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quarta-feira, 1 de março de 2017

Regras da Vida

Título no Brasil: Regras da Vida
Título Original: The Cider House Rules
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio:  Miramax
Direção: Lasse Hallström
Roteiro: John Irving
Elenco: Tobey Maguire, Charlize Theron, Michael Caine, Paul Rudd, Kieran Culkin, Kathy Baker
  
Sinopse:
Homer Wells (Tobey Maguire) é um órfão, um rapaz que foi abandonado ainda nos primeiros anos de vida. Ele viveu assim toda a sua vida em um orfanato. E foi justamente lá que conheceu o Dr. Wilbur Larch (Michael Caine), um homem bem sábio em suas experiências de vida, que se torna um grande amigo próximo de Wells. Filme premiado pelo Oscar nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante (Caine) e Melhor Roteiro Adaptado (Irving).

Comentários:
Gostei bastante desse filme. O elenco é ótimo, com vários atores jovens trabalhando ao lado de grandes veteranos (como o sempre excelente Michael Caine). Caine aliás venceu o Oscar na categoria de Melhor Ator Coadjuvante, demonstrando que apesar da idade e dos problemas que enfrentou ao longo da carreira, seu talento continuava intacto. O outro Oscar que "Regras da Vida" levou foi o de Roteiro Adaptado. O roteirista John Irving adaptou para o cinema seu próprio romance, um livro que chamou bastante atenção quando foi lançado originalmente. Em minha opinião a categoria em que ele foi premiado foi equivocada, uma vez que como ele era o autor do livro que deu origem ao roteiro, deveria ser indicado ao prêmio de Melhor roteiro original. Mas enfim, coisas de Hollywood. No mais temos no elenco ainda a linda Charlize Theron (mais bonita do que nunca) e o "Homem-Aranha" Tobey Maguire, aqui tentando se distanciar um pouco da figura do super-herói. No geral é um filme muito bom, que anda injustamente esquecido nos dias de hoje.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Tubarão 4 - A Vingança

Título no Brasil: Tubarão 4 - A Vingança
Título Original: Jaws - The Revenge
Ano de Produção: 1987
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Joseph Sargent
Roteiro: Michael De Guzman
Elenco: Michael Caine, Lorraine Gary, Lance Guest, Mario Van Peebles
  
Sinopse:
Uma série de mortes começam a ocorrer em um resort nas Bahamas. Inicialmente a guarda costeira atribui os desaparecimentos de diversos turistas e moradores a meros acidentes ou afogamentos, mas para Ellen Brody (Lorraine Gary) todas as mortes devem ser atribuídas a uma espécie de tubarão branco imenso, maior do que o normal, que tem um insaciável desejo de devorar seres humanos. Filme vencedor do prêmio da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films na categoria de Melhor Atriz (Lorraine Gary). "Vencedor" do Framboesa de Ouro na categoria de Piores Efeitos Especiais.

Comentários:
Sim, existe um quarto filme da franquia original de "Tubarão", isso apesar da terceira continuação ter sido massacrada pela crítica. Massacre aliás bastante justificado já que o filme era realmente ruim de doer. Pois bem, mesmo com tudo de ruim que ocorreu no filme anterior e mesmo com os apelos do próprio Steven Spielberg para que a franquia fosse encerrada, resolveu-se seguir em frente. Na verdade a Universal não conseguia largar o osso. Os filmes eram assumidamente ruins, mas davam bilheteria afinal de contas. Aqui eles resolveram chamar o ator veterano Michael Caine para dar uma forcinha. Eu me lembro perfeitamente bem como Caine foi criticado por participar de algo assim. Na época se disse que ele era um daquela atores que topavam qualquer coisa por um bom cachê. Ele foi acusado de não zelar pelo prestígio de sua carreira. O próprio Caine levou tanta paulada da crítica que precisou até mesmo sair se justificando de ter feito parte de um elenco desses. Na época seu bom humor tipicamente inglês o salvou de sofrer um linchamento cultural maior. E o filme em si? É uma porcaria, lamento dizer. Resolveram simplificar tudo (entenda-se escreveram um roteiro pobre e sem conteúdo) e levaram o tubarão para as Bahamas. Isso pelo menos trouxe uma bonita fotografia para o filme como um todo. Pena que o resto do filme não seja nada bonito, com uma trama capenga e atores preguiçosos e sem talento. Os efeitos especiais são péssimos o que levou o filme a ser lembrado no Framboesa de Ouro por isso. Tirando o mico de Caine de participar de um filme tão caça-niqueis como esse ninguém mais hoje em dia dá a menor bola para essa produção - merecidamente alias.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 3 de maio de 2016

Ipcress: Arquivo Confidencial

"Ipcress: Arquivo Confidencial" é um filme de espionagem inglês passado durante a guerra fria. Naqueles tempos o mundo estava dividido em dois blocos: o capitalista ocidental, liderado pelos Estados Unidos e o socialista oriental, comandado pela União Soviética (Rússia e demais nações fronteiriças invadidas por Moscou). Durante esse período histórico houve o auge dos serviços de espionagem dos países europeus. Isso porque era vital descobrir os planos do inimigo em uma época onde a tensão internacional era enorme. Nesse filme Michael Caine interpreta Harry Palmer, um membro do serviço de inteligência inglês. Indisciplinado, insolente, insubordinado e com tendência para atos criminosos (segundo sua própria ficha no departamento) ele é designado para uma nova missão.

Vários "cérebros" (físicos, químicos e cientistas em geral) estão desaparecendo do Reino Unido. A situação preocupa o governo inglês que resolve investigar. Palmer é então designado para essa operação. Provavelmente algum país socialista estaria planejando sabotar os ingleses eliminando justamente seus melhores quadros científicos. Aos poucos Palmer vai chegando na verdade, algo que o colocará em sério risco de vida. "Ipcress" é bem interessante porque segue de certa maneira os passos dos filmes de James Bond, mas tudo sob um ângulo mais realista, pé no chão. Não é tão fantasioso como 007. O próprio agente Palmer não é um super-herói, bem ao contrário, é apenas um agente comum, sem grandes heroísmos. Os vilões do filme são albaneses. A Albânia teve um dos regimes comunistas mais sombrios e fechados do mundo. Na época isso causou um certo mistério em relação a eles e o roteiro aproveita esse aspecto. No geral é um bom filme, com aquela sofisticação e elegância que sempre marcou o cinema inglês. Não é uma aventura tão movimentada como os filmes de Bond e nem se propõe a ser. A intenção é ser um filme de espionagem mais intelectual, mais introspectivo.

Ipcress: Arquivo Confidencial (The Ipcress File, Inglaterra, 1965) Direção: Sidney J. Furie / Roteiro: W.H. Canaway, James Doran / Elenco: Michael Caine, Nigel Green, Guy Doleman / Sinopse: Com o desaparecimento de um grande número de cientistas o governo inglês determina que seu serviço secreto comece a investigar o que de fato estaria acontecendo. O agente Harry Palmer (Michael Caine) é então designado para o solucionar o mistério. Filme premiado pelo BAFTA Awards nas categorias de Melhor Fotografia (Otto Heller), Melhor Direção de Arte (Ken Adam) e Melhor Direção (Sidney J. Furie).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Interestelar

Não é pequeno o número de pessoas que não gostaram desse filme. Eu sei explicar bem a razão. Não temos aqui um roteiro de fácil digestão. Na realidade o argumento é um dos mais inteligentes que já vi nos últimos anos. Ele lida com universos paralelos, dimensões espaciais e física, muita física, ou melhor dizendo, astrofísica. As distâncias e o espaço / tempo são tão grandiosos em termos universais que até mesmo nossos conceitos mais básicos se tornam elásticos e sem muito sentido diante da realidade explorada pelo filme em si. Os roteiristas de "Interestelar" não o escreveram para um público mediano, que mal consegue lidar com conceitos mais simples da ciência. Na verdade eles partiram do pressuposto que o espectador já teria algum colchão de conhecimento para absorver tudo o que verá pela frente. Só assim haveria a mínima possibilidade de compreender como o astronauta Cooper (Matthew McConaughey) consegue entrar em um buraco de minhoca, vindo parar em uma realidade paralela, em outra dimensão dentro de nosso próprio mundo. Uma vez lá ele tenta se comunicar com o seu Eu desse outro espaço tempo e o ciclo volta a se renovar, mostrando nesse sentido a universalidade da própria eternidade.

