segunda-feira, 13 de maio de 2019

Django

Não restam dúvidas que Django é um dos mais famosos faroestes do chamado Western Spaguetti. Na época de seu lançamento causou grande repercussão não apenas por algumas propostas que eram realmente inovadoras como também pela violência explícita. Por causa desse último fator o filme foi lançado em alguns países europeus com a mais rígida classificação etária, sendo proibido para menores de 18 anos. Um exagero obviamente. Django ainda hoje se mantém como um produto bem realizado. Claro que revisto atualmente muitas das seqüências vão soar fantasiosas demais ou exageradas, mas isso fazia parte de um estilo de fazer cinema que já não existe mais. Os faroestes macarrônicos eram assim mesmo. De positivo temos uma boa direção de arte – a cidade onde Django chega, por exemplo, é um lamaçal completo, suja, feia e abandonada. Sua imagem carregando um caixão, completamente enlameado, entrou na cultura pop e virou um ícone daquele estilo. O próprio Franco Nero, bronzeado, de olhos azuis, chegou até mesmo a virar símbolo sexual e sua interpretação se tornou um tipo de modelo a ser seguido em centenas e centenas de outros Spaguettis. Seu Django era um sujeito durão, de poucas palavras e capaz de grandes façanhas com seu revólver.

O diretor Sergio Corbucci tinha preferências por enredos desse tipo, bem crus, mas nunca se descuidava dos aspectos técnicos em seus filmes. Os cenários eram bem pensados, as tomadas de cena procuravam tirar o melhor proveito do momento e os roteiros, mesmo simples como eram, sempre procuravam fisgar o espectador com cenas marcantes. Django está repleto desses momentos. Logo na primeira cena o diretor procura mostrar todo o seu estilo. O pistoleiro Django surge bem no meio do nada, carregando um pesado caixão. Esse tipo de coisa fica marcada na mente do espectador, não tem jeito. Outra cena muito interessante é aquela em que Django finalmente revela o que traz dentro desse caixão que sempre o acompanha. É um impacto certamente. O enfrentamento contra os soldados sulistas mais lembram produções de ação dos anos 80 do que qualquer outra coisa.

De certa forma Django inspiraria aqueles filmes em que um homem conseguia liquidar todo um exército praticamente sozinho. É claro que é inverossímil, é claro que é exagerado, mas também é o tipo de seqüência estilizada que o público da época adorava! Franco Nero se consagrou no papel e praticamente nunca mais se livrou dele. Chegou a realizar alguns outros filmes como Django, com o mesmo Corbucci como roteirista, mas sem o mesmo impacto. Depois disso o personagem Django acabaria trilhando o mesmo caminho de outro personagem popular do cinema italiano, Maciste, aparecendo em dezenas e dezenas de outros filmes, muitos deles de baixíssimo orçamento e de qualidade técnica bem pobre. O excesso de exploração comercial acabou queimando o personagem que virou símbolo de cinema mal feito, vendido de qualquer jeito. O que vale a pena mesmo nesse mar de “Djangos” é realmente esse, o primeiro filme, o original, os demais são meras imitações baratas. Se você gostou de “Django Livre” de Tarantino não deixe de reservar um tempinho para assistir (ou redescobrir) o Django original de Franco Nero e Sergio Corbucci. Provavelmente você vai achar no mínimo bem interessante.
 
Django (Django, Itália, 1966) Direção: Sergio Corbucci / Roteiro: José Gutiérrez Maesso, Piero Vivarelli / Elenco: Franco Nero, Loredana Nusciak, Eduardo Fajardo, José Bódalo / Sinopse: Vagando pelo meio do deserto o pistoleiro Django (Franco Nero) acaba salvando a vida de uma mulher que está sendo chicoteada por bandidos. Juntos vão até uma cidade lamacenta e perdida no meio do nada que é disputada por dois grupos armados, o primeiro formado por revolucionários mexicanos e o segundo por confederados sulistas liderados por um corrupto oficial. Agora com sua chegada as coisas vão realmente mudar.

Pablo Aluísio.

Réquiem Para Matar

Título no Brasil: Réquiem Para Matar
Título Original: Requiescant
Ano de Produção: 1967
País: Itália
Estúdio: Accord-Film, Wild East Productions
Direção: Carlo Lizzani
Roteiro: Renato Izzo, Franco Bucceri
Elenco: Lou Castel, Mark Damon, Pier Paolo Pasolini, Barbara Frey, Mirella Maravidi, Franco Citti

Sinopse:
Filho adotivo de um pastor, em viagem, finalmente chega numa pequena cidade do velho oeste. Descobre que o lugar é aterrorizado por uma quadrilha comandada por um veterano da guerra civil, um ex oficial confederado que usa o medo e o terror para roubar as terras dos pequenos fazendeiros locais.

Comentários:
Mais um faroeste B filmado e produzido na Itália (com dinheiro em parte financiado pelo principado de Mônaco). O valor extra não me pareceu muito eficaz no que diz respeito à produção em si. O filme realmente não enche os olhos do espectador em termos de cenário, figurinos, etc. Tudo é meio precário, o que em se tratando de filmes como esse até que ajuda a entrar no clima de devastação. O enredo novamente serve como pano de fundo para as boas cenas de ação e duelos no meio da poeira do deserto. O protagonista - um pistoleiro bom de mira - usa uma bíblia numa das mãos e um colt na outra. São suas ferramentas de pregação e envio de almas imundas para as fossas do inferno. Um fato curioso é que o filme foi acusado de ser também uma propaganda esquerdista. Tanto o diretor como os roteiristas eram membros do PCI (Partido Comunista Italiano). Por isso houve uma certa má vontade da crítica na época de seu lançamento original. Penso que não é para tanto. Sim, há um toque de luta de classes na estória, mas isso acaba sendo tão periférico que não atrapalha o resultado final da película que dentro de seu sub-gênero de western até que funciona bem.

Pablo Aluísio.

domingo, 12 de maio de 2019

Duelo de Ambições

A trama do filme é simples: dois cowboys são contratados para levar um grande rebanho de gado do Texas até o território selvagem de Montana. Essa era uma travessia que até aquele momento não havia sido feita, uma vez que o caminho era infestado por tribos hostis como os Sioux e ladrões de gado (até o exército americano evitava circular por aquela região). O filme foi dirigido pelo grande Raoul Walsh e prometia, pela sinopse, ser realmente grandioso, como os grandes clássicos do western dos anos 50. Infelizmente a estrutura do roteiro não me agradou muito e posso inclusive apontar o erro dele: a presença de Jane Russell no elenco. Nada contra ela, gosto de suas atuações, além do que sua parceria com Marilyn Monroe em "Os Homens Preferem as Loiras" entrou para história do cinema. O problema é que com Jane em cena o diretor acabou se perdendo. O filme ficou meloso, fora de foco. O que era para ser um exemplo de "filme de macho" com todos aqueles atos de bravura e luta para atravessar o velho oeste acabou virando com Jane um romance banal, sem muitos atrativos.

Analisando bem o problema não se resume a ela. O fato é que com Clark Gable em cena os roteiristas não resistiram e investiram mais uma vez na sua velha imagem de galã (que já estava com prazo de validade vencido na época pois ele inegavelmente surge em cena envelhecido, pouco viril e com claros sinais que a idade finalmente havia chegado). As intensas provocações de Jane para com Gable fazem com que o filme caia no lugar comum, com direito inclusive a músicas cantadas por Russell (algo que na minha opinião não caiu muito bem). Fica naquele joguinho de tensão sexual entre eles sem nunca chegarem aos "finalmente"! Além disso tem o inevitável triângulo amoroso envolvendo ainda o personagem do ator Robert Ryan. Pena que Raoul Walsh não preferiu filmar uma produção mais focada na travessia do gado e menos no romance açucarado. De qualquer forma, mesmo com essas restrições, ainda indico esse "Os Homens Altos" (tradução literal do título original) para os fãs de faroeste. No mínimo será curioso assistir. Obs: No Brasil o filme também recebeu o título de "Nas Garras da Ambição". Era comum nos anos 50 os filmes receberem mais de um título (geralmente quando passava na TV depois as emissoras mudavam os títulos ao seu bel prazer).

Duelo de Ambições (The Tall Men, EUA, 1955) Direção de Raoul Walsh / Roteiro: Sidney Boehm, Frank S Nugent / Elenco: Clark Gable, Jane Russel, Robert Ryan / Sinopse: Dois cowboys são contratados para levar um enorme rebanho de gado do Texas até o território de Montana; No caminho enfrentarão vários desafios como bandidos e tribos selvagens hostis, os Sioux.

Pablo Aluísio.

Buffalo Bill Volta a Galopar

Título no Brasil: Buffalo Bill Volta a Galopar
Título Original: Buffalo Bill Rides Again
Ano de Produção: 1947
País: Estados Unidos
Estúdio: Jack Schwarz Productions
Direção: Bernard B. Ray
Roteiro: Frank Gilbert, Barney A. Sarecky
Elenco: Richard Arlen, Jennifer Holt, Lee Shumway

Sinopse:
No velho oeste do século XVIII, três grupos disputam as mesmas terras. Os rancheiros querem se estabelecer na região para a criação de gado e cavalos. Os nativos desejam a recuperação das vastas planícies que agora estão dominadas pelo homem branco e por fim um grupo de bandoleiros pretendem expulsar todos do local, pois há ricas jazidas de petróleo nas montanhas. É justamente no meio desse conflito prestes a explodir que chega Buffalo Bill (Richard Arlen) com a missão de restaurar a paz.

