Outro ator que cruzou caminho com Franco Nero e seu Django foi Giuliano Gemma, ator romano que fez inúmeros filmes de faroeste espaguetti. Produtivo, estrelou um número enorme de filmes do gênero, feitos em escala industrial. Seu grande sucesso foi “O Dólar Furado” mas esse foi apenas um entre centenas de outros que seguiam a mesma linha. Geralmente atuando com o nome americanizado de Montgomery Brown, Gemma foi colecionando filmes atrás de filmes, criando toda uma legião de fãs nos chamados cinemas de bairro aqui no Brasil que não cansavam de passar suas fitas rápidas e ligeiras. Com preços promocionais, geralmente em sessão dupla, os cinemas rendiam excelentes bilheterias. O curioso é que em muitos desses filmes Giuliano Gemma usava não apenas o nome de Montgomery Brown como seu próprio pseudônimo artístico, mas os seus personagens também levavam esse nome. É o caso desse “Ringo não discute... Mata!”. Antes de mais nada esqueça o personagem Ringo dos westerns americanos. Nas produções Made in Hollywood, Ringo era sempre derivado do famoso pistoleiro Johnny Ringo (que efetivamente existiu de fato). Já no cinema italiano Ringo era apenas um nome sonoro, comercial, que se prestava a todo tipo de caracterização que ia desde pistoleiros a soldados, bandidos, mocinhos e o que mais a imaginação dos roteiristas criassem.
Aqui Gemma interpreta um soldado da União de nome Montgomery Brown (vulgo Ringo) que ao retornar da guerra civil encontra sua esposa e filha sob o domínio de uma família de mexicanos cruel e facínora. O pai é um porco beberrão e o filho um sádico perverso. Além disso descobre que seu pai, um senador honesto, havia sido covardemente assassinado pelos mesmos mal feitores. Disfarçado de humilde jardineiro, Ringo começa aos poucos a planejar sua vingança que tardará mas não falhará. O filme tem produção modesta mas não chega a ser pobre. Existem até bons cenários (todos localizados no deserto da Espanha) que mantém a dignidade. Gemma não se esforça muito – ele não era tão bom ator por essa época, mas apenas um italiano que parecia americano e que por isso era escolhido pelos diretores.
O filme como não poderia deixar de ser termina em um grande tiroteio em que não escapam nem o padre e nem os moradores pacíficos do lugar. Um acerto de contas envolvendo toda a cidade. Era o usual nesse tipo de filme. De bom mesmo temos a trilha sonora de Ennio Morricone – sempre bem realizada, a ponto inclusive de ser lançada em disco de sucesso na época. Aqui no Brasil o filme teve vários títulos diferentes que iam do original “Ringo Retorna” até “Uma Pistola Para Ringo” (esse último inclusive também foi usado em uma outra produção que nada tinha a ver com essa). De qualquer modo é um exemplo do que o cinema italiano realizava na década de 60 – muita ação, balas e diversão com os atores italianos posando de americanos da fronteira no velho oeste daquele país.
Ringo Não Discute... Mata! / O Retorno de Ringo / Uma Pistola Para Ringo (Il Ritorno di Ringo, Itália, Espanha, 1965) Direção: Duccio Tessari / Roteiro: Duccio Tessari, Fernando Di Leo e Alfonso Balcázar / Elenco: Giuliano Gemma, Fernando Sancho, Lorella De Luca, George Martin, Nieves Navarro / Sinopse: Em busca de vingança um veterano do exército da União volta para sua cidade natal para liquidar os assassinos de seu pai. Disfarçado de pobre jardineiro ele começa a colocar em prática seu plano de vingança.
Pablo Aluísio.