domingo, 11 de setembro de 2016

Quadrilha do Inferno

Título no Brasil: Quadrilha do Inferno
Título Original: Posse from Hell
Ano de Produção: 1961
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Herbert Coleman
Roteiro: Clair Huffaker
Elenco: Audie Murphy, John Saxon, Lee Van Cleef, Zohra Lampert Vic Morrow, Robert Keith, Rodolfo Acosta
  
Sinopse:
Uma quadrilha de bandoleiros violentos chega numa cidadezinha do velho oeste chamada Paradise e toma vários moradores como reféns. Eles querem assaltar o banco da cidade e para isso usam as pessoas como verdadeiros escudos humanos. O Xerife tenta evitar, mas cai em uma emboscada e morre. Depois que roubam o banco os bandidos fogem com uma refém, uma jovem chamada Helen (Zohra Lampert). Os moradores então resolvem forma um grupo de resgate, comandados pelo assistente do xerife, Banner Cole (Murphy). Juntos vão para o deserto para tentar capturar os criminosos e libertar a refém.

Comentários:
Faroeste B da Universal estrelado pelo astro da época Audie Murphy (que se tornou estrela em Hollywood após ser o soldado americano mais condecorado na II Guerra Mundial). Pois bem, o roteiro como se pode perceber na sinopse, é bem básico, praticamente uma caçada a ladrões de bancos pelo deserto. Murphy interpreta um personagem um pouco antipático, um sujeito durão que não parece estar muito preocupado em ser educado ou gentil com os que lhe ajudam nessa empreitada. Em certos aspectos o sujeito é bastante rude e mal-educado. Assim quem acaba se destacando são dois coadjuvantes. O primeiro deles é o ator John Saxon. Ele interpreta um almofadinha, um empregado que o banco que foi roubado envia junto da patrulha comandada por Audie Murphy. Um sujeito de Nova Iorque que não parece acostumado nem a montar um cavalo, quanto mais a usar uma arma de fogo. A despeito de sua falta de jeito acaba se revelando uma surpresa quando finalmente o bando de ladrões é confrontado. 

Outro destaque vem da presença de  Lee Van Cleef. Ele interpreta um bandido, em um papel sem maior importância. Para os fãs de suas fitas de western spaghetti (que iria realizar depois quando foi para a Itália), é no mínimo curioso ver o ator, ainda bem jovem, dando os seus primeiros passos em sua longa lista de homens maus que iria interpretar no cinema. Por fim um aspecto do roteiro que merece ser citado. A jovem que é sequestrada pela quadrilha deixa claro para o personagem de Audie Murphy que foi estuprada por todos os criminosos que a tinham como refém. A forma direta que isso é tratado pelo roteiro causa surpresas, pois na época esse tema ainda era considerado tabu dentro do cinema americano. No máximo um crime como estupro era sugerido pelos roteiros e não tratado de forma tão aberta! Ela inclusive fica tão enojada e envergonhada por ter sido estuprada que se recusa a voltar para sua antiga cidadezinha, com receios de ficar estigmatizada. Esse detalhe do roteiro certamente era algo bem inovador na época, demonstrando que o filme, pelo menos nesse quesito, foi bem inovador.

Pablo Aluísio.

sábado, 10 de setembro de 2016

O Maior Amor do Mundo

Título no Brasil: O Maior Amor do Mundo
Título Original: Mother's Day
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Lionsgate Pictures
Direção: Garry Marshall
Roteiro: Anya Kochoff, Matthew Walker
Elenco: Jennifer Aniston, Kate Hudson, Julia Roberts, Timothy Olyphant, Shay Mitchell, Margo Martinda
  
Sinopse:
Perto da chegada do dia das mães um grupo de mulheres, das mais diversas faixas etárias, precisa lidar com os problemas de relacionamento envolvendo suas mães e sua própria maternidade. Há a mãe divorciada (Aniston) que agora precisa lidar com o fato do ex-marido estar casado com uma jovem, praticamente uma adolescente, que poderia ser sua filha; uma esposa (Hudson) que esconde da própria mãe que se casou com um indiano (já que ela tem um claro preconceito contra imigrantes e estrangeiros) e uma irmã que agora vive um relacionamento gay escondido de seus pais. Tudo tratado com bom humor e leveza.

Comentários:
Esse é aquele tipo de filme feito por e para mulheres que dificilmente despertará o interesse do público masculino. Para o cinéfilo em geral o único atrativo virá realmente do elenco (que conta com três estrelas de Hollywood) e nada muito além disso. Como o título original sugere ("Mother's Day" ou Dia das Mães), o roteiro explora a maternidade em suas diversas fases e peculiaridades. Todas as protagonistas são mães que enfrentam todos os tipos de problemas e desafios em seu dia a dia. Embora o enredo tivesse um potencial dramático, envolvendo questões emocionais e familiares, tudo desanda para o humor bem mais leve, totalmente inofensivo e com carga dramática praticamente nula. Esse talvez seja o maior problema do filme. Não há espaço para conflitos entre os personagens, tudo parece ser solucionado com um sorrisinho no rosto, sem traumas, sem brigas, sem nada. O diretor Garry Marshall (falecido recentemente, sendo esse seu último filme) parecia ter receios de traumatizar seu público ou algo assim. De certa forma ele trata e subestima completamente o público, evitando qualquer tipo de cena mais forte ou mais relevante. Quando o filme fica inofensivo demais, mesmo sendo uma comédia romântica, a coisa toda desanda para a pura água com açúcar, tornando tudo tão plastificado e falso que fica complicado seguir o filme até o seu final (igualmente inócuo e desprovido de carga dramática). Outro problema vem do tratamento em relação aos homens. Não há figuras masculinas fortes no roteiro. Todos os homens parecem ou fracos ou idiotas, imbecilizados e idiotizados. Nenhum deles tem um papel positivo dentro da trama. Olyphant, por exemplo, é um boboca que se apaixona por uma jovem, ignorando que ela talvez só esteja atrás de seu dinheiro. De certa forma tudo parece se desenvolver em uma realidade fake, que definitivamente não convence ninguém. As situações são manipuladas demais e não são muito divertidas e nem particularmente engraçadas. É tudo tão bobinho pra falar a verdade... e não há como negar que o filme no geral é de um vazio absurdo! Assim as piores situações - como ver seu ex-marido se apaixonando por uma gatinha praticamente adolescente ou o preconceito racial de seus pais para com o seu marido de origem estrangeira - acabam virando meras piadinhas de salão, estorinhas engraçadas para você contar para suas amigas em sessões de fofocas e fuxicos. Francamente...

Pablo Aluísio.

Imperium

Foi meio enervante assistir a essa filme porque seu roteiro foi baseado em fatos reais! Quando tudo acaba você acaba sentindo um frio na espinha ao se dar conta de que vivemos em um mundo cheio de lunáticos, malucos e fanáticos perigosos. Na história do filme o ator Daniel Radcliffe interpreta um agente do FBI chamado Nate Foster. Ele é um sujeito meio tímido e por fora que acaba sendo escolhido para se infiltrar em um grupo de supremacia branca em Washington DC. Como se sabe há muitos grupos como esse, de tendências neonazistas, em praticamente todos os estados americanos.

Com o avanço do terrorismo islâmico eles foram deixados um pouco de lado pelo FBI, o que o bureau logo descobriu ter sido um erro e tanto já que eles também poderiam ser tão perigosos e letais como os violentos seguidores do Jihad muçulmano. Pois bem, determinada sua missão Nate recebe nova identidade (a de um veterano da marinha descontente com os rumos do governo) e começa a frequentar locais e manifestações desses seguidores do lema "White Power". Suas suspeitas maiores recaem sobre um locutor de rádio que mantém um programa de mensagens radicais e racistas. O tempo porém provará a Nate que o perigo não estava nesse sujeito, mas sim em alguém que parecia ser a pessoa mais sensata no meio de todo aquele fanatismo.

Essa história é bem preocupante porque demonstra como essas organizações são bem estruturadas, organizadas e o pior de tudo: possuem todos os meios para causar grandes danos aos seus inimigos, sejam eles reais ou imaginários. Sempre pregando uma mensagem de ódio racial contra negros, judeus e imigrantes, esses movimentos de tempos em tempos se degeneram para ações terroristas violentas. No caso do enredo do filme um pequeno, mas atuante grupo, decide fazer um atentado usando Césio 137 (o mesmo que causou uma tragédia no Brasil alguns anos atrás). Seu objetivo é causar o maior número de mortes em prol de uma suposta mensagem Hitleriana de dominação ariana - uma coisa de deixar qualquer um de cabelos em pé!

Além do tema importante o filme também se destaca pela boa direção do jovem cineasta Daniel Ragussis. Amigo pessoal do ator Daniel Radcliffe, ele soube aproveitar a oportunidade de dirigir esse seu primeiro longa-metragem e conseguiu realizar um filme bem redondinho, sem exageros ou erros, contando corretamente sua história. Entre o elenco eu destacaria a boa atuação de Sam Trammell. O fã de séries certamente o reconhecerá de "True Blood". Ele interpreta um sujeito que parece ser extremamente normal e equilibrado, com família e filhos, admirador de música clássica e tudo mais. Um verdadeiro pilar da comunidade. Mal se sabe que por debaixo de toda aquela fachada se esconde um insano e feroz seguidor das ideias racistas mais absurdas e enlouquecidas. Enfim, deixo aqui a dica desse muito bom "Imperium". Um filme para ver e refletir sobre os caminhos tortuosos pelas quais anda a humanidade ultimamente.

Imperium (Estados Unidos, 2016) Direção: Daniel Ragussis / Roteiro: Michael German, Daniel Ragussis / Elenco: Daniel Radcliffe, Toni Collette, Tracy Letts, Sam Trammell / Sinopse: Agente do FBI disfarçado se infiltra no meio de organizações de supremacia branca nos Estados Unidos para descobrir quem estaria por trás dos planos de um grande atentado terrorista na capital da nação. Roteiro baseado em fatos reais.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Ciladas da Sorte

Título no Brasil: Ciladas da Sorte
Título Original: Albino Alligator
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: Miramax
Direção: Kevin Spacey
Roteiro: Christian Forte
Elenco: Matt Dillon, Faye Dunaway, Gary Sinise, William Fichtner, Viggo Mortensen, M. Emmet Walsh, Joe Mantegna
  
Sinopse:
Após cometerem crimes pela noite adentro, três ladrões são caçados pela força policial. Tentando escapar do cerco eles acabam em um modesto bar, localizado em um porão. Lá acabam fazendo cinco reféns, entre clientes e empregados do pequeno estabelecimento. O lugar é uma verdadeira arapuca, com apenas uma saída. Como eles poderiam sair vivos de um bar como aquele? Assim nasce a ideia desesperada de se utilizar um plano ao estilo "Albino Alligator", onde uma pessoa é sacrificada para atrair a atenção dos policiais, enquanto os outros fogem do cerco dos tiras.

