Mostrando postagens com marcador Gus Van Sant. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Gus Van Sant. Mostrar todas as postagens

domingo, 2 de janeiro de 2022

Elefante

Em abril de 1999 dois jovens estudantes fortemente armados entraram em uma escola no Colorado chamada Columbine e abriram fogo contra alunos, professores e funcionários. Foi a maior tragédia estudantil da história dos Estados Unidos até aquele momento, algo que chocou todo o mundo pela violência e pela loucura daquele ato sem sentido. O diretor Gus Van Sant se inspirou justamente nesse trágico evento para rodar "Elephant" em 2003. O interessante dessa obra é que ela em nenhum momento toma o caminho fácil, de uma narrativa tradicional, redondinha e nos padrões comerciais. O cineasta foi inovador o suficiente para fugir do lugar comum. Dessa maneira o roteiro investe muito mais em percepções, sensações e impressões psicológicas do que em qualquer outra coisa. Gus Van Sant procura quase por um tom de documentário, mas sem apelar para sensacionalismos ou emoções baratas. Ao lado do aspecto documental ele também inseriu um certo estilo sensorial, quase de delírio,

Em entrevistas o diretor explicou que tinha receios de explorar a tragédia por causa das famílias das vítimas. Muitos dos alunos mortos eram praticamente crianças que foram assassinadas por um ato bárbaro de insanidade e loucura. Assim ele procurou por uma forma de amostragem mais lírica, quase surreal. A história de Columbine seria mais tarde mostrada no cinema com mais realismo, porém em termos de valor cinematográfico poucos filmes conseguiram atingir o impacto de "Elefante". Sim, é perturbador e muito provavelmente não sairá de sua cabeça por um longo tempo, mas isso não é um defeito, pelo contrário, é uma qualidade. Ao mesmo tempo pode-se dizer que é de fato um grande filme. Gus Van Sant estava realmente em um momento inspirado quando rodou o filme.

Elefante (Elephant, Estados Unidos, 2003) Direção: Gus Van Sant / Roteiro: Gus Van Sant / Elenco: Elias McConnell, Alex Frost, Eric Deulen / Sinopse: Inspirado na tragédia de Columbine, o filme conta a história de um ato insano de dois estudantes do ensino médio que abrem fogo contra colegas, professores e policiais em uma escola do meio oeste dos Estados Unidos.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 2 de novembro de 2021

Psicose

Já que estamos falando de remakes desnecessários, o que dizer desse novo "Psicose"? Eu já tive várias oportunidades de reconhecer o talento de Gus Van Sant. Aliás vou mais além, em minha opinião ele sempre foi um dos mais brilhantes cineastas da geração surgida na década de 1980. São vários os filmes dele que considero verdadeiras obras primas (como "Garotos de Programa", "Drugstore Cowboy" e "Gênio Indomável", entre outros). O problema é que nem sempre de ideias brilhantes vivem os grandes diretores. Visando homenagear o mestre Alfred Hitchcock, um dos maiores diretores de todos os tempos, Van Sant resolveu refilmar o clássico Psicose de 1960 da maneira mais fiel possível. Praticamente recriando quadro a quadro, cena a cena, diálogo a diálogo, um dos grandes suspenses da história do cinema. Nesse ponto chegamos na pergunta essencial. 

Com que finalidade? Para que serve um remake como esse? A versão definitiva já foi realizada, assinada pelo mestre do suspense e é considerada uma obra prima absoluta da sétima arte. Para que tentar refazer a perfeição? Obviamente que aquele que se arrisca a algo assim já teve estar preparado para fracassar. E foi justamente isso que aconteceu com essa nova versão. A crítica odiou e o público não pagou para ver, deixando as salas de cinema vazias. Pior ainda foi a escalação do elenco. Quem conseguiria levar à sério o comediante Vince Vaughn como o sinistro e perturbado Norman Bates? Absolutamente ninguém! A única que escapa é a atriz Julianne Moore que consegue mesmo sobreviver a qualquer coisa! Enfim, se teve o desprazer de assistir, é bem melhor esquecer e se nunca viu, não se preocupe, você não perdeu absolutamente nada! 