Comentários:
Mais um bangue-bangue que traz o conhecido personagem de Buffalo Bill. Aqui ele apresenta ares de pura ficção - nada tendo a ver com o Buffalo Bill da história real. Aliás é curioso notar que durante os anos 1940 Bill assumiu características de outros heróis conhecidos do velho oeste, ora se comportando como um Zorro, defensor dos pobres e oprimidos, ora passeando pelas dunas de xerifes como Bat Masterson. Na realidade Bill foi apenas um homem de negócios do ramo das diversões, que criou um show de variedades do oeste selvagem e ganhou muito dinheiro com essas apresentações. Era um homem circense e não o intrépido pistoleiro e justiceiro que vemos em filmes como esse. De qualquer forma "Buffalo Bill Rides Again" funciona muito bem como diversão. O galã Sylvanus Richard Van Mattimore ou melhor dizendo Richard Arlen (1899 - 1976) interpreta Buffalo Bill. Ele foi um dos mais produtivos atores de Hollywood. Sua carreira começou na década de 1920 e ele só parou mesmo quando a idade o impediu de continuar trabalhando, já nos anos 1970 (ou seja teve uma longa carreira de 50 anos no ramo da indústria cultural americana). No total participou de incríveis 179 filmes e foi mais do eclético, passeando por praticamente todos os gêneros. Além de muitos filmes de aventura e western, também teve intensa carreira na TV. Ele também se notabilizou por estar no elenco do primeiro filme vencedor do Oscar, o épico de aviação "Asas" de 1927. Rever Arlen com o figurino típico de Bill não deixa de ser um grande prazer para os saudosistas. Assim deixamos essa dica desse faroeste que hoje em dia anda pouco lembrado, mas que certamente vale muito a pena conhecer. 

Pablo Aluísio.

sábado, 11 de maio de 2019

Pistoleiros do Entardecer

Grande filme! Esse western mostra muito bem a diferença que faz um grande diretor. Veja, tinha tudo para ser mais um faroeste de rotina da carreira de Randolph Scott, mas isso seria óbvio demais. Sam Peckinpah consegue reverter certas máximas do gênero ao mesmo tempo em que é respeitoso à mitologia do velho oeste. Ao contrário de usar personagens que são indiscutivelmente mocinhos ou bandidos, o diretor coloca em cena sujeitos dúbios, que transitam entre cometer crimes ou protagonizar momentos de grande honra pessoal. É o caso de Gil Westrum (o último personagem da carreira de Randolph Scott que abandonaria o cinema logo após). Gil tem como objetivo roubar o ouro que foi contratado a transportar mas como acompanhamos no desenrolar do filme esse é apenas o ponto de partida de tudo o que acontecerá nas montanhas.

É bom frisar porém que a estética da violência que seria marca registrada do diretor ainda não está presente nesse filme, o que era de se esperar. Filmado na primeira metade dos anos 60 o cineasta ainda não havia levado às últimas consequências suas escolhas estéticas e cinematográficas. Mesmo assim o filme é surpreendentemente bem roteirizado, com um clímax excelente, de tirar o chapéu. No final quem melhor define a essência do filme é a personagem Elsa (interpretada pela atriz Meriette Hartley). Ela explica que sempre foi levada a crer que havia o bem e o mal absolutos na vida, mas que depois de tudo o que passou compreendeu que na vida há pessoas que transitam de um lado ao outro, em uma zona cinzenta, tal como os personagens desse western. Uma conclusão simplesmente perfeita. Enfim, esse é um filme indispensável para se ter na coleção. Não apenas é uma excelente obra cinematográfica, mas também marcou o gênero por trazer a última participação de Randolph Scott no cinema, por ter essa rara parceria entre ele e o ator Joel McCrea e como se isso não fosse o bastante por ser um filme assinado pelo grande Sam Peckinpah. Todos esses são motivos que o colocam entre os grandes clássicos da era de ouro do cinema americano.

Pistoleiros do Entardecer (Ride the High Country, EUA, 1962) / Direção: Sam Peckinpah / Roteiro:N.B. Stone Jr./ Com Randolph Scott, Joel McCrea, Mariette Hartley, Ron Starr e Edgar Buchanan / Sinopse: Steve Judd (Joel McCrea), um ex- xerife, é contratado para levar um carregamento em ouro por um território hostil. Para ajudar nessa tarefa ele chama Gil Westrum (Randolph Scott). A parceria parece perfeita, porém na verdade Westrum tem outros planos para todo aquele ouro. Filme indicado ao BAFTA Awards na categoria de Melhor Revelação (Mariette Hartley).

Pablo Aluísio.

O Último Duelo

Título no Brasil: O Último Duelo
Título Original: The Cimarron Kid
Ano de Produção: 1952
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Budd Boetticher
Roteiro: Louis Stevens
Elenco: Audie Murphy, Beverly Tyler, James Best
  
Sinopse:
Bill Doolin (Audie Murphy) é um jovem acusado injustamente de roubo por funcionários corruptos da estrada de ferro. Revoltado pelas falsas acusações e perseguido por homens da lei, ele não vê outra alternativa a não ser se juntar à quadrilha dos Daltons, velhos amigos de longa data. Como pistoleiro acaba adotando o nome de The Cimarron Kid. Em pouco tempo sua destreza no gatilho o torna um nome conhecido. O problema é que outro membro de sua própria gangue resolve lhe trair, o que o deixa em uma situação delicada. Fugitivo, ele sonha em se esconder em algum país da América do Sul ou no México para tentar recomeçar sua vida ao lado da mulher que ama.

Comentários:
Budd Boetticher foi um dos mestres do western americano nos anos 1950. Dono de um estilo muito eficiente de rodar filmes baratos, mas bem cuidados, Boetticher conseguiu o reconhecimento dos fãs do gênero. Ao longo de várias décadas trabalhou ao lado de grandes nomes do faroeste como Randolph Scott. Aqui ele dirigiu outro astro dos filmes de bang bang, o veterano da Segunda Guerra Mundial Audie Murphy. As portas de Hollywood foram abertas porque ele foi um herói de guerra, o militar mais condecorado desse conflito sangrento que varreu o mundo na década de 1940. De volta à vida civil viu no cinema uma oportunidade de fazer carreira e contou com a sorte de ser dirigido por grandes cineastas como o próprio Budd Boetticher. Ao longo dos anos a Universal o escalou para uma série de filmes de western, sendo algumas produções B, que tinham como objetivo testar sua força nas bilheterias. Depois de interpretar Jesse James em "Cavaleiros da Bandeira Negra" e ter um belo sucesso com "A Glória de um Covarde" o estúdio finalmente se convenceu que tinha um astro em mãos. Assim "O Último Duelo" só confirmaria ainda mais a estrela de Murphy. Um bom western que realmente não fica nada a dever aos bons faroestes de sua época.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 10 de maio de 2019

Vidro

É o fim de uma trilogia. O primeiro filme foi lançado em 2000. Era "Corpo Fechado" e trazia Bruce Willis interpretado um homem praticamente indestrutível que sobrevivia a um grande desastre de trem. Após isso ele se tornava um vigilante, um tipo de justiceiro nas ruas, defendendo pessoas indefesas do mundo do crime. Depois veio o segundo filme intitulado "Fragmentado" que considero o melhor de todos. Nele o público era apresentado a um homem com sérios problemas, um distúrbio mental que o fazia ter inúmeras personalidades convivendo ao mesmo tempo em sua mente. O filme trazia uma brilhante interpretação do ator James McAvoy. Agora o diretor M. Night Shyamalan procurou fechar o ciclo de todas as estórias contadas nos filmes anteriores. Para isso ele tinha que juntar todos os personagens em um só ambiente e o faz, colocando todos eles numa instituição psiquiátrica, misto de clínica de tratamento e prisão. Uma médica tenta convencer que todos estão com uma rara condição, um problema mental, que faz com que eles acreditem que possuem grandes poderes, tais como os super-heróis dos quadrinhos.

E o filme é basicamente isso. Shyamalan joga o tempo todo em seu roteiro com a seguinte pergunta: essas pessoas são mesmo poderosas, fora do normal, ou são simplesmente loucos que precisam de tratamento? Embora eu tenha gostado do filme, tenha achado OK, penso que o roteiro poderia alcançar alturas maiores, explorar outros aspectos. Na busca por finalizar sua trilogia de todo jeito, Shyamalan simplificou demais seu roteiro. Por exemplo, se você estiver em busca de alguma grande reviravolta, típica da filmografia desse cineasta, pode desistir. O roteiro é bem na média, sem maiores surpresas. É a tal coisa, se viu os filmes anteriores e gostou, vá em frente, assista a esse, até para ter uma conclusão de tudo. Só não espere por algo espetacular.

Vidro (Glass, Estados Unidos, 2019) Direção: M. Night Shyamalan / Roteiro: M. Night Shyamalan / Elenco: James McAvoy, Bruce Willis, Samuel L. Jackson, Sarah Paulson / Sinopse: Pessoas com poderes especiais, pelo menos em suas mentes, são confinadas em um hospital-prisão, para que passem por um tratamento psiquiátrico, só que a realidade da situação vai por outro caminho, mostrando outra realidade que poucos esperariam ser possível.

Pablo Aluísio.

Coleção de Posters de Cinema - Aquaman


Os Donos da Rua

Título no Brasil: Os Donos da Rua
Título Original: Boyz n the Hood
Ano de Produção: 1991
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: John Singleton
Roteiro: John Singleton
Elenco: Cuba Gooding Jr, Laurence Fishburne, Hudhail Al-Amir, Angela Bassett, Lexie Bigham, Morris Chestnut

Sinopse:
O filme "Os Donos da Rua" conta a história de três jovens negros que vivem no gueto Crenshaw de Los Angeles, dissecando questões de raça, relacionamento, violência e perspectivas futuras. Roteiro inspirado em fatos reais. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor direção e melhor roteiro original.