Comentários:
Bom, que Kevin Spacey é um dos mais talentosos atores de sua geração isso praticamente todo mundo já sabe. Agora, como ele se saiu atrás das câmeras, como diretor de cinema? Quem estiver procurando por uma resposta a encontrará em apenas dois filmes (os dois únicos que ele dirigiu até hoje). Um deles é "Uma Vida Sem Limites" de 2004, uma bela homenagem do ator para com o cantor Bobby Darin. Nostálgico e com ótima trilha sonora é realmente um belo musical biográfico. Antes disso porém Spacey se aventurou na direção com esse "Albino Alligator". Aqui temos um thriller policial com toques teatrais em sua concepção que acabou funcionando muito bem. Como era de se esperar Spacey filmou pensando em seus atores. Tudo é direcionado para valorizar cada diálogo, cada detalhe de atuação. Para isso ele reuniu realmente um excelente elenco onde se destacaram os veteranos Joe Mantegna e Faye Dunaway. Outro destaque vem com o belo trabalho de Gary Sinise, que sempre teve um estilo de interpretação bem próximo do próprio Kevin Spacey. Seria o alter ego do diretor no filme? É possível. Em suma, deixamos aqui a dica desse bom filme policial dos 90s. Uma bela produção, um roteiro bem escrito e um elenco afiado marcam um filme que fez jus ao talento de Spacey e todo o seu elenco.

Pablo Aluísio.

Guerra de Canudos

Título no Brasil: Guerra de Canudos
Título Original: Guerra de Canudos
Ano de Produção: 1997
País: Brasil, Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures, Rio Filme
Direção: Sergio Rezende
Roteiro: Paulo Halm, Sergio Rezende
Elenco: José Wilker, Cláudia Abreu, Paulo Betti, Marieta Severo, José de Abreu, Selton Mello
  
Sinopse:
Filme baseado em um fato histórico real, "Guerra de Canudos" recria o terrível conflito armado que aconteceu no interior do nordeste brasileiro entre as forças armadas e um grupo de pessoas liderados por um líder religioso carismático chamado de Antônio Conselheiro (José Wilker). Pregando o fim dos tempos, ele conseguiu reunir uma grande população em um pequeno vilarejo chamado Canudos. Pregando contra o fim da monarquia e se declarando independente do resto do país, Conselheiro acabou se tornando um alvo para o governo, dando origem a um massacre sem precedentes na história do Brasil. 

Comentários:
Eu gosto bastante desse filme. Aliás sou meio suspeito para opinar pois sempre gostei de filmes adaptados de eventos marcantes da história do Brasil. O beato Antônio Conselheiro acabou sendo um desses protagonistas da história que até hoje segue sendo motivo de muitas controvérsias. Teria sido ele um lunático, um fanático religioso ou um homem com uma visão de mundo bem a frente de seu tempo? O bom roteiro dessa produção prefere apenas contar corretamente todos os fatos históricos, sem se tornar panfletário de uma causa ou uma mera propaganda ideológica. Assim acabou encontrando o caminho certo para o bom cinema. Até porque a história desse homem místico já é por si só demais interessante. Outro aspecto digno de nota que também vale ressaltar é o fato de que o massacre de Canudos jamais foi esquecido, mesmo após dois séculos. Um dos momentos mais curiosos e singulares da história do nosso país também deu origem a um banho de sangue que mesmo hoje em dia jamais podemos compreender bem. Que Antônio Conselheiro era um homem estranho, com ideias fora do comum, isso todos os historiadores já sabem bem. Agora, era necessário mesmo uma verdadeira guerra apenas por ele pensar diferente do poder dominante? Afinal qual seria a importância de uma vilazinha no meio do semi árido nordestino para o resto de um país continental como o Brasil? Assista ao filme e tente entender ou encontrar todas essas respostas.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Tobruk

Nesse fim de semana resolvi assistir a um antigo filme clássico de guerra chamado "Tobruk". Por um desses esquecimentos da vida não conseguia mais recordar se tinha ou não assistido antes essa produção da Universal! A única certeza que tinha era que se tinha visto mesmo foi há muitos anos, a ponto da memória falhar completamente. Assim, na dúvida, resolvi conferir. Além disso o tema sempre me interessou pois gosto bastante de livros históricos sobre a II Guerra Mundial. Pois bem, se você sabe o mínimo sobre essa guerra vai lembrar da figura do general Rommel. Ele foi um dos maiores estrategistas da Alemanha Nazista. Sob o comando da Afrika Korps ele venceu várias batalhas importantes na guerra, mesmo com inúmeros problemas que envolviam as tropas sob seu comando. Sem dúvida era um gênio da estratégia militar.

Pois é justamente no cenário onde Rommel brilhou, localizado no norte da África, que o enredo de "Tobruk" se desenvolve. Aliás o nome Tobruk era referente ao importante porto onde Rommel mantinha uma incrível divisão de tanques do III Reich que estava apenas à espera da chegada das tropas aliadas para destroçar completamente com elas. Como deter o avanço dessa coluna mortal de armas de guerra? Ora, um tanque só funcionaria com combustível, como era óbvio deduzir. Toda essa gasolina estava armazenada em grandes depósitos situados no mesmo porto. Então essa era a missão dos homens, a maioria deles britânicos, em Tobruk: Localizar os depósitos e tocar fogo em todos eles. Pareceu fácil? Nada disso. A região era fortemente guarnecida pelo exército alemão. Como entrar lá então?

A única maneira de entrar além das linhas inimigas era se disfarçar dos próprios inimigos. Assim todos se vestem de nazistas e começam a viajar rumo a Tobruk. Rock Hudson, o eterno galã de Hollywood, interpretou nesse filme um Major canadense especializado na região onde estavam os grandes depósitos do Reich. Apenas ele poderia conduzir todos eles por aqueles desertos sem fim. George Peppard (lembra dele de "Esquadrão Classe A", série popular nos anos 80?) interpretava o Capitão Bergman que tinha que garantir que todos sairiam salvos daquela missão praticamente suicida.

Sob a competente direção do cineasta Arthur Hiller, um veterano diretor com mais de 70 filmes no currículo, que inclusive morreu recentemente no último dia 17 de agosto aos 92 anos de idade, o filme funciona muito bem. Ele criou um filme de guerra ao velho estilo, seguindo os dogmas da antiga escola de Hollywood. Não há muito espaço para dubiedades, pois todos os militares são heróis em potencial, mesmo quando surgem momentos de ironia ou humor. O filme é uma mistura de ficção e fatos históricos reais que satisfaz plenamente as exigências do cinéfilo que aprecia esse tipo de produção. Um dos destaques vem da bem realizada cena final quando Rock e seus companheiros precisam destruir imensos canhões de praia dos nazistas. Uma cena tão tecnicamente bem feita que legou ao filme sua única indicação ao Oscar na categorias de Efeitos Especiais. Até Rommel teria batido palmas se ainda estivesse vivo.

Pablo Aluísio.

Era uma Vez no Oeste

Título no Brasil: Era uma Vez no Oeste
Título Original: C'era una volta il West
Ano de Produção: 1968
País: Estados Unidos, Itália
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Sergio Leone
Roteiro: Sergio Donati, Sergio Leone
Elenco: Henry Fonda, Charles Bronson, Claudia Cardinale, Jason Robards, Gabriele Ferzetti, Paolo Stoppa
  
Sinopse:
Quando a bela Jill McBain (Claudia Cardinale) chega de viagem de New Orleans em uma pequenina cidade do velho oeste americano para se unir ao homem com o qual se casou e descobre que toda a sua família foi morta, ela percebe que sua vida praticamente acabou. O lugar está dominado pela quadrilha liderada pelo pistoleiro e sádico Frank (Henry Fonda), um mercenário que protege com extrema violência os interesses da companhia ferroviária, cujas linhas irião passar em breve pela região. O marido de Jill estava atrapalhando os planos da ferrovia e por essa razão foi eliminado por Frank e seus bandoleiros. Apenas dois homens parecem dispostos a proteger Jill da ameaça sempre constante de Frank, o rápido no gatilho Cheyenne (Jason Robards), um foragido da lei, e o introspectivo "Harmonica" (Bronson), um pistoleiro misterioso de origem desconhecida.

Comentários:
Para muitos críticos e especialistas em cinema esse é o melhor western spaghetti de todos os tempos. É a obra máxima que sintetiza como nenhuma outra a genialidade do mestre Sergio Leone. De fato, sob qualquer ponto de vista é impossível negar as qualidades cinematográficas desse verdadeiro clássico. Leone construiu uma verdadeira ópera visual, explorando com maestria todos os valores e dogmas sagrados do faroeste. Uma prova de seu inigualável talento acontece logo na primeira cena. Um grupo de pistoleiros mal encarados chegam em uma estação ferroviária. Eles esperam a chegada do próximo trem. Aqui Leone explora todas as possibilidades narrativas sem praticamente usar o recurso do diálogo. Tudo acontece apenas se utilizando os elementos que estão ao redor. O ruído de um velho moinho todo enferrujado, o som desolador do vento do deserto e até mesmo uma mosca incômoda que insiste em pousar no rosto do bandido, se tornam elementos narrativos extremamente ricos nas mãos de Leone. Essa sequência inicial aliás entrou na história do western como uma das mais bem realizadas já mostradas na história do cinema. Um verdadeiro toque de mestre. E assim seguirá no transcorrer de todo o filme. Sergio Leone não parece apressado em contar sua estória, mas sim em explorar todos os elementos narrativos e psicológicos possíveis. 

A simples chegada de um bando de assassinos numa fazenda já se torna para ele uma ótima oportunidade de mostrar e explorar toda a sua técnica de narração cinematográfica. Leone parecia realmente se deliciar com esse tipo de situação. O close nos olhos dos bandidos, as situações minuciosamente trabalhadas (como a da morte do irmão do personagem de Charles Bronson, ainda criança) demonstram bem como Leone era mestre nesse tipo de cena. Além do domínio completo na arte de narrar a estória de seu filme, o diretor ainda conseguiu a proeza de extrair ótimas interpretações de todo o seu elenco. Henry Fonda, por exemplo, um veterano, poucas vezes esteve tão assustador em cena. Claudia Cardinale, uma das atrizes mais bonitas do cinema europeu, nunca esteve tão talentosa como aqui sob a direção de Leone. Até mesmo Charles Bronson, com seus poucos recursos dramáticos, acaba se saindo muito bem como o pistoleiro calado, introspectivo e misterioso, sempre com uma gaita na boca, tentando com isso trazer alguma mensagem sombria que poucos conseguem decifrar. Enfim, se você tiver que ter apenas um western na sua coleção de filmes recomendamos esse grande clássico assinado por Sergio Leone. Uma obra prima maravilhosa, realmente indispensável para todo e qualquer cinéfilo que se preze.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

O Mar de Árvores

Existe uma floresta no Japão, aos pés do Monte Fuji, que ao longo dos anos acabou virando um lugar procurado por suicidas em geral. De complicado acesso, com mata fechada, o lugar acabou se tornando um refúgio para quem realmente desejava acabar com a própria vida. E é justamente para lá que vai o escritor americano Arthur (Matthew McConaughey). Sua vida está destruída depois que sua jovem esposa faleceu. O casamento ia de mal a pior, mas depois que ela foi diagnosticada com câncer eles se reaproximaram fortemente. A velha paixão reacendeu em seus corações. Muitas vezes as dificuldades da vida acabam também trazendo coisas positivas para um relacionamento que parecia falido. 

