domingo, 15 de abril de 2018

Jennifer Aniston

Ontem a atriz Jennifer Aniston escreveu um texto que teve grande repercussão na internet e na imprensa em geral. Eu particularmente gostei bastante do que ela disse em poucas, mas bem escritas linhas. Ela resolveu se manifestar depois que um tabloide publicou fotos suas de férias na praia, com o companheiro. Por estar um pouco fora dos padrões de beleza nas fotos tiradas em trajes de verão, o jornaleco logo anunciou que ela estaria grávida! Claro que se tratava de uma invasão de privacidade da atriz, uma coisa bem ofensiva, um verdadeiro assédio de natureza sensacionalista. Assim, depois de anos de silêncio, Aniston resolveu se manifestar. Ela esclareceu que não estava grávida, mas farta de tanta invasão em sua vida privada. Também fez uma bem elaborada análise sobre a forma preconceituosa que as mulheres em geral são tratadas e rotuladas pela sociedade de acordo com seu status civil, julgadas de acordo com visões ultrapassadas e anacrônicas de um passado que não faz mais sentido. Obviamente Aniston se sentiu incomodada pelo fato de não ter filhos, não ter optado por ser mãe e ser julgada por isso.

Em certo trecho ela escreveu: "A forma como sou retratada pela mídia é simplesmente um reflexo de como nós vemos e retratamos as mulheres em geral, todas medidas por um padrão de beleza torto. O mês passado em particular me trouxe luz sobre o quanto a gente define uma mulher com base em seu status matrimonial ou maternal. Somos completas com ou sem um companheiro, com ou sem filhos. Somos nós quem temos que decidir, por nós mesmas, o que é bonito quando o assunto é nosso corpo. A decisão é nossa, e só nossa. Vamos tomar essa decisão por nós mesmas e pela jovens mulheres neste mundo que nós veem como exemplo. Não precisamos ser casadas ou mães para ser completas. Nós que determinamos nosso próprio 'felizes para sempre".

A sociedade em que vivemos ainda é muito atrasada, sob qualquer ponto de vista. As mulheres solteiras sofrem enorme estigma social apenas pelo fato de terem optado por uma vida sem filhos e sem companheiros. Aquelas frases do tipo "Ficou para titia" são extremamente cruéis e imbecis se formos pensar bem. Cada um é dono de si e do seu futuro. Ninguém precisa se acomodar em padrões pré-estabelecidos. Além disso é inegável o fato de que uma mulher ser casada e ter filhos não significa necessariamente que ela seja feliz e realizada. Muitas vezes é justamente o contrário disso.

Como advogado já presenciei divórcios de casamentos simplesmente desastrosos. Casais que na verdade se odiavam e só levaram um casamento em ruínas em frente por causa de dinheiro ou dos filhos. Muitos desses casamentos só se fundaram em interesses econômicos. São uniões matrimoniais que nasceram pelos motivos errados. Quando se vê esses casamentos de perto se encontra de tudo, menos amor verdadeiro ou felicidade. Ter filhos também é uma decisão muito séria. Só tenha filhos quem realmente tiver aptidão para isso. Filhos são caros, problemáticos e se tornam uma obrigação para toda a vida. O mundo já está cheio, não temos problema de população! Não ter filhos é um favor para a sociedade nos dias de hoje! Pessoas que não possuem e nem querem esse tipo de obrigação fariam um bem para a sociedade simplesmente não tendo filhos. Os casos de casais que se enchem de filhos e depois os jogam para a sociedade é uma triste realidade do nosso mundo.

Dessa maneira o desabafo da Jennifer Aniston foi muito pertinente e relevante. Cada um é feliz ao seu próprio modo. Para alguns o casamento seria a felicidade, para outros não. Casais podem viver felizes por longos anos sem nunca terem se casado. São namorados eternos e são mais felizes do que muitos casais com papel passado. Não há nada de errado sobre isso. A visão preconceituosa de que as pessoas solteiras são infelizes, possuem algum tipo de problema e nunca se realizaram na vida é de um primitivismo burro absurdo. Como a Aniston deixou claro em seu texto a definição de "Felizes para sempre" cabe a cada um de nós, sem amarras ou preconceitos.

Pablo Aluísio.

sábado, 14 de abril de 2018

Jason Statham - Chaos

O filme se chama "Chaos" (no Brasil "Caos"). Foi produzido em 2005, mas eu nunca havia assistido. Como achei o elenco interessante e como se trata de uma produção britânica resolvi conferir. Aliás aqui vai uma dica que é (quase) certeira: qualquer filme policial inglês com Jason Statham é no mínimo bom. Todos sabem que Jason é bem irregular na carreira, alternando bons filmes com porcarias, porém quando ele acerta a coisa toda funciona muito bem. E sabe-se lá o porquê o fato é que sempre quando trabalha no cinema inglês a coisa dá certo.

Veja o caso desse filme policial. É fato que qualquer filme sobre roubo de bancos agrada. É muito difícil errar a mão nesse tipo de roteiro. Agora imagine colocar como vilão do enredo o ator Wesley Snipes. Ele passou um tempo na prisão por sonegação de impostos, mas conseguiu dar a volta por cima. Não cometeria o absurdo de dizer que Snipes é um grande ator, porém dentro do tipo de filme que ele se propôs a estrelar se sai muito bem. Pois bem, aqui está Snipes no comando de um grande roubo a banco. Sua quadrilha tem entre 10 a 12 homens. Todos fortemente armados. Como era hora de pico, de movimento, o banco estava lotado quando a quadrilha chega. Assim rapidamente são feitos de reféns mais de 40 pessoas. E agora como negociar com uma situação de tensão como essa?

Para surpresa da polícia o personagem de Snipes, que usa o codinome de Lorenz (o nome do criador da chamada teoria do caos, cujo roteiro irá explicar lá pelo final), só pede uma exigência: Que seja trazido para as negociações o detetive Quentin Conners (Jason Statham), O veterano policial vive seu inferno astral. Ele participou de uma outra ação com refém onde deu tudo errado. A vítima indefesa foi atingida em cheio pela própria polícia. Julgado, conseguiu escapar de ser expulso da corporação, mas acabou pegando uma suspensão pesada. Agora, no ostracismo, ele precisa voltar para negociar com Lorenz e sua quadrilha. Uma situação ruim que pode terminar muito mal (novamente).

Esse filme me agradou por vários aspectos. Não foi pela presença de Ryan Phillippe, que sempre considerei fraco e nem tampouco por causa de Snipes. Em minha forma de ver o que melhor funciona em "Chaos" é o seu roteiro. A trama dá uma guinada e tanto e de repente somos surpreendidos por algo que era realmente inesperado. Eu sou até muito bom em desvendar "pegadinhas cinematográficas", mas aqui confesso que não matei a charada. Sem querer estragar a diversão de ninguém o fato é que o espectador deve ficar de olho aberto em relação aos personagens de Snipes e Statham. Eles definitivamente não são o que aparentam ser... Mas enfim, vou ficando por aqui. Deixo assim a dica desse "Chaos". Filmes policiais andam tão banalizados, mas esse aqui certamente vale a pena (e a diversão).

Caos (Chaos, Inglaterra, 2005) Direção: Tony Giglio / Roteiro: Tony Giglio / Elenco: Jason Statham, Ryan Phillippe, Wesley Snipes / Sinopse: O veterano policial Quentin Conners (Jason Statham) é suspenso da corporação após a morte de uma refém durante uma situação de sequestro. Agora ele terá que voltar rapidamente à ativa pois o líder de uma quadrilha de assaltantes de bancos, conhecido como Lorenz (Snipes) exige sua presença numa cena de crime onde mais de 40 pessoas inocentes também estão feitas de reféns.

Pablo Aluísio.

Jack Nicholson - A Few Good Men

Nos anos 90 Jack Nicholson já estava com pensamento de se aposentar. Afinal ele tinha feito de tudo na carreira, estava mais do que consagrado. Não havia mais barreiras a atravessar. Mesmo assim Jack deixava a porta aberta. De repente poderia surgir algum roteiro interessante, quem sabe... Em 1992 Jack finalmente encontrou um bom texto pela frente. Era uma adaptação de uma peça teatral de sucesso. O filme iria se chamar "Questão de Honra" e Jack aceitou interpretar um militar linha dura que era desafiado em um tribunal.

Quando o diretor Rob Reiner entrou em contato com Jack levou um susto pelo cachê que ele esperava receber. Nicholson pediu meio milhão de dólares por dia trabalhado. Ele tinha apenas quatro cenas no filme, mas isso significaria um risco para o estúdio já que Jack poderia levar muitos dias para terminar sua parte. Mesmo com relutância os produtores aceitaram o valor. Esperava-se que Jack terminasse sua parte em 10 dias, o que significaria 5 milhões de dólares para ter a honra de estampar seu nome no cartaz do filme. Com tudo certo, Jack começou seu trabalho, indo ao figurino, debatendo partes do roteiro com o diretor, etc.

A produção também contava com o astro Tom Cruise. Logo no começo dos trabalhos Jack criou uma antipatia natural com Tom. Eles vinham de escolas diferentes de atuação. Jack era um veterano, havia estrelado excelentes filmes, clássicos, enquanto Cruise era o típico astro de Hollywood. Além disso ele seguia uma religião estranha, a Cientologia, que Jack dizia publicamente ser um "monte de besteiras". O clima entre eles nunca foi bom. Para o diretor Rob Reiner isso não era necessariamente um problema, já que os personagens deles se antagonizavam no filme. Assim era até bom que eles não se gostassem também fora das telas.

Enquanto as filmagens avançavam Jack amargou um fracasso comercial. O filme "O Cão de Guarda" estreou nas telas de cinema e conseguiu faturar apenas 4 milhões de dólares. Um desastre.  Jack chegou a comentar com amigos: "Esse filme não é bom, o roteiro é fraco. Fiz pela minha amizade a Bob Rafelson. Eu devo favores a ele." Jack sabia que Rafelson já havia fracassado antes e por isso decidiu que queria dar uma força ao amigo fazendo esse filme, mas sabia também que muito provavelmente as coisas não iriam sair bem. Jack não se abalou. Ele sabia que "Questão de Honra" tinha potencial, que havia chances até mesmo dele concorrer a um Oscar. Tudo era possível.

