto continua tão atual como se tivesse sido escrito hoje! O romance é tão moderno que não me admira em nada ter sido tão copiado e adaptado pelo cinema ao longo de todas essas décadas.

O enredo é clássico. Jonathan Harker é um jovem, ainda começando em sua carreira, que decide acertar de todas as maneiras. Para isso ele geralmente é enviado para serviços que ninguém mais quer em seu escritório, como ir na distante Romênia acertar os detalhes de compra e venda de um imóvel com um conde misterioso e recluso. O que ele nem desconfia é que o nobre é na verdade um ser da noite, um vampiro que vive nas sombras em busca de sangue humano para continuar vivo. O detalhe importante aqui é que Stoker criou um novo monstro, uma mistura de referências históricas, folclore e terror de sua época. Drácula tem um pouco de Jack, o Estripador, da condessa Elizabeth Báthory e de lendas do leste europeu envolvendo corpos sendo desenterrados com sangue escorrendo por suas bocas. Um toque de mestre que tornou sua criação imortal.

Como já escrevi o livro Drácula é muito sensual. Veja essa passagem escrita por Stoker onde ele recria o diário pessoal do personagem Harker. Após ser atacado por três vampiras em uma parte antiga do castelo de Drácula ele escreve: "Eu podia sentir o toque macio de dois dentes afiados, com tremores dos lábios, na pele muito sensível da minha garganta. Eu fechei meus olhos e num êxtase sensual esperei e esperei, com o meu coração batendo". É a descrição de um ataque de uma vampira mas também poderia servir para descrever o encontro de dois amantes no meio da noite. Nesse momento do livro Stoker demonstra que o horror pode ser tão sensual como uma cena de amor. O suspense não provém da picada do dente do vampiro mas sim de sua aproximação e da ansiedade que isso causa no personagem. 

Outro ponto interessante do texto de Stoker é que ele nunca poupa o leitor das cenas mais fortes, repletas de sangue. Isso ia de certa forma contra o bom gosto da era vitoriana, onde tudo era muito pudico, recatado e casto. Tornar algo assim tão explícito e visceral era algo completamente novo na literatura. Ele descreve tudo com riqueza de detalhes, inclusive no momento em que Lucy vai se transformando também em uma vampira: "Ela se contorcia dentro do caixão. Um grito de gelar o sangue veio então de seus lábios vermelhos abertos. O corpo tremia e tremia em selvagens contorções. Seus dentes agora afiados cortavam a carne de seus lábios. Sua boca surgia com uma espuma de carmesim". Como se pode perceber nenhum detalhe é deixado de lado.

Outro aspecto interessante do livro é que Stoker faz questão de desenvolver muito bem suas personagens femininas. Mina Murray é um exemplo perfeito disso. Ela tem força e personalidade marcante e sua presença é vital no desenvolvimento da trama. Ela não está lá apenas para ser atacada pelo conde, muito pelo contrário. Stoker lhe dá voz, atitudes e a coloca no centro de tudo, de forma privilegiada. Também é retratada como uma mulher inteligente e com muita desenvoltura se torna uma das principais narradoras dos acontecimentos.

De muitas maneiras Mina é a verdadeira heroína do enredo. Ela tem plena consciência que seus registros serão importantes e por isso compartilha todas as informações que pode sobre Drácula. O vampiro é praticamente seu objeto de estudo. Quando ela é mordida e começa a se tornar uma vampira seus textos se tornam uma valiosa contribuição para os que começam a caçar a criatura da noite. Essas informações se tornam valiosas pois permitem aos caçadores do vampiro anteceder seus movimentos, quando finalmente o encurralam no momento mais crucial do livro.

Nesse aspecto Mina é um belo contraste com sua amiga Lucy, que se caracteriza por sua falibilidade. Mina luta, combate, enquanto Lucy é a típica personagem feminina que está ali para ser atacada pelo vampiro. Lucy é o símbolo de uma vítima indefesa, a donzela em perigo, tão típica dos romances da era vitoriana. Mina é a nova mulher, ciente de si e de seu potencial, Lucy é a mocinha que cai nas garras do monstro cruel.

Assim Bram Stoker conseguiu trazer inovações em seu romance Drácula ao mesmo tempo em que mantinha um padrão que não assustasse demais seus leitores. Foi inovador e conservador com raro brilhantismo. O escritor nunca quis dar continuidade para seu livro, que para ele era uma obra pronta e acabada, bem fechada em seus objetivos. O que ele não anteviu é que na realidade havia criado toda uma nova mitologia de terror, todo um universo que iria se expandir infinitamente nos anos que viriam. Seu texto é muito rico porque consegue atrair tanto os leitores modernos de hoje, como seus contemporâneos quando o livro foi lançado. Por sua qualidades intemporais e atemporais, Drácula vai permanecer pelos séculos que virão como um clássico do horror eterno.