Antes dela morrer Arthur acaba jurando a ela que não iria embora dessa existência para outra em um hospital, cercado de pessoas desconhecidas. Ao invés disso iria procurar um lugar bonito, com muito verde, para se despedir dessa vida. Quando ela morre precocemente e de forma até inesperada, ele decide, depois de uma profunda depressão, acabar com tudo. Em seu interior fica completamente devastado. A floresta Aokigahara então se torna seu destino final. Sem malas, apenas com a roupa do corpo, compra uma passagem para o Japão. Ele só leva algumas pílulas consigo e mais nada. A intenção é realmente se suicidar. Adentra a mata e quando está prestes a consumar seu próprio suicídio é surpreendido por um homem que parece vagar a esmo pelo lugar. Com as roupas em frangalhos, aparentando estar com muita fome e sede, Arthur então resolve ajudá-lo. E assim começa verdadeiramente a trama de todo o filme.

Essa nova película do diretor Gus Van Sant lida com um tema que muitos provavelmente vão querer evitar. Afinal de contas quem realmente iria se interessar por um protagonista que no fundo só deseja mesmo acabar com a sua própria vida? O tema da morte já é por demais complicado para grande parte do público, agora imagine acrescentar a isso a dor do luto e da depressão pela morte de um ente querido! O roteiro não subestima a inteligência do espectador e nem tenta amenizar o que acontece. De certa forma essa escolha por um filme pesado, triste, mas ao mesmo tempo espiritualizado, seja o grande mérito cinematográfico dessa produção. Além disso a tal floresta dos suicidas realmente existe, o que torna tudo ainda mais interessante para quem ousar ter a coragem que encarar esse drama existencial sobre a morte e o fim dos sonhos. Partindo do grande Gus Van Sant (um cineasta de quem sempre gostei muito) essa coragem de lidar com algo tão delicado, melancólico e controvertido ao mesmo tempo realmente não me surpreendeu em nada.

O Mar de Árvores (The Sea of Trees, Estados Unidos, 2015) Direção: Gus Van Sant / Roteiro: Chris Sparling / Elenco: Matthew McConaughey, Naomi Watts, Ken Watanabe / Sinopse: Arthur (McConaughey) é um jovem escritor americano que decide acabar com sua própria vida após a morte da esposa, Joan (Watts). Assim ele decide ir para o Japão para morrrer em um lugar de mata fechada aos pés do Monte Fuji conhecido como a floresta dos suicidas. Quando está prestes a tomar as pílulas que irá acabar com sua vida ele é surpreendido pela chegada de Takumi (Ken Watanabe), um senhor que também tentou se matar ao perder o emprego, mas que agora deseja ir embora daquele lugar sinistro. Filme indicado à Palma de Ouro no Cannes Film Festival.

Pablo Aluísio.

Café Society

O octagenário e polêmico Woody Allen nos brinda com uma verdadeira pérola da sétima arte: o charmoso e envolvente "Café Society". Sob a batuta de um dos poucos cineastas vivos que realmente sabem fazer cinema de qualidade (o outro é Clint Eastwood), Allen - que também faz a narração do filme - entregou a responsabilidade de uma iluminação quase lisérgica nas mãos do genial Vittorio Storaro, o italiano responsável pelas fotografias de "Apolcalypse Now" e "O Último Tango em Paris".

O longa discorre sobre a história de Phil (Steve Carrel) um agente de sucesso e influência, com trânsito fácil entre os maiores atores de Hollywood da década de 30, a década de ouro do cinema. Phil recebe, num certo dia, o telefonema de sua irmã que mora em Nova York pedindo-lhe ajuda de emprego para seu filho caçula, Bobby Dorfman (Jesse Eisenberg - o Mark Zuckerberg de "A Rede Social"). O garoto, sobrinho de Phil, larga a joalheria dos pais, desembarca na charmosa e mítica Hollywood e passa a trabalhar no escritório de seu tio.

Não demora muito para que o sonhador e desajeitado Bobby apaixone-se pela ambiciosa, Vonnie (Kristen Stewart). Pouco depois do inicio do namoro, Bobby se decepciona com Vonnie, retorna para Nova York e lá com sua verve empreendedora, passa a prospectar restaurantes e bares da moda frequentados pela chamada "Café Society", movimento de ponta entre artistas famosos e grandes empresários da época. Bobby muda o rumo de sua vida, envereda-se pelo caminho empresarial, mas jamais esquece de sua vaporosa e bela Vonnie, seu verdadeiro amor.

Todos os elementos que sempre compuseram a obra artística de Allen, estão lá: a referência aos judeus, a homenagem ao cinema, o romance, com seus mistérios, seus acordes duvidosos e suas escolhas incertas, e, por fim, a comédia. Aliás, desta vez, Allen caprichou nos tons irônicos e na comédia. O longa, com seu descompromisso e com sua incrível leveza e simplicidade acerta em cheio em dois pontos nevrálgicos: o triângulo amoroso entre Phil, Bobby e Vonnie e na fotografia em tons que oscilam entre o sépia de Hollywood e o cinza de Nova York, que saíram da cartola do mágico, Vittorio Storaro. Um filme absolutamente notável e um dos melhores do famoso diretor neste século.

Café Society (Idem, Estados Unidos, 2016) Direção: Woody Allen / Roteiro: Woody Allen / Elenco: Kristen Stewart, Jesse Eisenberg, Steve Carell, Corey Stoll.

Telmo Vilela Jr.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

O Duelo

Sem favor algum, temos aqui um dos melhores faroestes que assisti nos últimos anos. A premissa é das melhores. O governador do Texas resolve enviar um de seus Texas Rangers para uma pequena cidade da fronteira para investigar a morte do sobrinho de um poderoso general mexicano. A morte do rapaz criou uma tensão entre os governos dos Estados Unidos e México e tudo deve ser resolvido para evitar maiores problemas em um futuro próximo (inclusive, quem sabe, até mesmo uma guerra entre os dois países se tudo sair do controle e ninguém for punido pelo crime).  Assim o agente David Kingston (Liam Hemsworth) parte para sua missão, acompanhando de sua jovem esposa, a mestiça Marisol (interpretada pela brasileira Alice Braga). Ao chegar na cidadezinha descobre que todos parecem obedecer cegamente as ordens de um estranho sujeito chamado Abraham (Woody Harrelson, ótimo como sempre!). Ele é uma espécie de pregador fanático e assassino cruel. Veterano da guerra civil, agora impõe sua vontade para todos os moradores, usando para isso duas armas bem poderosas: a religião e o medo!

Para tornar tudo ainda mais interessante Abraham matou o pai de David durante a guerra, em um tipo de luta mortal onde dois homens eram amarrados entre si, com facas nas mãos! Apenas o último de pé conseguiria sobreviver. E como se isso ainda não fosse explosivo o bastante o próprio Abraham parece disposto a conquistar a esposa do agente David, colocando tudo em um caldeirão de rivalidade que fica pronto a explodir a qualquer momento! "O Duelo" se revela assim uma ótima opção para os fãs do western. Além de respeitar todos os dogmas sagrados do gênero ainda traz um background psicológico para todos os personagens que o torna realmente um western muito acima da média do que anda sendo produzido nesse estilo ultimamente. Há uma constante tensão no ar, com aquele tipo de sentimento que há algo muito violento e cruel prestes a surgir na próxima cena. Além disso a guerra psicológica que se instala entre os dois principais personagens acaba sendo um dos destaques desse roteiro que por si só já é realmente muito bom. Em suma, um ótimo filme que infelizmente anda sendo bem subestimado. Não deixe passar em branco.

O Duelo (The Duel, Estados Unidos, 2016) Direção: Kieran Darcy-Smith / Roteiro: Matt Cook / Elenco: Liam Hemsworth, Woody Harrelson, Alice Braga, Emory Cohen, William Sadler / Sinopse: Um jovem Texas Ranger (Liam Hemsworth) é enviado em missão até uma cidadezinha da fronteira no velho oeste para descobrir sobre o desaparecimento e morte de mexicanos na região. O governador do Texas teme que as mortes criem uma tensão com o governo do México. Uma vez na região o Ranger descobre que um pregador fanático e pistoleiro (Harrelson) pode estar por trás de todas as mortes.

Pablo Aluísio.

Álamo - 13 Dias de Glória

Título no Brasil: Álamo - 13 Dias de Glória
Título Original: The Alamo - Thirteen Days to Glory
Ano de Produção: 1987
País: Estados Unidos
Estúdio: The Finnegan Company
Direção: Burt Kennedy
Roteiro: Lon Tinkle, Clyde Ware
Elenco: James Arness, Raul Julia, Brian Keith, Alec Baldwin
  
Sinopse:
O filme recria um dos eventos históricos mais importantes dos Estados Unidos. No século XIX um grupo de apenas 200 homens, entrincheirados no forte Álamo no Texas, conseguiu resistir bravamente por um determinado período de tempo a um ataque promovido por um imenso exército mexicano sob as ordens do general inimigo Antonio Lopez de Santa Ana (Raul Julia). Roteiro baseado em fatos reais. Filme indicado ao Primetime Emmy Awards na categoria de Melhor Fotografia (minissérie ou telefilme).

Comentários:
A história do forte Álamo se tornou célebre no cinema por causa daquela conhecida versão épica dirigida e estrelada pelo astro John Wayne. Ele fez uma ode aos que tombaram na ocasião, louvando a coragem e a fibra daqueles que se tornaram heróis para o povo texano - e americano em geral. Obviamente que sempre houve muito ufanismo em todas as versões que trataram sobre essa história. Nas mãos do veterano Burt Kennedy tivemos essa versão para a TV americana que conseguiu se destacar por tentar ser ao menos um pouco mais fiel aos fatos históricos reais. Com ótimo elenco (onde se destaca o talentoso ator Raul Julia como o vilão, o generalíssimo Santa Ana) e uma excelente reconstituição histórica, tudo aliado a uma boa produção, o que temos aqui é um caso raro de telefilme dos anos 80 que realmente não deixava nada a dever aos filmes que eram lançados no cinema na época. Esse capricho era até fácil de explicar, de certa forma. Os produtores obviamente não estavam apenas preocupados em fazer o melhor para a TV, mas também em explorar o filme depois no mercado de vídeo - o que acabou acontecendo, inclusive no Brasil, onde foi lançado diretamente em VHS. Assim deixo a indicação dessa obra. Não é a melhor versão já feita sobre o Álamo, mas certamente é uma das mais dignas e bem produzidas.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Valdez, O Mestiço

Título no Brasil: Valdez, O Mestiço
Título Original: Valdez, il mezzosangue
Ano de Produção: 1973
País: Itália, Espanha, França
Estúdio: Produzioni De Laurentiis Company
Direção: John Sturges, Duilio Coletti
Roteiro: Lee Hoffman, Clair Huffaker
Elenco: Charles Bronson, Jill Ireland, Marcel Bozzuffi, Vincent Van Patten, Fausto Tozzi, Ettore Manni
  
Sinopse:
Chino Valdez (Bronson) é um mestiço (filho de pai branco e mãe índia) que vive no velho oeste, criando cavalos em seu rancho. Por ter pele vermelha ele demonstra ter uma grande habilidade com os animais, tornando-se um dos criadores mais bem sucedidos de sua região. Seu sucesso começa a incomodar os brancos do lugar, impulsionados principalmente pela inveja e preconceito. Valdez se torna, por essa razão, um sujeito mais isolado e solitário dentro daquela comunidade e tudo piora quando ele demonstra ter interesse numa jovem branca da cidade, a bela Catherine (Jill Ireland).