Já deu para perceber que não é uma ficção para quem andou cabulando as aulas de física no ensino médio não é mesmo? Pois bem. Se o espectador conseguir pelo menos pegar parte dessas nuances já terá feito alguma coisa. Na verdade o filme tem além de um roteiro excepcional uma direção de arte brilhante (que recria como seria alguns exoplanetas no universo) e efeitos especiais bem feitos e que trabalham em sintonia com a história que está contando. Provavelmente o filme vai agradar muito mais aos que já se interessam por esse tipo de tema. Os espectadores eventuais que não estejam dispostos a pensar muito vão acabar sofrendo para pegar tudo o que vê na sua frente. Não é um filme para amadores. "Interestelar" exige concentração e foco, algo que infelizmente falta em abundância no público que frequenta cinemas hoje em dia.

Interestelar (Interstellar, Estados Unidos, 2014) Direção: Christopher Nolan / Roteiro: Jonathan Nolan, Christopher Nolan / Elenco: Matthew McConaughey, Anne Hathaway, Michael Caine, John Lithgow, Ellen Burstyn, Jessica Chastain, Casey Affleck / Sinopse: Ex piloto do programa espacial é recrutado para uma nova missão da NASA. Ele deverá ir junto com sua tripulação em direção a um enorme "buraco de minhoca" cósmico em busca de respostas sobre três missões anteriores que não retornaram ao planeta Terra. O objetivo é procurar um novo lugar para colonização pela raça humana pois os recursos naturais da Terra estão virtualmente esgotados. O lema da missão passa a ser "A humanidade nasceu na Terra, mas não precisa morrer nela". Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhores Efeitos Especiais. Também indicado nas categorias de Melhor mixagem de Som, Melhor Edição de Som, Melhor Design de Produção e Melhor Música Original.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

O Último Caçador de Bruxas

Assim que tomei conhecimento da existência desse filme e vi o nome do ator Vin Diesel no elenco já percebi que não havia muito o que esperar. Ele se especializou nesse tipo de filme sem conteúdo nenhum, vazio e baseado muitas vezes apenas em efeitos especiais e cenas de ação e nada mais. Então ver o Vin Diesel em um filme que supostamente seria de terror já causava desconfiança. Eu estava certo em todas as previsões. Realmente pouca coisa se salva nesse "O Último Caçador de Bruxas". No começo pensei se tratar de mais uma daquelas adaptações de quadrinhos, mas não era nada disso. É realmente um roteiro original. Pena que não muito interessante ou criativo. A referência mais óbvia é aquele filme "Van Helsing: O Caçador de Monstros" de 2004. Uma maneira de tentar modernizar monstros clássicos com toneladas de efeitos digitais. Bom, todo mundo sabe que aquele filme passou longe de ser bom, então... Basicamente é uma tentativa de fazer um terror baseado nas lendas envolvendo bruxas. Eu particularmente sempre fico incomodado com esse tema porque historicamente as "bruxas" não passavam de mulheres pobres, solteiras, que viviam em casebres miseráveis no meio das florestas. Como elas também tinham o hábito de criarem gatos pretos e preservar velhos costumes de antigas religiões pagãs, logo foram acusadas de serem feiticeiras! De forma triste acabaram caindo na rede de fanatismo religioso que dizimou milhares de mulheres inocentes na idade média e durante a colonização americana. Um período obscuro e triste, onde muitas foram mortas na fogueira, em uma brutalidade indescritível para os dias de hoje. Basta estudar as históricas "caças as bruxas" da inquisição protestante, principalmente na América do Norte na época da colonização, para entender que foi algo deplorável, o mais sombrio aspecto do fanatismo religioso que se teve notícia na história da humanidade. De uma maneira ou outra acabaram entrando no inconsciente coletivo. Obviamente que um filme tão vazio como esse não estaria preocupado em tratar historicamente o que aconteceu com as mulheres acusadas de bruxas no passado, mas sim partir do pressuposto de que eram bruxas mesmo, monstros a serviço do mal. Em suma, tudo uma grande bobagem.

Apesar de ser curto, o enredo desse filme é meio enrolado. Tentarei resumir da melhor maneira possível. Vin Diesel interpreta um caçador de bruxas chamado Kaulder. Ele nasceu no século XIII e após perder toda a sua família resolve se empenhar ainda mais na destruição dessas feiticeiras malignas. Durante um desses ataques ele se depara com a mais poderosa delas, tratada como a rainha por todas as demais. Essa lhe roga uma maldição: ele terá vida eterna, jamais morrerá e sofrerá muito por isso, passando os séculos remoendo as dores de seu trágico passado. O tempo passa e finalmente encontramos Kaulder nos tempos atuais. Ele continua caçando bruxas, mas agora faz parte de uma ordem religiosa secreta denominada "Machado e Cruz". Na sua luta para erradicar de vez com a magia negra no mundo ele conta sempre com a ajuda de um padre que recebe o título de Dolan. São membros da igreja designados justamente para essa função. O mais velho deles, interpretado por Michael Caine, está prestes a se aposentar. Antes que isso aconteça porém ele sofre um atentado à sua vida. Caberá a Kaulder descobrir quem matou seu antigo amigo. E isso tudo, acreditem, é apenas o começo da trama. Para não dizer que o filme só apresenta problemas e defeitos eu vou destacar dois aspectos positivos que encontrei. O primeiro vem do elenco. Além do veterano Michael Caine, que sempre vale ao menos uma espiada seja qual for o filme, temos também em cena a atriz Rose Leslie, a ruivinha guerreira Ygritte da série "Game of Thrones". Eu sempre considerei ela muito talentosa, pena que o seu personagem aqui, uma bruxinha do bem, não ajude muito. Mesmo assim ela garante os poucos e raros bons momentos do filme. Outro aspecto que merece uma certa dose de elogios é a direção de arte da produção. Tom Reta, o diretor de arte do filme, se baseou nas antigas crenças pagãs de culto à natureza para criar todo o visual estético da produção. Ficou diferente e bem interessante. Esse aspecto também passou para os efeitos especiais, todos baseados nessa premissa. Infelizmente nada disso serviu no final para salvar o filme como um todo já que inegavelmente é bem fraco realmente.

O Último Caçador de Bruxas (The Last Witch Hunter, Estados Unidos, 2015) Direção: Breck Eisner / Roteiro: Cory Goodman, Matt Sazama / Elenco: Vin Diesel, Michael Caine, Rose Leslie, Elijah Wood, Ólafur Darri Ólafsson, Julie Engelbrecht / Sinopse: Durante a idade das trevas o caçador de bruxas Kaulder (Vin Diesel) é amaldiçoado por uma feiticeira. Ele jamais morrerá, para sofrer pelos séculos seguintes a dor psicológica pela morte de toda a sua família. 800 anos depois Kaulder está em Nova Iorque, fazendo parte de uma ordem religiosa chamada "Machado e Cruz" para caçar as bruxas que ainda vivem. O que ele não esperava era reencontrar nessa altura de sua vida os velhos inimigos do passado agindo novamente nas ruas da grande cidade.

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Uma Ponte Longe Demais

Já faz algum tempo que estou procurando rever antigos filmes que assisti no passado. Acontece que depois de muitos anos você acaba esquecendo de praticamente todo o filme, ficando na memória apenas alguns trechos ou cenas mais importantes. Esse "Uma Ponte Longe Demais" eu assisti pela primeira vez ainda em vídeo durante a década de 1980. Ainda me recordo que se tratava de uma fita dupla, cujo a locação era praticamente o dobro do valor normal, mas que valia o sacrifício. Claro que já era hora de conferir novamente. Quando escolhi rever o filme nesse domingo à noite as únicas recordações que vinham em minha mente era de que se tratava de um dos mais clássicos filmes de guerra da história mais recente de Hollywood (produzido em 1977), que o elenco era realmente maravilhoso e que a fita tinha uma duração bem longa - quase três horas de filme no total! Mesmo assim tomei fôlego e resolvi rever. O roteiro explora curiosamente uma operação aliada durante a II Guerra Mundial que não deu muito certo. Foi a Operação Market Garden. Idealizada pelo general inglês Bernard Montgomery ela visava levar tropas para além das linhas inimigas, uma maneira de cercar as forças nazistas que estavam em movimento de retirada da França após a invasão da Normandia.