Pablo Aluísio. 

Tex

Esse é um dos personagens de quadrinhos mais longevos que se conhece. No Brasil Tex é publicado desde os anos 50, sem interrupções. Mesmo com a mudança de editoras ao longo dos anos a publicação segue em frente, estando atualmente acima do número 500! O interessante é que apesar de suas histórias se passarem no oeste americano, em pleno avanço dos colonizadores rumo ao desconhecido e sendo Tex um autêntico Texas ranger, esses quadrinhos não nasceram nos Estados Unidos, mas sim na Itália!

De fato o personagem foi criado pela dupla formada por   Giovanni Luigi Bonelli e Aurelio Gallepini. Eles aproveitaram a moda dos chamados filmes italianos de western (Western Spaghetti) e lançaram as estórias do Tex nas bancas, em revistas em branco e preto, com enredos simples e uma arte realmente caprichada. O sucesso na Itália fez com que os quadrinhos fossem publicados em outros países, inclusive o Brasil, onde fez sucesso imediato. O preço promocional (atualmente uma revistinha custa menos de 10 reais) também ajudou no êxito de vendas.

No Brasil também tivemos o sucesso dos chamados bolsos de livros (bolsilivros) que tinham praticamente o mesmo preço de capa dos quadrinhos de Tex, mas ao contrário desse, não era baseado na nona arte, mas sim em pura literatura, em um tipo de publicação que foi também muito popular no Brasil. Hoje em dia o jovem fã de faroestes pode-se perguntar se valeria a pena começar a ler Tex, já que suas publicações estão mais do que avançadas (afinal já foram lançadas mais de 500 edições só no Brasil). Não há problemas. As estórias de Tex não seguem uma cronologia fixa e geralmente seus arcos narrativos são fechados, sem a preocupação da continuidade (que atinge praticamente todos os super-heróis da DC e Marvel).

Há recentes publicações no Brasil de bonitos encadernados, com enredos compilados, facilitando bastante a vida dos que desejam acompanhar as aventuras do ranger dos quadrinhos. Esses encadernados são obviamente bem mais caros do que as tradicionais revistas mensais, porém valem a pena pela praticidade e também pela beleza pois ficam extremamente bonitos dentro de uma coleção de quadrinhos. Assim deixamos a dica para você também começar a acompanhar Tex e suas histórias, uma tradição que se mantém e firme e forte, apesar de todos esses anos passados.

Pablo Aluísio.

Ed Gein

Quem foi Ed Gein? Ele foi um dos assassinos em série mais infames da história dos Estados Unidos. E deu origem na cultura pop a diversos personagens de filmes de terror como "psicose" e o "Massacre da Serra Elétrica". Até mesmo em revistas em quadrinhos ele foi usado. Era algo bizarro. O homem real porém tinha um jeito menos espalhafatoso. Ele era considerado estranho na cidade onde vivia, mas ninguém poderia supor que ele fosse um serial killer tão insano.

Ed Gein foi criado numa fazenda isolada na pequena cidade onde ele nasceu. Meio-oeste americano, lugar de gente desconfiada e arredia. Sua mãe era uma fanática religiosa. Sempre colocando o jovem Ed embaixo de suas asas, falando de forma ininterrupta sobre pecado, culpa e inferno.

Quando ela morreu, alguns anos depois, Ed Gein ficou completamente sozinho no mundo. Ele já aparentava ter sinais de doença mental, porém enquanto a mãe era viva ele se mantinha na linha. Após a morte dele não houve mais limites ou barreiras. Ele então começou a apresentar atitudes de gente maluca. Desenterrava corpos de mulheres no cemitério local, durante as madrugadas, e levava para casa, para sua coleção de pedaços de corpos humanos. Gein passava dias desmembrando esses corpos, arrancando pedaços para usar numa espécie de artesanato da morte!

Sem distinguir entre realidade e loucura ele logo começou a matar. Matou uma senhora que trabalhava em um pequeno comércio de sua cidade. A esquartejou e depois a pendurou como se fosse uma carcaça de gado em um frigorífico. A sua fama de louco atroz aconteceu quando a política chegou em sua fazenda e encontrou um show de horrores. Abajures feitos de pele humana, corpos em pedaços por todas as partes, rostos de suas vítimas costurados como se fossem uma máscara e utensílios de uso doméstico que eram na verdade crânios de suas vítimas. Ed Gein foi levado e ficou preso até o fim de seus dias. E deixou um legado de horror que foi depois capturado pela cultura do cinema, da literatura e dos livros de pulp fiction.