Comentários:
Esse western spaghetti fez um belo sucesso em seu lançamento justamente por não se contentar em apenas contar uma boa estória de cowboys, mas sim trazer também um fundo mais social, mostrando as dificuldades para vencer na vida de um mestiço dentro da sociedade americana do século XIX. Claro que nada é muito desenvolvido, ficando assim um tratamento mais superficial do tema. Mesmo assim, só pela inovação em seu roteiro (que foi baseado no romance escrito pelo autor Lee Hoffman) já vale pela curiosidade. Além disso se trata de uma produção do famoso Dino De Laurentiis, um produtor que sempre fez questão de trazer ao espectador filmes bem realizados, com bons cenários, figurinos, etc. No elenco o eterno durão Charles Bronson contracenou com a atriz inglesa Jill Ireland, que iria se tornar a segunda esposa do ator, ficando ao seu lado até o dia de sua morte em 1990, quando sucumbiu a um câncer de mama. Juntos realizaram muitos filmes, principalmente quando Bronson encontrou o caminho certo nas bilheterias ao estrelar violentos filmes de ação, deixando o gênero faroeste um pouco de lado em sua carreira. Em vista disso deixamos a recomendação desse bom western, que a despeito de ter sido realizado na Europa, mais parece um filme americano por causa de suas qualidades cinematográficas. Dino De Laurentiis era realmente um realizador acima da média, como bem é demonstrado aqui.

Pablo Aluísio.

Reze a Deus... e Cave Sua Sepultura

Título no Brasil: Reze a Deus... e Cave Sua Sepultura
Título Original: Prega Dio... e scavati la fossa!
Ano de Produção: 1968
País: Itália
Estúdio: Mila Cinematografica
Direção: Edoardo Mulargia
Roteiro: Edoardo Mulargia, Fabio Piccioni
Elenco: Robert Woods, Jeff Cameron, Cristina Penz, Calisto Calisti, Paco Hermandariz, Léa Nanni
  
Sinopse:
Um jovem casal de camponeses resolve fugir da fazenda onde trabalha após o senhor das terras exigir a primeira noite de núpcias da noiva, uma velha tradição feudal. Perseguidos, o jovem rapaz é morto de forma covarde. Anos depois alguém retorna para acertar contas com o rico dono das terras que desgraçou a vida daquele jovem e apaixonado casal. A ordem é exterminar todos aqueles que tiveram alguma coisa a ver com a morte do jovem esposo, um ato bárbaro que merece uma vingança à altura.

Comentários:
Ah os títulos dos filmes de western spaghetti!... Muito provavelmente eram a melhor coisa desse tipo de produção. Esse "Reze a Deus... e Cave Sua Sepultura" foi lançado nos cinemas brasileiros no começo da década de 1970 e depois foi relançado no mercado de vídeo com o título de "Sua Arma era o Colt" (um título muito mais americanizado, vamos dizer assim). O roteiro, como se pode perceber pela sinopse, apostou novamente no velho tema da vingança. Praticamente de cada dez filmes italianos de faroeste, oito ou nove apostavam nesse tipo de enredo. Sempre era alguém que havia sofrido uma grande injustiça em seu passado que retornava depois de anos para acertar as contas com seus algozes. Diz um velho ditado de que "Quem bate logo esquece, mas quem apanha jamais!". É bem por aí. O filme foi dirigido pelo diretor italiano nascido na ilha de Sardenha Edoardo Mulargia. Como era comum na época ele assinou o filme como Edward G. Muller, um nome também "americanizado". Já o astro do filme, Robert Woods, era realmente americano, nascido no Colorado. Com o cinema italiano funcionando em ritmo industrial ele foi para a Europa onde estrelou inúmeros filmes de faroeste como esse, com destaque para os sucessos "Minha Pistola Nunca Falha" e "7 Pistolas para os MacGregor". Chegou até a estrelar uma série de sucesso com o pistoleiro Pecos em filmes como "Pecos Acerta as Contas!" e "Pecos em Hong Kong", em suma o suprassumo dos filmes ruins daqueles tempos bem mais divertidos. 

Pablo Aluísio.

domingo, 4 de setembro de 2016

Alerta Vermelho

Título no Brasil: Alerta Vermelho
Título Original: Hostile Waters
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: HBO
Direção: David Drury
Roteiro: Troy Kennedy-Martin
Elenco: Rutger Hauer, Martin Sheen, Max von Sydow, Colm Feore, Rob Campbell, Peter Guinness
  
Sinopse:
Outubro de 1986. Auge da Guerra Fria. Estados Unidos e União Soviética lutam pela supremacia nos mares. Na ponta de lança de suas esquadras se encontram poderosos submarinos nucleares. Durante manobras militares na costa das ilhas Bermudas, duas dessas embarcações colidem, causando uma série crise diplomática entre as duas super potências da época. Filme com roteiro baseado em em fatos reais.

Comentários:
Esse é um dos primeiros filmes produzidos pelo canal HBO para ser exibido exclusivamente em sua grade de programação. Como o canal ainda não era exibido no Brasil durante aquela época (estamos falando dos anos 90) a produção acabou sendo lançada em nosso mercado de vídeo VHS. Por se tratar de um telefilme feito para a TV a cabo muitos poderiam pensar que ele não tem grande produção ou um roteiro mais caprichado. Essa visão é bem equivocada pois o filme, além de contar com um excelente elenco (onde se destacam os veteranos Martin Sheen e Max von Sydow), ainda se destacava justamente por trazer essa história real que havia acontecido uma década antes. Os submarinos são bem realizados, assim como as cenas recriando com o máximo de realismo o interior dessas embarcações. O clima sufocante, claustrofóbico até, torna tudo ainda mais interessante. O ator Rutger Hauer que havia se tornado famoso por causa de filmes (que hoje em dia são considerados verdadeiros clássicos modernos) como "Blade Runner, o Caçador de Andróides" e "Ladyhawke - O Feitiço de Áquila" acabou tendo aqui uma de suas melhores interpretações, algo que foi muito bem-vindo em sua carreira, já que ele vinha de uma sucessão de filmes ruins. Então é isso. Vale o resgate de relembrar esse bom filme de guerra do canal HBO. Uma história pouco conhecida do grande público, algo que colocou nosso mundo até mesmo em risco durante aqueles tensos anos de rivalidades entre americanos e soviéticos.

Pablo Aluísio.

Feriados em Família

Título no Brasil: Feriados em Família
Título Original: Home for the Holidays
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Jodie Foster
Roteiro: Chris Radant, W.D. Richter
Elenco: Holly Hunter, Anne Bancroft, Robert Downey Jr, Charles Durning, Geraldine Chaplin, Steve Guttenberg, Dylan McDermott, Emily Ann Lloyd, Claire Danes
  
Sinopse:
A vida de Claudia Larson (Holly Hunter) parece estar desmoronando. Ele acabou de ser demitida do trabalho no museu de Chicago. Sua filha está apaixonada e quer ir morar com o namorado (que não tem emprego e nem meios de sustentá-la). Para piorar ela precisa se reunir com seus familiares para a noite do dia de ação de graças, algo que ela não tem a menor vontade de fazer pois sabe que será julgada por todos os seus familiares presentes. Um verdadeiro terror! Filme indicado aos prêmios GLAAD Media Awards e Young Artist Awards.

Comentários:
Mais um drama familiar (com toques de humor) enfocando o feriado do dia de ação de graças (um dos mais populares nos Estados Unidos). Como é comum nesse tipo de filme vemos uma típica família americana tendo que se reunir novamente (muitas vezes contra a própria vontade de seus membros) para uma noite de confraternização, que na maioria das vezes termina numa grande e descontrolada lavagem de roupa suja entre todos eles. Assim temos pais magoados com os filhos, irmãos que se odeiam, tios inconvenientes e por aí vai. O filme é bem feito, bem atuado, com ótimo elenco (há no mínimo uma meia dúzia de atores conhecidos em cena), mas para quem gosta de cinema o grande atrativo mesmo é o fato de que foi dirigido por Jodie Foster. Esse foi o terceiro filme da atriz como cineasta (antes ela havia assinado a direção de "Galeria do Terror" e "Mentes Que Brilham"). A conclusão que se chega após assistir ao filme é que Jodie Foster se saiu muito bem atrás das câmeras, extraindo um excelente resultado de todo o elenco (afinal atores e atrizes se entendem melhor entre si). Na época de lançamento Jodie Foster declarou que se apaixonou pela estória após ler o pequeno conto que lhe deu origem (escrito por Chris Radant) em uma revista de Chicago. Acabou realizando um dos melhores filmes de sua filmografia, embora ela própria não atue na produção.

Pablo Aluísio.

sábado, 3 de setembro de 2016

Águas Rasas

Título no Brasil: Águas Rasas
Título Original: The Shallows
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Jaume Collet-Serra
Roteiro: Anthony Jaswinski
Elenco: Blake Lively, Óscar Jaenada, Brett Cullen
  
Sinopse:
Após a morte de sua mãe, vítima de um câncer, a jovem estudante de medicina Nancy (Blake Lively) resolve viajar até o México para conhecer uma praia deserta e selvagem  que sua mãe visitou no passado. O lugar é bem isolado, ideal para a prática de surf. E é justamente quando está surfando que Nancy acaba sendo atacada por um feroz tubarão branco de 5 metros. Uma fera assassina que a deixa encurralada e ferida em cima de um pequeno rochedo na costa. Sangrando e lutando para sobreviver ela procura encontrar uma forma de voltar para a praia, antes de ser devorada pelo animal.