Comentários:
O melhor momento do diretor John Singleton no cinema. Ele inclusive levou indicação dupla ao Oscar por seu trabalho nesse filme, concorrendo como melhor diretor e roteirista. Nada mal. Aqui o foco é na vida do jovem suburbano, negro e pobre da cidade de Los Angeles. Uma saída para muitos deles seria entrar para o mundo do crime, das gangues violentas, algo que definitivamente nenhum pai iria querer para seus filhos. Laurence Fishburne interpreta o pai que luta para que sua família encontre um destino melhor, incentivando os jovens a praticarem esportes, estudarem, irem para a universidade. O oposto disso seria justamente a vida nas ruas, com uma arma na mão, correndo o risco de morte por parte de uma polícia muitas vezes violenta e racista. Assim "Boyz n the Hood" seria uma espécie de "filme de Spike Lee" com mais violência e ação. A trilha sonora também é destaque, principalmente para os admirares de hip-hop e rap. Enfim, um bom filme que procura retratar o dia a dia da comunidade afro-americana numa periferia de uma grande cidade dos Estados Unidos durante os anos 90.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Vingança a Sangue-Frio

Esse filme é um remake de uma produção sueca chamada "O Cidadão do Ano", que inclusive já comentei aqui no blog. Os americanos remodelaram um pouco seu roteiro, acrescentando inclusive coisas novas, mas a espinha dorsal da história segue sendo basicamente a mesma. O ator Liam Neeson interpreta um trabalhador comum, homem honesto, que ganha a vida limpando as rodovias da neve que cai na região. Um dia ele é informado de uma tragédia. Seu único filho é encontrado morto. A polícia diz que ele sofreu uma overdose de heroína, mas obviamente isso não condiz com a verdade. O velho pai sai para investigar sozinho e descobre que o filho na verdade foi morto por traficantes que o confundiram com outro rapaz de sua idade. Então basicamente o filme vira um conto de vingança, com o personagem de Liam Neeson fazendo justiça com as próprias mãos.

Seria apenas mais um filme com esse temática batida se o roteiro não optasse por também trazer pitadas de humor negro nas cenas. Após cada bandido morto surgem cruzes sinalizando a passagem do sujeito dessa para melhor. Só que as mortes simplesmente não param e tudo fica sadicamente engraçado! O filme original se passava em um lugar inóspito, no norte da Suécia, com muito gelo e nevascas. Mesmo a história sendo agora ambientada nos Estados Unidos o diretor Hans Petter Moland decidiu manter a mesma ambientação. Acertou em cheio já que o enredo pede mesmo por uma certa desolação, um certo sentimento de perda e desilusão e todo aquele deserto branco cai muito bem na forma como o protagonista passa a se comportar, se tornando exatamente isso, um assassino de sangue-frio, algo nada condizente com seu título recém conquistado de o cidadão do ano na pequena cidade nevada. Por fim uma dica para quem curte séries. No papel de uma policial surge a atriz  Emmy Rossum que interpreta a Fiona em "Shameless". Não deixa de ser um atrativo a mais para quem quiser conferir esse novo filme de ação estrelado pelo Liam Neeson.

Vingança a Sangue-Frio (Cold Pursuit, Estados Unidos, 2019) Direção: Hans Petter Moland / Roteiro: Frank Baldwin, Kim Fupz Aakeson, baseados no roteiro original do filme "O Cidadão do Ano" ('Kraftidioten', Suécia, 2014) / Elenco: Liam Neeson, Laura Dern, Micheál Richardson, Emmy Rossum, Tom Bateman / Sinopse: Após a morte de seu filho, o pai, homem honesto e trabalhador, decide descobrir por conta própria o que realmente aconteceu. Acaba descobrindo que o filho foi morto por engano por traficantes de drogas. Assim parte para sua vingança pessoal.

Pablo Aluísio.

A Máscara do Zorro

Título no Brasil: A Máscara do Zorro
Título Original: The Mask of Zorro
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: TriStar Pictures, Amblin Entertainment
Direção: Martin Campbell
Roteiro: Ted Elliott
Elenco: Antonio Banderas, Anthony Hopkins, Catherine Zeta-Jones
  
Sinopse:
Após passar décadas defendendo os injustiçados e oprimidos da Califórnia sob domínio espanhol no século XIX, o velho veterano Don Diego de la Vega (Anthony Hopkins) decide passar o seu legado de Zorro para um jovem chamado Alejandro Murrieta (Antonio Banderas), uma transição complicada já que embora seja um ótimo espadachim, sua personalidade é muito diferente da do Zorro original. Filme indicado aos Oscars de Melhor Som e Melhores Efeitos Especiais.

Comentários:
Apesar do bom elenco, da produção caprichada e do roteiro que muitas vezes valoriza o aspecto mais fanfarrão do personagem, jamais consegui gostar plenamente dessa nova franquia envolvendo o lendário Zorro. A ideia de revitalizar o espadachim mais famoso do cinema partiu de Steven Spielberg em pessoa. Durante muito tempo ele realmente teve a intenção de dirigir o filme, o que fez com que nomes importantes como Anthony Hopkins assinassem contrato para participar do filme. O projeto porém parecia nunca ir em frente, sendo sucessivamente adiado ao longo de três anos. Na última hora porém Spielberg desistiu da empreitada. Ele alegou que estava com a agenda cheia demais, envolvido com dois outros filmes e que por essa razão seria impossível dirigir um terceiro. Resolveu então escolher o diretor Martin Campbell para dirigir o filme. Depois de assistir o resultado final penso que Spielberg realmente caiu fora por causa do fraco argumento e do tom mais farsesco que esse roteiro abraça. Em poucas palavras ele não quis assinar esse projeto. Realmente há muitos problemas, alguns deles impossíveis de se ignorar. A começar pelo elenco. Definitivamente Antonio Banderas exagerou nas caras e bocas, estragando com isso o próprio personagem Zorro que em sua atuação acabou virando um bufão, um retrato desbotado dos grandes atores que deram vida ao Zorro no passado. Ele parece estar convencido que faz parte de uma comédia pastelão! No meio de tantas escolhas equivocadas apenas a presença de Hopkins, como o Don Diego de la Vega original, já envelhecido e aposentado, e a beleza de Catherine Zeta-Jones salvam o filme do desastre completo.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 8 de maio de 2019

Homem-Aranha no Aranhaverso

A Sony e a Marvel até pensaram em fazer um filme convencional com esse roteiro. Porém pensando melhor acharam que seria mais seguro produzir uma animação. Os riscos seriam menores. Acabou dando certo. De fato achei esse roteiro bem anárquico e tenho sérias dúvidas se as crianças vão entender bem esses conceitos de universos e dimensões paralelas. O que podemos concluir é que pelas bilheterias alcançadas (algo em torno de 250 milhões de dólares) o projeto como um todo foi bem sucedido. Particularmente gostei do resultado. É uma animação bem produzida, com ótimas sacadas de humor em seu texto. Nunca se leva muito à sério e isso é um aspecto positivo. Como já escrevi há um certo anarquismo no enredo, misturando diversos personagens do Homem-Aranha, todos vivendo em universos paralelos que acabam se encontrando por causa de um evento físico feito por um criminoso.

E assim temos uma garota-aranha, um Homem-Aranha do passado, dublado por Nicolas Cage, que parece viver em um filme cult de cinema clássico, uma garotinha e seu robô-aranha, que parecem ter saídos de um anime japonês e até mesmo um bizarro Aranha-Porquinho que saiu diretamente de um cartoon. Até o Peter Parker não é o que estamos acostumados a encontrar, mas sim um homem mais velho, até com barriga, que tenta reconstruir as coisas que deram errado em sua vida! O personagem principal é um garotinho negro chamado Miles Morales. Ele mora em Nova Iorque, é filho de um policial e acaba sendo picado por uma aranha radioativa. Nada muito diferente das origens do Homem-Aranha tradicional que conhecemos. No fundo ele é um personagem criado pela Marvel para dar sequência em sua política de diversidade. É apenas mediano, mas até que cumpre seu objetivo de ser o fio condutor da narrativa. Enfim, no geral temos aqui uma boa animação, divertida e cheia de boas ideias. Não sei se a criançada vai pegar todas as referências, mas para um público mais adolescente a coisa toda vai funcionar muito bem.

Homem-Aranha no Aranhaverso (Spider-Man: Into the Spider-Verse, Estados Unidos, 2018) Direção: Bob Persichetti, Peter Ramsey / Roteiro: Phil Lord, Rodney Rothman / Elenco: Shameik Moore, Jake Johnson, Hailee Steinfeld, Lily Tomlin, Nicolas Cage, Chris Pine / Sinopse: Um garotinho negro de Nova Iorque é picado por uma aranha radioativa e começa a desenvolver todos os poderes do Homem-Aranha original. Filme premiado pelo Oscar na categoria de Melhor Animação.

Pablo Aluísio.

Maligno

Esse filme de terror e suspense foi lançado recentemente nos cinemas brasileiros, mas em poucas salas. O enredo vai parecer um pouco familiar para quem gosta do gênero, principalmente para os fãs de "A Profecia" e até mesmo de "O Brinquedo Assassino". Aqui temos o personagem do garotinho Miles (Jackson Robert Scott). A não ser por sua inteligência, que parece acima da média, ele parece ser um menino normal, como todos os outros de sua idade. Até que um dia ele começa a apresentar um comportamento sádico. Ele mata o cão da casa e depois é pego pela mãe sussurrando palavras de ódio em húngaro! O que estaria por trás desse seu estranho comportamento?