Psicose (Psicose, Estados Unidos, 1998) Direção: Gus Van Sant / Roteiro: Robert Bloch, Joseph Stefano / Elenco: Vince Vaughn, Anne Heche, Julianne Moore, Viggo Mortensen, William H. Macy / Sinopse: Norman Bates Trabalha em um pequeno motel de beira de estrada. E ele não é um sujeito normal. 

Pablo Aluísio.

sábado, 9 de janeiro de 2021

Um Sonho sem Limites

Título no Brasil: Um Sonho sem Limites
Título Original: To Die For
Ano de Produção:1995
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Columbia Pictures,
Direção: Gus Van Sant
Roteiro: Buck Henry
Elenco: Nicole Kidman, Matt Dillon, Joaquin Phoenix, Casey Affleck, Illeana Douglas, Alison Folland

Sinopse:
Baseado no romance escrito por Joyce Maynard, o filme "Um Sonho sem Limites" conta a história de Suzanne Stone (Nicole Kidman), uma jovem jornalista que está disposta a tudo, tudo mesmo, para subir na carreira. E isso inclui usar de violência e crime para deixar de ser apenas a "garota do tempo" no telejornal local.

Comentários:
Esse foi um dos primeiros filmes de destaque na carreira de uma ainda bem jovem Nicole Kidman. Ela interpretou essa mocinha que, muito ambiciosa, acabava entrando por caminhos perigosos. É um roteiro que procura criticar a ambição sem freios de certas pessoas, principalmente se forem jovens e psicopatas demais para medir bem as consequências de seus atos. Além da Nicole Kidman que, nem preciso dizer, estava linda no filme, ainda havia um elenco de jovens atores que iriam se tornar grandes nomes em Hollywood nos anos que viriam. Entre eles Casey Affleck, que seria premiado com o Oscar por "Manchester à Beira-Mar" e, é claro, Joaquin Phoenix. Ainda bem jovem nessa produção, com longos cabelos pretos e lisos, quase irreconhecível para quem o conhece nos dias de hoje.  Naquela época ninguém poderia prever que no futuro ele seria indicado quatro vezes ao Oscar de melhor ator, sendo premiado finalmente por seu trabalho magistral de atuação em "Coringa". E ter Gus Van Sant na direção só melhorou ainda mais o que já era bom. Enfim, óitmo elenco com direção inspirada. Alguém pediria por algo a mais?

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Gerry

Dois amigos decidem fazer uma viagem no mínimo inusitada. Conhecer o Vale da Morte, um dos lugares mais inóspitos e secos do planeta. Ao chegarem lá decidem ir além. Abandonam o carro e partem a pé no meio do deserto, sem água e sem ninguém por perto para ajudá-los. O que afinal estariam buscando naquele lugar esquecido por todos? Conforme o filme avança vamos entendendo melhor seus objetivos (ou a completa falta deles!). O tempo vai passando, o calor vai ficando cada vez mais escaldante e eles parecem caminhar para um fim trágico.

Esse filme foi dirigido por Gus Van Sant. É uma das obras cinematográficas mais esquecíveis do diretor, o que não deixa de ser uma grande surpresa já que Van Sant quase sempre dirigiu filmes marcantes que marcaram época. Aqui ele se resume a juntar dois atores jovens e populares, Casey Affleck e Matt Damon, para contar uma história que se formos racionalizar bem não tem lógica e nem direção. Tentando ser novamente cult a todo custo, mesmo sem ter um bom roteiro em mãos, o cineasta no final só conseguiu ser bem chato.

Gerry (Estados Unidos, 2002) Direção: Gus Van Sant / Roteiro: Casey Affleck, Matt Damon / Elenco: Casey Affleck, Matt Damon / Sinopse: Dois amigos partem em busca de algo no temido Vale da Morte, uma das regiões mais desérticas do mundo. Uma vez chegando lá decidem abandonar seu carro e partem a pé em busca do desconhecido. Filme indicado ao Film Independent Spirit Awards.