Comentários:
Quando você pensa que não há mais nada a aproveitar nesse tipo de "filme de tubarão" eis que surge um filme pequeno, com enredo bem simples, que acaba divertindo bastante. Basicamente se trata de apenas uma situação: Nancy, uma americana estudante de medicina e praticante de surf, é atacada por um tubarão branco numa região bem isolada. Ela escapa do ataque, mas fica severamente ferida. Para sobreviver sobe em cima de um pequeno coral de recife e fica lá, sangrando e tentando sobreviver, enquanto uma ajuda não aparece. Se tentar nadar até a praia provavelmente será devorada pois o tubarão fica rondando o lugar onde ela está. Se ficar no pequeno rochedo vai sangrar até a morte. A maré está subindo, o que também significa que o tempo corre contra ela. Quase ninguém vai até o lugar, pois é uma praia deserta (curiosamente as filmagens não foram realizadas no México, mas na Austrália, numa praia deserta situada numa reserva florestal situada em Mount Tamborine, na região de Queensland), o que piora ainda mais sua situação. Particularmente gostei bastante do uso que o diretor espanhol Jaume Collet-Serra fez do tubarão assassino. Ao invés de encher o filme com computação gráfica ele preferiu não explorar muito a figura do predador, o mostrando apenas em pequenos momentos, tal como fez Spielberg no clássico "Tubarão". Apenas no clímax o roteiro derrapa um pouco, exagerando na dose, quando Nancy finalmente resolve enfrentar o animal. Mesmo assim o jogo já está ganho quando isso acontece. O bom uso de suspense e situações de aflição valem o ingresso de cinema. Bem realizado e bem desenvolvido, com duração adequada (o filme tem curta duração, não enchendo linguiça), o filme se revela, como já escrevi, um bom entretenimento. Divertido e ágil, como tem que ser para filmes desse gênero.

Pablo Aluísio.

Uma Herança da Pesada

Título no Brasil: Uma Herança da Pesada
Título Original: Larger Than Life
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Howard Franklin
Roteiro: Roy Blount Jr, Pen Densham
Elenco: Bill Murray, Matthew McConaughey, Jerry Adler, Richie Allan, Maureen Mueller, Jeremy Piven
  
Sinopse:
Jack Corcoran (Bill Murray) é um palestrante motivacional de muito sucesso que é informado da morte de seu pai, um artista de circo. Também fica sabendo que o velho deixou para ele uma enorme herança! Intrigado por isso resolve ir até lá para conferir e descobre que a tal herança é na verdade um enorme elefante circense que agora terá que cuidar!

Comentários:
Bill Murray no passado era aquele tipo de comediante que sempre valia a pena. Antes de estrelar alguns filmes cult ele realmente fez muitas comédias sem compromisso como essa fita que no Brasil foi lançada diretamente no mercado de vídeo, não encontrando espaço no circuito comercial de cinema. É a tal coisa, o filme realmente funcionava melhor dentro de casa, sem muito compromisso. Como não poderia deixar de ser o maior destaque dessa produção era um grande elefante treinado chamado Jack cujo protagonista acaba herdando de seu pai. Basicamente o roteiro é daqueles que ficam o tempo todo batendo em apenas uma só piada: o pobre Murray tendo que cuidar de um animal daquele tamanho. Fora isso não há nada de muito interessante a não ser alguns nomes do elenco, entre eles o de Matthew McConaughey, ainda no começo da carreira, sem saber muito o que fazer em cena. Então é isso, nada de muito engraçado ou divertido. Em tempos atuais onde os animais criados em circo são motivo de muita controvérsia (muitos querem o fim desse tipo de coisa), o roteiro se torna ainda menos engraçado. Provavelmente você dará uma ou duas risadinhas amarelas e nada muito além disso. Porém se você é fã de Murray e não assistiu ainda vale pelo menos pela mera curiosidade.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Mente Criminosa

Logo na primeira cena o personagem de Kevin Costner, um sociopata condenado que está de volta às ruas, declara: "Eles mexeram na minha mente!". Isso resume bem o argumento do filme. O roteiro, bem curioso por sinal, mostra um programa do governo americano que tenta transportar memórias de uma pessoa para outra. Quando o agente da CIA Bill Pope (Ryan Reynolds) é assassinado numa missão, tendo a preciosa informação do paradeiro de um jovem hacker que conseguiu invadir o sistema de controle de armas nucleares dos EUA, o programa é colocado em prática.

A intenção é transferir as memórias do agente Pope para a  mente do criminoso condenado Jericho Stewart (Costner). Ele é um psicopata perigoso, assassino e cruel, que será usado apenas para receber a informação do lugar onde pode ser encontrado o perigoso hacker. Todos os procedimentos são coordenados pelo médico e pesquisador Dr. Franks (Tommy Lee Jones). Inicialmente tudo se revela um fracasso, porém logo depois flashes das memórias e habilidades do agente da CIA morto começam a bombardear a mente de Jericho. Assim ele parte para um jogo de vida e morte, com o serviço de inteligência americano em seu encalço.

O espectador mais atento vai acabar achando algumas semelhanças entre o roteiro desse filme e a franquia "Bourne". Isso porém surge apenas de forma acidental. Esse filme tem suas próprias características cinematográficas e uma das mais interessantes vem do papel que Kevin Costner interpreta. Com cabelo curto (ao estilo presidiário), Costner acaba sendo o maior destaque por interpretar um sujeito que não consegue ter qualquer tipo de sentimento humano, seja ele de empatia ou solidariedade. Com isso acaba se tornando uma arma perigosa pois herda as habilidades do agente da CIA morto com uma personalidade completamente amoral sob qualquer ponto de vista. Um típico projeto da CIA que deu completamente errado! Já que eles o criaram agora é a hora de eliminá-lo, mas isso, claro, não vai ser nada fácil.

No geral é um bom filme, embora pudesse ser bem melhor. Tommy Lee Jones, por exemplo, não é bem aproveitado. Seu doutor é uma figura até mesmo apagada dentro da trama. O mesmo pode-se dizer do chefe da CIA interpretado por um alucinado e frenético Gary Oldman. Já se você é fã do Ryan Reynolds é melhor esquecer a fita. Apesar de ser bem central em tudo o que acontece, ele aparece pouco (nas primeiras cenas) e depois só surge em eventuais flashbacks. Enfim, dentro do que se anda produzindo atualmente no cinema americano essa ágil fita de ação e espionagem até tem seus méritos, embora sob um ponto de vista global seja apenas na média.

Mente Criminosa (Criminal, Estados Unidos, 2016) Direção: Ariel Vromen / Roteiro: Douglas Cook, David Weisberg / Elenco: Kevin Costner, Tommy Lee Jones, Gary Oldman, Ryan Reynolds, Gal Gadot / Sinopse: Assassino condenado (Costner) tem a mente de um agente da CIA (Reynolds) transplantado para seu subconsciente. Com as habilidades do agente morto, o criminoso logo foge da prisão, indo parar nas ruas, com a CIA tentando de todas as formas recapturá-lo.

Pablo Aluísio.

Ben-Hur

Antes de qualquer coisa é importante ter em mente que não cabe qualquer comparação entre esse filme e o clássico absoluto de 1959. Qualquer comparação nesse sentido seria realmente uma covardia. A diferença em termos de qualidade ou relevância cinematográfica é completamente abissal. O filme de William Wyler segue sendo insuperável. Dito isso vamos nos concentrar aqui apenas em falar sobre essa nova versão cinematográfica do romance épico escrito por Lew Wallace (que foi general do exército americano durante a guerra civil). O livro, como bem sabemos, é uma obra robusta, muito bem escrita, que mescla eventos meramente ficcionais com passagens do Novo Testamento.

Basicamente tudo é centrado na relação entre dois amigos de infância (que se consideram praticamente como irmãos), um romano e o outro judeu, cujos destinos vão entrar em choque com os anos. O judeu, Judah Ben-Hur (Jack Huston), acaba sendo erroneamente confundido com um zelote (denominação dada aos rebeldes judeus contra a dominação romana nos tempos de Jesus), durante um atentado ao cônsul Pilatos na Judeia. Preso, ele não consegue sequer proteção de seu velho amigo romano, Messala Severus (Toby Kebbell), que ao contrário disso se mostra implacável para com Judah e sua família. Ele vira escravo por ter cometido o crime de Sedição e vai cumprir sua pena nos navios de guerra de Roma, naquelas infames penas de galés, onde os homens remavam até a morte m porões úmidos e escuros das embarcações de César.

O enredo de Ben-Hur é clássico, muito conhecido por cinéfilos em geral. Aqui não há tantos detalhes, o filme tem uma edição bem mais rápida e ágil e uma narração em off que vai explicando aspectos do roteiro sem que haja a necessidade de se perder muito tempo em mostrar tudo na tela. O problema é que essa opção narrativa torna tudo também muito superficial. Tudo vai acontecendo aos pulos, sem preocupação em envolver muito o espectador com a estória. Particularmente não gostei muito do desenvolvimento do roteiro. Para piorar o elenco principal não é bom. Tanto Huston (como Ben-Hur) como Kebbell (o Messala) não convencem. Eles não são grandes atores e Kebbell está particularmente muito ruim em seu papel, nada convincente, chegando a ser ridículo em certos momentos. Sua falta de talento quebra a espinha dorsal do filme em termos de atuação.

Os dois coadjuvantes mais notórios acabam se saindo bem melhores do que os protagonistas. Morgan Freeman colocou todo o seu prestigio para salvar o filme da irrelevância, mas sem muito resultado. De qualquer maneira ele é um ator especial e traz alguns pontos positivos para o filme. Rodrigo Santoro interpreta um Jesus que não tem muita pinta de Messias, mas sim de um homem comum, com um bom e adequado discurso. Não me convenceu muito como o Nazareno. Por fim, a única coisa realmente boa desse filme é a famosa cena de bigas. É o ponto alto da produção e faz valer o preço do ingresso. Se o filme falha em termos de elenco e roteiro, em termos de edição essa cena é realmente extremamente bem feita. Pena que é um momento isolado em um filme que no geral é inegavelmente bem fraco.

Ben-Hur (Ben-Hur, Estados Unidos, 2016) Direção: Timur Bekmambetov / Roteiro: Keith R. Clarke, baseado na obra de Lew Wallace / Elenco: Jack Huston, Toby Kebbell, Rodrigo Santoro, Nazanin Boniadi / Sinopse: Dois amigos de infância, um judeu e um romano, acabam se tornando inimigos quando um deles é acusado de ser traidor da dominação romana na Judeia. Ben-Hur (Huston) é condenado a escravidão, mas após uma batalha naval consegue sobreviver, voltando para Jerusalém, onde deseja vingança contra seu velho "irmão".

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

O Protetor

Título no Brasil: O Protetor
Título Original: Blackway
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Enderby Entertainment, Gotham Group
Direção: Daniel Alfredson
Roteiro: Castle Freeman Jr, Joe Gangemi
Elenco: Anthony Hopkins, Julia Stiles, Ray Liotta, Alexander Ludwig, Hal Holbrook, Lochlyn Munro
  
Sinopse:
Após ser assediada em seu lugar de trabalho, Lillian (Julia Stiles) começa a ser perseguida pelo ex-xerife Blackway (Ray Liotta). Ele passa a rondar a casa da jovem, fazendo atos de terrorismo psicológico como matar seu gato de estimação. Aterrorizada, Lillian vai até o xerife local, mas esse não parece disposto a enfrentar o famigerado Blackway. Assim ela acaba encontrando apoio no veterano Lester (Anthony Hopkins) e no jovem Nate (Alexander Ludwig) que querem acertar velhas contas com o sujeito. Juntos, passam a procurar por Blackway por toda a cidade, elevando a tensão para um sangrento encontro que está prestes a acontecer.