Jack acabou acertando. Assim que o filme chegou nos cinemas a recepção da crítica americana foi a melhor possível. O ator recebeu muitos elogios pelo seu trabalho e o filme recebeu quatro indicações ao Oscar, inclusive uma de melhor ator coadjuvante para o próprio Jack. Na vida pessoal as coisas também iam muito bem. Ele havia se tornado pai de novo e apesar da felicidade da paternidade decidiu que iria continuar a morar sozinho. Perguntado sobre isso, o ator respondeu com sinceridade: "Ao longo da minha vida morei com muitas mulheres. Já fiz minha parte. Depois de tantas experiências descobri que prefiro morar sozinho. Ela fica na sua casa e eu na minha. Ninguém enche o saco de ninguém e todos são felizes".

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 13 de abril de 2018

O Exorcista - Segunda Temporada

Ontem terminei de assistir a segunda temporada da série "O Exorcista". Como já escrevi antes essa temporada foi bem melhor do que a primeira, até porque os primeiros episódios da série nunca conseguiram acertar direito. Na segunda temporada vários personagens foram cortados, ficando basicamente apenas os padres Tomas e Marcus. Esse foi um acerto grande dos roteiristas. Tiraram aquele núcleo familiar insuportável de Geena Davis e focaram apenas nos dois padres exorcistas, agora andarilhos, viajando pelo interior dos Estados Unidos. Numa dessas jornadas eles encontram um orfanato, ou melhor dizendo, uma família que acolhe órfãos.

No lugar já havia acontecido uma chacina ao estilo Amityville, assim era de se supor que alguma manifestação demoníaca estivesse agindo naqueles bosques. E realmente era verdade. O roteiro dos primeiros episódios da segunda temporada são muito bons, tanto que consigo até mesmo dizer que é melhor ignorar a primeira temporada e partir logo para essa.  Aos poucos a qualidade vai decaindo um pouco, mas nada muito grave. Por isso de maneira em geral acabei gostando dessa segunda season. No episódio final chega-se até a pensar que o padre Marcus vai embora, abandonado a série (o que seria um erro absurdo), mas a última cena deixa tudo em aberto. Gostei também da ideia de colocar o padre Tomas dentro da mente dos possuídos, enfrentando o diabo praticamente face a face. Com efeitos especiais muito bons - para uma série de TV - o desfecho me deixou satisfeito. Assim vou continuar assistindo, caso haja uma terceira temporada e olha que quase larguei tudo no episódio piloto.

O Exorcista - Segunda Temporada (The Exorcist, Estados Unidos, 2018) Direção: Jeremy Slater, entre outros / Roteiro: Jeremy Slater, entre outros / Elenco: Alfonso Herrera, Ben Daniels, Kurt Egyiawan / Sinopse: Nessa segunda temporada dois padres exorcistas chegam numa pequena cidade do interior dos Estados Unidos, numa região onde aconteceu um crime terrível no passado. Pelas circunstâncias tudo leva a crer que o demônio ainda age no lugar, colocando em risco a vida de um grupo de adolescentes que vive em uma casa orfanato.

Episódios Comentados:

O Exorcista - 2.03 - Unclean
Nesse episódio o Padre Tomas Ortega (Alfonso Herrera) e seu fiel parceiro de exorcismos o ex-Padre Marcus Keane (Ben Daniels) chegam em Seattle para atender um pedido de socorro de uma mãe que diz que sua filha está possuída. Assim que entram na casa Marcus desconfia do que está realmente acontecendo. A garota não demonstra os sinais claros de possessão. Pelo contrário, ela parece ter sido induzida naquele estado por sua mãe, que leu vários livros sobre exorcismos e ficou obcecada com o assunto. Marcus assim nega que seja realizado o ritual, mas Tomas pensa diferente, que a garota precisa sim de um exorcismo, criando um clima bem ruim entre os dois. Enquanto eles não chegam em um acordo uma revoada de corvos se dirige para uma casa que serve como orfanato para crianças e adolescentes abandonados. Os pássaros acabam atingindo a casa com violência, demonstrando que algo sobrenatural está prestes a acontecer. Bom episódio de uma série que em minha opinião ainda não se encontrou completamente./ O Exorcista - 2.03 - Unclean (EUA, 2016) Direção: Ti West / Roteiro: Jeremy Slater / Elenco: Alfonso Herrera, Ben Daniels, Zuleikha Robinson, Kurt Egyiawan, Li Jun Li, Brianna Hildebrand.

O Exorcista 2.04 - One For Sorrow
 A primeira temporada de "O Exorcista" não foi grande coisa. Presos em certos personagens, tirados do filme clássico, a coisa não fluiu muito bem. Percebi porém que essa era aquele tipo de série que deveria se persistir assistindo, mesmo com os episódios fracos iniciais. Nessa segunda temporada já temos outro plot, que está muito interessante mesmo. Desde os primeiros episódios, ainda lá na primeira temporada, eu percebi que a melhor coisa dessa série era a dupla formada pelo padre Tomas Ortega e o ex-sacerdote (agora excomungado) Marcus Keane! E minhas impressões iniciais só se confirmaram com o tempo. Os roteiristas tiveram a ótima ideia de tirar eles da cidade grande, os fazendo andar por pequenas cidadezinhas do interior, onde acabam encontrando novos casos para exorcizar. Os três primeiros episódios dessa segunda temporada já foram muito bons, que agora ficam melhores com a chegada dos dois padres em um orfanato que está sendo acuado por diversas manifestações sobrenaturais. Aviso de spoler! A cena final desse episódio quando se descobre que a garotinha Grace já não mais pertence a esse mundo é de arrepiar! Simplesmente imperdível!/ O Exorcista 2.04 - One For Sorrow (EUA, 2016) Direção: So Yong Kim / Roteiro: Jeremy Slater / Elenco: Alfonso Herrera, Ben Daniels, Zuleikha Robinson, Kurt Egyiawan, Li Jun Li, Brianna Hildebrand

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 12 de abril de 2018

Perdidos no Espaço

Finalmente depois de um tempo assisti a essa nova versão de "Perdidos no Espaço". Não, não é um filme novo, mas sim uma série da Netflix. Confesso que minhas expectativas não estavam muito altas, principalmente depois de ver cenas avulsas do episódio piloto. Havia modificações ali que me deixaram um pouco de sobreaviso. Só que após conferir o primeiro episódio pude constatar que a série - pelo menos tirando em média nesse primeiro programa - está realmente boa, diria até acima do que eu esperava. A trama segue basicamente sendo a mesma: uma família de astronautas perde o rumo após sua nave, a Jupiter 2, sofrer um acidente. Eles vão parar em um planeta desconhecido, fora do nosso sistema solar. Após se recuperarem do pouso forçado começam os problemas. A nave afunda numa fenda de gelo. As temperaturas são congelantes e eles precisam achar um jeito de ir embora dali.

A Judy também fica presa no gelo congelado ao mergulhar na fenda onde está a Jupiter 2. Antes dela conseguir sair da água essa congela completamente. Bom, se você alguma vez assistiu na vida ao seriado clássico vai saber que três personagens sempre dominaram todas as atenções: o garoto Will Robinson (aqui menos cerebral e gênio do que o primeiro), o Robô (que estava sempre soltando a expressão "Perigo! Perigo!) e é claro o Dr. Smith, alívio cômico e grande vilão (embora querido) da série original. Os três estão de volta. O Robô agora não é a velha "lata de sardinhas" dos tempos passados, mas sim uma criatura high-tech que inclusive consegue mudar o formato de seu corpo, se tornando ora mais aracnídeo, ora humanoide! Em relação ao Dr. Smith temos uma surpresa e tanto. Não é mais um senhor já idoso, mas sim uma mulher. Bom, em termos. Na verdade a personagem que vai ser a nova Dra. Smith é apenas uma fugitiva que rouba um casaco de um engenheiro chamado... Dr. Smith! Estou realmente curioso para ver como isso vai se desenvolver. Então é isso. Ainda só vi até o momento o primeiro episódio, mas posso antecipar que gostei do que assisti. Espero que mantenha o bom nível nos próximos episódios.

Perdidos no Espaço (Lost in Space, Estados Unidos, 2018) Direção: Tim Southam, Neil Marshall, Stephen Surjik, Deborah Chow / Roteiro: Vivian Lee, Kari Drake, Katherine Collins, baseados na série original criada por Irwin Allen, Matt Sazama e Burk Sharpless / Elenco: Maxwell Jenkins (Will Robinson), Parker Posey (Dra. Smith), Brian Steele (O Robô), Toby Stephens (John Robinson), Molly Parker (Maureen Robinson), Taylor Russell (Judy Robinson), Mina Sundwall (Penny Robinson), Ignacio Serricchio (Don West) / Sinopse: A nave Jupiter 2 sofre um acidente e vai parar em um planeta desconhecido, onde a tripulação, formada pela família Robinson, terá que sobreviver a todos os perigos desse novo universo.

Pablo Aluísio.

The Terror

Nova série da produtora AMC (uma das minhas preferidas nesse ramo). Aqui voltamos ao passado. O ano é 1847. A Marinha Real Inglesa envia dois navios para explorar o Círculo Polar Ártico. Não é uma viagem comum ou simples de realizar. A região é extremamente perigosa, não apenas pelos mares congelados, mas também pelo clima extremo a que são submetidos todos os homens da tripulação. Ambas as embarcações estão sob o comando de um capitão que almeja mais a glória da conquista e da aventura, do que propriamente em navegar com segurança. Assim ele resolve ignorar os conselhos de seu imediato, avançando rumo ao norte mesmo com a aproximação de um inverno absurdamente rigoroso.

