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sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Ben-Hur

Antes de qualquer coisa é importante ter em mente que não cabe qualquer comparação entre esse filme e o clássico absoluto de 1959. Qualquer comparação nesse sentido seria realmente uma covardia. A diferença em termos de qualidade ou relevância cinematográfica é completamente abissal. O filme de William Wyler segue sendo insuperável. Dito isso vamos nos concentrar aqui apenas em falar sobre essa nova versão cinematográfica do romance épico escrito por Lew Wallace (que foi general do exército americano durante a guerra civil). O livro, como bem sabemos, é uma obra robusta, muito bem escrita, que mescla eventos meramente ficcionais com passagens do Novo Testamento.

Basicamente tudo é centrado na relação entre dois amigos de infância (que se consideram praticamente como irmãos), um romano e o outro judeu, cujos destinos vão entrar em choque com os anos. O judeu, Judah Ben-Hur (Jack Huston), acaba sendo erroneamente confundido com um zelote (denominação dada aos rebeldes judeus contra a dominação romana nos tempos de Jesus), durante um atentado ao cônsul Pilatos na Judeia. Preso, ele não consegue sequer proteção de seu velho amigo romano, Messala Severus (Toby Kebbell), que ao contrário disso se mostra implacável para com Judah e sua família. Ele vira escravo por ter cometido o crime de Sedição e vai cumprir sua pena nos navios de guerra de Roma, naquelas infames penas de galés, onde os homens remavam até a morte m porões úmidos e escuros das embarcações de César.

O enredo de Ben-Hur é clássico, muito conhecido por cinéfilos em geral. Aqui não há tantos detalhes, o filme tem uma edição bem mais rápida e ágil e uma narração em off que vai explicando aspectos do roteiro sem que haja a necessidade de se perder muito tempo em mostrar tudo na tela. O problema é que essa opção narrativa torna tudo também muito superficial. Tudo vai acontecendo aos pulos, sem preocupação em envolver muito o espectador com a estória. Particularmente não gostei muito do desenvolvimento do roteiro. Para piorar o elenco principal não é bom. Tanto Huston (como Ben-Hur) como Kebbell (o Messala) não convencem. Eles não são grandes atores e Kebbell está particularmente muito ruim em seu papel, nada convincente, chegando a ser ridículo em certos momentos. Sua falta de talento quebra a espinha dorsal do filme em termos de atuação.

Os dois coadjuvantes mais notórios acabam se saindo bem melhores do que os protagonistas. Morgan Freeman colocou todo o seu prestigio para salvar o filme da irrelevância, mas sem muito resultado. De qualquer maneira ele é um ator especial e traz alguns pontos positivos para o filme. Rodrigo Santoro interpreta um Jesus que não tem muita pinta de Messias, mas sim de um homem comum, com um bom e adequado discurso. Não me convenceu muito como o Nazareno. Por fim, a única coisa realmente boa desse filme é a famosa cena de bigas. É o ponto alto da produção e faz valer o preço do ingresso. Se o filme falha em termos de elenco e roteiro, em termos de edição essa cena é realmente extremamente bem feita. Pena que é um momento isolado em um filme que no geral é inegavelmente bem fraco.

Ben-Hur (Ben-Hur, Estados Unidos, 2016) Direção: Timur Bekmambetov / Roteiro: Keith R. Clarke, baseado na obra de Lew Wallace / Elenco: Jack Huston, Toby Kebbell, Rodrigo Santoro, Nazanin Boniadi / Sinopse: Dois amigos de infância, um judeu e um romano, acabam se tornando inimigos quando um deles é acusado de ser traidor da dominação romana na Judeia. Ben-Hur (Huston) é condenado a escravidão, mas após uma batalha naval consegue sobreviver, voltando para Jerusalém, onde deseja vingança contra seu velho "irmão".

Pablo Aluísio.