Comentários:
O bom e velho thriller de suspense, que tantas obras primas legou ao cinema em um passado até recente, já não consegue mais animar os cinéfilos. É um gênero cinematográfico que anda em plena decadência. Um exemplo temos aqui nesse "O Protetor". O roteiro é dos mais simples, como se pode ver na sinopse. Há apenas uma situação em cena, um trio em busca de vingança contra um ex-policial que agora ganha a vida explorando o tráfico de drogas e a prostituição (usando inclusive garotas menores de idade para atrair maior clientela!). O vilão do filme é interpretado pelo quase sempre bom Ray Liotta. Ele é o tal de Blackway do título original. O problema é que nada é muito bem desenvolvido. Anthony Hopkins com um velho rifle de caçar gansos, indo pra lá e pra cá, atrás do criminoso não é algo muito interessante de se acompanhar, vamos ser sinceros. Como o filme se resume nisso logo se torna cansativo, apesar de ter curta duração. A aparência da atriz Julia Stiles me deixou surpreso pois ela está bem envelhecida, com problemas de peso. O trio de "vingadores" é completado por Alexander Ludwig, um sujeito bom de briga, mas com retardo mental. No final das contas quem acaba se destacando, mesmo sem ter muito espaço, é justamente Ray Liotta. Ela dá uma cantada de bar que não dá muito certo. Leva um fora, tenta estuprar a garçonete (Stiles) e começa um jogo de stalker com ela. Basicamente é isso. O filme só se destaca um pouquinho mais por causa da bela fotografia - já que foi rodado no Canadá - com aquelas belas florestas fechadas (que são até um pouco sombrias, para falar a verdade). Pena que nada disso salvo a produção do lugar comum. É em suma uma fita de suspense bem esquecível, nada marcante, que muito em breve irá para o oceano de irrelevâncias cinematográficas.

Pablo Aluísio.

Star Trek: Sem Fronteiras

Achei um tanto decepcionante esse novo filme da velha franquia "Star Trek". Como sabemos a antiga tripulação (ou melhor dizendo, o elenco original) foi substituído por novos atores. Isso aconteceu em 2009 e de lá para cá já tivemos três filmes. Esse aqui, o terceiro, é o mais fraco de todos eles. De certa forma mantém uma tradição que diz que todos os filmes ímpares da série costumam ser ruins - foi assim na velha geração e parece se confirmar aqui também.

O problema de "Star Trek: Sem Fronteiras" é parecido até com o que está acontecendo com os novos filmes de James Bond. Na tentativa de modernizar algo antigo os produtores andam esquecendo a essência dos filmes originais. Ao invés de apelar para um roteiro inteligente (que vamos reconhecer, sempre foi o forte de Star Trek tanto na TV como no cinema) se priorizou apenas as cenas de ação, uma atrás da outra, todas visualmente espetaculares, mas que deixam o gostinho de vácuo no gosto do fã das antigas aventuras que tinham enredos e argumentos extremamente interessantes e inteligentes. Infelizmente nesse novo filme não há nada parecido com o passado.

A própria estória é fraca. A Enterprise é mandada para uma missão em uma nebulosa distante. Eles estão atendendo o pedido de socorro de uma jovem tripulante de uma nave alienígena que parece estar passando por sérias dificuldades naquele ponto distante da galáxia. É uma missão de resgate aparentemente. O que ninguém poderia supor é que dentro da nebulosa se encontra um comandante de origem desconhecida que lidera uma nova raça que deseja destruir a Federação dos Planetas. Atendendo pelo nome de Krall ele quer varrer a humanidade do universo, para implantar seu reinado de terror. Liderando uma incrível frota de naves que seguem uma lógica de enxame de abelhas, ela começa a destruir tudo o que encontra pela frente, inclusive a própria nave Enterprise.

Basicamente só tem isso. Não há nenhum desenvolvimento melhor dos personagens e nem Spock que faz uma pequena homenagem ao ator falecido Leonard Nimoy, consegue se salvar da falta de conteúdo. Tudo é extremamente superficial e nada é muito bem escrito. A própria trama deixa a desejar. O roteiro, para ser sincero, é bem pífio. Não há absolutamente nada de novo nesse filme, nem em termos de efeitos visuais e nem em termos de roteiro (o que é mais grave). Para encher metragem há muitas cenas clichês, como a do engenheiro Scotty pendurado no penhasco (sinceramente quantas vezes você já não viu algo assim antes? Puro clichê e falta de imaginação!). Assim esse novo "Star Trek" acabou mesmo sendo esmagado pela herança da força do nome que ostenta. É um filme fraco demais que acaba não indo para nenhum lugar, nem muito menos para o espaço, para a tal fronteira final.

Star Trek: Sem Fronteiras (Star Trek Beyond, Estados Unidos, 2016) Direção: Justin Lin / Roteiro: Simon Pegg, Doug Jung / Elenco: Chris Pine, Zachary Quinto, Karl Urban, Zoe Saldana, Simon Pegg, John Cho, Idris Elba / Sinopse: A nave interestelar Enterprise é enviada para uma nebulosa distante onde acaba encontrando um líder alienígena enlouquecido chamado Krall (Idris Elba) que deseja destruir toda a Federação de Planetas. Filme indicado ao Teen Choice Awards nas categorias de Melhor Ator (Chris Pine) e Melhor Atriz (Zoe Saldana).

Pablo Aluísio.

domingo, 28 de agosto de 2016

Lista Negra - The Blacklist - Segunda Temporada

The Blacklist 2.01 - Lord Baltimore (No. 104)
Esse é o primeiro episódio da segunda temporada. Começou de forma bem diferente. Em determinado momento pensei estar assistindo a algum filme estrelado por Chuck Norris, mas estava obviamente enganado. Era apenas Raymond 'Red' Reddington (James Spader) indo a algum daqueles países africanos em eterna guerra civil atrás de nomes, nomes que o levem até o misterioso Berlin. Depois de algumas negociações - e até misseis lançados como forma de persuasão (não disse que estava parecendo um filme com o Chuck Norris?) finalmente ele chega no nome de um tal de Lord Baltimore. Pode ser muito bem o elo de ligação entre Red e seu algoz. Bom, assistindo a esse episódio pude perceber que os roteiristas vão mesmo apostar nesse criminoso desconhecido, cujo codinome é Berlin, para trazer mais movimentação e tensão à série. Muito provavelmente chegaram na velha conclusão de que uma série desse estilo só consegue dar certo mesmo com um vilão marcante, que prenda a atenção do espectador. Se depender de suas vilanices até que "The Blacklist" não está carente nesse aspecto. Para se ter uma ideia do estilo malvado do Berlin basta dizer que nesse episódio ele sequestra a primeira esposa de Red e começa a mandar pedacinhos dela (como um dedo) para ele em um caixinha, como forma de o torturar psicologicamente. Vamos ver no que tudo isso vai dar daqui em diante. / The Blacklist 2.01 - Lord Baltimore (No. 104) (EUA, 2014) Direção: Michael W. Watkins / Roteiro: Jon Bokenkamp / Elenco: James Spader, Megan Boone, Diego Klattenhoff.

The Blacklist 2.02 - Monarch Douglas Bank (No. 112)
Eu sempre achei a Rede Globo um canal muito ruim, baseado apenas em novelas e em uma programação na maioria das vezes simplesmente estúpida. A única boa novidade vem do fato da emissora, após longos anos, começar a finalmente exibir uma série americana em sua grade regular. Nos anos 80 séries eram bem comuns nesse canal, mas ultimamente tinham se tornado bem raras. No Brasil "The Blacklist" está sendo exibida com o título de "A Lista Negra". Ainda é pouco, mas já é uma pequena mudança. O grande problema vem da dublagem porque certamente muito se perde nesse processo, principalmente na excelente atuação de James Spader. O dublador nacional passa muito longe de se igualar a Spader nesse quesito. Enfim. Nesse episódio Red (Spader) tem um novo desafio. Como se sabe o criminoso internacional de codinome Berlin está com a mulher de Red. Ele ameaça matá-la. Enquanto isso um banco é tomado por criminosos e uma jovem é feita de refém. Ela tem uma memória fotográfica e é usada por esse banco para decorar senhas, contas e informações que não podem ser colocadas em arquivos oficiais. Sabendo tanto sobre o mundo do crime ela acaba se tornando um alvo. Obviamente que Red também está interessado nela, principalmente para usá-la como moeda de troca com Berlin. Uma troca de favores entre criminosos internacionais. Em suma, bom episódio, bem movimentado, com o personagem Red voltando novamente a navegar pelo submundo do crime. Ele havia se tornado um pouco bonzinho demais nos episódios da primeira temporada. Agora ele retorna para o ambiente onde foi forjado. / The Blacklist 2.02 - Monarch Douglas Bank (No. 112) (EUA, 2014) Direção: Paul A. Edwards / Roteiro: Jon Bokenkamp, Kristen Reidel / Elenco: James Spader, Megan Boone, Diego Klattenhoff.

The Blacklist 2.03 - Dr. James Covington (No. 89)
E lá vamos nós de novo... Um famoso cirurgião, o Dr. James Covington (Ron Cephas Jones), estaria supostamente realizando operações ilegais de transplante de órgãos. Ricaços estariam pagando pequenas fortunas para ele, assim escapariam de fazer parte da fila de transplantes (sempre muito demorada e imprevisível). Algo que infelizmente acontece no mundo real. A questão passa a ser encontrar órgãos saudáveis para isso. Entra em cena então membros do crime organizado, raptando pessoas e retirando clandestinamente os órgãos de que necessitavam. Esse médico teria tido problemas no passado com a lei e após ter seu registro cassado passa a ser um cirurgião atuando nas sombras, no submundo do crime. Seria até um caso banal para o FBI se o próprio Raymond 'Red' Reddington (James Spader) não visse ali uma oportunidade de ganhar alguns pontos extras em sua "carreira", uma oportunidade de atuação. Já a agente Elizabeth Keen (Megan Boone) tenta reconstruir de alguma maneira sua vida emocional. Ela foi casada por anos com um homem que pensava ser o amor de sua vida, mas que no fundo era apenas um criminoso infiltrado em sua vida para manipular e obter informações do Bureau em primeira mão. Como a vida segue em frente, ela acaba simpatizando com um vizinho, um cara jovem e bonitão que parece ter dado alguma pinta para ela em um encontro casual nas redondezas de seu pequeno apartamento. Os roteiristas de "The Blacklist" porém não querem que ela seja feliz, assim logo deixam claro na última cena do episódio que esse seria outro pretendente a se infiltrar em sua vida! Assim já é demais não é mesmo? / The Blacklist 2.03 - Dr. James Covington (No. 89) Direção: Karen Gaviola / Roteiro: Jon Bokenkamp, Lukas Reiter/ Elenco: James Spader, Megan Boone, Diego Klattenhoff.