Pablo Aluísio.

sábado, 19 de agosto de 2017

O Cinema de Steven Spielberg

A primeira boa oportunidade que apareceu para Spielberg no começo de sua carreira foi ser escolhido pelos estúdios Universal para dirigir "Encurralado". Era um telefilme, mas ao mesmo tempo era uma chance de trazer algo novo, que chamasse a atenção de público e crítica. Até esse momento Spielberg havia se dado bem dirigindo episódios de séries populares de TV como "Galeria do Terror" e "Columbo". Era necessário agora impressionar positivamente os executivos da Universal, para quem sabe, ter a possibilidade de dirigir seu primeiro filme para o cinema. Spielberg não queria passar o resto de sua carreira na telinha da TV, ele tinha planos mais ambiciosos para sua vida profissional.

Com roteiro escrito por Richard Matheson e um bom elenco que contava com os atores Dennis Weaver, Jacqueline Scott e Eddie Firestone, a trama de "Encurralado" (Duel, 1971) não parecia grande coisa. Um técnico em computação que de repente se via em uma situação limite ao ser perseguido por um enorme caminhão pelas estradas. Basicamente tudo se resumia em ser um thriller de ação. Para Spielberg porém esse enredo trazia muitas possibilidades, principalmente em usar takes e enquadramentos fora do comum. Assim ele foi para a estrada com sua equipe técnica e realizou um ótimo filme - sem exagero algum! É a tal coisa, se Spielberg queria chamar a atenção com seu primeiro filme, ele conseguiu. A crítica adorou, a tal ponto que Spielberg conseguiu uma indicação ao prêmio de Melhor Telefilme do ano no conceituado Globo de Ouro. Era uma estreia acima da média. Chegou inclusive a ser exibido nos cinemas brasileiros na época. 

Depois desse primeiro telefilme Steven Spielberg tinha planos de tentar algo no cinema, finalmente, mas enquanto um bom roteiro não chegava em suas mãos ele aceitou o convite para dirigir "A Força Do Mal", outra produção a ser exibida na televisão. Era um filme de terror, usando elementos mais tradicionais, mostrando um jovem casal tendo que lidar com forças sobrenaturais na casa para onde se mudaram. Ecos de Poltergeist se viam em todo o desenrolar da história, mas obviamente era uma produção bem mais modesta, com pouca semelhança do famoso filme de terror que iria ser produzido pelo próprio Spielberg dez anos depois.

Ainda houve mais um telefilme no ano seguinte chamado "Savage". Esse último telefilme de Spielberg já tinha traços maiores de inovação. A trama era baseada na estória de um repórter investigativo que descobria a existência de fotos comprometedoras de um juiz que acabara de ser indicado para a suprema corte do país. No elenco estava o grande ator Martin Landau, em mais um boa interpretação. Foi uma boa experiência, mas Spielberg queria deixar o espaço reduzido da TV, para dirigir seu primeiro filme no cinema. Algo que em breve iria finalmente acontecer.

Pablo Aluísio.

Al Pacino e Michelle Pfeiffer

Fazer "O Poderoso Chefão III" foi realmente marcante, mas Pacino ficou bem chateado com as críticas negativas. O curioso é que as críticas não atingiram o seu trabalho como ator no filme, mas sim outros aspectos da produção, como seu roteiro e alguns coadjuvantes que ficaram devendo. Mesmo assim o ator ficou bem contrariado.

Ele esperava que o terceiro filme dessa franquia marcasse a história do cinema como os dois filmes anteriores. Só que isso não aconteceu. O filme também foi menosprezado pela Academia. Quem estava esperando uma chuva de premiações no Oscar ficou realmente a ver navios. Nada aconteceu como era previsto.

Por isso o ator decidiu por um filme bem leve depois da experiência de fazer "O Poderoso Chefão III". A nova produção se chamava "Frankie & Johnny" e era sobre um romance envolvendo um cozinheiro e uma garçonete de uma lanchonete daquelas bem populares nos Estados Unidos. Gente comum retratada no cinema.

Para contracenar ao seu lado o estúdio contratou a linda Michelle Pfeiffer. Todos ainda tinham na cabeça sua performance como a Mulher-Gato, lançado nesse mesmo ano. O sucesso do filme do Batman, acabou, quem diria, levantando e muito a bilheteria desse filme despretensioso, um mero romance sobre duas pessoas do dia a dia. Pacino ficou duplamente feliz com o resultado do filme. E adorou trabalhar novamente ao lado de Michelle Pfeiffer. Afinal eles já tinham feito uma ótima parceria no começo dos anos 80 no filme "Scarface" de Brian De Palma.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Nicole Kidman - Primeiros Filmes

Terror a Bordo (1989) 
O primeiro filme com Nicole Kidman a ter sucesso internacional foi essa produção australiana chamada "Terror a Bordo". Era um suspense dirigido pelo cineasta veterano Phillip Noyce. O roteiro contava a estória de suspense e terror passada em um veleiro, no meio do oceano. O filme chamou a atenção da crítica internacional, ganhou status de cult movie e abriu as portas de Hollywood para a atriz.