Assim foi idealizada e colocada em prática uma operação realmente gigantesca. Só para se ter uma ideia contou com milhares de aviões de guerra (inclusive planadores) e mais de 40 mil homens divididos em quatro divisões de infantaria e blindados do exército aliado. Tropas de para-quedistas foram enviadas para a retaguarda das tropas alemãs, com o objetivo de capturar pontes vitais na movimentação e abastecimento dessas tropas. Cercar para aniquliar. Asfixiar os recursos dos alemães. O plano realmente parecia muito bom, pena que uma série de imprevistos quase fez tudo se tornar em vão. As comunicações entraram em pane, evitando que o comando se comunicasse com os homens no front, o clima só atrapalhou e como se isso tudo não fosse o bastante os soldados americanos e ingleses ficaram sem comida, medicamentos e munição. Historicamente muito fiel aos acontecimentos reais, o diretor Richard Attenborough (o mesmo cineasta que dirigiu os filmes "Gandhi", "Um Grito de Liberdade" e "Chaplin") resolveu filmar um roteiro mais extenso que tenta acompanhar todos os três grandes grupos de combatentes que participaram dessa batalha. Essa tomada de decisão pode até ter deixado o filme um pouco prolixo e até mesmo confuso em certos momentos, mas nada disso acabou atrapalhando a qualidade final pois ainda considero um filme de guerra dos mais competentes.

Em termos de elenco temos uma verdadeira constelação de astros. O interessante é que dentro da estrutura do roteiro nenhum desses personagens podem ser apontados como os únicos protagonistas. Como se tratou de uma ação coletiva, que envolveu inúmeros oficiais e soldados no campo de batalha, o texto do filme também procurou privilegiar esse aspecto, sem colocar ninguém em destaque. Em uma visão mais crítica teríamos na verdade um roteiro ao estilo mosaico com uma multidão de coadjuvantes - embora todos eles sejam ao mesmo tempo também bem vitais dentro da história. Sean Connery, por exemplo, interpreta o Major General Urquhart, um veterano que acima de tudo teme pelo destino de seus homens. Com a experiência do campo de batalha ele logo percebe que aquele plano de invasão tinha realmente poucas chances de dar certo. Outro ator que pouco se destaca no elenco, apesar de ser um dos grandes astros da época, é Robert Redford. Ele leva mais de duas horas para finalmente surgir em cena. Seu personagem é designado para realizar uma missão fluvial das mais improváveis: atravessar um rio sob fogo pesado da artilharia alemã. Depois de concluída a missão ele desaparece sem maiores explicações.

Com um elenco tão bom e cheio de astros só achei equivocada a escalação de Ryan O'Neal no papel do Brigadeiro General Gavin. Ele era muito jovem para o papel, o que fez com que diversas cenas soassem estranhas e fora de nexo, principalmente quando encontrava oficiais bem mais velhos do que ele, verdadeiros veteranos, lhe pedindo conselhos de como agir no campo de batalha. Ryan com aquela cara de garoto (ele ainda era bem novo quando o filme foi realizado) não convence em nenhum momento. Bem melhor se sai o sempre ótimo Gene Hackman. Ele interpreta um oficial polaco que sofre uma série de preconceitos por causa de suas origens. Tudo levaria a crer que ele roubaria o filme quando entrasse em ação, porém ocorre um anticlímax quando os comandantes da operação resolvem deixá-lo fora de ação por quase todo o filme. Então é isso. Um filme improvável em minha opinião já que mostra um momento em que pouca coisa parecia dar certo para as forças aliadas que lutavam contra o III Reich. É até de surpreender que Hollywood tenha se interessado por essa história de fracasso militar de americanos e ingleses durante a II Guerra Mundial. O filme, por outro lado, deu mais do que certo. Um ótimo programa certamente.

Pablo Aluísio.

Uma Ponte Longe Demais

Título no Brasil: Uma Ponte Longe Demais
Título Original: A Bridge Too Far
Ano de Produção: 1977
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: United Artists
Direção: Richard Attenborough
Roteiro: William Goldman, baseado no livro de Cornelius Ryan
Elenco: Sean Connery, Ryan O'Neal, Michael Caine, Robert Redford, Gene Hackman, Anthony Hopkins, Michael Caine, Edward Fox, James Caan, Maximilian Schell, Laurence Olivier, Dirk Bogarde, Liv Ullmann, Elliott Gould.
  
Sinopse:
Setembro de 1944. II Guerra Mundial. Os principais comandantes das forças aliadas resolvem colocar em execução uma missão ousada, a Operação Market Garden. O objetivo seria colocar nas posições situadas atrás das linhas inimigas alemãs, bem na fronteira entre Holanda e Alemanha, um vasto exército de tropas especiais para-quedistas para cercar e sufocar as tropas nazistas que naquele momento estavam em um desesperado movimento de retirada da França por causa da invasão aliada na Normandia, dentro da série de ataques realizados durante o Dia D. Para o front são enviados oficiais condecorados e experientes como o Major General Urquhart (Sean Connery) e o Tenente Coronel inglês Frost (Anthony Hopkins), porém assim que pisam em território inimigo uma série de coisas começam a dar incrivelmente erradas, colocando em risco a vida de milhares de soldados aliados. Filme vencedor do BAFTA Awards nas categorias de Melhor Fotografia, Melhor Trilha Sonora e Melhor Ator Coadjuvante (Edward Fox). Também vencedor do British Society of Cinematographers na categoria de Melhor Fotografia (Geoffrey Unsworth).

Comentários:

Um épico moderno dos filmes de guerra passados na II Guerra Mundial, "A Bridge Too Far" entrou para a história do cinema por causa de seu elenco maravilhoso, cheio de grandes astros de Hollywood e da produção classe A que não poupou recursos para contar sua história. O foco do enredo se concentra na Operação Market Garden que tinha a intenção de cercar as forças nazistas que fugiam da França após o vitorioso desembarque aliado na Normandia. A intenção também era destruir todas as linhas de comunicações entre Berlim e suas tropas avançadas, destruindo pontes, estradas e vias de comunicação e abastecimento entre o coração do III Reich e seus comandados da frente ocidental. Não era uma tarefa fácil. Apesar do fato dos alemães estarem batendo em retirada a questão era que ainda tinham muito poder de fogo e combate e por essa razão assim que as botas dos soldados aliados pisaram em solo inimigo se deu início a um dos mais sangrentos episódios de toda a guerra, com batalhas travadas com muita ferocidade na luta por cada palmo de chão. O diretor Richard Attenborough quis ser o mais fiel aos acontecimentos reais e para isso não poupou esforços e nem metragem para sua obra. Embora bem completo o filme também se mostra com uma longa duração (2h49m para ser mais exato), o que de certa forma afastou grande parte do público na época.

Para quem não se importar com esse detalhe porém o filme vai se revelar uma excelente obra histórica, mostrando cada detalhe da operação, os eventos imprevisíveis e até mesmo os fatores que fizeram tudo dar tão incrivelmente errado. Há excelentes cenas de ação antes disso, inclusive uma impressionante sequência de centenas de aviões despejando os para-quedistas em solo inimigo. Uma grandiosa cena que contou inclusive com várias aeronaves da época e que ainda estavam em operação quando o filme foi realizado (algo que hoje em dia seria simplesmente impossível). O roteiro também explora várias pequenas missões envolvendo os diversos personagens do filme. Muitas dessas cenas são relativamente independentes das demais, funcionando quase como curtas dentro de um longa-metragem. Assim temos por exemplo a luta de um soldado (James Caan) em salvar a vida de um capitão dado como morto ou então a tenaz resistência de um oficial britânico (Hopkins) em manter sua posição dentro de uma cidade holandesa, mesmo diante de uma divisão de tanques alemães. Todas elas obviamente fazem parte da grande operação Market Garden, mas ao mesmo tempo contam pequenas histórias de luta e heroísmo dos combatentes anônimos que lutaram no front de guerra. Sob esse aspecto o roteiro acaba se revelando muito rico e detalhista do ponto de vista histórico, o que é uma das virtudes do filme como um todo. Assim se você estiver em busca de um bom filme sobre a II Guerra Mundial, que valorize os fatos reais e conte com um elenco realmente estelar, poucos serão tão recomendados como esse "Uma Ponte Longe Demais".