The Blacklist 2.04 - Dr. Linus Creel (No. 82)
Do nada pessoas comum começam a matar a esmo em acessos de fúria inexplicados. Logo começa-se a suspeitar de um antigo projeto do governo denominado Subprojeto 7 que tinha como objetivo o controle da mente. Pessoas eram sugestionadas através de "gatilhos" psicológicos a adotaram atos de extrema violência e irracionalidade. A agente do FBI Elizabeth Keen (Megan Boone) começa então a investigar uma série de casos muito semelhantes entre si, todos com essa mesma característica. Procurando por respostas com um senador ela descobre que o projeto há muito foi abandonado por falta de resultados práticos. Keen porém descobre o fio da meada ao chegar no nome do Dr. Linus Creel (David Costabile). Ele havia trabalhado no Subprojeto 7 original e quando esse foi cancelado pelo governo resolveu seguir por conta própria em frente, realizando experiências com pessoas do dia a dia, como donas de casa, funcionários públicos, etc, etc. Enquanto Keen tenta colocar as mãos em seu suspeito, Raymond 'Red' Reddington (James Spader) tenta proteger sua ex-esposa de futuras ameaças à sua vida. Inicialmente ela recusa mudar de cidade para viver sob a proteção do ex-marido. Seu atual companheiro também não aceita a sugestão e começa a fazer clara oposição à vontade de Red que percebe que deverá usar de métodos, digamos, mais convincentes para finalmente dobrar a vontade de ambos. Bom episódio que lida com esse tema que fez ou outra surge em matérias de jornais, filmes, livros, etc. Existe até mesmo um clássico estrelado por Frank Sinatra em 1962 e dirigido por John Frankenheimer chamado "Sob o Domínio do Mal" cuja o tema é justamente esse. Se você ficou interessado no assunto fica aqui a dica. / The Blacklist 2.04 - Dr. Linus Creel (No. 82) (EUA, 2014) Direção: Michael W. Watkins / Roteiro: Jon Bokenkamp, Michael Ostrowski / Elenco: James Spader, Megan Boone, David Costabile, Diego Klattenhoff.

The Blacklist 2.05 - The Front (No. 74)
Um episódio um pouco diferente. Aqui temos a figura de Maddox Beck (Michael Laurence). Ele é um ecologista radical que após anos de luta por sua causa chega à conclusão de que o planeta Terra só será salvo com o fim, a extinção da humanidade. Após a morte da esposa ele resolve levar adiante um plano de destruição biológica de todos os seres humanos. E como conseguirá isso? Através da disseminação de uma grande doença altamente letal - e nada seria mais adequado do que lançar novamente no ar a peste negra, doença que matou milhões de pessoas na Idade Média. Para conseguir o vírus ele segue um velho mapa que está escondido numa pintura do século XV. Enquanto ele tenta exterminar a raça humana, Raymond 'Red' Reddington (James Spader) tenta descobrir o paradeiro de uma jovem que pode, ou não, ter ligações profundas com ele mesmo. Por fim a agente Elizabeth Keen (Megan Boone) descobre que Red colocou um espião em seu encalço, para seguir seus passos - nada mais, nada menos, do que seu próprio vizinho. Para provocá-lo ela acaba fazendo um sensual striptease na janela de seu apartamento (para a alegria de seu grande fã clube masculino). "The Front" é um bom episódio, mas sofre de um problema que é até recorrente em séries americanas atuais. Estou me referindo à rápida solução que alguns roteiristas bolam para problemas que deveriam ser quase insolúveis. Nesse episódio a peste negra começa a se espalhar na humanidade, mas Red acaba achando seu antídoto e com três minutos para o fim do episódio tudo é prontamente resolvido e solucionado. A rapidez com que tudo é resolvido deixa uma sensação de frustração no ar. Como seria bom se no mundo real tudo fosse tão fácil assim, não é mesmo? / The Blacklist (Lista Negra) 2.05 - The Front (No. 74) (EUA, 2014) Direção: Steven A. Adelson / Roteiro:  Jon Bokenkamp, Jim Campolongo / Elenco: James Spader, Megan Boone, Diego Klattenhoff.

The Blacklist 2.06 - The Mombasa Cartel (No. 114)
Esse episódio conta com a participação do grande Peter Fonda, há muito afastado das telas de cinema. Ele interpreta Geoff Perl. Para o mundo ele passa a imagem de um combatente ativista ecológico, sempre preocupado em preservar raras espécimes animais da África. Só que essa imagem é apenas fachada, pois na verdade ele é realmente o líder de um violento cartel conhecido como Mombasa que se especializou justamente em contrabandear e traficar de forma ilegal animais exóticos e raros para todo o mundo! Como conciliar tamanha contradição? Para Red (James Spader) não existem explicações suficientemente convincentes para mudar sua opinião sobre Perl. Ele seria apenas um criminoso internacional, um hipócrita violento, chefe de um clã de lunáticos. Sua família vive em uma remota área isolada onde literalmente caçam antigos caçadores que se tornaram inconvenientes para o Cartel Mombasa. E por falar em loucura estaria a agente Elizabeth Keen (Megan Boone) enlouquecendo também? Na cena final desse episódio é revelado que ela mantém um sujeito em cárcere privado em seu próprio porão! Esse estava sob ordens de Red para seguir todos os passos dela! Insanidade pouca é bobagem! Em suma, bom episódio, com boa trama e contando com a preciosa presença de Peter Fonda. Pena que ele atue pouco e tenha poucas cenas. Mesmo assim vale bastante a pena. / The Blacklist 2.06 - The Mombasa Cartel (No. 114) Direção: David Platt / Roteiro: Jon Bokenkamp, Daniel Knauf / Elenco:  James Spader, Peter Fonda, Megan Boone, Diego Klattenhoff.

The Blacklist 2.07 - The Scimitar (No. 22)
Um cientista do projeto nuclear iraniano é seduzido por uma linda mulher em um bar de hotel. Mal sabe ele que ela na verdade é uma agente do serviço de inteligência de Israel. Seu fim de noite acaba sendo dos piores quando é jogado do alto do prédio. Morte certa. Seu assassinato desencadeia uma verdadeira guerra de inteligência entre Irã e Israel, tendo como palco o território americano. Poderia ser uma situação terrível para qualquer um, menos para 'Red' Reddington (James Spader) que vê uma oportunidade de acertar contas com seus velhos desafetos. Enquanto isso a bela agente Elizabeth Keen (Megan Boone) mantém seu marido acorrentando no porão de um velho navio, todo enferrujado. Ela quer informações sobre o misterioso Berlin. Onde ela poderia encontrá-lo? O mais curioso desse episódio é que ele traz, mesmo que sutilmente, uma clara tensão sexual entre o ex-casal. Até porque pense bem, ser acorrentado por Megan Boone nem é assim uma ideia tão ruim, não é mesmo? / The Blacklist 2.07 - The Scimitar (No. 22) Direção: Karen Gaviola / Roteiro: Jon Bokenkamp, J.R. Orci / Elenco: James Spader, Megan Boone, Diego Klattenhoff.

The Blacklist 2.09 - Luther Braxton (No. 21)  
O episódio começa com todos os jornais do mundo noticiando que finalmente Raymond 'Red' Reddington (James Spader) foi localizado e capturado pelas autoridades americanas. Sob forte esquema de segurança Red é então enviado para uma prisão secreta, em alto-mar, no estreito de Bering. Nessa mesma prisão está o ladrão internacional Luther Braxton (Ron Perlman) que após um erro de segurança consegue tomar conta do lugar. O FBI e a CIA ficam em uma situação completamente delicada, pois no local também existe uma central de informação e inteligência nível 6. Os dados secretos de seus computadores podem ser usados por Braxton em seu próprio proveito. O que ele não poderia contar é que Red fará de tudo para destrui-lo. Muito bom esse episódio, bastante valorizado pela presença do ótimo ator Ron Perlman. Além de interpretar Hellboy no cinema ele também ficou muito conhecido dos fãs de séries por atuar em "Sons of Anarchy", uma das melhores séries dos últimos anos nos Estados Unidos. Seu confronto com Red é tão bom e acima da média que os roteiristas não concluem a trama nesse episódio, deixando tudo para ser resolvido no próximo. / The Blacklist 2.09 - Luther Braxton (No. 21) (EUA, 2015) Direção: Joe Carnahan / Roteiro: John Eisendrath / Elenco: James Spader, Megan Boone, Ron Perlman, Diego Klattenhoff.

The Blacklist 2.10 - Luther Braxton (No. 21): Conclusion  
Temos aqui a conclusão dos acontecimentos anteriores. Tanto Luther Braxton como Red conseguem fugir da prisão secreta no meio do oceano. O problema é que Braxton está com a agente Keen. Em terra firme ele sequestra uma especialista para que ela consiga arrancar de Keen lembranças há muito adormecidas. O objetivo é saber onde estaria o objeto conhecido apenas como "O fulcro". Assim Liz é levada a se aprofundar em sua própria mente, voltando para a noite onde seu pai foi morto - justamente quando tentava esconder o tal dispositivo. Duas coisas ficam nítidas nesse esclarecedor episódio: Red estava presente naquela noite em que o pai de Liz morreu e ele estava lá para colocar as mãos no tal fulcro. Com isso Liz fica decepcionada pois passa a entender que tudo o que Red lhe fez até hoje foi por mero interesse para se apoderar do tal objeto. Mas será que isso é verdade realmente? A própria especialista revela a Liz que alguém, em um passado remoto, já teria mexido com sua mente, tentando embaralhar suas confusas lembranças. Tudo assim se torna bem inconclusivo, com mais perguntas do que respostas no ar! Pois bem, nessa altura você poderá se perguntar: e o que aconteceu com Braxton, o vilão dos dois episódios? Bom, ele termina sua participação na série de uma forma pouco lisonjeira - pendurado como se fosse um pedaço de carne sem valor! Fiquei até com uma certa pena pois uma coisa é certa: o ator Ron Perlman, ótimo como sempre, poderia trazer muitas coisas interessantes para a série. Com a morte de seu personagem isso não acontecerá mais. Fica para a próxima então! / The Blacklist 2.10 - Luther Braxton (No. 21): Conclusion (EUA, 2015) Direção: Michael W. Watkins / Roteiro:  Jon Bokenkamp, Michael Ostrowski / Elenco: James Spader, Megan Boone, Ron Perlman, Diego Klattenhoff.