Dias de Trovão (1990)
O primeiro filme de repercussão internacional que a atriz participou foi esse "Dias de Trovão". Foi a primeira grande produção da carreira da atriz que contracenava com o astro e ídolo Tom Cruise. O romance dos personagens acabou passando para fora das telas e Nicole e Cruise começaram a namorar, em um dos romances mais badalados dos anos 90. Romance esse que iria virar casamento que infelizmente não iria terminar muito bem, anos depois. "Dias de Trovão" foi dirigido por Tony Scott que em suas próprias palavras quis realizar um "Ases Indomáveis com carros de corrida"

Flertando - Aprendendo a Viver (1990)
Depois do blockbuster "Dias de Trovão", ao lado do namorado Tom Cruise, Nicole resolveu alisar seus cabelos que chamavam a atenção por causa de seus longos cachos ondulados, para atuar nesse pequeno filme independente chamado "Flirting", dirigido por John Duigan. O filme se passava todo em um ambiente escolar nada saudável. A produção australiana foi premiada em seu país, pelo Australian Film Institute, ganhando uma boa receptividade por parte da crítica internacional de um modo em geral.

Billy Bathgate: O Mundo a Seus Pés (1991)
Filme passado na era dos grandes gangsters americanos. Nicole Kidman interpretou uma personagem chamada Drew Preston, em um papel não muito significativo. Foi complicado para a atriz se sobressair em um elenco com tantos astros como Dustin Hoffman e Bruce Willis. Dirigido pelo cineasta Robert Benton, o filme não conseguiu fazer sucesso, ficando no meio do caminho. Com orçamento milionário o filme foi mal nas bilheterias. Uma das poucas coisas boas, segundo a crítica da época de lançamento da produção, era justamente a presença de Kidman, que com figurino de época ficou ainda mais bonita e glamorosa.

Pablo Aluísio.

Tobe Hooper

O cinema de terror perdeu um de seus mestres, o diretor Tobe Hooper. Tive o prazer de assistir muitos filmes de Hooper no cinema, como tinha que ser. Ele foi um criador de películas de horror em um tempo onde o politicamente correto não interferia na criatividade dos cineastas, onde tudo era possível e não havia muitos limites. Assim Hooper teve a chance de dirigir e produzir um autêntico cinema podreira de qualidade. No total dirigiu 37 filmes! Uma marca e tanto em termos de produtividade.

O primeiro grande sucesso de sua filmografia foi "O Massacre de Serra Elétrica" de 1974. Como se diz hoje em dia esse é um filme terror de raiz! O diretor aproveitou um caso real (acredite, o roteiro é baseado em acontecimentos reais ocorridos no Texas) e criou essa sangrenta fita, onde psicopatas cruéis matavam suas vítimas com requintes de crueldade. O filme, feito com orçamento mínimo, se tornou um cult movie e colocou Hooper no radar dos fãs de horror. Depois disso o diretor começou uma fase áurea, tudo culminando com o sucesso de "Poltergeist" de 1982. O diretor foi escolhido a dedo por Steven Spielberg, que produziu a fita. Nas palavras de Spielberg ninguém mais poderia dirigir aquela história tão bem como Hooper.

Na década de 80 Hooper colecionou filmes mais do que interessantes. Produções B de terror que com o tempo se tornaram pequenas obras primas do gênero. Em "Pague Para Entrar, Reze Para Sair" o diretor usou um parque de diversões, esse lugar tão infantojuvenil, para explorar o máximo em termos de sangues e tripas. Já em "Força Sinistra" Hooper levou o terror para o espaço. Misturando filmes de terror com Sci-Fi ele criou uma espécie de alienígena que sugava a força vital dos seres que encontrava pela frente. Um tipo de "vampiros espaciais" como bem definiu Hooper. Nem é preciso dizer que a fita caiu no gosto dos fãs de filmes trash (mas aqui feitos com bons orçamentos).

Hooper repetiu a dose em "Invasores de Marte", mais um filme que misturava os dois gêneros mais populares entre os adolescentes dos anos 80. Essa aliás era uma característica interessante da obra do diretor. Ele sempre procurava misturar o gênero terror com outros gêneros cinematográficos. Assim levou humor ao horror em "O Massacre da Serra Elétrica 2", onde no meio da matança desenvolveu momentos de puro humor negro como poucas vezes visto no cinema da época. O diretor também trabalhou na TV, em séries como "Histórias Maravilhosas" ao lado de Spielberg novamente. O diretor continuava na ativa, intercalando seus trabalhos de direção com produção, sempre no estilo que o consagrou: o terror. Para quem levou sustos no cinema com suas obras (ora divertidas, ora assustadoras) fica assim a sensação de vazio de um mestre que nos deixou. Descanse em paz, Tobe Hooper.

Pablo Aluísio.