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Kingsman - Serviço Secreto

Título no Brasil: Kingsman - Serviço Secreto
Título Original: Kingsman - The Secret Service
Ano de Produção: 2014
País: Inglaterra, Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox, Marv Films
Direção: Matthew Vaughn
Roteiro: Jane Goldman, Matthew Vaughn
Elenco: Colin Firth, Taron Egerton, Samuel L. Jackson, Mark Hamill, Michael Caine, Mark Strong
  
Sinopse:
Gary 'Eggsy' Unwin (Taron Egerton) é um jovem inglês problemático que após uma confusão com a polícia acaba sendo procurado pelo misterioso Harry Hart (Colin Firth). Ele foi amigo de seu pai, um agente secreto que morreu de forma não muito bem explicada, há muitos anos. Harry porém está decidido a ajudar o garoto de todas as formas possíveis. Ele não quer que o rapaz se desvie do caminho, se tornando um criminoso. Depois de uma conversa franca com ele decide que vai ajudá-lo a entrar em sua própria organização secreta conhecida como "Kingsman". Mal sabe Eggsy as aventuras em que está prestes a viver!

Comentários:
Eu confesso que nem fui muito atrás de maiores informações antes de ir assistir a esse filme. Tudo o que me atraía era o fato de ser estrelado pelo ator Colin Firth e o tema girar em torno do mundo da espionagem. Bom, me dei mal. Logo na primeira cena pude perceber, para meu desalento, que se tratava de mais uma adaptação do mundo dos quadrinhos e esses, pelo que pude constatar, eram bem juvenis mesmo. Material para adolescente. O roteiro mostra esse jovem, um garoto problemático, que acaba virando pupilo de Harry Hart (Colin Firth) ou Galahad, agente de uma organização secreta conhecida apenas como Kingsman. Até aí tudo bem, a premissa até que parecia muito boa e até promissora. O problema é que realmente não estava com espírito para encarar algo assim tão, digamos, adolescente. É um produto pop juvenil feito para a garotada que lota os cinemas no verão. O enredo vai se desenvolvendo nervosamente, ora funcionando como paródia dos antigos filmes de James Bond, ora como galhofa dos velhos valores. Existem poucas coisas que irão soar como novidade para um cinéfilo veterano como esse que vos escreve. Tudo é muito manjado e já foi utilizado milhões de vezes antes. Se formos puxar o fio da meada descobriremos facilmente que "Kingsman" é apenas um enorme caldeirão de clichês que se utilizam de elementos de centenas de outros sucessos do cinema, alguns até bem recentes. Sua originalidade é quase zero! 

Em determinado momento fiz até mesmo uma analogia com os filmes de Harry Potter, principalmente quando jovens são testados para virarem espiões (em Potter eles estudavam para se tornarem bruxos). Também há pitadas de "Jogos Vorazes" porque esse grupo de jovens irá também passar por uma competição, onde apenas os mais fortes sobreviverão e entrarão para os quadros da ultra secreta organização. A produção é muito boa, bem realizada, com bonita direção de arte, fotografia, etc, mas realmente não consegui gostar do filme como um todo. Atribuo isso ao fato de não ter mais a mentalidade e nem a idade de 14 anos - justamente a faixa etária que acredito ser a ideal para curtir esse tipo de filme ao lado dos amigos, comendo muita pipoca e tirando onda com o lanterninha. Algumas cenas são tão nonsense que acabam ficando divertidas como o massacre no culto evangélico, mas é só! A única maneira de se divertir um pouco é desligar o cérebro e não levar absolutamente nada a sério. Depois de uns 10 minutos de filme, quando você finalmente percebe toda a intenção dele, não resta outra saída a não ser tentar entrar no clima. Para alguns pode até vir a se tornar uma boa diversão. Comigo porém definitivamente não funcionou.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Miss Simpatia

Eu realmente nunca entendi como a Sandra Bullock virou uma estrela de primeira grandeza, com cachês milionários e destaque no mundo do cinema. Para falar a verdade sempre considerei sua filmografia muito abaixo do razoável. Grande parte de seus filmes são realmente bem bobinhos, alguns até admito que são divertidos, mas nada para se ter o status que ela tem dentro da indústria. Não que eu tenha antipatia por ela, longe disso, mas realmente não há como negar que ela fez sua carreira estrelando uma bobagem atrás da outra. Um exemplo é esse “Miss Simpatia” que fez tanto sucesso que até virou franquia! Mas afinal qual é o segredo dessa moça? Assistindo essa comédia descobrimos algumas pistas. A Bullock nunca fez o gênero das grandes musas do cinema, ela na verdade rema em outra maré. Seu jeito de garota despojada, quase moleca, sem nenhuma sofisticação é o seu grande charme em relação ao público. Muitas mulheres se identificam com ela por essa razão.
   
“Miss Simpatia” aliás investe justamente nisso, no choque que surge entre uma garota durona e o mundo fútil e artificial dos concursos de misses! É a tal coisa, choques de realidades geralmente são divertidos e engraçados e o roteiro do filme foi todo escrito aproveitando essa premissa. Sandra Bullock aqui interpreta uma policial rude e machona que acaba tendo que se disfarçar de miss para desvendar um crime ocorrido em um dos principais concursos de beleza dos EUA. O jeito sulista de Bullock então cai como uma luva para o enredo que explora exatamente a diferença existente entre o seu jeito de ser e as regras que norteiam a vida dessas dondocas e beldades. Não posso dizer que o filme é todo ruim porque há sim seqüências divertidas e engraçadas mas nada que justifique a grande bilheteria que essa comédia teve em seu lançamento. O público simplesmente adorou o jeito cafona e mal educada, além da risada de “porquinha” da personagem de Bullock! Agora uma coisa deve-se reconhecer: nada é mais engraçado no filme inteiro do que ver o eterno Capitão Kirk, o ator William Shatner, pagando mico como apresentador de concurso de misses! É realmente de rolar de rir... Por essa nem o Dr. Spock esperava...

Miss Simpatia (Miss Congeniality, Estados Unidos, 2000) Direção: Donald Petrie / Roteiro: Marc Lawrence, Katie Ford / Elenco: Sandra Bullock, Michael Caine, Benjamin Bratt, William Shatner / Sinopse: Gracie Hart (Sandra Bullock) é uma policial que precisa se infiltrar em um fútil e frívolo concurso de miss para solucionar um caso dos mais complicados.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 31 de março de 2015

Interestelar

Piloto de testes no passado, Cooper (Matthew McConaughey) agora precisa cuidar de uma fazenda no meio oeste americano. O programa espacial foi praticamente desativado pois o planeta passa por um sério problema com sua agricultura. Várias culturas agrícolas essenciais para a humanidade estão simplesmente deixando de existir por questões ambientais. Indignada com os gastos do programa espacial a população acabou exigindo que todos os gastos com a exploração do cosmos fossem suspensas. Para Cooper, que é viúvo e vive ao lado de seus dois filhos adolescentes e seu pai na sede da fazenda, a ciência é agora apenas um ponto nostálgico de sua vida passada. Após uma terrível tempestade de areia em sua propriedade rural ele percebe que há um estranho fenômeno acontecendo no quarto de sua filha - uma alteração gravitacional sem explicação aparente. Tentando decifrar o enigma, ele acaba descobrindo que há uma linguagem binária envolvida naquela situação. Usando os números como guia acaba descobrindo tratar-se de uma posição geográfica. Indo até lá, no meio do deserto, acaba descobrindo uma imponente instalação governamental, um projeto espacial secreto, que tem como objetivo enviar astronautas na exploração de um "buraco de minhoca" perto de Saturno. O termo é usado designar fendas cósmicas que conseguem alinhar o tempo-espaço do universo. Esse lugar proporciona um salto interestelar, tornando possível uma viagem até uma estrela longínqua do universo e seu próprio sistema planetário. Imediatamente Cooper é convidado pelo cientista e professor Brand (Michael Caine) para participar de uma nova missão de reconhecimento rumo ao desconhecido. Acontece que três pioneiros foram enviados para exoplanetas há muitos anos e de lá nunca retornaram. Estarão vivos ou foram tragados pelo universo? A única maneira de responder a essa pergunta é enviando uma nova missão para esses planetas desconhecidos. Assim Cooper se une à filha de Brand (interpretada pela atriz Anne Hathaway) para juntos cruzarem o buraco de minhoca. Uma vez lá descobrem que nem tudo é tão dimensional e simples de explicar como tenta entender a vã ciência humana.