O roteiro revela tudo logo na primeira metade do filme, mas mesmo assim consegue manter o interesse do espectador. A figura de um menino que na verdade tem interesses maquiavélicos não é necessariamente uma novidade no cinema. A vingança por algo acontecido em vidas passadas também não. A originalidade vem da boa direção de Nicholas McCarthy, que conseguiu realizar um bom filme de terror mesmo com elementos já batidos, já bem velhos. Os personagens da mãe, do pai e do garotinho são bem desenvolvidos, fazendo com que o público entre na rotina deles, passe a se importar com a família. Mesmo quando surgem cenas mais fortes, diria sensacionalistas, ainda assim o roteiro consegue se segurar em um bom patamar de qualidade. Não há sustos gratuitos e nem apelações desnecessárias. No quadro geral gostei do resultado final. Obviamente os produtores deixaram uma porta aberta no final, para quem sabe dar continuidade a uma sequência, mas se isso não acontecer não fará grande diferença. O filme vale por si mesmo e pela interessante história que conta.

Maligno (The Prodigy, Estados Unidos, 2019) Direção: Nicholas McCarthy / Roteiro: Jeff Buhler / Elenco: Taylor Schilling, Jackson Robert Scott, Peter Mooney / Sinopse: Garoto aparentemente normal passa a desenvolver um estranho comportamento, supostamente relacionado a personalidade de um serial killer morto pela polícia no mesmo ano em que ele nasceu.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 7 de maio de 2019

Rambo - Programado Para Matar

"Rambo - Programado Para Matar" ou "Rambo I", como acabou ficando conhecido, foi provavelmente o segundo filme mais importante da carreira de Sylvester Stallone. Não que fosse tão bem escrito como Rocky, mas seu sucesso popular e o fato de ter sido um ícone dos filmes de guerra dos anos 80 o colocam em um patamar impossível de ignorar.  Agora, o mais curioso de tudo é que esse filme não foi assim um estrondo espetacular em seu lançamento original. Claro, fez sucesso, mas não foi um marco absoluto. Apenas com a chegada de "Rambo II" nas telas é que o primeiro filme acabou sendo relançado nos cinemas, criando assim uma excelente bilheteria. O fato é que o filme também não pode ser encarado como pura ação. Há um subtexto importante em seu roteiro. A história mostra bem o preconceito que muitos veteranos do Vietnã enfrentaram quando voltaram para casa. Eles foram considerados derrotados, vagabundos, homens que decepcionaram sua pátria e o escudo de invencibilidade que cercava os militares americanos na época. Isso pegou muito mal dentro dos setores mais conservadores do país. De repente esses veteranos se tornaram párias!

O John Rambo interpretado por Stallone é assim um homem que não tem para aonde ir. Ele foi forjado na guerra e na vida civil se torna alguém sem valor ou utilidade. Quando chega numa cidadezinha passa logo a ser hostilizado pelo boçal chefe de polícia. Ele "não quer problemas" e por isso resolve dar um "corretivo" em Rambo. Ora, péssima ideia. Com seu treinamento ponta de linha o sujeito acaba se tornando uma máquina de combate, colocando a cidade sob seus pés. Nos filmes seguintes Rambo iria se tornar cada vez mais poderoso, um "exército de um homem só" imbatível. Ora, é bem isso mesmo que o cinema dos anos 80 estava esperando. Acabou virando um filão de ouro do cinema americano naquela década.

Rambo - Programado Para Matar (First Blood, Estados Unidos, 1982) Estúdio: Carolco Pictures / Direção: Ted Kotchef / Roteiro: Sylvester Stallone, Michael Kozoll, William Sackheim / Elenco: Sylvester Stallone, Richard Crenna, Brian Dennehy, David Caruso, Bill McKinney, Jack Starrett ; Sinopse: John Rambo (Stallone) é um veterano que volta para os Estados Unidos após o fim da guerra, mas só encontra violência e desrespeito por seu passado.

Pablo Aluísio.

Mad Max 2: A Caçada Continua

Então você gosta de filmes que se passam em um mundo pós-apocalíptico? Ora, então tem que necessariamente conhecer os filmes que deram origem a isso tudo. São os filmes do Louco Max, ou como conhecemos aqui no Brasil, Mad Max. São filmes violentos, pesados e com enredos simples. Cativaram o público por causa da originalidade de mostrar um mundo devastado, primitivo e novamente selvagem, mostrando o lado mais sórdido do ser humano, onde ele se torna capaz de tudo, matar, roubar, apenas para colocar as mãos em alguns litros de gasolina (afinal o que seria mais importante em um mundo destruído como aquele?)

Esse segundo filme da série é bem mais produzido do que o primeiro (que hoje em dia se parece mais com um filme amador!). Aqui há mais cuidados com figurinos, máquinas possantes (e mortais), além de maquiagem, efeitos especiais, etc. Claro, passados tantos anos algumas coisas ficaram datadas. O vilão, por exemplo, parece uma versão do Jason de "Sexta-feita 13", mas faça como os carros envenenados do mundo de Max e passe por cima desse tipo de coisa. Curta o filme não apenas pela ação desenfreada, como também por sua importância histórica. Afinal esses filmes que ainda hoje são lançados, com o mundo em ruínas, nada mais são do que novas versões para as boas e velhas aventuras violentas de Mad Max.

Mad Max 2 - A Caçada Continua (Mad Max 2, Austrália / EUA, 1982) Direção: George Miller / Roteiro: George Miller, Terry Hayes / Elenco: Mel Gibson, Vernon Wells, Bruce Spence, Michael Preston, Max Phipps / Sinopse: Mad Max (Mel Gibson) se vê envolvido numa luta pela sobrevivência em um deserto hostil pós apocalipse, onde todos lutam para colocar as mãos em uma refinaria isolada e perdida no meio do nada absoluto. Filme vencedor do prêmio da Australian Film Institute na categoria de Melhor Direção.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 6 de maio de 2019

O Despertar de Um Assassino

É baseado em uma ótima graphic novel que por sua vez foi escrito através das recordações de um amigo de Jeff Dahmer. Quem foi ele? Um dos mais infames psicopatas dos Estados Unidos, um homem capaz de atos de pura selvageria alucinada, ao ponto inclusive de praticar canibalismo com restos mortais de suas vítimas. Seus crimes horrendos porém não estão no filme. O que encontramos aqui são flashs de sua adolescência, nos anos 70. Ele se parece com qualquer outro estudante de sua escola, um pouco diferente em pequenos aspectos que também por si só não explicariam o assassino cruel que se tornou. É apenas um jovem tentando ganhar aceitação entre colegas de sua idade. Nada diferente de outros jovens como ele.

No meio disso porém já começam a aparecer certos sintomas de sua psicopatia que iria lhe dominar dentro de alguns anos. A obsessão em recolher animais mortos, por exemplo, já era um claro sinal de que alguma coisa não ia bem em sua mente. Seu comportamento um pouco errático, que iria se agravar nos anos seguintes, também deixam pistas. Há uma cena, já no final, quando o próprio amigo de Dahmer percebe que há algo errado no ar, que mostra bem isso. Ele dá uma desculpa qualquer para se afastar dele, ou seja, seu sexto sentido indicou que ele estava de alguma forma em perigo. Escapou de se tornar uma de suas primeiras vítimas. Enfim, assista ao filme pelo que ele revela nas entrelinhas. Afinal um serial killer não nasce da noite para o dia. É, ao contrário disso, um longo processo que vai se criando com o passar dos anos. O começo da loucura assassina de Dahmer está aqui! É um filme assustador por contar uma história que realmente aconteceu.

O Despertar de Um Assassino (My Friend Dahmer, Estados Unidos, 2017) Direção: Marc Meyers / Roteiro: Marc Meyers, John Backderf / Elenco: Ross Lynch, Alex Wolff, Anne Heche  / Sinopse: O filme conta a adolescência do assassino serial Jeff Dahmer. Sua história antes dos terríveis crimes que iria cometer em sua fase adulta.

Pablo Aluísio.

I Am the Night

Terminei de assistir a essa minissérie. Ela é baseada nas memórias de Fauna Hodel, neta de George Hodel, o principal suspeito da morte de Elizabeth Short, no caso da Dália Negra. Ela era uma atriz que também fazia programas com homens mais velhos em Los Angeles. Seu corpo foi encontrado brutalmente mutilado em uma das ruas da cidade. O Dr. George Hodel era conhecido por sua clínica de abortos clandestinos, onde atendia figurões de Hollywood. Um homem rico e obcecado pelo mundo das artes, ele parecia sofrer de sérios transtornos psiquiátricos, entre eles uma insuspeita psicopatia. Embora nunca tenha sido condenado pelo assassinato, tudo leva a crer que ele foi mesmo o autor do horrível crime, uma vez que a forma como o corpo de Short foi colocado no chão, serrado ao meio, sugeria um quadro de arte surrealista. Algo completamente bizarro!

A série porém não entra diretamente nos eventos do famoso crime e sim na figura de Fauna, uma mocinha criada por uma mãe adotiva negra que passa a procurar por seus pais verdadeiros. Acaba indo parar no covil de George Hodel, que era seu avô. A partir de certo ponto ela se une ao repórter investigativo Jay Singletary (Chris Pine). Eu gostei dos episódios, achei todos bem produzidos, porém devo antecipar que quem for atraído pelo famoso caso da Dália Negra vai ficar um pouco decepcionado. Acontece que aquele crime nada mais é do que um ponto secundário na trama, um evento apenas mencionado algumas vezes. No geral o que temos é Pike apanhando em todos os episódios (seja de bandidos, seja da polícia) e a estranha e conturbada vida familiar de Fauna. Nada mais. Não me arrependo em ter assistido a todos os episódios, achei tudo de bom gosto, porém ainda falta uma série bem focada em Elizabeth Short, quem sabe contando um pouco de sua vida antes do horrível crime de que foi vítima. Também seria muito interessante uma série assim.