A produção é ótima. Logo nas primeiras cenas do episódio piloto já percebemos que vem coisa por aí. Aliás boas séries são assim, elas conquistam o espectador desde o primeiro episódio, caso contrário não valem mesmo a pena. Aqui temos um roteiro inteligente, seguindo as linhas históricas com precisão. O Ártico, uma imensa massa de oceanos congelados, não forma um continente como a Antártida. Isso porém era desconhecido por esse pioneiros que acabaram se dando mal por causa das condições climáticas da região. Nem as bússolas conseguiam parar no lugar por causa do eixo magnético da Terra. Então é isso. Por enquanto só vi o primeiro episódio chamado "Go For Broke", mas já posso adiantar que a série é coisa fina. Em tempo: nessa primeira temporada são previstos dez episódios. Espero acompanhar todos eles.

The Terror (Estados Unidos, 2018) Direção: Tim Mielants, Edward Berger. Sergio Mimica-Gezzan / Roteiro: David Kajganich, Andres Fischer-Centeno / Elenco: Jared Harris, Ciarán Hinds, Tobias Menzies, Ian Hart / Sinopse: Dois navios da Marinha Real Britânica partem rumo ao Círculo Polar Ártico para explorar a região, sem saber das imensas dificuldades que encontrarão pela frente.

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Hostis

Um faroeste estrelado pelo ator Christian Bale? Taí algo que chama a atenção desde a primeira vez que você ouve falar desse filme! É uma combinação que me fez assistir a esse western assim que tive oportunidade. E logo no começo percebemos que vem coisa boa. A primeira cena é brutal. Temos um rancho onde vive um casal e suas duas pequenas filhas. O homem está cortando madeira quando percebe um grupo de índios Cheyenne se aproximando. O massacre se torna inevitável. Naqueles tempos pioneiros a lei que prevalecia no velho oeste era a do mais forte. É triste ver crianças sendo mortas, mas é através dessa primeira cena que as coisas começam a tomar rumo no roteiro.

Em um forte próximo o Capitão da cavalaria Joseph J. Blocker (Christian Bale) é designado para uma nova missão. E isso envolve a escolta de um antigo chefe tribal. Ele odeia índios. Passou a vida inteira matando nativos em guerras sangrentas, de pura barbárie na fronteira. Por isso fica indignado quando é designado para levar o velho indígena para o território mais ao norte, onde ele poderá reencontrar seu antigo lar. O antigo chefe tribal é conhecido do capitão. No passado eles estiveram em linhas diferentes no campo de batalha. O militar da cavalaria o considera apenas um assassino cruel. Seguindo ordens - com ameaças de ir para a corte marcial - ele finalmente obedece às ordens. Forma uma pequena tropa e começa a seguir viagem pelo oeste. O caminho está cheio de guerreiros ávidos em derramar sangue dos "jaquetas azuis", os soldados da cavalaria. O pior é que ele terá que manter a vida do chefe a salvo, custe o que custar. Claro que no meio da jornada o destino do capitão se cruza com a da mulher do rancheiro assassinado na primeira cena do filme, a única sobrevivente do massacre envolvendo toda a sua família. Esse encontro será a espinha dorsal de toda a história do filme.

De maneira em geral gostei bastante desse novo western. Ele tem o que poderíamos chamar de velho charme dos faroestes do passado. Claro que há também um desenvolvimento maior da parte psicológica de todos os personagens, em especial do capitão de Bale. É um homem forjado pela guerra e pela violência que não consegue viver de outra forma. O filme é um pouco mais longo do que o habitual, com mais de duas horas de duração, mas não senti o tempo passar. Roteiro, reconstituição de época, figurinos, tudo muito bem realizado. A produção é ótima, com belas paisagens do velho oeste. Por fim uma pequena ressalva. O ator Ben Foster interpreta um militar que está sendo enviado para a forca após cometer crimes de guerra. Ele obviamente tem uma personalidade psicopata o que cria uma certa afinidade com o capitão interpretado por Bale. Afinal ambos fizeram parte de grandes carnificinas no passado. Esse personagem poderia render muito mais, até porque Foster é um dos melhores atores de sua geração. Porém infelizmente ele não tem o potencial aproveitado. Um pequeno deslize de um filme realmente muito bom que vai agradar aos fãs do bom e velho western americano.

Hostis (Hostiles, Estados Unidos, 2017) Direção: Scott Cooper / Roteiro:  Scott Cooper, Donald E. Stewart / Elenco: Christian Bale, Rosamund Pike, Ben Foster, Scott Shepherd, Jonathan Majors / Sinopse: Capitão da cavalaria é designado para levar um velho e doente chefe indígena e sua família para uma reserva no Colorado. Ele odeia isso, simplesmente por odiar nativos em geral. Para ele servir de escolta para o inimigo seria o maior dos absurdos, Porém, ordens são ordens, e ele parte em sua jornada rumo ao destino final. No caminho acaba encontrando guerreiros cheyennes, fazendeiros armados e clima hostil.

Pablo Aluísio. 

Submersão

Wim Wenders é um diretor cultuado pelos cinéfilos. Alguns de seus filmes são considerados obras primas da sétima arte. Aqui porém ele decidiu trilhar caminhos mais convencionais. O roteiro divide a sua história em dois momentos bem definidos. No primeiro temos o encontro entre Danielle Flinders (Alicia Vikander) e James More (James McAvoy); Eles estão no mesmo hotel, curtindo férias. Depois de um breve encontro na praia, onde rápidas apresentações são feitas, começam a namorar.  Ela é uma cientista, no momento fazendo um estudo sobre a vida em regiões escuras e desconhecidas dos oceanos. Ele se diz engenheiro especializado em recursos hídricos. Conforme o filme avança vamos descobrindo que ele está obviamente mentindo para ela.

No segundo momento, após eles se separarem com promessas de reencontro, o filme fica bem melhor. Danielle embarca em uma missão de estudo, fazendo parte da equipe de um submarino de submersão em grandes profundezas. Como se trata de um mergulho muito profundo nas fossas oceânicas muita coisa pode dar errada. Já James vai para a Somália, região situada no chamado chifre da África, em constante guerra civil. Novamente usando o disfarce de engenheiro de águas ele entra no país, mas é sequestrado no aeroporto da capital por terroristas. Afinal, há suspeitas que ele é um agente do serviço secreto britânico. Embora Wim Wenders tenha feito seu filme mais convencional, uma produção conjunta entre produtores alemães e franceses, seu estilo de cinema ainda pode ser percebido em diferentes momentos do filme, principalmente quando os protagonistas estão em algum tipo de crise existencial. No geral é uma produção que funciona melhor como tensão (com a descida ao fundo do oceano) e violência (com o sequestro dos terroristas) do que como filme romântico. Winders parece ter atirado para dois alvos, não acertando direito nenhum deles.

Submersão (Submergence, França, Alemanha, 2017) Direção: Wim Wenders / Roteiro: Erin Dignam, baseado no romance de J.M. Ledgard / Elenco: Alicia Vikander, James McAvoy, Alexander Siddig / Sinopse: O filme narra a história do romance entre Danielle (Alicia Vikander) e James (James McAvoy); que se conhecem em um hotel à beira-mar. Depois de um breve namoro eles precisam se separar, pois cada um tem seus compromissos profissionais. Ela vai para uma missão nas profundezas do oceano e ele parte para a Somália, um país em guerra civil, infestado por terroristas islâmicos. Filme indicado no San Sebastián International Film Festival na categoria de Melhor Filme europeu do ano.

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 10 de abril de 2018

Você Nunca Esteve Aqui

Não adianta esperar que o ator  Joaquin Phoenix venha a interpretar uma pessoa normal. Isso está fora de seus planos há anos. Assim quando o vejo na lista de qualquer elenco já espero de antemão que venha personagens bizarros e estranhos pela frente. É justamente o que ocorre nesse seu novo filme. Phoenix interpreta um sujeito bem esquisito. Com barba messiânica, ao estilo profeta do velho testamento, ele mora com a mãe idosa em um pequeno apartamento. Vida dura. Aos poucos descobrimos que ele faz pequenos "serviços" para sobreviver. Entenda-se serviços sujos no submundo. Também fica claro desde o começo que ele tem muitos problemas psicológicos. Na verdade é um suicida em potencial. Seu novo serviço consiste em localizar uma garota menor de idade que está em um prostíbulo frequentado por pedófilos. Mais barra pesada impossível.

O sujeito não usa armas, para isso prefere martelos, daqueles de construção civil. Um único golpe na cabeça de seu opositor já resolve a questão. Claro que nas brigas ele também acaba se ferindo, mas isso não é problema. Ele consegue arrancar seus dentes quebrados com um alicate! Com a boca cheia de sangue dá um sorriso psicótico. Pois bem, o que parecia ser mais um servicinho sujo acaba trilhando outros caminhos. Figurões políticos pedófilos estão no meio de seu caminho e até mesmo os tiras parecem encobrir os crimes desses figurões. Perceba que a imagem de políticos em geral não é péssima apenas no Brasil, mas no mundo todo. Aqui eles são retratados como vermes imundos. O filme é pesado, sombrio e não abre margem para muitos clichês desse tipo de produção. Não é um filme de ação, está mais para drama existencial com cenas brutais. Se for o que estiver procurando é uma das melhores opções de Menu à disposição.

Você Nunca Esteve Aqui (You Were Never Really Here, Estados Unidos, 2017) Direção: Lynne Ramsay / Roteiro: Lynne Ramsay, baseado no romance escrito por Jonathan Ames / Elenco: Joaquin Phoenix, Judith Roberts, Ekaterina Samsonov / Sinopse: Veterano na guerra do Afeganistão, Joe (Phoenix) ganha a vida agora fazendo pequenos e grandes serviços sujos. Um sujeito brutal que usa martelos de construção civil para esmagar os crânios daqueles que ficam em seu caminho. Agora ele é contratado para localizar uma garota menor de idade que está semi escravizada em um prostíbulo para pedófilos. Entre os envolvidos estão figurões do mundo político, entre eles o próprio governador do estado. Filme premiado no Cannes Film Festival nas categorias de Melhor Ator (Phoenix) e Melhor Roteiro.

