domingo, 2 de janeiro de 2022
Elefante
Em entrevistas o diretor explicou que tinha receios de explorar a tragédia por causa das famílias das vítimas. Muitos dos alunos mortos eram praticamente crianças que foram assassinadas por um ato bárbaro de insanidade e loucura. Assim ele procurou por uma forma de amostragem mais lírica, quase surreal. A história de Columbine seria mais tarde mostrada no cinema com mais realismo, porém em termos de valor cinematográfico poucos filmes conseguiram atingir o impacto de "Elefante". Sim, é perturbador e muito provavelmente não sairá de sua cabeça por um longo tempo, mas isso não é um defeito, pelo contrário, é uma qualidade. Ao mesmo tempo pode-se dizer que é de fato um grande filme. Gus Van Sant estava realmente em um momento inspirado quando rodou o filme.
Elefante (Elephant, Estados Unidos, 2003) Direção: Gus Van Sant / Roteiro: Gus Van Sant / Elenco: Elias McConnell, Alex Frost, Eric Deulen / Sinopse: Inspirado na tragédia de Columbine, o filme conta a história de um ato insano de dois estudantes do ensino médio que abrem fogo contra colegas, professores e policiais em uma escola do meio oeste dos Estados Unidos.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 2 de novembro de 2021
Psicose
Com que finalidade? Para que serve um remake como esse? A versão definitiva já foi realizada, assinada pelo mestre do suspense e é considerada uma obra prima absoluta da sétima arte. Para que tentar refazer a perfeição? Obviamente que aquele que se arrisca a algo assim já teve estar preparado para fracassar. E foi justamente isso que aconteceu com essa nova versão. A crítica odiou e o público não pagou para ver, deixando as salas de cinema vazias. Pior ainda foi a escalação do elenco. Quem conseguiria levar à sério o comediante Vince Vaughn como o sinistro e perturbado Norman Bates? Absolutamente ninguém! A única que escapa é a atriz Julianne Moore que consegue mesmo sobreviver a qualquer coisa! Enfim, se teve o desprazer de assistir, é bem melhor esquecer e se nunca viu, não se preocupe, você não perdeu absolutamente nada!
Psicose (Psicose, Estados Unidos, 1998) Direção: Gus Van Sant / Roteiro: Robert Bloch, Joseph Stefano / Elenco: Vince Vaughn, Anne Heche, Julianne Moore, Viggo Mortensen, William H. Macy / Sinopse: Norman Bates Trabalha em um pequeno motel de beira de estrada. E ele não é um sujeito normal.
Pablo Aluísio.
sábado, 9 de janeiro de 2021
Um Sonho sem Limites
Título Original: To Die For
Ano de Produção:1995
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Columbia Pictures,
Direção: Gus Van Sant
Roteiro: Buck Henry
Elenco: Nicole Kidman, Matt Dillon, Joaquin Phoenix, Casey Affleck, Illeana Douglas, Alison Folland
Sinopse:
Baseado no romance escrito por Joyce Maynard, o filme "Um Sonho sem Limites" conta a história de Suzanne Stone (Nicole Kidman), uma jovem jornalista que está disposta a tudo, tudo mesmo, para subir na carreira. E isso inclui usar de violência e crime para deixar de ser apenas a "garota do tempo" no telejornal local.
Comentários:
Esse foi um dos primeiros filmes de destaque na carreira de uma ainda bem jovem Nicole Kidman. Ela interpretou essa mocinha que, muito ambiciosa, acabava entrando por caminhos perigosos. É um roteiro que procura criticar a ambição sem freios de certas pessoas, principalmente se forem jovens e psicopatas demais para medir bem as consequências de seus atos. Além da Nicole Kidman que, nem preciso dizer, estava linda no filme, ainda havia um elenco de jovens atores que iriam se tornar grandes nomes em Hollywood nos anos que viriam. Entre eles Casey Affleck, que seria premiado com o Oscar por "Manchester à Beira-Mar" e, é claro, Joaquin Phoenix. Ainda bem jovem nessa produção, com longos cabelos pretos e lisos, quase irreconhecível para quem o conhece nos dias de hoje. Naquela época ninguém poderia prever que no futuro ele seria indicado quatro vezes ao Oscar de melhor ator, sendo premiado finalmente por seu trabalho magistral de atuação em "Coringa". E ter Gus Van Sant na direção só melhorou ainda mais o que já era bom. Enfim, óitmo elenco com direção inspirada. Alguém pediria por algo a mais?