Que Christopher Nolan é um dos diretores mais talentosos do cinema americano atual já não restam dúvidas. Qualquer filme assinado por ele já é motivo por si só para ser conferido, até de forma obrigatória, pelos cinéfilos mais antenados. Nessa produção Nolan resolveu ir além. Desde os primeiros momentos sabemos que ele vai explorar um tema que já foi muito caro na história da sétima arte. Não precisa ir muito longe para entender que o grande modelo seguido por Nolan foi o clássico de Stanley Kubrick, "2001 - Uma Odisseia no Espaço". O argumento basicamente segue os passos do clássico filme original. De certa maneira tudo pode até mesmo ser encarado como uma revitalização do tema ou até mesmo uma forma de tornar sua proposta mais acessível ao grande público. Obviamente que essa produção não tem a consistência filosófica e existencial do filme original. isso porém não se torna um problema. Acredito que Nolan quis apenas realizar uma ficção científica inteligente, lidando com temas da Astrofísica que estão bastante em voga atualmente. Se você não entende ou não curte ciência não precisa também se preocupar. Nolan escreveu seu filme de forma que seja acessível ao homem médio. Claro que conceitos relativos como tempo, espaço e gravidade, formam a espinha dorsal do enredo, mas isso pode ser entendido sem maiores problemas desde que você tenha ao menos uma base de física (até mesmo o feijão com arroz ensinado no ensino médio lhe trará algum apoio nesse sentido). Assim o que temos aqui é uma estória até simples, muitas vezes bem fantasiosa, com um background científico mais aprofundado. Algumas situações do roteiro chegam um pouco a incomodar pelas soluções fáceis demais que vão surgindo. Por exemplo, mesmo aposentado há anos o personagem de Matthew McConaughey é logo incorporado na missão espacial, assim quase da noite para o dia, algo que seria inimaginável em uma situação real. Parece que Nolan e seu irmão Jonathan capricharam nas tintas científicas de sua trama e se descuidaram um pouco de certos acontecimentos mais banais do enredo.

Além disso alguns aspectos dos planetas visitados são bem pueris (diria até primários) do ponto de vista astronômico, mas nada disso chega a se tornar um problema de complicada superação. O que vale mesmo em tudo é o conceito de dimensões paralelas explorada por Nolan, principalmente nas sequências finais quando temos uma verdadeira flâmula dos conceitos de multi universos dimensionais. Sim, alguns aspectos do roteiro serão banais, como a enésima exploração do tema de um planeta exaurido em seus recursos naturais, mas se pensarmos bem tudo isso nada mais é do que uma bengala narrativa para que Nolan desenvolva seu tema principal. No geral a família - que mais parece ter saído de um filme de Spielberg por causa da pieguice excessiva - acaba também servindo de uma ferramenta puramente narrativa para que o diretor desenvolva suas ideias mais científicas, as principais no final de tudo. Certamente Interestelar é um belo filme, com uma proposta que vai até mesmo soar intrigante nos dias de hoje. Poderia ser uma obra prima se Nolan fosse mais além mesmo, com coragem, como fez Kubrick no passado em sua obra cinematográfica imortal. Ao dar espaço para pequenas concessões comerciais em seu roteiro, Nolan perdeu talvez a grande chance de realizar a maior obra prima de toda a sua carreira. Nem sempre tentar agradar ao grande público que lota os cinemas comerciais pode compensar, olhando-se tudo sob esse ponto de vista, esse tipo de situação. De bom mesmo o que ficará dessa produção será o desenvolvimento de conceitos científicos e a bela mensagem de Nolan sobre a importância do amor, encarado quase como uma variável puramente astrofísica. Quem diria que um cineasta conseguiria reunir dois temas assim tão dispares em um mesmo pacote? Sensacional.

Interestelar (Interstellar, EUA, 2014) Direção: Christopher Nolan / Roteiro: Jonathan Nolan, Christopher Nolan / Elenco: Matthew McConaughey, Anne Hathaway, Michael Caine, John Lithgow, Ellen Burstyn, Jessica Chastain, Casey Affleck / Sinopse: Ex piloto do programa espacial é recrutado para uma nova missão da NASA. Ele deverá ir junto com sua tripulação em direção a um enorme "buraco de minhoca" cósmico em busca de respostas sobre três missões anteriores que não retornaram ao planeta Terra. O objetivo é procurar um novo lugar para colonização pela raça humana pois os recursos naturais da Terra estão virtualmente esgotados. O lema da missão passa a ser "A humanidade nasceu na Terra, mas não precisa morrer nela". Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhores Efeitos Especiais. Também indicado nas categorias de Melhor mixagem de Som, Melhor Edição de Som, Melhor Design de Produção e Melhor Música Original.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Batman Begins

Com o último filme da trilogia estreando nas telas resolvi rever as duas primeiras produções da franquia a começar por esse "Batman Begins" que só tinha assistido uma única vez justamente na sua estréia. Lembro que gostei bastante na época mas como já não me recordava muito dos detalhes resolvi reavaliar. Acredito que nessa altura do campeonato ninguém mais duvida da qualidade dessa nova trilogia e todas as suas qualidades já surgem aqui no primeiro filme. O roteiro é muito bem escrito fazendo com que a trama, muito inteligente por sinal, se feche redondinha em si. O argumento consegue contar as origens do herói sem se focar apenas nisso abrindo espaço também para uma boa aventura ao estilo dos quadrinhos com o vilão Espantalho. O que mais caracteriza essa nova releitura de Batman no cinema assinada por Christopher Nolan é o apego com a realidade. Mesmo lidando com um personagem de universo fantástico como Batman o diretor tenta de todas as formas manter sempre um pé na realidade. Essa situação fica mais evidente se lembrarmos de outras encarnações do morcego nas telas de cinema. Não há espaço para a fantasia em excesso, o Batman de Nolan é o mais próximo possível do que seria um universo plausível, longe de exageros ou tramas infanto-juvenis.

Outro ponto forte de "Batman Begins" é seu elenco. A escolha de Christian Bale se mostrou acertada. Ele é notoriamente um ator pouco carismático ou simpático mas que se torna adequado para o personagem Batman pois esse é um sujeito com muitos demônios internos, frustrações e traumas pessoais. Assim o semblante taciturno de Bale acaba caindo como uma luva para o cavaleiro das trevas. Cillian Murphy também surge muito bem como um psiquiatra almofadinha com ar insuportável que acaba utilizando de alucinações induzidas para aumentar seus domínios. Rever os veteranos Morgan Freeman e Michael Caine sempre é um prazer e até a chatinha Katie Holmes surge bem em seu papel. Já Liam Neeson parece não ter esquecido ainda seu personagem Jedi - a todo momento ficamos com a impressão que ele vai sacar um sabre de luz! Em suma, Batman que quase sempre se deu bem nos cinemas aqui ressurge de forma muito satisfatória, em um bom roteiro que discute a diferença entre justiça e vingança de forma muito inteligente e perspicaz. "Batman Begins" é um filme à prova de falhas, bom de sua primeira à última cena, que aliás anuncia o surgimento do Coringa na franquia. Mas essa é uma outra história...

Batman Begins (Idem, Estados Unidos, 2005) Direção: Christopher Nolan / Roteiro: Christopher Nolan, David S. Goyer baseados nos personagens criados por Bob Kane / Elenco: Christian Bale, Cillian Murphy, Michael Caine, Morgan Freeman, Liam Neeson, Katie Holmes, Gary Oldman, Rutger Hauer, Tom Wilkinson, Ken Watanabe / Sinopse: Após testemunhar a morte de seus pais o milionário Bruce Wayne (Christian Bale) resolve criar um símbolo de luta contra a criminalidade que se alastra em uma Gothan City corrupta e violenta. Esse símbolo passa a ser personificado por Batman, o Cavaleiro das Trevas.