The Blacklist 2.11 - Ruslan Denisov (No. 67)
Esse episódio se passa no Uzbesquistão, uma antiga república soviética. Tudo começa quando um grupo separatista liderado por Ruslan Denisov entra em uma igreja e sequestra o Padre que, na verdade, não é um Padre, mas sim um agente da CIA. Denisov quer usar o sujeito como moeda de troca para chantagear o governo americano, algo aliás que ele já fez inúmeras vezes com executivos de empresas estrangeiras. O mais curioso é que o terrorista tem ligações com Red, a ponto dele o considerar como um "associado". Imediatamente a agente Keen viaja para aquele distante país. Red também, afinal ele quer jogar xadrez na delicada situação envolvendo um oleoduto que corta aquele gelado país, pertencente a uma empresa americana, que contaminou todo o meio ambiente, colocando em risco a saúde e a vida dos moradores locais. No geral temos aqui um bom episódio, valorizado pelas várias reviravoltas. Em um arco narrativo independente, a agente Keen começa a ser investigada por ter mantido seu ex-marido em cárcere privado em um velho navio. As coisas para ela podem ficar bem sérias e complicadas. Por fim um fato curioso: esse episódio foi dirigido pelo velho amigo de James Spader, o ator Andrew McCarthy, antigo colega de Spader nos filmes para adolescentes dos anos 80. Lembra dele? Geralmente fazia o jovem riquinho, de bom coração, enquanto Spader era sempre o riquinho mau. Pois é, a velha amizade entre eles parece ter seguido em frente, mesmo após tantos anos! / The Blacklist 2.11 - Ruslan Denisov (No. 67) (EUA, 2015) Direção: Andrew McCarthy / Roteiro: Jon Bokenkamp, Jonathan Shapiro / Elenco: James Spader, Megan Boone, Diego Klattenhoff.

The Blacklist 2.12 - The Kenyon Family (No. 71) - O tema desse episódio é o fanatismo protestante. Como se sabe nos Estados Unidos existem centenas de seitas fanáticas. Mal surge um líder maluco, com doutrinas religiosas insanas e pronto, tudo está preparado para o surgimento de mais um grupo de fanáticos alucinados. No caso se trata de uma igreja auto intitulado "O Escudo" que vive isolada no meio de uma floresta. Essa seita prega que cada membro dela deve ter no mínimo três esposas. Acontece que com o passar dos anos o número de meninos cresceu muito, tornando impossível ao seu messiânico líder manter essa conta que jamais fecharia. Assim ele leva grupo de garotos excedentes e os joga no meio da selva para sobreviverem como possível. Não demora muito e esses garotos se voltam contra os membros da seita, causando um verdadeiro banho de sangue em pleno culto macabro! Enquanto esses protestantes malucos se matam no meio do mato, Red decide tentar fazer as pazes com a Agente Keen. Ela está morando há meses em um hotel barato e assim Red decide presenteá-la com um belo apartamento com vista para o rio Potomac. Suas intenções de reaproximação porém não dão em nada. Liz deixa claro para ele que a relação entre ambos é estritamente profissional, para grande decepção de Red. Pois é, não está mesmo fácil para ninguém. Um bom episódio que explora essas seitas insanas que inclusive já deram muita dor de cabeça para o FBI do mundo real. Basta lembrar do caso do líder David Koresh e a matança que seguiu seus passos. Fique longe desse tipo de cretino maluco, essa é a grande moral dessa estória. / The Blacklist 2.12 - The Kenyon Family (No. 71)  Direção: David Platt / Roteiro:  Jon Bokenkamp, Daniel Knauf / Elenco:  James Spader, Megan Boone, Diego Klattenhoff.

The Blacklist 2.13 - The Deer Hunter
O vilão do episódio é um serial killer conhecido como The Deer Hunter (O caçador de Cervos). Um psicopata que arranca os órgãos internos de suas vítimas, praticando inclusive uma espécie de canibalismo ritual. Pelo menos assim pensa o FBI. Para Raymond 'Red' Reddington (James Spader) essa tese está errada. Não se trata de um homem, mas sim de uma mulher, provavalmente uma "imitadora" dos métodos do assassino original. As investigações acabam dando razão a Red. O que a agente Elizabeth Keen (Megan Boone) encontra é uma ligação entre os mortos e uma instituição de proteção a mulheres vítimas de crimes violentos. E realmente não se trata do Deer Hunter original, mas sim de uma copycat (uma assassina que apenas copia o modus operandi do verdadeiro serial killer). Enquanto a agente Keen a persegue, Red usa de seus métodos nada convencionais para salvar a agente de um problema legal. Ele convence uma testemunha a voltar atrás, evitando assim que Keen seja ligada a um assassinato. Na última cena Liz conta a Red que está com o fulcro, algo que ele vem procurando há tempos. Por fim um aspecto interessante: esse episódio foi dirigido pelo ator Andrew McCarthy, velho colega e amigo de James Spader desde os antigos filmes adolescentes dirigidos pelo gênio John Hughes. Os fãs de filmes como "A Garota de Rosa-Shocking" e "Uma Questão de Classe" certamente se lembrarão dele. / The Blacklist 2.13 - The Deer Hunter (Estados Unidos, 2015) Direção: Andrew McCarthy / Roteiro: Jon Bokenkamp, Amanda Kate Shuman / Elenco: James Spader, Megan Boone, Diego Klattenhoff / Estúdio: Universal Television, Sony Pictures.

The Blacklist 2.14 - T. Earl King VI (No. 94)
Uma família de aristocratas ricos levantam dinheiro vendendo objetos roubados e pessoas raptadas em leilões clandestinos. É o segredo desse grupo familiar que consegue se manter rico e próspero mesmo após o passar dos anos, das gerações. O mundo do crime, pelo visto, rende bastante e se torna muito lucrativo quando bem organizado. Ilegal sim, lucrativo também. Entre os itens mais desejados pelos criminosos ao redor do mundo está o próprio Raymond 'Red' Reddington (James Spader). Quem vai pagar mais para ter a chance de ter Red em suas mãos? Assim ele é sequestrado e levado a leilão! Para impedir que ele seja morto por seu novo "dono", a agente Elizabeth Keen (Megan Boone) se disfarça de compradora milionária e consegue se infiltrar no leilão. Enquanto isso o ex-marido de Lizz entra em uma nova missão, se disfarçando de neonazista em plena Alemanha! O desfecho desse episódio acaba colocando Red em dívida com Lizz, mas de uma maneira que ele definitivamente não desejava. Um bom episódio que me lembrou de um velho filme que tinha temática bem semelhante. Nesse mundo de bilionários pervertidos vale tudo mesmo, inclusive levar seres humanos à leilão, como nos velhos tempos da escravidão. / The Blacklist 2.14 - T. Earl King VI (No. 94) (Estados Unidos, 2015) Direção: Steven A. Adelson / Roteiro: Jon Bokenkamp / Elenco: James Spader, Megan Boone, Diego Klattenhoff  / Estúdio: Universal Television, Sony Pictures Television / Data de exibição nos Estados Unidos: 5 de março de 2015.

The Blacklist 2.15 - The Major (No. 75)
As coisas não andam muito tranquilas para a agente Elizabeth Keen (Megan Boone). Ela é levada a julgamento, acusada de ter causado a morte de um homem em um velho navio (isso aconteceu quando Liz aprisionou seu ex-marido Tom em uma velha embarcação toda enferrujada no cais). A advogada de Liz pede sigilo absoluto, alegando questão de segurança nacional. Para convencer o juiz dessa premissa Keen é levada até seu gabinete onde narra tudo o que tem acontecido (em um bom flashback para quem só pegou a série depois de seu começo). Enquanto Liz tenta escapar dessa condenação, Raymond 'Red' Reddington (James Spader) vai atrás de um criminoso conhecido no submundo como "Major". Seu nome real é Bill McCready (Lance Henriksen). Durante anos ele treinou criminosos em todo o mundo. Até mesmo Tom Keen (Ryan Eggold), o ex de Liz, foi um de seus alunos! Red quer saber justamente o paradeiro de Tom, mas não vai ser tão simples arrancar essa informação. / The Blacklist 2.15 - The Major (No. 75) (Estados Unidos, 2015)  Direção: W. Watkins / Roteiro: Jon Bokenkamp / Elenco: James Spader, Megan Boone, Diego Klattenhoff.

The Blacklist 2.16 - Tom Keen (No. 7)  
A agente Elizabeth Keen (Megan Boone) escapa de ser condenada pela morte de um policial em serviço, um sujeito que foi encontrado morto no mesmo navio onde ela mantinha em cativeiro seu ex-marido Tom Keen (Ryan Eggold). Liz é salva no último segundo por um figurão da segurança nacional, um sujeito que deseja acima de tudo ser procurador geral dos Estados Unidos. E por falar em Tom ele está na Alemanha, infiltrado dentro de uma gangue de supremacia branca (neonazistas), travestida de traficante de drogas. Claro que Raymond 'Red' Reddington (James Spader) vai até a Alemanha em busca dele. Sua intenção é trazer Tom de volta aos Estados Unidos para que assuma que matou o policial, deixando Liz livre, sem riscos de ser condenada por algo que não cometeu. Outro aspecto interessante desse episódio vem da cena entre o juiz, metido a durão, e o futuro procurador. Esse o enquadra direitinho, fazendo com que o magistrado coloque a viola dentro do saco, tomando uma decisão por pura e simples covardia. Detalhe final curioso: esse episódio também foi dirigido por Andrew McCarthy, ator baby face dos filmes de jovens de John Hughes, velho conhecido e amigo de James Spader, o astro da série! / The Blacklist 2.16 - Tom Keen (No. 7) (Estados Unidos, 2015) Direção: Andrew McCarthy / Roteiro: Jon Bokenkamp, Lukas Reiter / Elenco: James Spader, Megan Boone, Diego Klattenhoff.

The Blacklist 2.17 - The Longevity Initiative (No. 97)
Seria possível viver para sempre? Se depender de um cientista alucinado, que lida com cobaias humanas em que ele faz modificações genéticas, sim! Esse é o tom desse episódio. Tudo começa quando uma série de corpos são encontrados. Pessoas que morrem em circunstâncias parecidas. Durante uma parada numa rodovia um policial é morto quando tenta revistar um caminhão na estrada. Na parte de trás vários pedaços de corpos humanos. Todos usados em experiências. O mais bizarro de tudo é saber que nessas pesquisas se está inserindo DNA de águas vivas em seres humanos, para se tentar chegar na tão procurada vida imortal! É nesse cenário de loucos, pesquisas infames e crimes que a agente Keen chega para investigar. Para sua surpresa Red está um passo à frente. Quando ela pensa que está nas pegadas do tal cientista, Red já o tem em seu domínio. Mais um bom episódio de "Lista Negra", uma das séries mais interessantes surgidas nesses últimos anos; / The Blacklist 2.17 - The Longevity Initiative (No. 97) (Estados Unidos, 2015) Direção: Donald E. Thorin Jr / Roteiro: Jon Bokenkamp, Lukas Reiter / Elenco: James Spader, Megan Boone, Diego Klattenhoff.

Pablo Aluísio.