Pablo Aluísio.

sábado, 6 de maio de 2017

Terra Prometida

A história do filme acompanha Steve Butler (Matt Damon) e sua colega Sue Thomason (Frances McDormand) que viajam até uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos. Na região há um vasto reservatório de gás natural no subsolo. Eles trabalham para uma empresa que tem planos de explorar economicamente essa reserva. Para isso porém será necessário convencer os moradores e donos de fazendas a venderem suas propriedades para a companhia mineradora, algo que não vai ser muito fácil pois ao mesmo tempo em que chegam na cidade também aparece um ecologista que lutará para que ninguém venda suas terras.

O que mais me deixou admirado nesse filme de Gus Van Sant foi seu terrível convencionalismo. Van Sant foi um dos diretores mais inovadores de sua geração, sempre explorando temas polêmicos, optando muitas vezes por uma linguagem cinematográfica inovadora. Só que aqui ele preferiu o convencional, o banal, diria até o burocrático. O filme é totalmente quadrado, sem qualquer tipo de inovação de qualquer tipo. Van Sant conta a sua história com extrema preguiça, sem maiores envolvimentos. Por tudo isso podemos dizer que esse "Promised Land" é seguramente um dos seus filmes mais enfadonhos. Quem estiver em busca do bom e velho Van Sant, do artístico e autoral Van Sant, certamente vai quebrar a cara.

O personagem principal interpretado pelo ator Matt Damon é de um bom mocismo irritante. Ele trabalha para uma companhia de exploração de combustíveis naturais, que quer explorar a região para extrair gás natural, mas acredita piamente (e estupidamente) que essa grande corporação bilionária, capitalista ao extremo, só tem intenções boas e positivas sobre as terras que deseja comprar. É ser muito bobo para convencer o espectador. Pior é saber que o ecologista que o combate também tem seus segredos. Aliás a figura desse oponente é responsável pela única reviravolta digna de surpresas dentro do enredo, porque tudo o mais é terrivelmente chatinho. Enfim, tirando um ou outro momento esse filme deixa bastante a desejar. Pelo visto o outrora rebelde e contestador Gus Van Sant virou apenas um cineasta comum... e dos mais entediantes.

Terra Prometida (Promised Land, Estados Unidos, 2012) Direção: Gus Van Sant / Roteiro: John Krasinski, Matt Damon / Elenco: Matt Damon, Frances McDormand, John Krasinski / Sinopse: Dois empregados de uma bilionária companhia mineradora vão até o interior com o objetivo de convencer os moradores a venderem suas terras. A empresa tem planos de explorar um rico manancial de gás natural que existe no subsolo. Um jovem ecologista porém também chega para convencer todos do contrário. Ele defende a ideia que a companhia já destruiu o meio ambiente de outras cidades, causando um grande desastre ambiental. Filme participante da seleção do Berlin International Film Festival.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

O Mar de Árvores

Existe uma floresta no Japão, aos pés do Monte Fuji, que ao longo dos anos acabou virando um lugar procurado por suicidas em geral. De complicado acesso, com mata fechada, o lugar acabou se tornando um refúgio para quem realmente desejava acabar com a própria vida. E é justamente para lá que vai o escritor americano Arthur (Matthew McConaughey). Sua vida está destruída depois que sua jovem esposa faleceu. O casamento ia de mal a pior, mas depois que ela foi diagnosticada com câncer eles se reaproximaram fortemente. A velha paixão reacendeu em seus corações. Muitas vezes as dificuldades da vida acabam também trazendo coisas positivas para um relacionamento que parecia falido. 

Antes dela morrer Arthur acaba jurando a ela que não iria embora dessa existência para outra em um hospital, cercado de pessoas desconhecidas. Ao invés disso iria procurar um lugar bonito, com muito verde, para se despedir dessa vida. Quando ela morre precocemente e de forma até inesperada, ele decide, depois de uma profunda depressão, acabar com tudo. Em seu interior fica completamente devastado. A floresta Aokigahara então se torna seu destino final. Sem malas, apenas com a roupa do corpo, compra uma passagem para o Japão. Ele só leva algumas pílulas consigo e mais nada. A intenção é realmente se suicidar. Adentra a mata e quando está prestes a consumar seu próprio suicídio é surpreendido por um homem que parece vagar a esmo pelo lugar. Com as roupas em frangalhos, aparentando estar com muita fome e sede, Arthur então resolve ajudá-lo. E assim começa verdadeiramente a trama de todo o filme.