Pablo Aluísio.

Paterno

Filme baseado em fatos reais. Al Pacino interpreta Joe Paterno, um treinador veterano de futebol americano. Querido pelos torcedores e jogadores de sua equipe, um nome muito respeitado no mundo do esporte, ele vê toda a sua carreira desmoronar quando uma jovem jornalista chamada Sara Ganim (Riley Keough) começa a investigar uma série de denúncias envolvendo pedofilia de um dos membros da equipe de Paterno. O que parecia algo baseado apenas em rumores, começa a ganhar uma grande dimensão quando vários outros casos de abuso sexual infantil começam a ser descobertos. Pior do que isso, muitos dos abusos foram cometidos dentro do estádio do time de futebol, algo que seria facilmente descoberto pelo veterano treinador. Teria ele se omitido diante desses crimes? Encobriu de alguma forma os abusos envolvendo crianças? O que realmente fez para que seu assistente pedófilo fosse acusado e preso? Estaria envolvido nos crimes de alguma forma? São perguntas que o roteiro vai desvendado aos poucos...

Al Pacino volta ao mundo do futebol americano, terreno que ele não pisava desde "Um Domingo Qualquer" de 1999. Ao contrário desse outro filme, que de certa maneira louvava o esporte, esse aqui mostra um dos piores escândalos envolvendo treinadores, cartolas e jogadores. Algo que gerou grande escândalo nos Estados Unidos quando foi desvendado. Mostra que a pedofilia está em praticamente todos os setores da sociedade, envolvendo até mesmo pessoas acima de qualquer suspeita. Além do velho Pacino, novamente muito bem em sua atuação, com grandes e pesados óculos de grau, outro destaque do elenco é a atriz Riley Keough. A neta de Elvis Presley, que começou profissionalmente no mundo da moda, tem surpreendido cada vez mais como atriz. Sempre escolhendo personagens mais desafiadoras, ela tem se destacado em sua geração. Aqui atua em um filme com o grande Al Pacino, um dos mais consagrados atores da história do cinema, mais uma amostra que a garota vai realmente longe na carreira.

Paterno (Paterno, Estados Unidos, 2018) Direção: Barry Levinson / Roteiro: Debora Cahn, John C. Richards / Elenco: Al Pacino, Riley Keough, Annie Parisse / Sinopse: Joe Paterno (Al Pacino), um treinador veterano de futebol americano, há 60 anos considerado um dos melhores profissionais do esporte, vê sua imagem ser destroçada pela mídia após o envolvimento de um de seus assistentes em um caso envolvendo inúmeros abusos sexuais de menores. O homem, um criminoso pedófilo, acaba arrastando Paterno para o centro do escândalo, quando todos começam a se perguntar se o treinador de alguma forma encobriu tudo o que estava acontecendo ao seu redor.

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Solaris

Em 1972 o mundo do cinema ficou surpreendido por uma das obras primas da ficção, o filme russo "Solaris" de Andrei Tarkovsky. Até hoje o filme é cultuado por representar um salto absurdo em termos de roteiro e ambientação. Para celebrar os 30 anos de seu lançamento original o ator George Clooney e o diretor Steven Soderbergh resolveram fazer um remake americano da obra. Então chegamos nessa versão de 2002. Tive a oportunidade de assistir no cinema. De fato considero um filme muito bom, embora não possa ser comparado com a versão original de Tarkovsky. Um dos acertos foi não aceitar fazer concessões comerciais, ou seja, transformar a trama em algo mais palatável para o público em geral. O mesmo clima opressivo foi mantido.

Isso ajudou e também prejudicou o filme em certos aspectos. O ritmo lento e a proposta mais cabeça não foi tão bem aceito no ocidente. Muitos criticaram a pretensão de Steven Soderbergh em tentar fazer algo melhor ou, pelo menos, igualar ao impacto que o filme russo causou nos anos 70. Comercialmente o filme foi um fracasso. Eu me recordo de ter assistido a uma entrevista de lançamento da produção, onde um George Clooney muito nervoso, tenso e estressado, rebatia as críticas de que o filme era "longo, chato e arrastado demais". Nesse ponto dei inteira razão a Clooney, uma vez que esses mesmos adjetivos poderiam ser usados contra o filme de 72. Como escrevi antes, não é um ficção comum, que se renda aos clichês do gênero. O roteiro traz algo a mais, com argumento bem complexo e com toques de surrealismo presentes. Tem que aceitar sua proposta para curtir a produção como um todo. Caso contrário o espectador vai achar mesmo tudo um grande tédio.

Solaris (Solaris, Estados Unidos, 2002) Direção: Steven Soderbergh / Roteiro: Steven Soderbergh, baseado no livro de Stanislaw Lem / Elenco: George Clooney, Natascha McElhone, Ulrich Tukur / Sinopse: Chris Kelvin (George Clooney) é um astronauta que orbitando um planeta distante começa a ter alucinações psicológicas perturbadoras, onde começa a ver estranhas criaturas andando pelos corredores de sua nave. Filme indicado ao Urso de Ouro do Berlin International Film Festival.

Pablo Aluísio. 

Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra

Eu acompanhei a carreira do ator Johnny Depp desde os anos 80. Naquela época ele só atuava em filmes mais cult, artísticos. Por isso era um dos jovens atores mais prestigiados pela crítica mundial. O tempo passou e em 2003 ele finalmente se rendeu ao cinemão mais comercial de Hollywood. Deixou sua imagem de ator alternativo de lado para abraçar esse blockbuster da Disney. O mais curioso dessa metamorfose é que o filme não era baseado em um livro, nem um game, mas sim em uma atração do parque Disneyworld, isso mesmo, um brinquedo muito popular entre os visitantes de lá. Absurdo? Ora, em Hollywood nada se cria, tudo se transforma, tudo se copia...

O curioso é que apesar de revisitar um velho tema em termos de gêneros cinematográficos, a dos filmes de piratas, bem populares nos tempos de Errol Flynn, essa nova produção tinha como alvo o público mais jovem, que frequentava salas de cinema dos shopping centers. Assim havia farto uso de efeitos especiais de última geração, com um toque de magia e fantasia que não ficariam deslocados em um filme da série "O Senhor dos Anéis". O resultado foi, pelos menos comercialmente, muito bom. Esse primeiro filme rendeu quase um bilhão de dólares, o colocando entre as maiores bilheterias de todos os tempos, abrindo espaço para uma franquia que não parece ter fim, pois até hoje em dia está em cartaz. Johnny Depp obviamente ficou milionário. Dos cachês pequenos dos filmes de arte, ele pulou para o primeiro time entre os mais bem pagos da indústria cinematográfica americana. Nada mais justo, uma vez que seu pirata Jack Sparrow (inspirado nos maneirismos de Keith Richards dos Stones) era certamente uma das melhores coisas do filme.

Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra (Pirates of the Caribbean: The Curse of the Black Pearl, Estados Unidos, 2003) Direção: Gore Verbinski / Roteiro: Ted Elliott, Terry Rossio / Elenco: Johnny Depp, Geoffrey Rush, Orlando Bloom, Keira Knightley / Sinopse: O Capitão Jack Sparrow (Johnny Depp) é um pirata do século XVII que precisa quebrar uma maldição envolvendo sua tripulação e seu navio, o Pérola Negra! Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Ator (Johnny Depp), Melhor Maquiagem, Melhor Mixagem de Som, Melhor Edição de Som e Melhores Efeitos Especiais. Também indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator - Comédia ou Musical (Johnny Depp).

Pablo Aluísio.

domingo, 8 de abril de 2018

A Exceção

A queda da antiga e tradicional monarquia prussiana abriu espaço para a subida ao poder do nazismo. Esse mais do que interessante filme mostra o que aconteceu com o Kaiser Wilhelm II (Christopher Plummer) vinte anos após perder o poder. Ele se encontrava isolado, no exílio na Holanda. Levava uma vida melancólica, mas igualmente tranquila até que a Alemanha invade a Holanda em 1940. Hitler imediatamente manda um capitão do exército do Reich para supostamente garantir a segurança pessoal do Kaiser, mas como o roteiro do filme mostra não era bem essa a intenção real. O filme se desenvolve justamente a partir da chegada do capitão ao velho casarão onde agora mora o Kaiser. Ele é um homem de idade avançada que ainda tem sonhos de voltar ao trono alemão. O que seria uma dádiva ao mundo se realmente acontecesse, pois era um homem calejado pela vida, com certa sabedoria, que jamais daria começo a uma guerra de proporções mundiais como a que os nazistas promoveram.

Claro que com Hitler no poder ele jamais voltaria à antiga glória da monarquia, porém a esperança ainda o movia. O filme tem uma sensibilidade bem orquestrada para mostrar esse lado sentimental, piegas e até ridículo de um antigo monarca que ainda respirava ideais que eram impossíveis de acontecer naquele momento histórico. Grande parte do que se vê na tela é mera ficção, mas o contexto histórico foi bem real, aconteceu de verdade. Um dos pontos altos do filme acontece quando o Kaiser destronado recebe a visita do braço direito de Hitler, a besta fera Heinrich Himmler, um monstro capaz de falar despreocupadamente na mesa de jantar sobre a melhor forma de executar crianças deficientes em campos de concentração. Claro que essa cena, muito bem realizada, muito provavelmente jamais aconteceu, mas serve como ponto de inflexão do grande trabalho de atuação do excelente Christopher Plummer em um papel que lhe caiu muito bem. Ele sai despedaçada interiormente do que ouve. Há também um romance entre o capitão e a empregada do Kaiser, mas essa parte da trama, apesar de importante na história, não consegue superar o grande trabalho de Plummer. Enfim, um filme muito bom, mostrando um lado periférico da história que poucos conhecem.