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 20 de agosto de 2018
Gerry
Esse filme foi dirigido por Gus Van Sant. É uma das obras cinematográficas mais esquecíveis do diretor, o que não deixa de ser uma grande surpresa já que Van Sant quase sempre dirigiu filmes marcantes que marcaram época. Aqui ele se resume a juntar dois atores jovens e populares, Casey Affleck e Matt Damon, para contar uma história que se formos racionalizar bem não tem lógica e nem direção. Tentando ser novamente cult a todo custo, mesmo sem ter um bom roteiro em mãos, o cineasta no final só conseguiu ser bem chato.
Gerry (Estados Unidos, 2002) Direção: Gus Van Sant / Roteiro: Casey Affleck, Matt Damon / Elenco: Casey Affleck, Matt Damon / Sinopse: Dois amigos partem em busca de algo no temido Vale da Morte, uma das regiões mais desérticas do mundo. Uma vez chegando lá decidem abandonar seu carro e partem a pé em busca do desconhecido. Filme indicado ao Film Independent Spirit Awards.
Pablo Aluísio.
sábado, 6 de maio de 2017
Terra Prometida
O que mais me deixou admirado nesse filme de Gus Van Sant foi seu terrível convencionalismo. Van Sant foi um dos diretores mais inovadores de sua geração, sempre explorando temas polêmicos, optando muitas vezes por uma linguagem cinematográfica inovadora. Só que aqui ele preferiu o convencional, o banal, diria até o burocrático. O filme é totalmente quadrado, sem qualquer tipo de inovação de qualquer tipo. Van Sant conta a sua história com extrema preguiça, sem maiores envolvimentos. Por tudo isso podemos dizer que esse "Promised Land" é seguramente um dos seus filmes mais enfadonhos. Quem estiver em busca do bom e velho Van Sant, do artístico e autoral Van Sant, certamente vai quebrar a cara.
O personagem principal interpretado pelo ator Matt Damon é de um bom mocismo irritante. Ele trabalha para uma companhia de exploração de combustíveis naturais, que quer explorar a região para extrair gás natural, mas acredita piamente (e estupidamente) que essa grande corporação bilionária, capitalista ao extremo, só tem intenções boas e positivas sobre as terras que deseja comprar. É ser muito bobo para convencer o espectador. Pior é saber que o ecologista que o combate também tem seus segredos. Aliás a figura desse oponente é responsável pela única reviravolta digna de surpresas dentro do enredo, porque tudo o mais é terrivelmente chatinho. Enfim, tirando um ou outro momento esse filme deixa bastante a desejar. Pelo visto o outrora rebelde e contestador Gus Van Sant virou apenas um cineasta comum... e dos mais entediantes.
Terra Prometida (Promised Land, Estados Unidos, 2012) Direção: Gus Van Sant / Roteiro: John Krasinski, Matt Damon / Elenco: Matt Damon, Frances McDormand, John Krasinski / Sinopse: Dois empregados de uma bilionária companhia mineradora vão até o interior com o objetivo de convencer os moradores a venderem suas terras. A empresa tem planos de explorar um rico manancial de gás natural que existe no subsolo. Um jovem ecologista porém também chega para convencer todos do contrário. Ele defende a ideia que a companhia já destruiu o meio ambiente de outras cidades, causando um grande desastre ambiental. Filme participante da seleção do Berlin International Film Festival.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 7 de setembro de 2016
O Mar de Árvores
Antes dela morrer Arthur acaba jurando a ela que não iria embora dessa existência para outra em um hospital, cercado de pessoas desconhecidas. Ao invés disso iria procurar um lugar bonito, com muito verde, para se despedir dessa vida. Quando ela morre precocemente e de forma até inesperada, ele decide, depois de uma profunda depressão, acabar com tudo. Em seu interior fica completamente devastado. A floresta Aokigahara então se torna seu destino final. Sem malas, apenas com a roupa do corpo, compra uma passagem para o Japão. Ele só leva algumas pílulas consigo e mais nada. A intenção é realmente se suicidar. Adentra a mata e quando está prestes a consumar seu próprio suicídio é surpreendido por um homem que parece vagar a esmo pelo lugar. Com as roupas em frangalhos, aparentando estar com muita fome e sede, Arthur então resolve ajudá-lo. E assim começa verdadeiramente a trama de todo o filme.