Essa nova película do diretor Gus Van Sant lida com um tema que muitos provavelmente vão querer evitar. Afinal de contas quem realmente iria se interessar por um protagonista que no fundo só deseja mesmo acabar com a sua própria vida? O tema da morte já é por demais complicado para grande parte do público, agora imagine acrescentar a isso a dor do luto e da depressão pela morte de um ente querido! O roteiro não subestima a inteligência do espectador e nem tenta amenizar o que acontece. De certa forma essa escolha por um filme pesado, triste, mas ao mesmo tempo espiritualizado, seja o grande mérito cinematográfico dessa produção. Além disso a tal floresta dos suicidas realmente existe, o que torna tudo ainda mais interessante para quem ousar ter a coragem que encarar esse drama existencial sobre a morte e o fim dos sonhos. Partindo do grande Gus Van Sant (um cineasta de quem sempre gostei muito) essa coragem de lidar com algo tão delicado, melancólico e controvertido ao mesmo tempo realmente não me surpreendeu em nada.

O Mar de Árvores (The Sea of Trees, Estados Unidos, 2015) Direção: Gus Van Sant / Roteiro: Chris Sparling / Elenco: Matthew McConaughey, Naomi Watts, Ken Watanabe / Sinopse: Arthur (McConaughey) é um jovem escritor americano que decide acabar com sua própria vida após a morte da esposa, Joan (Watts). Assim ele decide ir para o Japão para morrrer em um lugar de mata fechada aos pés do Monte Fuji conhecido como a floresta dos suicidas. Quando está prestes a tomar as pílulas que irá acabar com sua vida ele é surpreendido pela chegada de Takumi (Ken Watanabe), um senhor que também tentou se matar ao perder o emprego, mas que agora deseja ir embora daquele lugar sinistro. Filme indicado à Palma de Ouro no Cannes Film Festival.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Drugstore Cowboy

Título no Brasil: Drugstore Cowboy
Título Original: Drugstore Cowboy
Ano de Produção: 1989
País: Estados Unidos
Estúdio: Avenue Pictures Productions
Direção: Gus Van Sant
Roteiro: James Fogle, Gus Van Sant
Elenco: Matt Dillon, Kelly Lynch, James Le Gros
  
Sinopse:
O enredo de "Drugstore Cowboy" foi baseado na novela escrita por James Fogle. Durante a década de 1970 um casal, formado por Bob (Dillon) e sua namorada Dianne (Kelly Lynch), vaga pelas ruas de Portland em busca de oportunidades de saciar seu crescente vício em drogas de farmácia. Para conseguir a próxima dose não se inibem em cometer crimes pelas ruas mais escuras e sujas da grande cidade. Filme vencedor do quatro prêmios do Independent Spirit Awards. Também vencedor do Berlin International Film Festival na categoria de Melhor Direção (Gus Van Sant).

Comentários:
Muitos conhecem o trabalho do cineasta Gus Van Sant apenas em sua fase mais comercial, mainstream. Eu sou da época em que Van Sant era considerado um diretor maldito, marginal, independente e... muito mais criativo! Suas obras cinematográficas eram focadas em cima daqueles  que estavam à margem da sociedade, os verdadeiros marginais do sistema. Para Sant era mais interessante explorar a vida de um jovem que vivia de realizar programas sexuais nas ruas com homens mais velhos do que retratar a fina flor da sociedade americana. Aqui ele exercita novamente esse seu lado artístico mais ousado. "Drugstore Cowboy" é sobre drogados, mas não drogados comuns. Essas pessoas perdidas não estão preocupadas em consumir maconha ou drogas pesadas como cocaína e heroína. O que eles querem mesmo são remédios de farmácia, aqueles que são vendidos legalmente com prescrições médicas em qualquer estabelecimento farmacêutico da esquina. O barato para o personagem Bob, interpretado de forma maravilhosa por Matt Dillon, é realmente descolar suas drogas industriais na Drugstore mais próxima, para passar o fim de semana completamente drogado. E para isso ele se utiliza de todas as artimanhas possíveis. O roteiro acerta muito em explorar esse tipo de junkie, o sujeito que realiza suas "viagens psicodélicas" com remédios de balcão. O enredo é passado na década de 1970, justamente na época em que esse tipo de vício começou a se tornar cada vez mais popular entre os americanos. Sua linguagem cru e direta combina perfeitamente com a estória que se propõe a mostrar. Um excelente filme marginal que merece ser redescoberto (inclusive pelas TVs a cabo, que andam saturadas na sempre exibição dos mesmos filmes, ano após ano).