A Exceção (The Exception, Estados Unidos, Inglaterra, 2016) Direção: David Leveaux / Roteiro: Simon Burke, baseado no romance "The Kaiser's Last Kiss", escrito por  Alan Judd  / Elenco: Christopher Plummer, Lily James, Jai Courtney, Ben Daniels, Eddie Marsan / Sinopse:  Holanda, 1940. O Kaiser destronado Wilhelm II (Christopher Plummer) vê pela janela de sua casa a chegada de um destacamento do exército alemão. O país foi invadido por tropas nazistas e Hitler envia um capitão para cuidar da segurança pessoal do ex-monarca prussiano. Tudo porém está encoberto em uma grande neblina de falsa intenções e mentiras deliberadas por parte do III Reich. Filme indicado ao Golden Trailer Awards.

Pablo Aluísio.

Anastasia

Essa foi a primeira animação da Fox. Veio em um momento em que esse mercado começava a ser disputado pelos demais estúdios de Hollywood por causa dos grandes sucessos de bilheteria da Disney, que reinava sozinha e absoluta nesse mundo de longas de animação. Tecnicamente é um filme perfeito, a tal ponto de chegou a concorrer a dois Oscars (ambos relacionados ao maravilhoso trabalho que foi realizado em sua trilha sonora). O enredo foi escrito em cima da lenda que persistiu por décadas após a morte da família do último czar da Rússia, Nicolau II. Dizia-se que a sua filha mais jovem, Anastasia, teria sobrevivido ao massacre da revolução comunista. Ela teria ido embora, morar em algum lugar lugar da Europa. Era a última representante da monarquia destronada.

Claro que historicamente você não deve esperar muito dessa animação. A ideia dos produtores e do diretor Don Bluth (de "Fievel") era contar uma estorinha de conto de fadas, com princesas perdidas, etc. Nada de dissecar o que de fato aconteceu na revolução russa! O grande vilão é Rasputin, que na história real era um protegido da família Romanov (veja que ironia!). Os verdadeiros vilões da morte da família Romanov foram os comunistas que comandados por Lênin, promoveram um banho de sangue inocente na Rússia. Isso porém não é mostrado na animação. Todo o mal cabe apenas ao bruxo Rasputin, aqui voltando do mundo dos mortos, o que rende algumas sequências que na minha opinião nem eram muito adequadas para crianças. Afinal ele retorna praticamente como um zumbi, com pedaços de seu corpo caindo pelo caminho! Mesmo assim gostei de praticamente tudo, das músicas, do romance entre Anastasia e um jovem que vive de pequenos golpes, do estilo e da riqueza dos desenhos, da paleta de cores, etc. No final o filme foi elogiado pela crítica, mas não chegou a ser um campeão de bilheteria, apenas retornando um pequeno lucro para a Fox Talvez essa coisa toda de revisitar um período tão complicado da história tenha atrapalhado um pouco seu sucesso. Ignore esse aspecto e procure se divertir com o que a animação tem de melhor.

Anastasia (Anastasia, Estados Unidos, 1997) Direção: Don Bluth, Gary Goldman / Roteiro: Susan Gauthier, Bruce Graham / Elenco (dubladores): Meg Ryan, John Cusack, Christopher Lloyd, Kirsten Dunst, Angela Lansbury / Sinopse: O bruxo Raputin resolve amaldiçoar a família imperial da Rússia. Depois de uma noite de caos e violência apenas a princesa Anastasia consegue sobreviver. Ela vai parar em um orfanato, sem memória, sem lembrar de seu passado. Após se encontrar com um jovem ela decide ir a Paris para reencontrar sua avó, que a procura por anos e anos. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Música ("Journey To The Past" de Stephen Flaherty e Lynn Ahrens) e Melhor Trilha Sonora Original (Stephen Flaherty, Lynn Ahrens e David Newman).

Pablo Aluísio.

sábado, 7 de abril de 2018

O Rebelde no Campo de Centeio

J.D. Salinger foi um dos escritores mais aclamados e estranhos da literatura dos Estados Unidos. Ainda bastante jovem, recém saído da universidade, ele escreveu uma obra prima absoluta chamada "O Apanhador do Campo de Centeio". O livro vendeu 25 milhões de cópias e a crítica se rendeu ao talento daquele escritor iniciante. E depois disso aconteceu o inesperado. Ao invés de desenvolver uma longa e produtiva carreira literária, publicando outros grandes livros, Salinger simplesmente desapareceu. Foi morar em uma remota propriedade onde ficou praticamente recluso por décadas e nunca mais lançou outro livro na vida! Um fato surpreendente, ainda mais se formos pensar naquela figura caricata do gênio precoce que é lembrado por apenas uma única obra prima e nada mais.

Esse filme aqui tenta contar a história desse escritor (ou pelo menos o que se sabe após ele se retirar do mundo). Quando o filme começa Salinger é apenas um estudante universitário, tentando que alguns de seus contos curtos sejam publicados em revistas literárias. Ele tem um mentor, o professor Whit Burnett (Kevin Spacey, novamente roubando o filme para si), que o encoraja a escrever um romance com o mesmo personagem de seus contos, um jovem rebelde chamado Holden Caulfield que acabou virando um símbolo para a juventude da época. Outro bom aspecto desse filme biográfico é que ele explora também um lado pouco conhecido do escritor. Ele foi para a II Guerra Mundial como soldado, voltando para casa com sérios traumas do que viveu nos campos de batalha. Pode-se inclusive afirmar que ele nunca mais foi o mesmo depois dessa experiência, o que talvez explique, do ponto de vista psicológico, muitas das atitudes estranhas que tomou ao longo de sua vida. Enfim, muito bom (diria didático até) esse retrato de J.D. Salinger, um escritor sui generis, que escreveu apenas um romance, um clássico de seu tempo, para depois sumir  para sempre da vida pública.

O Rebelde no Campo de Centeio: A Vida de J.D. Salinger (Rebel in the Rye, Estados Unidos, 2017) Direção: Danny Strong / Roteiro: Danny Strong, baseado na biografia escrita por Kenneth Slawenski/ Elenco: Nicholas Hoult, Kevin Spacey, Victor Garber, Zoey Deutch / Sinopse: Anos 1940. Um jovem universitário que aspira ser um escritor, chamado J.D. Salinger (Nicholas Hoult), decide incentivado por seu professor, escrever um romance a quem chama de "O Apanhador no Campo de Centeio", se tornando assim um dos autores mais aclamados de seu tempo.

Pablo Aluísio. 

Chicago

Caso raro de musical que acabou vencendo o Oscar de melhor filme do ano. Foi ao meu ver uma forma de Hollywood prestigiar um gênero cinematográfico que teve seu auge na era de ouro, mas que depois, com os anos, foi sendo abandonado pelos estúdios. O roteiro dessa bonita produção assim procurou seguir os passos dos antigos musicais da Metro, muito embora tenha também adotado um estilo que fizesse referência aos musicais atuais da Broadway. Unindo os dois mundos acabou chegando em um ponto perfeito. É de fato um show, com excelente produção, contando inclusive com um elenco afiado. O mais interessante é que apenas Catherine Zeta-Jones tinha formação de bailarina. Nem Renée Zellweger e nem muito menos Richard Gere tinham a menor base para atuar em algo assim. O curioso é que apesar disso não fizeram feio e se saíram até muito bem.

O enredo e a trama são apenas alegorias de uma chicago dos anos 30 infestada de gangsters. Mero pretexto para números musicais cada vez mais bem elaborados. O curioso é que conseguiram unir uma estorinha de crimes, assassinatos passionais, com a beleza dos musicais da velha escola. Acredito que em certos momentos ficou um pouco desfocado, essa coisa de uma mulher matar seu marido mulherengo e na cena seguinte sair dançando e cantando por aí. Mas é a tal coisa, isso é algo típico de musicais americanos, é necessário entrar no espírito desse tipo de filme. No mais penso que "Chicago" foi importante pois se tornou um verdadeiro ponto de revitalização para esse tipo de produção. Depois de seu sucesso de público e crítica vieram outros filmes contemporâneos na mesma linha, sendo um dos mais bem sucedidos o mais recente "La-La-Land".

Chicago (Chicago, Estados Unidos, 2002) Direção: Rob Marshall / Roteiro: Bill Condon, Bob Fosse / Elenco: Renée Zellweger, Catherine Zeta-Jones, Richard Gere, Queen Latifah, John C. Reilly / Sinopse: Após matar seu marido, a dançarina e cantora Velma Kelly (Catherine Zeta-Jones) precisa recomeçar sua vida. Ela contrata o advogado Billy Flynn (Gere) para lhe defender nos tribunais. O criminalista também está defendendo outro caso passional envolvendo a jovem starlet Roxie Hart (Renée Zellweger), o que causa um frenesi na mídia sensacionalista. Filme vencedor de seis Oscars nas categorias de Melhor Filme, Melhor Atriz Coadjuvante (Catherine Zeta-Jones), Melhor Direção de Arte, Melhor Figurino, Melhor Edição e Melhor Som. Também vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Comédia ou Musical, Melhor Atriz (Renée Zellweger) e Melhor Ator (Richard Gere).

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 6 de abril de 2018

Rampage: Destruição Total

Mais um filme em cartaz atualmente nos cinemas do Brasil. Mais uma produção feita para o público adolescente. O "The Rock" Dwayne Johnson, que não é bobo, nem nada, apenas repete de certa maneira a fórmula de "Jumanji", filme que mal saiu de exibição nos cinemas. Basicamente tudo se resume em misturar atores de carne e osso com monstros digitais, com o melhor que existe em termos de computação gráfica para o cinema. Nesse enredo The Rock interpreta um biólogo chamado Davis Okoye. Ele tem uma aproximação especial com um gorila albino conhecido como George. Esse animal, bem raro, foi resgatado após sua família ser morta por caçadores. Levado para os Estados Unidos começa a aprender a língua dos sinais. Até aí tudo bem, mas eis que uma estação orbital cai na Terra. Nessa estação eram feitas experiências com engenharia e mutação genética. Ao cair no solo acaba contaminando animais, entre eles George, um lobo e um imenso crocodilo.