I Am the Night (Estados Unidos, 2019) Direção: Carl Franklin, Patty Jenkins, Victoria Mahoney / Roteiro: Sam Sheridan, Monica Beletsky / Elenco: Chris Pine, India Eisley, Jefferson Mays, Connie Nielsen / Sinopse: Minissérie baseada nas memórias de Fauna Hodel, neta do Dr. George Hodel, principal acusado de ter assassinado a jovem atriz Dália Negra em Los Angeles, na década de 1940.

Pablo Aluísio.

domingo, 5 de maio de 2019

Vingadores: Ultimato

Esse filme chegou mais cedo do que eu esperava. Pensei que ainda iria demorar uns dois anos para chegar nas telas. Pelo visto a Marvel tem pressa mesmo, lançando seus filmes em ritmo industrial. De qualquer forma deu certo. A produção já acumulou mais de 2.5 bilhões de dólares nas bilheterias. É o maior sucesso do ano, lutando agora para passar "Avatar" que está ainda na sua frente na lista das maiores bilheterias dos últimos anos. Resta esperar para ver o que vai acontecer nas próximas semanas. Bom, deixando esse aspecto comercial de lado o que mais me intrigava era saber como os roteiristas iriam desfazer o nó do filme anterior, onde muitos personagens importantes tinham virado pó, isso literalmente falando. Confesso que não achei grande coisa a solução encontrada. O roteiro parte para o bom e velho argumento da volta no tempo. A coisa fica tão evidente que os próprios roteiristas colocaram duas piadinhas com "De Volta Para o Futuro", já sabendo de antemão que iriam fazer uma ligação com esse famoso filme dos anos 80. A lógica é muito parecida realmente, apesar do papo furado da física quântica, algo que também já está virando uma muleta narrativa recorrente em roteiros mais recentes.

Assim o resultado, ao meu ver, ficou um pouco prejudicado, pois a viagem no tempo não deixa de ser algo bem manjando no universo pop. A despeito disso porém não posso deixar de admitir que em suas quase 3 horas de duração o filme diverte e funciona muito bem como aquilo que sempre foi, uma mera transposição bem realizada do universo dos quadrinhos para o cinema. Os elementos são bem trabalhados, encaixados na trama. Pode ser que se você perdeu algum filme da Marvel nesses últimos anos venha a se perder com tantas idas e vindas no tempo. Porém isso é o de menos. A estrutura narrativa funciona bem, tem bom ritmo e desenvolvimento.

Não é a maior maravilha cinematográfica do mundo como querem fazer crer alguns fãs de quadrinhos, mas funciona perfeitamente bem. É um produto pop de qualidade. Agora, temos que admitir também que um velho problema se repete aqui. Desde sempre qualquer filme com muitos personagens e muitos atores em cena acaba criando um subaproveitamento deles - tantos dos atores como dos heróis. Isso se repete nesse filme. É tanto super-herói em cena que poucos são desenvolvidos com cuidado. Fica aquela sensação de que muitos são apenas coadjuvantes de luxo. Mesmo assim repito que o filme agrada e diverte. Nesse mundo de tantos heróis da Marvel já está de bom tamanho.

Vingadores: Ultimato (Avengers: Endgame, Estados Unidos, 2019) Direção: Anthony Russo, Joe Russo / Roteiro:  Christopher Markus, Stephen McFeely / Elenco: Robert Downey Jr., Chris Evans, Josh Brolin, Mark Ruffalo, Chris Hemsworth, Scarlett Johansson, Jeremy Renner, Gwyneth Paltrow, Don Cheadle, Paul Rudd, Benedict Cumberbatch, Brie Larson, Tom Holland, Chris Pratt, Michael Douglas, Robert Redford, Samuel L. Jackson / Sinopse: Para desfazer o mal causado pelo vilão Thanos, os vingadores decidem voltar no tempo para impedir que ele consiga as Joias do infinito que lhe dará um poder supremo sobre todo o universo.

Pablo Aluísio.

Cemitério Maldito

Eu tive o privilégio de assistir no cinema ao primeiro filme baseado nesse livro de Stephen King. Ao contrário do que muitos disseram na época, eu gostei do resultado final. Agora temos esse novo remake. Para os fãs de King é importante salientar que o roteiro toma várias liberdades ao livro que lhe deu origem. Nenhuma dessas mudanças atrapalha o filme em nada. São bem pontuais e em minha opinião bem colocadas. O mais radical foi mesmo a mudança do final, que é bem diferente, um tanto pessimista e sinistro, nada condizente com o que foi pensado por Stephen King nas páginas de seu livro de terror. Mesmo essa mudança achei adequada. Muita gente não vai gostar, mas fugindo do que é convencional, do clichê "final feliz", temos aqui uma novidade que já vale o ingresso do cinema.

No mais, temos mais fidelidade ao livro de King. A premissa básica segue a mesma. Uma família (pai, mãe e dois filhos) decide se mudar para uma cidadezinha do Maine em busca de uma qualidade de vida melhor. A nova casa fica dentro de um vasto bosque. Nele há, quase no quintal da casa, um cemitério de animais. Acima desse lugar não muito bem-vindo, há ainda uma região pouco visitada, dita como maldita desde os tempos em que nativos passaram por lá. É nesse campo que as melhores cenas do filme vão se desenvolver. Quando o gatinho da família é atropelado na rodovia o vizinho leva o animal para esse lugar. E eis que após passar uma noite por lá ele retorna. Agora imaginem quando a garotinha, que o pai tanto ama, também morre atropelada! Como diz o cartaz do filme "Muitas vezes estar morto é melhor".

Por falar em garotinha, aqui temos outra mudança que vai ser sentida pelos leitores do livro de Stephen King. Aqui a menina é que é morta na estrada, não seu irmãozinho mais jovem. Solução mais adequada para o mundo de hoje. A pequena atriz Jeté Laurence trabalha muito bem e convence na tela. Eu pessoalmente achei uma opção muito melhor. No filme dos anos 80 os roteiristas seguiram mais de perto ao livro, porém o resultado cinematográfico ficou pior. Aliás devo dizer que esse filme é muito melhor do que o primeiro, o original. O roteiro tem mais elementos, que são bem mais trabalhados pelo texto. Até mesmo detalhes, como a procissão dos meninos levando um animal morto, acrescentam muito ao resultado final. A dupla de diretores está de parabéns. Some isso tudo ao fato de termos um gênio da literatura como fonte primária do filme e você terá uma ótima diversão do gênero. Assista sem receios, vai valer bastante a pena.

Cemitério Maldito (Pet Sematary, Estados Unidos, 2019) Direção: Kevin Kölsch, Dennis Widmyer / Roteiro: Matt Greenberg, baseado no livro de Stephen King / Elenco: Jason Clarke, Jeté Laurence, Amy Seimetz, John Lithgow / Sinopse: Após a morte da filha numa rodovia, um pai desesperado decide trazê-la de volta à vida. Isso se dará levando a garotinha até um lugar maldito, localizado além do cemitério de animais. Uma região amaldiçoada, que trará violência e desespero para toda a família.

Pablo Aluísio.

sábado, 4 de maio de 2019

Noite Sem Fim

Mais um bom filme da safra de produções de ação estreladas por Liam Neeson. Aqui ele interpreta um assassino profissional que durante anos prestou serviços para a máfia irlandesa de Nova Iorque. Agora bem mais velho, pai de um jovem, ele pensa em se aposentar, deixando para trás seu passado de crimes. O equilíbrio se vai quando o seu próprio filho vira alvo da máfia. Os membros da organização criminosa querem matar o jovem, o que os coloca em rota de colisão com o pai, Jimmy Conlon (Liam Neeson). O rapaz viu o que não devia, virou testemunha em um caso importante e como é praxe dentro da máfia, testemunhas que podem colocar tudo a perder devem ser eliminadas sumariamente.

O diretor espanhol  Jaume Collet-Serra rodou um filme visualmente muito bem realizado. Tiros não são apenas tiros, mas também uma oportunidade de explorar verdadeiros quadros de imagens visuais na tela. O roteiro também explora bastante a dualidade do protagonista. Um assassino contratado para fazer o serviço sujo da máfia, eliminando pessoas inconvenientes, ele de repente se mostra em dúvida sobre os rumos que sua vida tomou. Além do excelente visual e do bom roteiro (que tira leite de pedra ao desenvolver um tema até batido nesse tipo de fita), ainda temos um elenco de apoio invejável. Ed Harris interpreta o chefão mafioso e Nick Nolte dá vida a um outro assassino profissional que quer justamente a cabeça de Neeson, algo como um prêmio a mais em sua carreira no mundo do crime. Afinal enviar para a cova um dos mais respeitados matadores da máfia o colocaria em um patamar invejável entre seus pares criminosos. Então é isso, um filme de ação realmente acima da média, uma boa indicação para quem curte o estilo.

Noite Sem Fim (Run All Night, Estados Unidos, 2015) Estúdio: Vertigo Entertainment / Direção: Jaume Collet-Serra / Roteiro: Brad Ingelsby / Elenco: Liam Neeson, Ed Harris, Joel Kinnaman, Vincent D'Onofrio, Boyd Holbrook, Common, Nick Nolte / Sinopse: Jimmy Conlon (Liam Neeson) é um veterano assassino profissional da máfia irlandesa que de repente se vê no outro lado da moeda, ao descobrir que seu filho agora é alvo dos mafiosos. Ele se tornou testemunha de algo importante e por isso precisa ser sumariamente executado pela mesma organização criminosa a que pertence Jimmy.

Pablo Aluísio. 