Pablo Aluísio.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Encontrando Forrester

Título no Brasil: Encontrando Forrester
Título Original: Finding Forrester
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Gus Van Sant
Roteiro: Mike Rich
Elenco: Sean Connery, Rob Brown, F. Murray Abraham, Anna Paquin
  
Sinopse:
O jovem negro Jamal Wallace (Rob Brown) não é apenas bom no basquete e nos esportes. Ele demonstra ter talento também nos estudos. Após tirar uma excelente nota em um exame estadual de sua escola, ele ganha uma bolsa de estudos numa ótima universidade em Manhattan. No meio acadêmico acaba fazendo uma improvável amizade com um famoso escritor que vive de forma reclusa, William Forrester (Sean Connery). Essa aproximação acaba por ajudar Jamal a superar seus problemas pessoais e o preconceito racial, ainda existente em seu meio. Filme indicado ao Berlin International Film Festival e Chicago Film Critics Association Awards.

Comentários:
Não consegui gostar plenamente desse filme. Algumas vezes isso acontece na vida de um cinéfilo. Você alugar a fita (relembrando um passado recente), leva para casa, cria boas expectativas mas... não funciona! "Finding Forrester" simplesmente não funcionou no meu caso. O elenco é parcialmente bem escolhido. Uso essa palavra "parcialmente" com o objetivo de mostrar que apesar de Sean Connery ter sido bem escalado a escolha por Rob Brown se mostrou desastrosa. Imagine colocar um ator assim, sem muita experiência, bem no meio de gente como Connery e principalmente F. Murray Abraham, um monstro em termos de atuação, isso o deixou ainda mais vulnerável. O pobre rapaz foi sumindo, sumindo... até desaparecer completamente no meio desses deuses do Olimpo dos grandes atores. Deveria ter sido escolhido alguém melhor, mais seguro, mais concentrado e principalmente mais experiente. Ele não convence em nenhum momento e faz com que o filme desabe, lá por volta dos 40 minutos de duração. E afinal, tirando isso o que podemos destacar? O filme tem uma boa fotografia - ajudada em parte pela bonita região de Ontario, Canadá, e Nova Iorque, no esplendor de sua beleza em outono. Assim, concluindo essa breve resenha, não indicaria hoje em dia o filme a quem ainda não viu e nem muito menos para quem desejasse apenas realizar uma revisão tardia de seus (poucos) méritos cinematográficos.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Gênio Indomável

Título no Brasil: Gênio Indomável
Título Original: Good Will Hunting
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Miramax Films
Direção: Gus Van Sant
Roteiro: Matt Damon, Ben Affleck
Elenco: Robin Williams, Matt Damon, Ben Affleck, Minnie Driver 

Sinopse:
Will Hunting (Matt Damon) é um jovem cuja vida não lhe deu muitas oportunidades. Dotado de um Q.I. fora do normal ele leva sua vida entre um emprego medíocre e problemas com a lei. Apenas sua inteligência fora do normal poderá lhe tirar desse círculo vicioso sem maiores perspectivas. Sua visão de mundo porém mudará completamente ao conhecer Sean Maguire (Robin Williams), um sujeito com um raro talento para ajudar pessoas como ele. Filme vencedor dos Oscars de Melhor Ator Coadjuvante (Robin Williams) e Melhor Roteiro Original. Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria Melhor Roteiro Original. Também premiado na categoria Melhor Ator Coadjuvante (Robin Williams) no Screen Actors Guild Awards.