Essa nova película do diretor Gus Van Sant lida com um tema que muitos provavelmente vão querer evitar. Afinal de contas quem realmente iria se interessar por um protagonista que no fundo só deseja mesmo acabar com a sua própria vida? O tema da morte já é por demais complicado para grande parte do público, agora imagine acrescentar a isso a dor do luto e da depressão pela morte de um ente querido! O roteiro não subestima a inteligência do espectador e nem tenta amenizar o que acontece. De certa forma essa escolha por um filme pesado, triste, mas ao mesmo tempo espiritualizado, seja o grande mérito cinematográfico dessa produção. Além disso a tal floresta dos suicidas realmente existe, o que torna tudo ainda mais interessante para quem ousar ter a coragem que encarar esse drama existencial sobre a morte e o fim dos sonhos. Partindo do grande Gus Van Sant (um cineasta de quem sempre gostei muito) essa coragem de lidar com algo tão delicado, melancólico e controvertido ao mesmo tempo realmente não me surpreendeu em nada.
O Mar de Árvores (The Sea of Trees, Estados Unidos, 2015) Direção: Gus Van Sant / Roteiro: Chris Sparling / Elenco: Matthew McConaughey, Naomi Watts, Ken Watanabe / Sinopse: Arthur (McConaughey) é um jovem escritor americano que decide acabar com sua própria vida após a morte da esposa, Joan (Watts). Assim ele decide ir para o Japão para morrrer em um lugar de mata fechada aos pés do Monte Fuji conhecido como a floresta dos suicidas. Quando está prestes a tomar as pílulas que irá acabar com sua vida ele é surpreendido pela chegada de Takumi (Ken Watanabe), um senhor que também tentou se matar ao perder o emprego, mas que agora deseja ir embora daquele lugar sinistro. Filme indicado à Palma de Ouro no Cannes Film Festival.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015
Drugstore Cowboy
Título Original: Drugstore Cowboy
Ano de Produção: 1989
País: Estados Unidos
Estúdio: Avenue Pictures Productions
Direção: Gus Van Sant
Roteiro: James Fogle, Gus Van Sant
Elenco: Matt Dillon, Kelly Lynch, James Le Gros
Sinopse:
O enredo de "Drugstore Cowboy" foi baseado na novela escrita por James Fogle. Durante a década de 1970 um casal, formado por Bob (Dillon) e sua namorada Dianne (Kelly Lynch), vaga pelas ruas de Portland em busca de oportunidades de saciar seu crescente vício em drogas de farmácia. Para conseguir a próxima dose não se inibem em cometer crimes pelas ruas mais escuras e sujas da grande cidade. Filme vencedor do quatro prêmios do Independent Spirit Awards. Também vencedor do Berlin International Film Festival na categoria de Melhor Direção (Gus Van Sant).
Comentários:
Muitos conhecem o trabalho do cineasta Gus Van Sant apenas em sua fase mais comercial, mainstream. Eu sou da época em que Van Sant era considerado um diretor maldito, marginal, independente e... muito mais criativo! Suas obras cinematográficas eram focadas em cima daqueles que estavam à margem da sociedade, os verdadeiros marginais do sistema. Para Sant era mais interessante explorar a vida de um jovem que vivia de realizar programas sexuais nas ruas com homens mais velhos do que retratar a fina flor da sociedade americana. Aqui ele exercita novamente esse seu lado artístico mais ousado. "Drugstore Cowboy" é sobre drogados, mas não drogados comuns. Essas pessoas perdidas não estão preocupadas em consumir maconha ou drogas pesadas como cocaína e heroína. O que eles querem mesmo são remédios de farmácia, aqueles que são vendidos legalmente com prescrições médicas em qualquer estabelecimento farmacêutico da esquina. O barato para o personagem Bob, interpretado de forma maravilhosa por Matt Dillon, é realmente descolar suas drogas industriais na Drugstore mais próxima, para passar o fim de semana completamente drogado. E para isso ele se utiliza de todas as artimanhas possíveis. O roteiro acerta muito em explorar esse tipo de junkie, o sujeito que realiza suas "viagens psicodélicas" com remédios de balcão. O enredo é passado na década de 1970, justamente na época em que esse tipo de vício começou a se tornar cada vez mais popular entre os americanos. Sua linguagem cru e direta combina perfeitamente com a estória que se propõe a mostrar. Um excelente filme marginal que merece ser redescoberto (inclusive pelas TVs a cabo, que andam saturadas na sempre exibição dos mesmos filmes, ano após ano).
