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quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Guardiões da Noite

Caso curioso. Um filme russo sobre vampiros! Isso mesmo, uma mistura bem interessante. Com o fim da União Soviética a Rússia finalmente se abriu para a cultura ocidental. E os vampiros vieram nesse pacote. Agora não vá pensando que por esse tipo de razão esse filme seria péssimo ou algo parecido. Absolutamente nada a ver. O filme é muito bem produzido, inclusive contou com a participação de técnicos em efeitos especiais importados diretamente de Hollywood. O resultado acabou sendo dos melhores. Aqui no Brasil o filme fez sucesso, ganhou edição nacional em DVD, mas quem curtiu também ficou a ver navios porque os filmes que vieram depois não chegaram no Brasil. No meu caso foi justamente o que aconteceu. Só vi o primeiro filme! Até hoje não consegui achar os demais para assistir. Como se fala "Que lástima!" em russo?
   
E qual é a história que esses contos vampirescos nos conta? Em Moscou dois grupos rivais de vampiros se enfrentam nas noites escuras da cidade. Aliás pegando o gancho devo dizer que se existe um problema maior nesse filme esse seria justamente em seu roteiro. Muitas vezes as situações não são devidamente explicadas, fazendo com que o espectador tenha que se esforçar para se situar no meio daquelas criaturas de dentes afiados. De qualquer maneira com um pouquinho de paciência e dedicação as coisas começam a se encaixar. Só não espere por um final fechado. Como é o primeiro de uma trilogia, a história não tem desfecho definitivo.

Guardiões da Noite (Nochnoy dozor, Rússia, 2004) Direção: Timur Bekmambetov / Roteiro: Timur Bekmambetov / Elenco:  Konstantin Khabenskiy, Vladimir Menshov, Mariya Poroshina / Sinopse: Vampiros russos se caçam e se matam nas noites escuras e desertas de uma Moscou simplesmente assustadora. O último e mais velho vampiro se tornará o Lord protetor de um novo clã de criaturas da noite.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Ben-Hur

Antes de qualquer coisa é importante ter em mente que não cabe qualquer comparação entre esse filme e o clássico absoluto de 1959. Qualquer comparação nesse sentido seria realmente uma covardia. A diferença em termos de qualidade ou relevância cinematográfica é completamente abissal. O filme de William Wyler segue sendo insuperável. Dito isso vamos nos concentrar aqui apenas em falar sobre essa nova versão cinematográfica do romance épico escrito por Lew Wallace (que foi general do exército americano durante a guerra civil). O livro, como bem sabemos, é uma obra robusta, muito bem escrita, que mescla eventos meramente ficcionais com passagens do Novo Testamento.

Basicamente tudo é centrado na relação entre dois amigos de infância (que se consideram praticamente como irmãos), um romano e o outro judeu, cujos destinos vão entrar em choque com os anos. O judeu, Judah Ben-Hur (Jack Huston), acaba sendo erroneamente confundido com um zelote (denominação dada aos rebeldes judeus contra a dominação romana nos tempos de Jesus), durante um atentado ao cônsul Pilatos na Judeia. Preso, ele não consegue sequer proteção de seu velho amigo romano, Messala Severus (Toby Kebbell), que ao contrário disso se mostra implacável para com Judah e sua família. Ele vira escravo por ter cometido o crime de Sedição e vai cumprir sua pena nos navios de guerra de Roma, naquelas infames penas de galés, onde os homens remavam até a morte m porões úmidos e escuros das embarcações de César.

O enredo de Ben-Hur é clássico, muito conhecido por cinéfilos em geral. Aqui não há tantos detalhes, o filme tem uma edição bem mais rápida e ágil e uma narração em off que vai explicando aspectos do roteiro sem que haja a necessidade de se perder muito tempo em mostrar tudo na tela. O problema é que essa opção narrativa torna tudo também muito superficial. Tudo vai acontecendo aos pulos, sem preocupação em envolver muito o espectador com a estória. Particularmente não gostei muito do desenvolvimento do roteiro. Para piorar o elenco principal não é bom. Tanto Huston (como Ben-Hur) como Kebbell (o Messala) não convencem. Eles não são grandes atores e Kebbell está particularmente muito ruim em seu papel, nada convincente, chegando a ser ridículo em certos momentos. Sua falta de talento quebra a espinha dorsal do filme em termos de atuação.