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Em Terreno Selvagem

Título no Brasil: Em Terreno Selvagem
Título Original: On Deadly Ground
Ano de Produção: 1994
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Steven Seagal
Roteiro: Ed Horowitz, Robin U. Russin
Elenco: Steven Seagal, Michael Caine, Joan Chen

Sinopse:
Forrest Taft (Steven Seagal) é um agente ambiental que trabalha para a Companhia de Petróleo Aegis no Alasca. O executivo e CEO da companhia porém não está muito preocupado com questões ambientais, só com lucros, cada vez mais potencializados. Hipócrita, lança comerciais onde vende a imagem de um executivo industrial ambientalista. Agora seu principal objetivo é a construção de uma grande plataforma que irá destruir não apenas o maio ambiente, mas também a tradicional cultura dos esquimós que vivem na região.

Comentários:
Steven Seagal surge aqui dirigindo um filme de ação com um roteiro ambientalista. Nos anos 1990 a onda verde estava em seu auge (basta lembrar da Eco 92) e o ator assim tentou capitalizar em cima disso. Obviamente que apesar das boas intenções o filme acabou virando alvo de chacotas por parte da crítica, afinal de contas não deixava de ser irônica a situação onde um brutamontes de repente parava a pancadaria para declamar discursos de preservação. Steven Seagal acabou pagando um preço alto, pois o filme virou um dos campeões de indicações ao Framboesa de Ouro, inclusive nas categorias de pior filme, direção, ator, atriz e roteiro. Apesar de não ser nenhum primor sempre achei essa enxurrada de carga negativa bastante exagerada. É uma diversão escapista, onde Seagel quis criar algum conteúdo, mesmo não se saindo muito bem. Além disso tem o valente Michael Caine defendendo seu cachê! Só isso já basta para conferir a produção.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

O Grande Truque

Título no Brasil: O Grande Truque
Título Original: The Prestige
Ano de Produção: 2006
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Christopher Nolan
Roteiro: Jonathan Nolan, Christopher Nolan
Elenco: Christian Bale, Hugh Jackman, Scarlett Johansson, Michael Caine

Sinopse:
A rivalidade entre dois talentosos mágicos ultrapassa todo e qualquer limite. Agora, um deles terá que enfrentar uma séria acusação de assassinato. Verdade ou apenas mais um truque desses geniais profissionais? Filme indicado ao Oscar nas categorias Melhor Direção de Arte e Fotografia. Também indicado ao prêmio da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films nas categorias Melhor Filme e Melhor Figurino.

Comentários:
Os mágicos de hoje em dia perderam muito de seu charme original. Mais parecem metaleiros do que nobres que dominam o misterioso mundo da magia. Vide os grandes astros da categoria em Las Vegas atualmente. Esse "The Prestige" recupera um pouco essa antiga mistica! Christopher Nolan rodou o filme entre "Batman Begins" e "Batman - O Cavaleiro das Trevas" e talvez por essa razão seus méritos tenham sido um pouco ofuscados, até porque os filmes de Batman não eram apenas produções comuns, mas eventos cinematográficos que ultrapassavam em muito a mera exibição das aventuras do homem-morcego pelas telas do mundo afora. "O Grande Truque" por sua vez se propõe a contar uma boa estória, adornado com uma maravilhosa direção de arte e um clima singular, onde realidade e fantasia se misturam muito bem. E como é bem do feitio de Nolan, os efeitos especiais são meras ferramentas em prol do enredo e dos personagens, e não a desculpa principal da existência do filme em si. Assim, já que o impacto dos filmes de Batman passou, talvez seja uma boa hora de rever com mais calma essa interessante obra do cineasta. Roteiro inteligente, boas atuações e um clima nostálgico irresistível garantem um ótimo programa para o gosto de qualquer cinéfilo.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

O Implacável

O filme é um remake de um antigo filme estrelado por Michael Caine em 1971 chamado “Carter, o Vingador”, que por sua vez foi baseado no livro “Jack´s Return Home” de autoria de Ted Lewis. Na trama o mafioso de Las Vegas Jack Carter (Sylvester Stallone) volta para sua cidade natal para acompanhar os funerais de seu irmão. Chegando lá ele acaba descobrindo que a morte não foi acidental mas sim uma execução. O que parecia um acidente na verdade foi um assassinato. A partir desse ponto Carter começa a ligar os fios da história da morte de seu irmão para chegar na identidade dos verdadeiros assassinos, iniciando uma onda de violência e vingança que parece não ter mais limites. “O Implacável” foi uma clara tentativa de levantar a carreira de Stallone que parecia ter perdido o brilho para seus grandes êxitos de bilheteria do passado. Infelizmente não deu certo e o resultado foi decepcionante, não conseguindo sequer recuperar seu investimento, seu custo, um verdadeiro fracasso comercial.

Aqui Stallone está em cena com um cavanhaque fora de moda em atuação muito fraca, realmente inexpressiva, se limitando a distribuir socos e pontapés por onde passa. Mickey Rourke volta a ser vilão em um filme de ação. O personagem de Rourke, Cyrus, não é muito relevante. Aqui ele é o antagonista para o astro Sylvester Stallone. Como seu personagem não era central ele pelo menos foi poupado de ser acusado de ser o culpado por mais esse fracasso em sua filmografia. Na época eram apenas dois astros da década de 80 tentando reencontrar o rumo do sucesso. Eles só voltariam a dar a volta por cima alguns anos depois. O curioso é saber que esse roteiro tão derivativo e sem imaginação foi escrito por um bom roteirista, David MacKeena, do excelente “Um Outra História Americana”. Pelo jeito nem sempre a união de estrelas, bons roteiristas e direção promissora resulta necessariamente em bons filmes.

O Implacável (Get Carter, Estados Unidos, 2000) Direção: Stephen Kay / Roteiro: David McKenna / Elenco: Sylvester Stallone, Miranda Richardson, Rachael Leigh Cook, Alan Cumming, Mickey Rourke, Michael Caine / Sinopse: Mafioso de Las Vegas descobre que o irmão não morreu em um acidente como foi levado a crer. Agora partirá para sua vingança pessoal contra os responsáveis pela morte dele.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Harry Brown

Harry Brown (Michael Caine) tenta levar sua vida após a morte de sua esposa. Na terceira idade, viúvo e ex-fuzileiro naval ele começa a acompanhar a degradação de sua outrora pacífica e pacata vizinhança. As gangues começam a se proliferar infestando seu bairro com drogas e violência. A situação se torna insuportável após a morte de seu melhor amigo Leonard (David Bradley), morto por um grupo de jovens violentos. Como a justiça e as autoridades não conseguem mais parar a violência, Harry resolve fazer justiça pelas próprias mãos. Acabei de assistir esse Harry Brown. O que posso dizer? Primeiro elogiar Michael Caine. Esse ator tem uma longa filmografia, que alterna filmes excepcionais com porcarias horrorosas. Durante um tempo ele ficou conhecido como o ator que topava qualquer coisa. Mas a idade veio e parece ter feito bem a ele pois atualmente tem sido bem mais criterioso. Ele sempre foi bom ator, apenas não escolhia direito os filmes que fazia. Pelo menos acredito que trocou de agente pois o nível de seus filmes tem melhorado demais. É o caso desse “Harry Brown” que é particularmente indicado para quem não aguenta mais a violência urbana e o descaso das autoridades com a situação.

O roteiro segue a linha "justiceiro limpando as ruas com as próprias mãos". Apesar do inicio calmo o filme vai crescendo em violência e termina em um banho de sangue típico dos filmes de Rambo. Eu sinceramente não considero que a única solução para a violência seja mais violência, proposta que o filme parece apoiar. De certa forma o argumento é do tipo "para resolver o problema das drogas basta liquidar os drogados". Que a juventude está aí nas ruas, se envolvendo cada vez mais na criminalidade não é novidade para ninguém. Apenas acredito que a solução não seja a que o filme indica. De qualquer forma deixando essas questões de lado o filme certamente é um bom entretenimento, só não o levem à sério demais.

