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quinta-feira, 25 de abril de 2019

Montgomery Clift - Além da Alma - Parte 2

Durante muitos anos se especulou sobre a verdadeira sexualidade do ator Montgomery Clift. Recentemente o assunto voltou à tona pois um ex-gigolô em Hollywood lançou um livro supostamente mostrando a vida sexual de astros de cinema durante as décadas de 40, 50 e 60. Clift é um dos enfocados. O autor provavelmente não se deu muito bem com o ator e talvez por isso tenha escrito uma imagem nada lisonjeira dele nas páginas do livro. Mont é retratado como um esnobe, um sujeito cheio de "não me toques". Curiosamente apesar de ter sido esnobado por Clift o autor do livro garante que ele era gay! Mas com que provas?

De fato a alcunha de esnobe em relação a Clift não me surpreende. Ele era uma pessoa discreta, tímida na vida privada. Geralmente os tímidos são confundidos com esnobes. Não faz diferença. O fato é que Clift teve uma vida sexual das mais discretas em Hollywood. Tentativas de tachá-lo de gay nunca tiveram comprovação inequívoca. Na realidade não são poucos os que acham que ele na realidade era assexuado (uma definição que só há pouco tem se tornado mais comum).

Montgomery Clift realmente não era visto com mulheres em sua passagem por Hollywood. Ator consagrado de teatro resolveu ir para a capital do cinema atraído pelos bons cachês. Mesmo assim nunca se considerou um membro ativo daquela comunidade. Pouco ia a festas e eventos sociais e procurava manter sua privacidade a todo custo. Tanta discrição acabou despertando suspeitas. Como não era visto com mulheres em público logo se começou a especular se era gay. O interessante é que ao contrário de outros gays famosos em Hollywood, como Rock Hudson, por exemplo, tampouco existem testemunhos de algum ex amante do astro. O que parece ter realmente acontecido foi um simples desinteresse sexual por parte de Montgomery Clift, seja por homens, seja por mulheres. Era neutro ou como se diz atualmente, assexuado, desinteressado por sexo.

Clift tinha grandes paixões platônicas geralmente por mulheres. Sua paixão não realizada por Elizabeth Taylor era conhecida. Taylor sempre casando e descasando nunca deu uma chance para Mont e o considerava apenas um grande amigo. Equivocadamente ela pensava que ele era gay mas tampouco chegou a ver ele com qualquer homem em todo o tempo que conviveu ao seu lado. A eterna solteirice de Clift incomodou inclusive seu pai. Confrontado o ator simplesmente explicou: "Minha vida já é complicada demais sem outra pessoa, por isso não me envolvo mais seriamente com alguém. Mesmo assim darei 10 mil dólares a qualquer um que comprove que não gosto de garotas". Depois que sofreu um grave acidente de carro Montgomery Clift ficou ainda mais recluso e retraído. Sentindo fortes dores de cabeça e sofrendo com as consequências do acidente as chances de sair para cortejar com qualquer pessoa, seja homem ou mulher, ficaram nulas. Clift morreu solteirão e carregando uma injusta fama de homossexual quando na verdade ele simplesmente parecia estar além do sexo.

Pablo Aluísio.

Montgomery Clift - Além da Alma - Parte 1

Edward Montgomery Clift nasceu em uma família aristocrata de Omaha, Nebraska, a mesma cidade que deu ao mundo outro gênio da atuação, Marlon Brando. Entre os dois atores haveria sempre uma coincidência de destinos. Eles nasceram na mesma década (Clift em 1920 e Brando em 1924) e na mesma cidade. Durante os anos 1950 se tornariam grandes astros do cinema americano, elogiados por suas grandes atuações nas telas. Apenas as origens sociais eram diferentes. Enquanto Montgomery Clift nasceu no lado rico de Omaha, em uma família bem tradicional da cidade, Brando era apenas o filho de um caixeiro viajante, membro de uma família bem disfuncional que vivia no lado pobre de Omaha, do outro lado da linha do trem.

Mesmo assim o destino e a sétima arte os uniriam, até mesmo porque a riqueza da família Clift seria tragada por causa da grande depressão que arrasaria a economia americana em 1929, durante a quebra da bolsa de valores de Nova Iorque. O pai de Monty, um rico especulador de ações, perderia praticamente tudo com a crise. Arruinados financeiramente, a família Clift mudou-se então para Nova Iorque, deixando o meio oeste durante os anos 1930. Essa mudança de cidade iria também mudar para sempre o destino de Montgomery Clift. Criado para ser um dândi da elite de Nebraska, ele precisou rever seus conceitos na grande cidade, na grande Maçã, como Nova Iorque era conhecida.

Ao invés de estudar em colégios privados tradicionais ele foi parar em uma escola pública do Brooklyn. Monty que sempre havia estudado com jovens ricos e bem educados de Omaha, se viu de repente no meio de um pessoal mais barra pesada, que partia para a briga nos intervalos. Nova Iorque era realmente uma selva e para sobreviver por lá o jovem Monty precisou se impor, não por meio de sua educação refinada, mas sim pela força dos punhos. Sem dúvida foi uma mudança brutal, de um meio aristocrático, para um realidade bem mais pé no chão.

Em meio a tantas mudanças algo no novo colégio mudaria para sempre sua vida. Ele se apaixonou pelo teatro. O departamento teatral da escola era muito bom, muito original, um ambiente que valorizava o talento dos alunos que mostravam o interesse pela arte de interpretar. Monty foi fisgado desde os primeiros dias. Ele sabia que Nova Iorque era um dos lugares mais efervescentes do mundo em termos teatrais. Havia muitas peças sendo encenadas na Broadway e no circuito Off-Broadway. As oportunidades estavam em todos os lugares. Vendo que poderia arranjar trabalho no meio teatral da cidade ele se empenhou nas peças escolares em que atuou. Seu objetivo era ganhar experiência para partir para a Broadway, até porque trabalhar havia se tornado uma necessidade em sua casa, pois seu pai enfrentava muitas dificuldades para arranjar um emprego.

Pablo Aluísio.