Comentários:
Ontem o mundo se surpreendeu com a notícia da morte do ator Robin Williams. O mais chocante de tudo foi a forma como isso se deu. Seu aparente suicídio parece confirmar o mito do "palhaço triste", uma imagem que persiste, a de que todos aqueles que fazem do riso uma profissão no fundo escondem uma alma entristecida. O jeito extrovertido de ser seria apenas uma forma de esconder isso. Teorias à parte, o fato é que Williams não era apenas um comediante de mão cheia, mas também um ator dramático de muitos recursos, fruto de sua formação na prestigiada escola de arte Juilliard em Nova Iorque, onde estudou ao lado de Christopher Reeve, outro excelente ator. Um dos filmes em que ele teve mais espaço para demonstrar esse seu lado mais dramático foi justamente aqui nesse "Good Will Hunting". Nessa época ele já era um ator com muitos sucessos de bilheteria, mas mesmo assim resolveu apostar nesse projeto de dois garotos na indústria (Matt Damon e Ben Affleck) que ninguém conhecia e que queriam vender seu roteiro a algum produtor que estivesse disposto a bancar a ideia. Foi justamente a presença de Williams que tornou viável a produção dessa película, com orçamento bem modesto (meros 10 milhões de dólares). No fundo foi uma excelente aposta da Miramax que procurava focar em um público mais selecionado, cult. O resultado pelos prêmios e pela ótima bilheteria conquistada comprovam que de fato é um ótimo drama, apoiado em excelentes atuações. Assim deixamos nossa homenagem a Robin Williams, pois nada é mais reconfortante do que falar sobre aquilo que é justamente seu legado mais importante, sua obra cinematográfica.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Garotos de Programa

Título no Brasil: Garotos de Programa
Título Original: My Own Private Idaho
Ano de Produção: 1991
País: Estados Unidos
Estúdio: New Line Cinema
Direção: Gus Van Sant
Roteiro: Gus Van Sant
Elenco: River Phoenix, Keanu Reeves, James Russo

Sinopse: 
Dois jovens começam a se prostituir pelas ruas de Portland, no Oregon. Mike Waters (River Phoenix) sempre teve uma vida familiar caótica. Agora, pobre e desempregado, ele sem alternativas vira michê, saindo com homens homossexuais ricos que pagam por seus "serviços" sexuais. Já Scott Favor (Keanu Reeves) entra na prostituição para se vingar de seu pai, um homem rude e violento que sempre o reprimiu. Juntos, sem esperanças, usando drogas, os dois amigos decidem ir para o distante Idaho em busca de novas oportunidades.

Comentários:
" My Own Private Idaho" chocou em seu lançamento. Era um filme cru e realista que não fazia média. O diretor Gus Van Sant quis mostrar o outro lado da América, a dos excluídos, dos marginais, dos prostitutos, daqueles que nascem e vivem sem quaisquer perspectivas, vendendo tudo o que possuem em troca de alguns trocados. O ambiente é o da rua, onde impera a lei da selva e onde apenas os mais fortes sobrevivem. Curiosamente Van Sant conseguiu trazer para seu filme sórdido duas estrelinhas juvenis na época. River Phoenix era ídolo das adolescentes na ocasião. Politicamente correto, defensor da ecologia, ele não saía das revistas jovens. Infelizmente morreu muito jovem, de uma overdose de drogas na saída da boate de Johnny Depp em Hollywood poucos anos depois. Já Keanu Reeves, muitos anos antes de Matrix, se destacava pelo visual exótico e pelas participações em filmes juvenis. Assim essa produção foi certamente a entrada no mundo adulto do cinema para ambos. Talvez procurando por outros caminhos eles entraram de cabeça no projeto, não tendo qualquer receio de encarar seus personagens viscerais e ousados. Há inclusive fortes cenas de homossexualismo e uso de drogas pesadas que chocaram as fãs dos galãs juvenis. As imagens são nervosas, beirando o estilo documentário e o filme em si, mesmo revisto hoje em dia, certamente é uma pequena obra prima moderna. Nunca o mundo cão foi tão bem capturado em película como aqui. Assista se ainda não conhece.

Pablo Aluísio.