Harry Brown (Harry Brown, Estados Unidos, 2009) Direção: Daniel Barber / Roteiro: Gary Young / Elenco: Michael Caine, Emily Mortimer, Iain Glen, Ben Drew / Sinopse: Harry Brown (Michael Caine) tenta levar sua vida após a morte de sua esposa. Na terceira idade, viúvo e ex-fuzileiro naval ele começa a acompanhar a degradação de sua outrora pacífica e pacata vizinhança. As gangues começam a se proliferar infestando seu bairro com drogas e violência. A situação se torna insuportável após a morte de seu melhor amigo Leonard (David Bradley), morto por um grupo de jovens violentos. Como a justiça e as autoridades não conseguem mais parar a violência, Harry resolve fazer justiça pelas próprias mãos.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge

Há um velho estigma dentro do cinema que afirma que a terceira continuação de uma franquia é sempre a pior. Fazendo uma retrospectiva realmente temos muitos exemplos disso. Esse último filme de Batman sob a direção de Christopher Nolan não contradiz essa velha máxima. Realmente é o filme menos brilhante da franquia mas é bom ressalvar que apesar disso ainda consegue ser um filme realmente excepcional. Ainda considero “Batman Begins” o melhor roteiro escrito e “Batman O Cavaleiro das Trevas” como o mais marcante em termos de atuação e direção (basta lembrar do Coringa de Heath Ledger para entender isso). Esse último filme de trilogia se destaca por ser o mais caótico, diria até mesmo anarquista, de todos eles. A figura de Bane surpreende por se revestir de tons revolucionários, pregando o poder para o povo (mesmo que seja mera desculpa para seus atos terroristas). Sua retórica chega a lembrar até mesmo dos líderes populistas e falsos socialistas que proliferam na América Latina atualmente.

A trama é brilhantemente construída. É uma pena que não possa debater aqui todos os detalhes e reviravoltas que surgem em cena pois não daria qualquer tipo de spoiler que estragasse as surpresas do filme mas fica a observação de que, pela primeira vez em muito tempo, Hollywood conseguiu criar um argumento muito sólido que consegue explicar excepcionalmente bem a origem e as motivações de seus personagens. Mesmo com tantos acertos encontramos erros também no timing da película. Embora seja um grande filme temos que reconhecer que há certos momentos que quebram a espinha dorsal da trama. Achei excelente o uso de certos momentos mas também pude perceber nitidamente a presença de cenas desnecessárias que quebraram o ritmo frenético dos acontecimentos. Batman, ou melhor dizendo, Bruce Wayne, surge incrivelmente vulnerável nesse terceiro filme. Quase sempre se recuperando de alguma lesão ou fratura – o que lhe deu uma humanidade muito acentuada, valorizando o lado mais realista do personagem, algo bem típico dos filmes de Christopher Nolan, que sempre procura ficar com os pés no chão. Um exemplo disso vemos também no próprio vilão Bane. Nos quadrinhos e desenhos animados ele é basicamente um brucutu brutal que literalmente “infla” com músculos desproporcionais, virando uma espécie de gigante descomunal. Nolan ignorou tudo isso em favor de um maior realismo (algo que esperava embora no íntimo tenha ficado torcendo para ele virar o monstro que conhecemos dos gibis).

Em termos de elenco nada a acrescentar ou criticar. Certamente a atriz Anne Hathaway como Mulher Gato passa longe do carisma de Michelle Pfeiffer (que continua sendo a melhor personificação do personagem no cinema) mas mesmo assim não compromete no saldo final. Ela na verdade é pouco sensual, mais parecendo uma daquelas modelos sem sal das revistas de moda, mas não faz feio.  Christian Bale continua muito bem como Bruce Wayne / Batman. Ator sem muito carisma conseguiu se sair muito bem na pele do complexo e martirizado milionário. Seu jeito sorumbático caiu como uma luva para o personagem sombrio que vive em eterna crise existencial. O restante do elenco de apoio continua ótimo, todos grandes atores que trazem muito para o resultado final. Já analisar o trabalho do ator Tom Hardy como Bane fica mais complicado. Com uma máscara que lhe tira toda a expressão facial não há como qualificar como bom ou ruim sua performance. Bane é um personagem que não abre muitos espaços para interpretações inspiradas como Coringa ou Pingüim.

Nos quadrinhos ainda é menos expressivo se limitando a ser uma montanha de músculos brutalizada. Aqui pelo menos ainda criaram toda uma estória em torno dele, tentando obviamente lhe passar alguma personalidade. De qualquer maneira as cenas de ação e lutas ficaram muito bem elaboradas e executadas. Impossível não sentir um frio na espinha na hora em que ele dá um golpe quase mortal no herói mascarado, quebrando suas costas. Em suma, reforçando minhas conclusões diria que “Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge” é certamente o mais fraco da série mas isso não significa em absoluto que seja ruim ou deixe a desejar, pelo contrário. O que acontece é que os filmes anteriores são maravilhosos e esse também é excepcional mas um ponto abaixo dos demais. Parabéns a Christopher Nolan pelo talento, bom gosto e competência na realização dessa extremamente bem sucedida franquia que se encerra aqui. Não sei qual é o futuro do Homem-Morcego nas telas – provavelmente volte em uma nova franquia daqui alguns anos – mas sei de antemão que se igualar ao nível de qualidade dos filmes de Nolan não será nada fácil. De qualquer modo fico realmente feliz em saber que essa trilogia foi fechada com chave de ouro.

Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Knight Rises,  Estados Unidos, 2012) / Direção: Christopher Nolan / Roteiro: Christopher Nolan, Jonathan Nolan / Elenco: Christian Bale, Gary Oldman, Morgan Freeman, Michael Caine, Anne Hathaway, JosephGordon-Levitt, Liam Neeson, Tom Hardy, Cilliam Murphy, Marion Cotillard, Juno Temple, Daniel Sunjata, Joey King, Matthew Modine / Sinopse Após os acontecimentos do filme anterior Bruce Wayne (Christian Bale) tenta se recuperar fisicamente dos ferimentos sofridos. Nesse meio tempo surge em Gotham City um terrorista mercenário chamado Bane (Tom Hardy) que deseja sob uma falsa retórica populista destruir a cidade. Apenas Batman pode deter seus planos de destruição.

Pablo Aluísio. 

domingo, 23 de setembro de 2012

Carros 2

Acabei de assistir a esse "Carros 2". Sinceramente acho essa franquia a mais fraca da Pixar. É um tipo de produto ligeiro, feito mesmo para passar em Shopping Center e vender brinquedos na loja que fica ao lado do multiplex. Nada de muito inspirado é encontrado aqui. Tem uma pequena sub-trama de espionagem (com várias citações aos filmes de James Bond) e a repetida estorinha de amizade entre Lightning McQueen e Mater (o estropiado carro guincho). As corridas que esperava ser o melhorzinho da animação não empolgam e são deixadas de lado. Aliás o roteiro é todo dirigido para Mater - McQueen virá apenas um personagem secundário, coadjuvante mesmo.

A dublagem brasileira é muito bem feita e conta com a participação especial do comentarista da ESPN Trajano. Fora isso não achei muito adequado a inclusão de sotaque caipira do interior de Minas ao personagem Mater. Claro que sua caracterização original também é de um caipira - só que do interior dos EUA - e ficaria complicado adequar isso para o espectador médio brasileiro, mas precisava mesmo usar gírias caipiras brasileiras tanto assim? Enfim, isso no final talvez nem importe. De qualquer forma "Carros 2" passa longe de ser uma das melhores animações da Pixar - é apenas mediano em seu saldo final.