Os dois coadjuvantes mais notórios acabam se saindo bem melhores do que os protagonistas. Morgan Freeman colocou todo o seu prestigio para salvar o filme da irrelevância, mas sem muito resultado. De qualquer maneira ele é um ator especial e traz alguns pontos positivos para o filme. Rodrigo Santoro interpreta um Jesus que não tem muita pinta de Messias, mas sim de um homem comum, com um bom e adequado discurso. Não me convenceu muito como o Nazareno. Por fim, a única coisa realmente boa desse filme é a famosa cena de bigas. É o ponto alto da produção e faz valer o preço do ingresso. Se o filme falha em termos de elenco e roteiro, em termos de edição essa cena é realmente extremamente bem feita. Pena que é um momento isolado em um filme que no geral é inegavelmente bem fraco.

Ben-Hur (Ben-Hur, Estados Unidos, 2016) Direção: Timur Bekmambetov / Roteiro: Keith R. Clarke, baseado na obra de Lew Wallace / Elenco: Jack Huston, Toby Kebbell, Rodrigo Santoro, Nazanin Boniadi / Sinopse: Dois amigos de infância, um judeu e um romano, acabam se tornando inimigos quando um deles é acusado de ser traidor da dominação romana na Judeia. Ben-Hur (Huston) é condenado a escravidão, mas após uma batalha naval consegue sobreviver, voltando para Jerusalém, onde deseja vingança contra seu velho "irmão".

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

O Procurado

Wesley Gibson (James McAvoy) é um rapaz comum, ainda procurando por um caminho na vida, que após a morte de seu pai descobre a verdadeira natureza de seus “negócios”. O assassinato de seu pai o coloca automaticamente na posição de herdeiro de seus interesses. Mas antes de assumir essa posição ele terá que passar por um exaustivo treinamento. Se for bem sucedido irá embolsar 50 milhões de dólares. Para isso contará com a ajuda da misteriosa Fox (Angelina Jolie) que é uma assassina fria e eficiente e de Sloan (Morgan Freeman), um mentor mais velho. “Procurado” tenta seguir os passos de “Mandando Bala”, um filme de ação que se tornou conhecido justamente por causa de suas sequências impossíveis (mais do que o habitual que estamos acostumados nesse gênero no cinema americano). E o que isso significa em poucas palavras? Significa que é um filme de ação sem freios, com muitos tiros, correrias e efeitos digitais (que se utilizam exaustivamente de longas cenas mostrando nos mínimos detalhes os tiros e as piruetas dadas pelos personagens centrais).

Em um produto assim não há muito o que achar em termos de roteiro e argumento. Surpresa mesmo foi encontrar o ator dramático Morgan Freeman nesse tipo de filme. Nunca foi sua especialidade participar de produtos como esse, focados em pura ação e só. Assim Freeman vira apenas um item coadjuvante de luxo, para mostrar que não se trata de uma produção B mas sim de um blockbuster com a marca registrada dos estúdios Universal. Outra surpresa foi a presença de Angelina Jolie aqui. Não que esse tipo de filme seja estranho na carreira dela mas sim porque por essa época Angelina estava procurando estrelar dramas em essência, tudo para ser mais reconhecida como atriz séria. De repente ela anunciou essa diversão escapista que em nada lembrava os demais projetos que ela andava desenvolvendo, deixando muita gente boa surpreendida. Embora na tela tenhamos esse dois famosos interpretes o filme é estrelado mesmo por James McAvoy. E justamente aí que está um dos grandes problemas de “Wanted”. Ele é muito fraco e definitivamente não funciona como herói de ação. Para falar a verdade ele sai bem melhor em filmes como “Conspiração Americana” onde há um roteiro melhor e mais desenvolvido que não fique apenas focando nele o tempo todo. Enfim é isso. “Procurado” é mais um filme de ação de rotina, daqueles que apostam em ação incessante e cenas inverossímeis ao extremo. Não consegue ser melhor do que “Mandando Bala”, por exemplo, mas pode vir a agradar, mesmo que de forma superficial, aos admiradores do gênero.