Pablo Aluísio.
domingo, 8 de fevereiro de 2015
Encontrando Forrester
Título Original: Finding Forrester
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Gus Van Sant
Roteiro: Mike Rich
Elenco: Sean Connery, Rob Brown, F. Murray Abraham, Anna Paquin
Sinopse:
O jovem negro Jamal Wallace (Rob Brown) não é apenas bom no basquete e nos esportes. Ele demonstra ter talento também nos estudos. Após tirar uma excelente nota em um exame estadual de sua escola, ele ganha uma bolsa de estudos numa ótima universidade em Manhattan. No meio acadêmico acaba fazendo uma improvável amizade com um famoso escritor que vive de forma reclusa, William Forrester (Sean Connery). Essa aproximação acaba por ajudar Jamal a superar seus problemas pessoais e o preconceito racial, ainda existente em seu meio. Filme indicado ao Berlin International Film Festival e Chicago Film Critics Association Awards.
Comentários:
Não consegui gostar plenamente desse filme. Algumas vezes isso acontece na vida de um cinéfilo. Você alugar a fita (relembrando um passado recente), leva para casa, cria boas expectativas mas... não funciona! "Finding Forrester" simplesmente não funcionou no meu caso. O elenco é parcialmente bem escolhido. Uso essa palavra "parcialmente" com o objetivo de mostrar que apesar de Sean Connery ter sido bem escalado a escolha por Rob Brown se mostrou desastrosa. Imagine colocar um ator assim, sem muita experiência, bem no meio de gente como Connery e principalmente F. Murray Abraham, um monstro em termos de atuação, isso o deixou ainda mais vulnerável. O pobre rapaz foi sumindo, sumindo... até desaparecer completamente no meio desses deuses do Olimpo dos grandes atores. Deveria ter sido escolhido alguém melhor, mais seguro, mais concentrado e principalmente mais experiente. Ele não convence em nenhum momento e faz com que o filme desabe, lá por volta dos 40 minutos de duração. E afinal, tirando isso o que podemos destacar? O filme tem uma boa fotografia - ajudada em parte pela bonita região de Ontario, Canadá, e Nova Iorque, no esplendor de sua beleza em outono. Assim, concluindo essa breve resenha, não indicaria hoje em dia o filme a quem ainda não viu e nem muito menos para quem desejasse apenas realizar uma revisão tardia de seus (poucos) méritos cinematográficos.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 12 de agosto de 2014
Gênio Indomável
Título Original: Good Will Hunting
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Miramax Films
Direção: Gus Van Sant
Roteiro: Matt Damon, Ben Affleck
Elenco: Robin Williams, Matt Damon, Ben Affleck, Minnie Driver
Sinopse:
Will Hunting (Matt Damon) é um jovem cuja vida não lhe deu muitas oportunidades. Dotado de um Q.I. fora do normal ele leva sua vida entre um emprego medíocre e problemas com a lei. Apenas sua inteligência fora do normal poderá lhe tirar desse círculo vicioso sem maiores perspectivas. Sua visão de mundo porém mudará completamente ao conhecer Sean Maguire (Robin Williams), um sujeito com um raro talento para ajudar pessoas como ele. Filme vencedor dos Oscars de Melhor Ator Coadjuvante (Robin Williams) e Melhor Roteiro Original. Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria Melhor Roteiro Original. Também premiado na categoria Melhor Ator Coadjuvante (Robin Williams) no Screen Actors Guild Awards.