Carros 2 (Cars 2, Estados Unidos, 2011) Direção: John Lasseter, Brad Lewis / Roteiro: Ben Queen, John Lasseter, Brad Lewis, Dan Fogelman / Elenco (Vozes):  Larry the Cable Guy,  Owen Wilson,  Michael Caine,  Emily Mortimer / Sinopse: Sequência de Carros, sucesso dos estúdios Pixar.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Hannah e Suas Irmãs

O mais interessante em "Hannah e Suas Irmãs" é que temos aqui um roteiro que discute sobre assuntos que geralmente são pesados (traições, a existência de Deus, o fracasso pessoal) mas de uma forma tão leve e divertida que nem percebemos isso. O elenco é todo bom, a começar pelo Michael Caine, um ator que só vim a apreciar bem mais tarde pois antigamente o achava muito "pau para toda obra" (pois ele fazia qualquer coisa que lhe ofereciam). Felizmente aqui ele tem um papel muito bom, o de um sujeito que se aventura com a própria irmã da esposa Hannah (interpretada com muita delicadeza por Mia Farrow). Embora esse triângulo amoroso proporcione bons momentos no filme certamente não é a melhor parte do roteiro. O melhor do filme realmente é o papel de Woody Allen (na pele do hipocondríaco e hilário Mickey). O Allen me passa a impressão de que se cerca de ótimos atores para "segurar" as partes mais tensas do filme enquanto ele aproveita para literalmente "passear" em cena em alguns momentos realmente muito divertidos.

O humor do Woody Allen como todos sabem é um humor mais intelectualizado mas isso não vem ao caso já que ele obviamente rouba todas as cenas. A sua tentativa de conversão ao catolicismo rende boas risadas e seus momentos no médico também são pequenas pérolas de humor refinado, muito embora sejam bem pontuais e cirurgicamente colocadas no decorrer de todo o filme. Parece até um jogo: quando o filme vai ficando melodramático demais, Allen entra em cena para aliviar tudo. Achei ótima essa idéia porque afinal o filme fica leve sem perder sua carga dramática. A Academia também parece ter gostado bastante do resultado final e o filme foi vencedor de 3 Oscars: Melhor Ator Coadjuvante (Michael Caine), Melhor Atriz Coadjuvante (Dianne Wiest) e Melhor Roteiro Original (Woody Allen). Ele obviamente não apareceu na premiação para receber seu prêmio. Preferiu passar a noite tocando jazz em um clube de Nova Iorque. Mais Woody Allen do que isso impossível. Enfim, "Hannah e Suas Irmãs" é divertido e inteligente na medida certa. Não deixe de assistir.

Hannah e Suas Irmãs (Hannah and her Sisters, Estados Unidos, 1986) Direção: Woody Allen / Roteiro: Woody Allen / Elenco: Woody Allen, Barbara Hershey, Carrie Fisher, Michael Caine, Mia Farrow, Dianne Wiest, Maureen O'Sullivan, Lloyd Nolan, Max von Sydow, Lewis Black / Sinopse: A estória gira em torno da vida, dos romances e dos problemas cotidianos de Hannah (Mia Farrow) e suas duas irmãs, Holly (Dianne Wiest) e Lee (Barbara Hershey). Na Nova Iorque da década de 1980 elas tentam encontrar o equilíbrio e a felicidade em suas vidas.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Batman - O Cavaleiro das Trevas

"Batman - O Cavaleiro das Trevas" é considerado a obra prima dessa nova franquia dirigida por Christopher Nolan. Existe um certo consenso de que essa seria a melhor transposição já feita do personagem para o cinema. O clima soturno, pessimista e gótico está bem acentuado. Além disso temos aqui um roteiro muito mais sombrio do que o visto em "Batman Begins". O texto explora muito bem a falta de esperança em uma cidade infestada por criminosos de todos os tipos. Dentre eles finalmente surge o Coringa numa brilhante interpretação de Heath Ledger. Aliás o filme é sempre muito mais lembrado pela caracterização do vilão mais famoso do universo de Batman do que por qualquer outra coisa. Ledger está muito inspirado em cena, assustador e insano na dose exata. O ator parece ter incorporado o papel, o que não deixa de ser algo bem assustador. Sua morte trágica logo após a conclusão do filme mitificou ainda mais seu trabalho em "Dark Knight" confirmando uma velha regra não escrita que diz que no cinema Batman sempre tem seus filmes roubados por seus vilões em cena. De fato aqui não há muito o que ponderar, o filme é de Ledger deixando Bale e seu herói em uma incômoda posição secundária dentro da trama. 

Se em "Batman Begins" se discutia a diferença entre justiça e vingança aqui em "Cavaleiro das Trevas" o foco é diferente. O argumento mostra a tentativa do Coringa em provar que até o mais honesto homem de Gotham City, o promotor Harvey Dent, pode ser corrompido. Considerado o último pilar de honradez da cidade ele logo se torna alvo do insano criminoso que quer acima de tudo demonstrar que nem os mais virtuosos cidadãos estão à salvo de passarem para o outro lado. Excelente também é a identidade que ambos os personagens Batman e Coringa parecem ter. São na verdade faces diversas de uma mesma moeda. O núcleo do elenco segue praticamente o mesmo do primeiro filme (Bale, Caine e Freeman). A única mudança mais significativa aqui acontece com a personagem de Rachel Dawes que acabou indo para as mãos de Maggie Gyllenhaal, o que não deixa de ser positivo pois ela é seguramente melhor atriz do que Katie Holmes. O diretor Christopher Nolan basicamente segue os passos do êxito do primeiro filme, ou seja, procura não deixar a trama se distanciar da realidade. O Coringa, por exemplo, está menos espalhafatoso, menos carnavalesco e mais assustador do que nas outras versões. Idem o próprio Batman, cada vez mais inseguro de sua própria posição diante dos acontecimentos. Nolan certamente encontrou o tom ideal nesse filme que é extremamente bem realizado. Agora resta esperar pela conclusão da trilogia. Espero que consiga fechar tudo com chave de ouro pois não restam dúvidas que os dois primeiros filmes são realmente primorosos.  

Batman - O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight, Estados Unidos, 2008) Direção: Christopher Nolan / Roteiro: Christopher Nolan, Jonathan Nolan / Elenco: Christian Bale, Heath Ledger, Morgan Freeman, Gary Oldman, Aaron Eckhart, Maggie Gyllenhaal, Michael Caine, Eric Roberts, Anthony Michael Hall / Sinopse: O Coringa (Heath Ledger) resolve se unir a máfia de Gotham City para tirar do caminho Batman (Christian Bale) que está arruinando todos os seus negócios escusos. Para tanto terão ainda que enfrentar o novo promotor da cidade, o honesto Harvey Dent (Aaron Eckhart) que logo vira alvo dos planos do Joker.  

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

O Homem Que Queria Ser Rei

Realmente é uma produção de encher os olhos sob a sempre preciosa direção de John Huston. O roteiro e o argumento levam a várias reflexões. A primeira e mais óbvia é o limite da ganância humana. No filme dois trambiqueiros e ladrões resolvem ir a uma região esquecida e selvagem para literalmente fazer fortuna em cima da ignorância daquele povo. Para tanto não medem esforços ao enganar, roubar e fraudar. O ápice surge justamente quando Connery (em ótima interpretação) é confundido com um Deus, que seria filho do lendário Alexandre, o Grande, que conquistou a mesma região séculos antes. O mais curioso é que o larápio é pego justamente quando tenta ser ético e trabalhar em prol do povo local. Maior ironia do que essa desconheço na história do cinema.

Ao lado de Connery dois outros ótimos atores se destacam. Michael Caine, como seu companheiro de trambiques, está em excelente forma, indo do trágico ao cômico em segundos. Esse papel dele inclusive tem certa semelhança com Zulu, um belo filme sobre o colonialismo inglês em terras distantes. Além da mesma época o figurino é praticamente o mesmo, por isso ao ver Caine vestido com uniforme militar britânico me lembrei imediatamente de seu papel em Zulu. Outro destaque é o sempre competente Christopher Plummer, aqui sob pesada maquiagem de caracterização. Enfim, "O Homem Que Queria Ser Rei" demonstra bem o talento do grande John Huston em conduzir, fotografar e dirigir excelentes filmes. Um talento que faz falta hoje em dia.

O Homem Que Queria Ser Rei (The Man Who Would Be King, Estados Unidos, 1975) Direção: John Huston / Roteiro: John Huston, Gladys Hill / Elenco: Sean Connery, Michael Caine, Christopher Plummer / Sinopse: Aventureiro inglês é confundido com uma divindade por um povo nativo que o coroa Rei.

Pablo Aluísio.