O Procurado (Wanted, Estados Unidos, 2008) Direção: Timur Bekmambetov / Roteiro: Michael Brandt, Derek Haas, Chris Morgan  / Elenco: James McAvoy, Morgan Freeman, Angelina Jolie, Terence Stamp, Thomas Kretschmann, Common, Kristen Hager, Marc Warren / Sinopse: Wesley Gibson (James McAvoy) é um rapaz comum, ainda procurando por um caminho na vida, que após a morte de seu pai descobre a verdadeira natureza de seus “negócios”. O assassinato de seu pai o coloca automaticamente na posição de herdeiro de seus interesses.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Abraham Lincoln Caçador de Vampiros

A primeira impressão que tive ao tomar conhecimento da existência desse filme foi de hilaridade. Afinal a idéia era nitidamente absurda e nonsense, unir uma figura histórica como Abraham Lincoln com a mitologia dos vampiros. De fato poucas coisas soam tão bizarras como essa. Imediatamente me lembrei também de um antigo filme trash que tinha a mesma base de argumento chamado "Jesus Cristo Caçador de Vampiros". Como se pode ver a idéia não era tão original assim. Obviamente para evitar problemas religiosos se trocou Jesus por Lincoln e mudou-se a tônica do filme. Se o anterior era um lixo completo, um filme classe Z sem nenhuma importância, que se apoiava apenas no humor da situação absurda, essa é uma produção classe A, com o melhor que o cinema americano pode oferecer em termos técnicos. São dois filmes que partem do mesmo tipo de idéia sem sentido mas que são diametralmente opostos em seus resultados. "Abraham Lincoln Caçador de Vampiros" se leva muito à sério também. Não há lugar para piadinhas e nonsense, pelo contrário, o espectador é levado para um universo de realismo fantástico onde todos os personagens se levam completamente à sério, sem qualquer ironia ou humor presentes. Essa tônica de seriedade acaba contribuindo muito para seu resultado final que temos que reconhecer é muito bom, desde que você tenha consciência que esse é um produto pop para ser consumido como puro e simples entretenimento.

Como a moda dos vampiros não parece passar agora a mesclaram com a biografia de um dos mais queridos presidentes americanos da história, Abraham Lincoln (1809 - 1865). Ele se tornou um dos mais amados líderes daquele país porque conseguiu manter a União intacta. Foi durante seu governo que explodiu a guerra civil americana onde estados do sul lutaram para se separar da federação. Também é muito lembrado por ter sido o presidente que libertou os escravos de forma definitiva. Esse é o Lincoln da história, um  homem de origens humildes, filho de pobres trabalhadores rurais analfabetos, que persistiu e lutou em sua vida para aprender a ler e estudar, se tornado depois advogado e político bem sucedido. Já no filme o que temos é o uso de passagens da biografia de Lincoln misturadas com a mitologia vampiresca. A morte de sua mãe e de seu pequeno filho quando era presidente, são fatos históricos, mas no roteiro são atribuídas ao ataque de vampiros. Sua habilidade com machados, fruto de seu passado camponês, também é um fato histórico, mas aqui é usado para atacar seres da noite. O espectador deve se deixar levar pela diversão pura e simples e nesse aspecto o filme se torna muito interessante. Há ótimas cenas de aventura e ação como a perseguição no meio de  uma manada de cavalos em disparada ou a luta em cima de um trem de carga em movimento. O filme tem o dedo de Tim Burton na produção e isso se nota bem durante seu desenvolvimento. No final das contas é uma película divertida, movimentada e bem produzida. Embora o roteiro se leve bem à sério o espectador não deve levar o filme com seriedade, pelo contrário, tudo deve ser encarado como um grande filme pipoca. Agindo assim certamente você vai se divertir.

Abraham Lincoln Caçador de Vampiros (Abraham Lincoln: Vampire Hunter, Estados Unidos, 2012) Direção: Timur Bekmambetov / Roteiro: Seth Grahame-Smith, Simon Kinberg / Elenco: Dominic Cooper, Mary Elizabeth Winstead, Alan Tudyk, Rufus Sewell, Benjamin Walker, Anthony Mackie, Jimmi Simpson, Laura Cayouette, Robin McLeavy, Jaqueline Fleming, Erin Wasson / Sinopse: Após ver sua mãe ser morta por vampiros o jovem Abraham Lincoln decide se tornar um verdadeiro caçador de vampiros. Enquanto estuda para se tornar um advogado ele vai enfrentando os seres da noite em combate épicos. Sua vontade é encontrar e matar de uma vez por todas os responsáveis pela morte de sua querida mãe.

Pablo Aluísio.