O Gênio e o Louco

O filme é baseado em fatos históricos reais. O ator Sean Penn interpreta um médico americano, veterano da guerra civil, que começa a sofrer surtos psicóticos. Numa dessas crises ele acaba matando um homem inocente.  Preso, é condenado a viver em um manicômio judicial. Fica isolado numa cela, muitas vezes surtado, pensando estar sendo perseguido por seres que se escondem nas dobras do piso. Anos depois ele seria diagnosticado com esquizofrenia. Já Mel Gibson é um professor autodidata, que fala várias línguas, contratado por uma comissão da universidade de Oxford para ajudar na elaboração de um novo dicionário de língua inglesa. O caminho desses dois homens se cruza quando o personagem de Gibson solta um panfleto "recrutando" voluntários para a elaboração do novo dicionário. O louco interpretado por Sean Penn responde a convocação e acaba se tornando um dos principais nomes nesse novo trabalho que durou anos e gerou frutos importantes dentro da academia inglesa.

O filme tem um tema que muito provavelmente não irá despertar a atenção de muitos espectadores. É obviamente algo mais intelectual, situado em um mundo não muito agradável, a das pessoas com problemas mentais, capazes de atos insanos de auto mutilação. De todos os personagens em cena, aquele interpretado por Sean Penn é o que desperta mais compaixão. Aqui temos um médico, um homem brilhante, que acaba sucumbindo à sua própria loucura, enquanto tenta se agarrar de alguma forma ao mundo da razão. Pelo brilhante trabalho de atuação, Penn acabou ofuscando Gibson, que afinal tem um papel secundário, embora importante, dentro da trama. O roteiro também revela um quadro de pouca ética entre os acadêmicos de Oxford, até porque eles começaram simplesmente a delegar suas funções, numa máxima de pouco esforço e trabalho. Quem acaba assim fazendo o trabalho árduo é um pobre coitado esquizofrênico, preso em uma prisão e na sua própria mente deteriorada. Quem poderia imaginar...

O Gênio e o Louco (The Professor and the Madman, Irlanda, 2019) Direção: Farhad Safinia / Roteiro: John Boorman, Todd Komarnicki / Elenco: Mel Gibson, Sean Penn, Natalie Dormer, Stephen Dillane / Sinopse: Dr. William Chester Minor (Sean Penn) é um médico americano que após um surto de esquizofrenia acaba matando uma pessoa inocente, que andava pelas ruas de Londres à noite. Condenado, é enviado para um manicômio psiquiátrico. James Murray (Mel Gibson) é um autodidata que passa a trabalhar no novo dicionário da universidade de Oxford. O destino acaba unindo a vida desses dois homens tão diferentes entre si.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 3 de maio de 2019

As Loucuras de Dick & Jane

Título no Brasil: As Loucuras de Dick & Jane
Título Original: Fun with Dick and Jane
Ano de Produção: 2005
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Dean Parisot
Roteiro: Judd Apatow, Nicholas Stoller
Elenco: Jim Carrey, Téa Leoni, Alec Baldwin, Richard Jenkins, Angie Harmon, John Michael Higgins

Sinopse:
Depois de ter um vidão, com muito luxo e conforto, um casal perde tudo na vida! Para sobreviver eles decidem tomar uma decisão radical, ir para o mundo do crime, só que os dois não possuem o menor jeito para esse tipo de coisa!

Comentários:
Em se tratando de Jim Carrey a gente já sabe! Ele é aquele tipo de comediante do tipo "ame ou odeie", já que seu humor bem exagerado, cheio de maneirismos e caretas, não consegue agradar todo mundo. Porém para quem é fã não existe nada mais divertido do que um filme com ele. De minha parte o que vale a pena é ver uma comédia bem feita, com piadas e situações engraçadas. Esse filme aqui não é dos melhores de Carrey, mas passa longe de ser ruim. O curioso é que é praticamente um retorno ao seu velho estilo pois Carrey vinha numa levada mais dramática, apostando em filmes mais sérios, etc. Depois de tentar por alguns anos ele decidiu voltar ao seu estilo habitual, que o tornou rico e famoso. Assim se você curte o ator em seu modo mais pastelão, com muito humor físico, cheio de trapalhadas, assista sem receios. Já para quem torce o nariz para seu jeitão mais transloucado, obviamente não recomendaria.

Pablo Aluísio.

Massacre no Bairro Japonês

Título no Brasil: Massacre no Bairro Japonês
Título Original: Showdown in Little Tokyo
Ano de Produção: 1991
País: Estados Unidos
Estúdio: Little Tokyo Productions
Direção: Mark L. Lester
Roteiro: Stephen Glantz, Caliope Brattlestreet
Elenco: Dolph Lundgren, Brandon Lee, Cary-Hiroyuki Tagawa, Tia Carrere, Toshishiro Obata, Philip Tan

Sinopse:
Dois policiais de Los Angeles, com pontos de vista opostos sobre qual é a melhor maneira de cumprir a lei, precisam trabalhar juntos para derrubar a Yakuza, a máfia japonesa, que atua no submundo da cidade.

Comentários:
Esse filme foi o único a unir o brucutu Dolph Lundgren ao especialista em artes marciais Brandon Lee, o filho do lendário Bruce Lee. Ele morreu precocemente em um set de filmagens quando foi atingido por uma bala de verdade - algo completamente absurdo! De qualquer maneira essa é uma boa opção para conhecer um filme de sua curta carreira. Ele se deu muito bem ao lado do parceiro de cena. Como se pode perceber tinha tudo para dar certo, principalmente para os fãs dos filmes de ação. Só que, apesar do pequeno orçamento (8 milhões de dólares) o filme não foi bem de bilheteria, se tornando um fracasso nas salas de cinemas. O roteiro tem os elementos que se esperaria encontrar  em um filme como esse, sem maiores novidades. Vale mais, para dizer a verdade, pelo contraste entre os dois atores principais. Esse choque de diferenças de personalidades acaba sendo um dos atrativos do filme, ao lado, é claro, das lutas bem coreografadas.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 2 de maio de 2019

Os Herculóides

É um dos desenhos animados da minha infância. Outro produto da incrível dupla Hanna-Barbera. Eles produziam desenhos em série para a TV, por isso não havia muito tempo. Mal um novo programa era lançado e eles já estavam na prancha de novo para criar outro grupo de personagens. Quem criou essa nova animação na verdade foi Alex Toth, um dos desenhistas do estúdio. O primeiro episódio foi ao ar em 1967. Era um pulp fiction de bolso, só que obviamente levado para a televisão. As animações revistas hoje em dia poderiam ser consideradas bem simples, até primitivas. O que importava para a garotada na época porém não era isso, mas sim a oportunidade de conferir esses monstros lutando contra os inimigos. Havia um gorilão feito de pedra, um rinoceronte dinossauro que expelia pedras pelos seus chifres, um dragão verde poderoso que soltava raios pelos olhos e cauda e até mesmo dois bichinhos de complicada definição. Mais pareciam massas de modelar que assumiam qualquer forma.

E sim, havia uma família de humanos, como era praxe na época. Eles viviam em um "mundo primitivo" que de vez em quando era atacado por monstros. E isso era a base de todos os episódios. Havia sim uma certa influência do mundo de Conan nesse desenho, mas não era algo assim tão óbvio. Na verdade, como escrevi antes, esse tipo de desenho era pura ficção B de bolso. Nem preciso dizer que a garotada adorava. No total foram produzidos 31 episódios. O último inédito foi ao ar em 1968 na rede CBS americana. No Brasil a série praticamente nunca chegou a ser de cartaz, sendo exibida por anos a fio, sendo exibida pelos principais canais de TV de nosso pais como Tupi, Record, Globo e Bandeirantes. Recentemente revi um episódio completo só para matar as saudades. Os Herculóides enfrentavam um ser de pura energia que invadia seu planeta. Divertido, mas bem básico. Será que algum dia vão ressuscitar esses personagens para uma versão para o cinema? Acredito que não, mas não custa sonhar.

Os Herculóides (Estados Unidos, 1967, 1968) Direção: Joseph Barbera, William Hanna / Roteiro: Joe Ruby, David Scott / Elenco: Mike Road, Virginia Gregg, Ted Eccles / Sinopse: Uma família de humanos e seus companheiros animias vivem em um mundo primitivo que sempre é invadido por estranhas criaturas monstruosas.

Pablo Aluísio.

Batman vs. Drácula

Animação muito boa da Warner que une, numa mesma história, dois ícones da ficção, um da literatura de terror e outro do mundo dos quadrinhos. Quem diria que Batman poderia encontrar o Drácula? Pois é, no mundo da imaginação tudo seria possível. O mais interessante de tudo é que o resultado final ficou muito bom, muito bem escrito. No enredo o Pinguim acaba trazendo Drácula de volta ao nosso mundo. Procurando no cemitério de Gotham por um tesouro escondido ele acaba abrindo o túmulo do mitológico vampiro. E como se isso tudo não fosse ruim o bastante ainda há mais surpresas, como um Coringa transformado em vampiro!

O mais curioso é que Drácula cria um exército de vampiros para tomar Gotham City e em determinado momento ficamos mesmo com a impressão que o Batman seria destruído facilmente, afinal ele é apenas mais um homem vestido com uma fantasia de morcega. E por falar em morcegos há um diálogo divertido quando o Drácula encontra Batman pela primeira vez. Ele diz que ambos são muito parecidos (e são mesmo), mas que diante das circustâncias não haveria espaço para dois morcegos naquela cidade! Tive que esboçar um sorriso pela ironia envolvida. De fato, o que poucos sabem, é que lá atrás, na década de 1930, o desenhista e escritor Bob Kane realmente usou elementos de Drácula ao criar Batman. Assim essa animação não deixa de ser um encontro de velhos conhecidos, até mesmo "parentes" no mundo da ficção!