Bom, como "Rampage: Destruição Total" é no fundo apenas um filme de monstros, é claro que os animais acabam crescendo descontroladamente, se tornando enormes, violentos e ferozes. Enquanto eles vão para a cidade grande, destruindo tudo que encontram pela frente, o biólogo de Dwayne Johnson tenta evitar que aconteça uma tragédia maior. No geral é um filme que se apoia totalmente nos efeitos especiais. Isso fica bem óbvio desde o começo. Apesar de ser uma fórmula mais do que gasta, a de monstros destruindo as cidades construídas pelo homem, parece que ainda funciona. O filme conseguiu se tornar o mais assistido dentro do mercado americano na semana que passou, faturando bastante e fazendo sucesso de bilheteria, algo que era mais do que esperado, uma vez que o estúdio bancou uma produção cara, que custou mais de 120 milhões de dólares. Parece que o interesse que o público americano tem por gorilas gigantes (vide "King Kong") ainda permanece, mesmo passados tantos anos de sua chegada ao cinema pela primeira vez.

Rampage: Destruição Total (Rampage, Estados Unidos, 2018) Direção: Brad Peyton / Roteiro: Ryan Engle, Carlton Cuse / Elenco: Dwayne Johnson, Naomie Harris, Malin Akerman / Sinopse: Após a queda de uma estação orbital três animais selvagens são contaminados por um estranho agente biológico. Eles se tornam enormes, monstros gigantes, que se dirigem para Chicago para destruir tudo por onde passam. Nada parece deter as criaturas pois elas possuem um estranho poder de regeneração. No meio do caos o biólogo Davis Okoye (Johnson) tenta restabelecer contato com George, o gorila que ajudou a criar no Zoo da cidade.

Pablo Aluísio. 

Um Lugar Silencioso

Esse filme de terror tem sido bem elogiado pela crítica. Não é muito comum ver tantas resenhas positivas para um filme desse gênero. E afinal qual é a novidade? Imagine viver em um mundo dominado por estranhas criaturas. Esses bichos que parecem insetos do tamanho de um ser humano são completamente cegos, mas possuem uma audição fora do comum, extremamente sensíveis. Assim resta aos que sobreviveram a essa infestação fazer o menor barulho possível para não atrair os monstros. O menor ruído já chama a atenção desses seres que chegam com extrema violência. São aliens? Experimentos genéticos que deram errado? O roteiro não explica a origem e nem o que são, apenas os usam como elementos de pavor, nada mais. Quando o filme começa vemos essa família que vive isolada em uma velha fazenda no campo. Eles estão cercados por todos os lados pelas criaturas, por isso se comunicam pela linguagem dos sinais. A mulher está grávida e o pai tenta desesperadamente localizar alguém por seu rádio amador. Agora imagine ter um filho no meio dessa situação! O choro estridente do bebê certamente vai chamar a atenção dos monstros que estarão prontos para matar toda a família.

Olha eu apreciei esse filme apenas em termos. Confesso que me incomodou bastante o fato do filme ser quase todo em completo silêncio, com praticamente quase nenhum diálogo sendo dito pelos atores. Chega um momento em que você começa a sentir tédio da situação. Sim, em tese, a ideia pode até ser considerada original e bem bolada, porém silêncio demais pode levar alguns espectadores a simplesmente pegarem no sono, seja no cinema, seja em casa. Acredite, eu vi essa situação na sala de cinema. O silêncio era tanto que alguns dormiram! Provavelmente por causa desse efeito colateral o diretor John Krasinski tenha resolvido fazer um filme curtinho, com pouco mais de 80 minutos de duração. Ele não quis arriscar colocando todo mundo para cochilar. Deixando um pouco a ironia de lado devo dizer que sim, o filme tem bons momentos, principalmente de suspense, mas ao mesmo tempo passa longe de ser esse filmão que muitos estão dizendo por aí aos quatro ventos. Vale uma sessão de cinema, mas antes não deixe de beber bastante café para não dormir no meio do filme.

Um Lugar Silencioso (A Quiet Place, Estados Unidos, 2018) Direção: John Krasinski / Roteiro: Bryan Woods, Scott Beck / Elenco: Emily Blunt, John Krasinski, Millicent Simmonds / Sinopse: Jovem casal vivendo isolados em uma velha casa de fazenda tenta proteger os filhos do ataque de estranhas criaturas completamente cegas, mas que atacam ao menor sinal de um mínimo barulho. Vivendo em silêncio completo os membros da família vão tentando sobreviver, um dia de cada vez.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 5 de abril de 2018

Jogador Nº 1

Esse novo filme de Steven Spielberg que está em cartaz nos cinemas brasileiros só vai agradar você se: a) você for um adolescente e b) se for um fanático por games. Aliás dizer que Spielberg dirigiu esse filme é uma forçada de barra. "Ready Player One" é praticamente todo realizado em computação gráfica. As cenas com atores de carne e osso são pontuais. No geral tudo se passa dentro de um mundo virtual onde um jovem do futuro tenta localizar três chaves deixadas pelo criador do game. Quem as encontrar será o novo dono do game, se tornando obviamente um milionário do mundo real. E aí está outro problema do filme. O roteiro é cheio de referências da cultura pop, só que em sua grande maioria de filmes e músicas dos anos 80. Um adolescente dos dias de hoje não vai entender a maioria delas. Já o tiozão dele, que provavelmente não irá se interessar pelo filme, certamente iria entender muito mais do que se passa na tela. Temos um contrassenso aí.

O filme também me incomodou pelos excessos visuais. Como é um filme passado basicamente dentro de um mundo virtual, há uma excessiva poluição visual na tela. Nosso cérebro não é programado para absorver tudo aquilo. Assim em pouco tempo ficamos com tédio daquele universo plastificado, onde os personagens possuem imagens baseadas em mangás e jogos de RPG. A estorinha é básica, uma milésima versão da jornada do herói, aqui passando por apuros e aventuras em um mundo cyber modernoso. Some-se a isso um vilão bem caricato e você vai entender porque assistir a esse novo filme de Spielberg é também uma experiência tediosa. O diretor deixa até mesmo uma de suas maiores características de lado, o manejo da emoção humana, bem de lado. O filme é frio e sem alma, como uma partida de videogame. No geral não gostei. Achei um filme artificial demais, longo em excesso e seu visual que deveria ser arrebatador só me deixou com mais tédio ainda. Volte para a velha forma, Spielberg!

Jogador Nº 1 (Ready Player One, Estados Unidos, 2018) Direção: Steven Spielberg / Roteiro: Zak Penn, Ernest Cline / Elenco: Tye Sheridan, Olivia Cooke, Ben Mendelsohn / Sinopse: No ano de 2045 um jovem adolescente, viciado em games, entra numa disputa para achar três chaves deixadas pelo falecido criador do game. Quem as encontrar se tornará um milionário e o novo dono de OASIS, o mundo virtual mais perfeito que já existiu.

Pablo Aluísio.

Eu Mato Gigantes

Numa primeira visão, bem superficial, pode parecer um daqueles filmes com monstros gigantes como "Transformers" e bobagens do tipo, mas não é nada disso. Na verdade é um drama existencial sobre a morte. No filme temos uma garotinha como protagonista. A escola é um fardo, com outras garotas fazendo bullying o tempo todo com ela pelos corredores. Sem amigas, ela enfrenta uma barra em casa, pois sua mãe está morrendo de uma doença grave. Diante de um mundo real tão hostil e cruel sobra para a menina se refugiar na sua imaginação, onde ela tenta enfrentar monstros e titãs que estão prestes a destruir a cidade onde mora.

O roteiro é muito bem escrito, entrando e saindo da mente de sua personagem principal sem pedir licença.  Ao espectador cabe transitar entre o real e o imaginário. Nem quando ela finalmente consegue fazer uma efêmera amizade com uma aluna novata inglesa que vai estudar em sua escola as coisas melhoram muito. Há também a interessante participação de uma psicóloga em sua vida, alguém que tenta lhe ajudar de alguma maneira. No começo pensei que se tratava de mais uma produção assinada por Guillermo del Toro, afinal ele sempre teve essa obsessão por monstros e criaturas do mundo da fantasia, mas não, eis que para minha surpresa o filme foi produzido mesmo por Chris Columbus, de Harry Potter e tantos outros filmes. No final é um drama com toques de fantasia existencial. Não é todo dia que você encontra algo assim para assistir. De minha parte gostei bastante de sua proposta. Ideias originais assim sempre serão bem-vindas. 

Eu Mato Gigantes (I Kill Giants, Estados Unidos, Inglaterra, Bélgica, 2017) Direção: Anders Walter / Roteiro:  Joe Kelly / Elenco: Madison Wolfe, Zoe Saldana, Imogen Poots / Sinopse:    
Barbara (Madison Wolfe) é uma garota de 12 anos que não tem uma vida fácil. Sofrendo de bullying na escola e enfrentando a doença terminal de sua mãe, ela encontra refúgio em sua imaginação. Numa floresta perto de sua casa ela imagina grandes gigantes que estão chegando para destruir sua cidade, sendo que apenas ela poderá enfrentá-los.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 4 de abril de 2018

Gangues de Nova York

Assisti a esse filme no cinema, na época de seu lançamento original. Jamais poderia pensar que a elegante e fina Nova Iorque teria tido um passado tão violento e brutal. O diretor Martin Scorsese sempre foi apaixonado pela cidade e resolveu contar esse período histórico pouco lisonjeiro do lugar, em um tempo onde cada palmo de território era disputado no braço por violentos membros de Gangues. Esteticamente bem realizado, com excelente produção, algo que era mesmo de se esperar de um filme dirigido por Martin Scorsese, esse "Gangs of New York" nunca me agradou muito. Achei o filme sujo e violento em demasia, com pouco espaço para uma melhor dramaturgia. Em poucas palavras? Muita briga para pouca história.