Comentários:
Ontem o mundo se surpreendeu com a notícia da morte do ator Robin Williams. O mais chocante de tudo foi a forma como isso se deu. Seu aparente suicídio parece confirmar o mito do "palhaço triste", uma imagem que persiste, a de que todos aqueles que fazem do riso uma profissão no fundo escondem uma alma entristecida. O jeito extrovertido de ser seria apenas uma forma de esconder isso. Teorias à parte, o fato é que Williams não era apenas um comediante de mão cheia, mas também um ator dramático de muitos recursos, fruto de sua formação na prestigiada escola de arte Juilliard em Nova Iorque, onde estudou ao lado de Christopher Reeve, outro excelente ator. Um dos filmes em que ele teve mais espaço para demonstrar esse seu lado mais dramático foi justamente aqui nesse "Good Will Hunting". Nessa época ele já era um ator com muitos sucessos de bilheteria, mas mesmo assim resolveu apostar nesse projeto de dois garotos na indústria (Matt Damon e Ben Affleck) que ninguém conhecia e que queriam vender seu roteiro a algum produtor que estivesse disposto a bancar a ideia. Foi justamente a presença de Williams que tornou viável a produção dessa película, com orçamento bem modesto (meros 10 milhões de dólares). No fundo foi uma excelente aposta da Miramax que procurava focar em um público mais selecionado, cult. O resultado pelos prêmios e pela ótima bilheteria conquistada comprovam que de fato é um ótimo drama, apoiado em excelentes atuações. Assim deixamos nossa homenagem a Robin Williams, pois nada é mais reconfortante do que falar sobre aquilo que é justamente seu legado mais importante, sua obra cinematográfica.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 3 de janeiro de 2014
Garotos de Programa
Título Original: My Own Private Idaho
Ano de Produção: 1991
País: Estados Unidos
Estúdio: New Line Cinema
Direção: Gus Van Sant
Roteiro: Gus Van Sant
Elenco: River Phoenix, Keanu Reeves, James Russo
Sinopse:
Dois jovens começam a se prostituir pelas ruas de Portland, no Oregon. Mike Waters (River Phoenix) sempre teve uma vida familiar caótica. Agora, pobre e desempregado, ele sem alternativas vira michê, saindo com homens homossexuais ricos que pagam por seus "serviços" sexuais. Já Scott Favor (Keanu Reeves) entra na prostituição para se vingar de seu pai, um homem rude e violento que sempre o reprimiu. Juntos, sem esperanças, usando drogas, os dois amigos decidem ir para o distante Idaho em busca de novas oportunidades.
Comentários:
" My Own Private Idaho" chocou em seu lançamento. Era um filme cru e realista que não fazia média. O diretor Gus Van Sant quis mostrar o outro lado da América, a dos excluídos, dos marginais, dos prostitutos, daqueles que nascem e vivem sem quaisquer perspectivas, vendendo tudo o que possuem em troca de alguns trocados. O ambiente é o da rua, onde impera a lei da selva e onde apenas os mais fortes sobrevivem. Curiosamente Van Sant conseguiu trazer para seu filme sórdido duas estrelinhas juvenis na época. River Phoenix era ídolo das adolescentes na ocasião. Politicamente correto, defensor da ecologia, ele não saía das revistas jovens. Infelizmente morreu muito jovem, de uma overdose de drogas na saída da boate de Johnny Depp em Hollywood poucos anos depois. Já Keanu Reeves, muitos anos antes de Matrix, se destacava pelo visual exótico e pelas participações em filmes juvenis. Assim essa produção foi certamente a entrada no mundo adulto do cinema para ambos. Talvez procurando por outros caminhos eles entraram de cabeça no projeto, não tendo qualquer receio de encarar seus personagens viscerais e ousados. Há inclusive fortes cenas de homossexualismo e uso de drogas pesadas que chocaram as fãs dos galãs juvenis. As imagens são nervosas, beirando o estilo documentário e o filme em si, mesmo revisto hoje em dia, certamente é uma pequena obra prima moderna. Nunca o mundo cão foi tão bem capturado em película como aqui. Assista se ainda não conhece.
Pablo Aluísio.