Batman vs. Drácula (he Batman vs. Dracula, Estados Unidos, 2005) Direção: Michael Goguen, Seung Eun Kim / Roteiro: Duane Capizzi, baseado nos personagens criados por Bob Kane / Elenco: Rino Romano, Peter Stormare, Tara Strong / Sinopse: Após ficar séculos em um sarcófago, o milenar vampiro Drácula retorna para uma Gotham City dos dias atuais. Para impedir que o conde transforme toda a cidade em um exército de vampiros, Batman inicia uma luta de vida e morte contra o monstro. Animação indicada ao Annie Awards.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 1 de maio de 2019

A Máquina de Lembranças

Nem sempre um bom conceito, um bom ponto de partida, pode dar origem a um filme interessante. É o que acontece nesse "A Máquina de Lembranças". O roteiro parte de um ponto inicial até bem original quando uma máquina é inventada por um executivo e cientista de uma empresa chamada Cortex. Essa nova tecnologia permite que as lembranças, as memórias de um ser humano, possam ser armazenadas em um software. Isso por si só já seria excelente, mas vai além. Qualquer pessoa pode acessar essas memórias, as assistindo como se estivesse vendo um filme. Só que obviamente algo assim acaba gerando problemas, inclusive efeitos colaterais imprevistos como alucinações e distúrbios mentais.

O enredo se desenvolve após a morte desse inventor. Ele é encontrado morto em seu escritório. Quem teria assassinado? Entra assim em cena o misterioso Sam Bloom (Peter Dinklage) que inclusive pode estar escondendo sua verdadeira identidade após roubar a única máquina já produzida. Lendo a sinopse assim pode o filme parecer bem interessante. Infelizmente não é. O desenvolvimento é muito lento, cheio de "climas" mal resolvidos. Para piorar o roteiro que poderia ser mais coeso surge desfragmentado em excesso. Outro problema é que o filme parece ter vários finais. Quando um termina, outro começa. Isso torna tudo tão chato, para não dizer tedioso. Nem o talento do ator Peter Dinklage salva o filme nesse sentido. Ele que é de certa forma a alma por trás do sucesso da série "Game of Thrones", aqui tem pouco a oferecer, tudo efeito de um roteiro mal resolvido, cujo clímax é mais do que decepcionante.

A Máquina de Lembranças (Rememory, Estados Unidos, Canadá, 2017) Direção: Mark Palansky / Roteiro: Mike Vukadinovich, Mark Palansky / Elenco: Peter Dinklage, Matt Ellis, Jordana Largy / Sinopse: Após a morte de um executivo, um inventor de uma máquina revolucionária que armazena as memórias de pessoas, um desconhecido começa a investigar sua morte. Quem teria sido o assassino?

Pablo Aluísio.

Mademoiselle Vingança

Produção francesa lançada pelo Netflix. A historia conta um caso de amor. Após ficar viúva, a Madame de La Pommeraye passa a ser cortejada pelo marquês des Arcis, O problema é que ele tem péssima reputação. É considerado na corte como um Don Juan aventureiro, um galanteador que não consegue ter um relacionamento sério com nenhuma mulher. Na verdade ele faz uma coleção de conquistas, todas sem ir a lugar nenhum. Apenas para satisfazer seu ego. No começo ela resiste, até faz piadas com suas declarações de amor, mas depois de um tempo não consegue mais resistir e cede aos seus avanços amorosos. Bom, não seria por falta de aviso que ela cairia na armadilha de um sujeito como aquele, só que quando se deu conta já era tarde demais.

O filme tem ótimo diálogos, todos extremamente bem escritos. Essa é uma característica bem conhecida dos filmes franceses. O problema é que a produção deixa muito a desejar. Fazer filmes de época é complicado, é necessário caprichar nos figurinos, nos cenários luxuosos, no glamour. Nesse quesito o filme falha. Também comete alguns erros históricos irritantes. Em determinada cena Madame de La Pommeraye mostra um quadro de seu falecido marido. Só que aquele quadro mostrado por ela é uma conhecida obra de pintura retratando o Rei Luís XVI. Imagine a cara de decepção do espectador mais culto e conhecedor de história ao se deparar com um erro desses! Parte do charme se vai para não mais voltar. Então é isso. Um filme irregular, com excelentes linhas de diálogo e produção capenga, que não consegue ficar à altura da época histórica que retrata.

Mademoiselle Vingança (Mademoiselle de Joncquières, França, 2018) Direção: Emmanuel Mouret / Roteiro: Emmanuel Mouret, baseado na obra de Denis Diderot / Elenco: Cécile de France, Edouard Baer, Alice Isaaz / Sinopse: Rica viúva, a Mademoiselle de Joncquières passa a ser cortejada por um nobre com fama de mulherengo e conquistador.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 25 de abril de 2019

Montgomery Clift - Além da Alma - Parte 2

Durante muitos anos se especulou sobre a verdadeira sexualidade do ator Montgomery Clift. Recentemente o assunto voltou à tona pois um ex-gigolô em Hollywood lançou um livro supostamente mostrando a vida sexual de astros de cinema durante as décadas de 40, 50 e 60. Clift é um dos enfocados. O autor provavelmente não se deu muito bem com o ator e talvez por isso tenha escrito uma imagem nada lisonjeira dele nas páginas do livro. Mont é retratado como um esnobe, um sujeito cheio de "não me toques". Curiosamente apesar de ter sido esnobado por Clift o autor do livro garante que ele era gay! Mas com que provas?

De fato a alcunha de esnobe em relação a Clift não me surpreende. Ele era uma pessoa discreta, tímida na vida privada. Geralmente os tímidos são confundidos com esnobes. Não faz diferença. O fato é que Clift teve uma vida sexual das mais discretas em Hollywood. Tentativas de tachá-lo de gay nunca tiveram comprovação inequívoca. Na realidade não são poucos os que acham que ele na realidade era assexuado (uma definição que só há pouco tem se tornado mais comum).

Montgomery Clift realmente não era visto com mulheres em sua passagem por Hollywood. Ator consagrado de teatro resolveu ir para a capital do cinema atraído pelos bons cachês. Mesmo assim nunca se considerou um membro ativo daquela comunidade. Pouco ia a festas e eventos sociais e procurava manter sua privacidade a todo custo. Tanta discrição acabou despertando suspeitas. Como não era visto com mulheres em público logo se começou a especular se era gay. O interessante é que ao contrário de outros gays famosos em Hollywood, como Rock Hudson, por exemplo, tampouco existem testemunhos de algum ex amante do astro. O que parece ter realmente acontecido foi um simples desinteresse sexual por parte de Montgomery Clift, seja por homens, seja por mulheres. Era neutro ou como se diz atualmente, assexuado, desinteressado por sexo.

Clift tinha grandes paixões platônicas geralmente por mulheres. Sua paixão não realizada por Elizabeth Taylor era conhecida. Taylor sempre casando e descasando nunca deu uma chance para Mont e o considerava apenas um grande amigo. Equivocadamente ela pensava que ele era gay mas tampouco chegou a ver ele com qualquer homem em todo o tempo que conviveu ao seu lado. A eterna solteirice de Clift incomodou inclusive seu pai. Confrontado o ator simplesmente explicou: "Minha vida já é complicada demais sem outra pessoa, por isso não me envolvo mais seriamente com alguém. Mesmo assim darei 10 mil dólares a qualquer um que comprove que não gosto de garotas". Depois que sofreu um grave acidente de carro Montgomery Clift ficou ainda mais recluso e retraído. Sentindo fortes dores de cabeça e sofrendo com as consequências do acidente as chances de sair para cortejar com qualquer pessoa, seja homem ou mulher, ficaram nulas. Clift morreu solteirão e carregando uma injusta fama de homossexual quando na verdade ele simplesmente parecia estar além do sexo.

Pablo Aluísio.

Montgomery Clift - Além da Alma - Parte 1

Edward Montgomery Clift nasceu em uma família aristocrata de Omaha, Nebraska, a mesma cidade que deu ao mundo outro gênio da atuação, Marlon Brando. Entre os dois atores haveria sempre uma coincidência de destinos. Eles nasceram na mesma década (Clift em 1920 e Brando em 1924) e na mesma cidade. Durante os anos 1950 se tornariam grandes astros do cinema americano, elogiados por suas grandes atuações nas telas. Apenas as origens sociais eram diferentes. Enquanto Montgomery Clift nasceu no lado rico de Omaha, em uma família bem tradicional da cidade, Brando era apenas o filho de um caixeiro viajante, membro de uma família bem disfuncional que vivia no lado pobre de Omaha, do outro lado da linha do trem.

Mesmo assim o destino e a sétima arte os uniriam, até mesmo porque a riqueza da família Clift seria tragada por causa da grande depressão que arrasaria a economia americana em 1929, durante a quebra da bolsa de valores de Nova Iorque. O pai de Monty, um rico especulador de ações, perderia praticamente tudo com a crise. Arruinados financeiramente, a família Clift mudou-se então para Nova Iorque, deixando o meio oeste durante os anos 1930. Essa mudança de cidade iria também mudar para sempre o destino de Montgomery Clift. Criado para ser um dândi da elite de Nebraska, ele precisou rever seus conceitos na grande cidade, na grande Maçã, como Nova Iorque era conhecida.

Ao invés de estudar em colégios privados tradicionais ele foi parar em uma escola pública do Brooklyn. Monty que sempre havia estudado com jovens ricos e bem educados de Omaha, se viu de repente no meio de um pessoal mais barra pesada, que partia para a briga nos intervalos. Nova Iorque era realmente uma selva e para sobreviver por lá o jovem Monty precisou se impor, não por meio de sua educação refinada, mas sim pela força dos punhos. Sem dúvida foi uma mudança brutal, de um meio aristocrático, para um realidade bem mais pé no chão.