Foi, se não estou enganado, o primeiro filme da parceria entre Martin Scorsese e Leonardo DiCaprio. Assim o diretor deixava de trabalhar ao lado de Robert De Niro, seu ator preferido e habitual desde os anos 60, para dirigir DiCaprio, um astro de Hollywood, com grande força comercial nas bilheterias. O resultado em meu ponto de vista foi apenas morno. Além disso sempre achei um desperdício contratar um ator brilhante e talentoso como Daniel Day-Lewis para atuar como um mero butcher, um açougueiro irascível e brutal, com facão nas mãos. Sua indicação ao Oscar inclusive foi mais pelo conjunto da obra de sua carreira do que por sua atuação no filme.  Outro ponto é que Scorsese amenizou bastante o racismo que imperava nas ruas de Nova Iorque na época histórica que o filme retrata. Afinal as gangues eram todas unidas por fatores raciais, de origem, principalmente as que envolviam imigrantes. Bom, de uma forma ou outra, mesmo não sendo um filme que me agradou totalmente, devo dizer que a produção tem seu lugar dentro da rica e inigualável filmografia de Scorsese, um verdadeiro mestre da sétima arte.

Gangues de Nova York (Gangs of New York, Estados Unidos, 2002) Direção: Martin Scorsese / Roteiro: Martin Scorsese, Jay Cocks / Elenco: Leonardo DiCaprio, Cameron Diaz, Daniel Day-Lewis, John C. Reilly, Liam Neeson / Sinopse: A história do filme se passa em 1863 quando o jovem
Amsterdam Vallon (Leonardo DiCaprio) chega a Nova Iorque em busca de vingança. Ele quer a cabeça de Bill 'The Butcher' Cutting (Daniel Day-Lewis) que matou seu pai anos antes. Não será algo fácil já que Nova Iorque estava completamente dominada por gangues violentas de rua. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Ator (Daniel Day-Lewis), Melhor Roteiro Original e Melhor Fotografia (Michael Ballhaus).

Pablo Aluísio.

De Porta em Porta

Um filme simples, mas que tem uma boa história para contar. O roteiro é baseado em fatos reais, na vida de um sujeito chamado Bill Porter (William H. Macy). Portador de paralisia cerebral, ele decidiu parar de ter pena de si mesmo e foi para a luta. Incentivado pela mãe, interpretada pelo ótima Helen Mirren, ele foi em busca de um emprego. Acabou arranjando uma vaga para ser vendedor de porta em porta, onde vendia produtos para o lar como amaciantes, sabão em pó, etc. Em pouco tempo se tornou não apenas um bom vendedor, como também uma figura querida na região onde trabalhava, se tornando próximo dos moradores, que eram não apenas seus clientes, mas também seus amigos.

Claro que algo assim não foi fácil. Bill tinha problemas para andar, não conseguia mexer com uma das mãos, e seu problema de saúde o impedia de falar com normalidade. Mesmo com todas essas adversidades ele quis ser um trabalhador, ao invés de se aposentar por invalidez pela assistência social. O filme é repleto dessas preciosas lições de vida, pitadas de coragem e bons exemplos por todo o enredo. Outra pessoa central em sua vida foi sua ajudante Shelly (Kyra Sedgwick) que não apenas o ajudava nas entregas dos produtos vendidos, como também acabou se tornando sua melhor amiga, após a morte da querida mãe, que sofreu por anos com o Mal de Alzheimer. Sua história de vida acabou sendo descoberta quando ele virou tema de uma matéria em uma revista de grande circulação nos EUA. Depois, em cima dessa reportagem, foi escrito o roteiro desse bom filme. Uma história de um homem comum que com seu exemplo mostrou que nunca devemos desistir de nossos objetivos. 

De Porta em Porta (Door to Door, Estados Unidos, 2002) Direção: Steven Schachter / Roteiro: William H. Macy, Steven Schachter / Elenco: William H. Macy, Kyra Sedgwick, Helen Mirren, Kathy Baker / Sinopse: Bill Porter (William H. Macy) é portador de paralisia cerebral. Mesmo assim decidiu que queria ser uma pessoa produtiva na sociedade. Batalhando por um emprego, acabou arranjando uma vaga de vendedor de porta em porta. Roteiro baseado numa história real. Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Atriz (Helen Mirren) e Melhor Ator (William H. Macy).
 
Pablo Aluísio.

terça-feira, 3 de abril de 2018

O Passageiro

Já pelo trailer pude perceber que não era grande coisa. O filme tem como protagonista Michael MacCauley (Liam Neeson), um vendedor de seguros que todos os dias vai para o trabalho no trem urbano de sua cidade. Um dia ele é demitido e na volta para casa encontra uma misteriosa mulher (interpretada pela atriz Vera Farmiga) que lhe faz uma proposta. Em troca de 100 mil dólares ele deverá procurar por um passageiro em especial, alguém que não se encaixa naquele trem. Na verdade é uma testemunha de um crime envolvendo policiais corruptos. Sem dinheiro e desempregado, Michael acaba entrando no jogo, sem saber que muito em breve sua vida e de seus familiares estará em risco.

Esse tipo de enredo seria desenvolvido brilhantemente por cineastas do passado, em especial o mestre do suspense Alfred Hitchcock, mas como diretores e mestres do cinema como ele já não existem mais, tudo acaba caminhando para a banalidade. Assim achei o desenvolvimento da estória bem fraco, ruim mesmo. Enquanto Liam Neeson vai tentando descobrir o passageiro que ele tanto procura, alguns acontecimentos vão surgindo, como a morte de um agente do FBI. Nada muito marcante ou bem trabalhado por parte do roteiro. O suspense também é desperdiçado. Junte a isso uma ou outra cena de ação e luta e você terá tudo o que o filme tem a lhe oferecer, o que sinceramente é bem pouco. É curioso que esse filme tenha sido lançado nos cinemas brasileiros já que ele não conseguiu se tornar um sucesso de bilheteria nos Estados Unidos. Outros filmes bem melhores não conseguiram encontrar o mesmo espaço no circuito comercial.

O Passageiro (The Commuter, Estados Unidos, 2018) Direção: Jaume Collet-Serra / Roteiro: Byron Willinger, Philip de Blasi / Elenco: Liam Neeson, Vera Farmiga, Patrick Wilson, Sam Neill / Sinopse: No dia em que é demitido do emprego, o vendedor de seguros Michael MacCauley (Liam Neeson) recebe uma estranha proposta no trem em que está indo para casa. Uma mulher desconhecida lhe oferece 100 mil dólares para localizar um passageiro, uma testemunha envolvida em um crime cometido por tiras corruptos.

Pablo Aluísio. 

Instinct

Assisti ao episódio piloto dessa nova série da CBS. Primeira observação é a de que temos aqui uma série feita para ser exibida na grade de programação desse canal aberto nos Estados Unidos. Mal sinal. Séries assim costumam ser completamente sem criatividade, originalidade. É o que os brasileiros chamam de "enlatado americano". O enredo me animou um pouquinho, mas foi em vão. Na trama temos uma policial do departamento de homicídios (a atriz eslava Bojana Novakovic) que resolve contactar um professor de psicologia forense. Autor de sucesso, o Dr.Dylan Reinhart (interpretado pelo sempre bom Alan Cumming) escreveu um best seller sobre a psicologia dos psicopatas, dos assassinos em série.

Então eis que começam a surgir vários corpos. Todos foram mortos seguindo as linhas do livro de Reinhart. Assim o renomado escritor e professor se une aos policiais na investigação. Não espere por nada muito interessante. A série peca por ser quadradinha demais, emoldurada em demasia. Não tem um pingo de ousadia. O roteiro desse primeiro episódio é completamente despido de novidades. A resolução dos crimes decepciona por ser fácil demais, óbvio até dizer chega! Com esse primeiro episódio já deu para perceber que não há nada de novo no front. Convencional e quadrada demais, é uma série que foi feita para passar na CBS para um público tão médio, mas tão médio, que chego a pensar que os produtores americanos estão mesmo convencidos que seus espectadores são meros idiotas. Assim não dá! Subestimar demais a inteligência do público geralmente costuma dar bem errado.

Instinct (Instinct, Estados Unidos, 2018) Direção: Douglas Aarniokoski, Constantine Makris     / Roteiro: Howard Roughan, James Patterson / Elenco: Alan Cumming, Bojana Novakovic, Michael B. Silver / Sinopse: Um professor universitário, autor de livros sobre serial killers, se une a uma jovem policial para investigar uma série de crimes. O assassino deixa cartas do baralho nas cenas dos assassinatos, mostrando que ele está seguindo um método descrito pelo escritor.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 2 de abril de 2018

Virando o Jogo

Se tem um ator que faz falta no cinema nos dias de hoje esse é certamente Gene Hackman. Aposentado há quase quinze anos, ele era aquele tipo de ator que fazia valer praticamente qualquer filme em que atuasse. Esse "Virando o jogo" foi um de seus últimos trabalhos, quando ele já estava com um pé na aposentadoria. Como o tema do filme era o futebol americano (esporte que os brasileiros em geral desconhecem ou detestam) o filme acabou não ganhando espaço em nossos cinemas, sendo lançado diretamente no mercado de vídeo em nosso país. Essa má vontade nem se justifica, uma vez que o filme é bonzinho, calcada numa estória interessante.

Aqui Gene Hackman interpreta um treinador que chega para trabalhar em um time sem grandes recursos. Ele então começa a procurar por jogadores mais veteranos ou jovens que não cumpriram as expectativas nas suas carreiras, entre eles Shane Falco (Keanu Reeves) . Dito como um atleta de futuro promissor não conseguiu despontar, ficando restrito a pequenos times sem expressão. O treinador então decide lhe dar mais uma chance, para quem sabe venha a brilhar como nos tempos do futebol universitário. E assim se desenvolve esse drama esportivo. Não é obviamente uma obra prima, mas consegue manter a atenção. Reeves fica à sobra de Hackman, óbvio. Isso porém era mais do que previsível. O resultado final é bem bacaninha.

Virando o Jogo (The Replacements, Estados Unidos, 2000) Direção: Howard Deutch / Roteiro: Vince McKewin / Elenco: Keanu Reeves, Gene Hackman, Brooke Langton / Sinopse: Velho treinador de futebol americano decide contratar um jovem jogador que nunca conseguiu se tornar uma estrela no esporte. O veterano treinador quer um time formado por jogadores que amem o esporte, que joguem com o coração, acima de tudo.