Em meio a tantas mudanças algo no novo colégio mudaria para sempre sua vida. Ele se apaixonou pelo teatro. O departamento teatral da escola era muito bom, muito original, um ambiente que valorizava o talento dos alunos que mostravam o interesse pela arte de interpretar. Monty foi fisgado desde os primeiros dias. Ele sabia que Nova Iorque era um dos lugares mais efervescentes do mundo em termos teatrais. Havia muitas peças sendo encenadas na Broadway e no circuito Off-Broadway. As oportunidades estavam em todos os lugares. Vendo que poderia arranjar trabalho no meio teatral da cidade ele se empenhou nas peças escolares em que atuou. Seu objetivo era ganhar experiência para partir para a Broadway, até porque trabalhar havia se tornado uma necessidade em sua casa, pois seu pai enfrentava muitas dificuldades para arranjar um emprego.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 24 de abril de 2019

As Cartas de Grace Kelly - Parte 8

Quando a atriz Grace Kelly casou com o príncipe Rainier de Mônaco ela pensou que estava realizando o sonho de toda jovem, se tornando a princesa de um lindo principado europeu. Era um conto de fadas! A realidade de Monte Carlo porém era bem diferente do que ela pensava. O pequeno principado na verdade estava falido. Os hotéis viviam vazios, os restaurantes só eram frequentados por algumas velhinhas francesas aposentadas e os cassinos viviam praticamente às moscas. Grace ainda não havia entendido que seu casamento no fundo havia sido um grande golpe publicitário para levantar aquele outrora point turístico do passado.

De uma forma ou outra o fato da princesa ser Grace Kelly acabou chamando o interesse novamente para aquela região que parecia meio esquecida, afundada em dívidas. Navegando pela costa de Mônaco em seu maravilhoso iate Christine o milionário Aristóteles Onassis se interessou em conhecer melhor aquela pequenina monarquia, muito por causa da interessante história de Grace Kelly. Empreendedor nato ele viu que do ponto de vista capitalista tudo andava bem decadente. Como era um investidor sagaz Onassis resolveu que iria investir em Mônaco, a começar pelo country club que estava desativado, às moscas. No passado ele havia gostado de jogar golfe ali e ficou realmente desolado de ver que toda aquela beleza natural estava abandonada e esquecida.

Grace Kelly o conhecia desde os tempos de Hollywood e viu que seria ótimo que Onassis investisse em Mônaco, dando todo o apoio possível para seu desejo de investir lá. O curioso é que a empresa que administrava o desativado Country Club não gostava de Onassis e por isso recusou todas as propostas de venda do lugar. Inconformado e se recusando a ser esnobado Onassis resolveu comprar a própria empresa que insistia em lhe dizer não. Só assim ele teria total controle do Country Club de Mônaco. Depois disso não parou mais, comprou hotéis, cassinos e restaurantes. Muito do renascimento de Mônaco se deveu a Onassis que dizem as más línguas fez tudo isso porque nutria uma paixão platônica por Grace Kelly (quem poderia lhe culpar por algo assim?)

Assim Grace e Rainier não apenas ficaram gratos pela força milionária em Mônaco por parte de Onassis como também se tornaram amigos dele e de sua companheira, a cantora lírica Maria Callas. Com o dinheiro do rico Onassis a cidade resplandeceu e começou a novamente atrair turistas, especialmente americanos. Isso trouxe divisas, empregos e riqueza para Monte Carlo. Muitas e muitas vezes para celebrar os bons negócios Onassis convidava Grace Kelly e seu marido para longos passeios no iate Christine. Não era um barco comum, era o maior iate particular do mundo. Certa vez Onassis comentou com Grace Kelly que a embarcação tinha doze suítes de luxo, mas que viviam vazias. Intrigada Grace perguntou porque viviam vazias, sem ninguém, ao que Onassis respondeu: "Não existem doze pessoas interessantes no mundo que me faça querer compartilhar meu tempo e minha privacidade com elas".

Pablo Aluísio.

As Cartas de Grace Kelly - Parte 7

Grace Kelly (1929 - 1982) foi uma das mais belas atrizes de Hollywood. Preferida do mestre Alfred Hitchcock estrelou um de seus grandes clássicos, "Ladrão de Casaca". Foi vencedora do Oscar de Melhor Atriz em 1954 por "Amar é Sofrer". No começo de sua carreira foi modelo de sucesso em Nova Iorque. Logo se tornou um ícone da moda. Entretanto o sucesso nas revistas da moda não a interessavam tanto como o mundo do cinema. Obviamente que naqueles tempos havia um preconceito contra mulheres que se dedicavam à carreira de atriz em Hollywood. E Grace Kelly tendo nascido em uma família rica e tradicional enfrentou preconceitos ainda mais fortes e presentes. Mesmo assim passou por cima de tudo e enfrentou o desafio de ser uma atriz.

Grace Kelly foi atriz na era de ouro do cinema dos Estados Unidos. Tinha o tipo certo para isso. Era um tempo em que os estúdios estavam atrás de rainhas da beleza para os filmes. A beleza era fundamental nesse aspecto. Quanto mais belas, maiores eram as chances de emplacar uma carreira de sucesso na capital do cinema. Porém não era apenas isso que contava. E Grace sabia disso, por isso procurou estudar a profissão de atriz, frequentou cursos de arte dramática, tanto em Nova Iorque como em Los angeles para onde se mudou por causa da carreira.

E assim ganhou a confiança de grandes diretores de cinema, entre eles Alfred Hitchcock que com ela rodou alguns de seus maiores clássicos. Em "Janela Indiscreta" explorou na atriz a figura da mulher fiel, que sempre estava pronta a apoiar seu companheiro, mesmo quando ele colocava na cabeça que havia um crime sendo planejado e executado no apartamento vizinho. Já em "Ladrão de Casaca" o diretor a escalou para ser uma das peças de seu tabuleiro. Na rica Mônaco um jogo de roubo e charme era jogado e pelas mesmas pessoas, imagine você!

Depois de trabalhar com Hitchcock ela estava pronta para trabalhar com qualquer direitor, mas no final de tudo trocou sua carreira por uma coroa, na mesma Mônaco onde havia filmado seu filme com o mestre do suspense. Dizem que anos depois iria se arrepender de suas escolhas, mas será mesmo? De certa maneira ela trocou mesmo a insegurança de uma carreira de atriz, por mais bem sucedida que fosse, pela posição de esposa do monarca, de princesa de Mônaco. Que bela jovem de sua época não queria ser uma princesa de verdade? Era a concretização de um conto de fadas!

Pablo Aluísio.

terça-feira, 23 de abril de 2019

As Cartas de Grace Kelly - Parte 6

Em 1951 Grace Kelly aceitou o convite para ir até Hollywood filmar um novo faroeste que iria se chamar "Matar ou Morrer". Ela teve um certo desejo de não aceitar o convite porque afinal de contas estava se dando muito bem em Nova Iorque, trabalhando como modelo e como atriz em peças na Broadway e em teleteatros filmados que eram exibidos nos canais de TV. Tudo corria maravilhosamente perfeito, mas seu agente lhe disse que um convite como aquele não poderia ser recusado. Outro ponto que a fez recuar um pouco foi o fato de que o filme seria um faroeste ao velho estilo, estrelado pelo astro do gênero Gary Cooper. Ela não tinha pretensões de fazer filmes desse estilo. Porém, mesmo com certa hesitação, ela terminou assinando o contrato para fazer o filme.

Assim, até meio a contragosto, ela finalmente arranjou três semanas livres e voou até Los Angeles. Acabou encontrando um set de filmagens com um diretor muito estressado pois o cineasta Fred Zinnemann era detalhista ao extremo, No elenco ela encontro um amigo, o ator Gary Cooper, que aos 51 anos era um veterano das telas, com décadas de carreira em Hollywood. Enquanto isso Grace era apenas uma novata esforçada, aos 21 anos de idade. Apesar da diferença de gerações (afinal ele tinha idade para ser o pai dela), as coisas fluíram muito bem entre eles. O que começou com uma amizade sincera entre dois colegas de trabalho acabou se tornando algo mais.

Grace Kelly levou o romance das telas para a vida real. Ela teve um romance com o cinquentão Cooper, que dono de uma personalidade bem tímida e retraída, nunca ficou muito confortável com aquela situação. Na verdade o ator ficou em dúvida se aquela jovem queria tirar algum proveito dele ou se realmente tinha um verdadeiro sentimento no relacionamento que começou bem no meio das filmagens. De uma forma ou outra o próprio Cooper resolveu acabar com o breve romance. Ele disse a Grace Kelly, já perto do fim das filmagens, que já tinha vivido muito para saber que algo como aquilo não tinha muito futuro. Assim de forma educada e gentil resolveu encerrar o romance. Ele gostava de cultivar a imagem de homem honrado dentro da comunidade em Hollywood. Um caso com uma atriz tão jovem não iria pegar bem.

Nos anos que viriam Grace Kelly iria se relacionar com muitos atores com quem trabalharia. Ela parecia ter um tipo de fetiche em namorar os grandes astros de Hollywood, por isso acabou ficando conhecida por ser muito namoradeira na época. Só um grande astro resistiu ao seu charme. Apesar de todos os esforços Grace Kelly não conseguiu conquistar o homem que ela considerava perfeito: Rock Hudson. Grace ficou apaixonadíssima por ele, pois era alto, bonito e tinha um ótimo carisma, se revelando simpático e muito acessível. O que Grace não sabia (poucos sabiam disso em Hollywood) era que Hudson era gay e escondia isso do estúdio e do público em geral. Afinal segredos eram para ser bem guardados.

Pablo Aluísio.