Pablo Aluísio.

Um Diabo Diferente

Bom, quando  eu comecei a trazer textos sobre cinema para esse blog eu queria escrever sobre praticamente todos os filmes que assisti. Como tenho um lista onde anotei grande parte desses filmes o esforço seria no mínimo interessante. Pois bem, nessa longa jornada de cinéfilo assisti muitos filmes maravilhosos, alguns medianos (na verdade a grande maioria) e, é claro, puro lixo, filmes que são horríveis. Ninguém é perfeito afinal de contas. Uma das grandes porcarias que vi na minha vida foi esse trash involuntário chamado "Little Nicky - Um Diabo Diferente". Aliás é bom frisar, Adam Sandler é um caso à parte. Nunca um comediante do cinema americano fez uma lista tão grande de filmes ruins. Depois de várias péssimas experiências nunca mais vi nada com seu nome no elenco, mas em 2000 ainda conseguia ter paciência para lhe dar alguma chance. Tempo perdido.

Ainda interessado sobre o que o filme trata? Então OK. É uma bobagem imbeciloide sobre Nicky, que não é um sujeito normal. Ele é filho de um demônio (sim, isso mesmo que você leu!) que é enviado para a Terra para cumprir uma "missão" especial. Então tudo se desenvolve com suas peripécias em nosso mundo (isso soou muito com aquelas chamadas genéricas e bem estúpidas da Sessão da Tarde, algo do tipo "Vejam esse incrível diabinho se envolvendo em mil e uma aventuras!). Ahh... que coisa insuportável. Depois desse filme horripilante (no mal sentido) nunca mais vi um filme com o nome de Adam Sandler no poster como algo minimamente assistível. Fuja, como o diabo foge da cruz!

Um Diabo Diferente (Little Nicky, Estados Unidos, 2000) Direção: Steven Brill / Roteiro: Tim Herlihy, Adam Sandler / Elenco: Adam Sandler, Patricia Arquette, Harvey Keitel / Sinopse: Nicky (Sandler) é um cara diferente. Ele é o filho de um importante demônio do inferno que deseja que ele obtenha o mesmo sucesso na carreira que seu pai. Só que Nicky prefere ficar o dia todo ouvindo rock pauleira em seu quarto até ser enviado para a Terra para cumprir uma missão muito importante.

Pablo Aluísio.

domingo, 1 de abril de 2018

Mafiosos em Apuros

O elenco é bom, mas o filme não decola em nenhum momento. Eu gosto bastante do tipo de humor que Richard Dreyfuss faz (ou fazia já que ele hoje em dia está praticamente aposentado). O problema é que sem um bom diretor por trás, nada funciona direito. O diretor Michael Dinner é muito fraco, burocrático, praticamente sem personalidade. Assim o Richard Dreyfuss fez o que quis. Sem amarras caiu em mil e uma armadilhas, exagerando nos cacoetes, afundando em seus próprios maneirismos.

Legal mesmo seria rever Burt Reynolds em forma, novamente em uma boa comédia. Pouca gente sabe, mas ele chegou a ser um dos dez atores mais bem pagos de Hollywood nos anos 70, principalmente por causa de "Agarra-me se Puderes" e suas continuações. O tempo passou e a carreira declinou. Depois de várias plásticas (péssimas, por sinal) tentou uma reviravolta, mas nunca conseguiu. Nesse filme esquecível aqui ele também não voltou a se achar em cena. Enfim, tudo pode ser resumido mesmo na primeira linha dessa resenha. É um filme com bom elenco que simplesmente não funciona. Uma pena...

Mafiosos em Apuros (The Crew, Estados Unidos, 2000) Direção: Michael Dinner / Roteiro: Barry Fanaro / Elenco: Richard Dreyfuss, Burt Reynolds, Dan Hedaya, Carrie-Anne Moss, Jennifer Tilly / Sinopse: Grupo de mafiosos do passado, aposentados e vivendo em um retiro para idosos de Palm Beach, na Flórida, decidem forjar um crime para que os imóveis onde moram sejam desvalorizados, evitando assim que sejam despejados do lugar.

Pablo Aluísio.

Maria Madalena

Esse filme entrou em cartaz nos cinemas brasileiros durante essa Páscoa. É uma boa oportunidade para conferir a história de Maria Madalena sob sua ótica pessoal. Figura bastante importante no Novo Testamento, aqui os roteiristas tomaram uma série de liberdades com sua vida. Muitas das coisas que o espectador verá na tela não estão relatadas nos evangelhos. Isso porém não atrapalha em nada o resultado final, que achei muito bom e satisfatório. Maria (Rooney Mara) é uma jovem judia do século I que vive às margens do Mar da Galileia. Ela mora em Magdala (daí seu sobrenome usado nos evangelhos). Vivendo da pesca ela resiste á pressão familiar para se casar com um homem conhecido como Efrain. Isso leva seu pai a entender que ela estaria possuída por demônios. Essa situação conflituosa a leva a conhecer um jovem judeu que prega pelas estradas da Galileia. Ele é Jesus de Nazaré (interpretado por Joaquin Phoenix).

Depois desse primeiro encontro ela passa a seguir as pregações de seu mestre, se tornando uma das mais devotadas seguidoras de sua palavra. O filme assim vai mostrando as passagens mais importantes da vida de Jesus. Seus milagres, as curas, a viagem até Jerusalém, sua entrada na cidade, a revolta contra os vendilhões do templo, sua prisão, crucificação e ressurreição. Maria Madalena está sempre presente nesses momentos cruciais (algo de acordo com as escrituras). Ela foi de fato uma testemunha ocular de tudo o que aconteceu. Sua figura histórica aliás sempre foi alvo de controvérsias. Em determinado momento intérpretes da Bíblia a qualificaram como uma prostituta que Jesus trouxe de volta à Luz. Isso porém nunca é dito diretamente pela Bíblia. Hoje em dia a Igreja recuperou sua imagem, pois afinal ela foi a primeira pessoa a ver Jesus ressuscitado, em toda a sua glória. Por fim algo importante que salvou o filme do sensacionalismo. Os roteiristas não caíram na armadilha de colocar Maria Madalena como esposa de Jesus, algo que não tem base bíblica nenhuma, uma invenção  baseada em boatos e livros pseudo históricos. Assim preservou o legado mais importante dela, sua fé e fidelidade à mensagem do Messias.

Maria Madalena (Mary Magdalene, Estados Unidos, Inglaterra, Austrália, 2018) Direção: Garth Davis / Roteiro: Helen Edmundson, Philippa Goslett / Elenco: Rooney Mara, Joaquin Phoenix, Chiwetel Ejiofor / Sinopse: Maria (Rooney Mara) vive na Galileia do século I. Um região pobre, de pescadores, sob dominação do Império Romano. Sua vida muda completamente quando ela conhece Jesus (Phoenix), um pregador que traz uma nova mensagem de paz e amor ao próximo. Roteiro baseado em parte no Novo Testamento.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 30 de março de 2018

The Crown - Primeira Temporada

A série The Crown conta a história da atual monarca da Inglaterra, a Rainha Elizabeth II, desde o momento em que seu pai fica doente, com um câncer de pulmão agressivo, até os dias atuais. Uma série com produção requintada, ótimo elenco e produção de primeira linha. A primeira temporada teve sua estreia em novembro de 2016, com excelente retorno de público e crítica. Essa primeira temporada contou com 10 episódios, sendo os dois primeiros editados em conjunto, para se assistir como se fosse um longa-metragem. Em suma, uma série de muito bom gosto, para quem aprecia programas com mais refinamento. Vamos aos episódios comentados dessa primeira temporada.
 
The Crown 1.01 / 1.02- Wolferton Splash / Hyde Park Corner - Estou começando a assistir essa série inglesa que conta a história da Rainha Elizabeth II. Até o momento já conferi os dois primeiros episódios intitulados Wolferton Splash e Hyde Park Corner, respectivamente. A história não começa na infância dela, como era de esperar. Quando o primeiro episódio começa já encontramos Elizabeth mocinha, na juventude ainda. Seu pai, o Rei George VI, era um fumante inveterado, fumando vários maços por dia. Naquela época ainda não se tinha uma visão completa de como o cigarro poderia fazer mal à saúde. O Rei vai ficando cada vez mais doente. Uma cirurgia é realizada, ainda numa fase primitiva da medicina, e parte de seu pulmão é retirado. Ele sobrevive por pouco à intervenção. Algo até brutal. O curioso é que tudo não foi feito no hospital, como era de se esperar. O Rei preferiu que uma sala luxuosa do Palácio de Windsor fosse adaptado, com ele sendo aberto cirurgicamente debaixo de luxuosos lustres dr cristal. No mínimo bizarro.

Pois bem, ele ainda se recupera aos poucos, porém sempre tossindo sangue. No segundo episódio Elizabeth é enviada para uma longa viagem pela Commonwealth, a comunidade britânica de nações. Na África, enquanto tentava se adaptar aos costumes do lugar, acaba recebendo a notícia que o Rei havia falecido. Ao amanhecer seu mordomo foi até seus aposentos para lhe acordar, mas o Rei já estava morto. Alguns aspectos desses dois primeiros episódios também chamam a atenção. O primeiro ministro Winston Churchill está lá, já no fim de sua carreira política, quando ele já estava velho demais para seguir em frente. Outro personagem que chama atenção é o príncipe Phillip, com algo até de antipático. Esnobe e petulante ele comete uma gafe e tanto quando confunde uma coroa de um rei africano com um chapéu. Sujeitinho ignorante. / The Crown 1.01 / 1.02- Wolferton Splash / Hyde Park Corner (Inglaterra, 2016) Direção: Stephen Daldry / Roteiro: Peter Morgan / Elenco: Claire Foy, Matt Smith, Victoria Hamilton.

The Crown 1.06 - Gelignite
Série que resgata a história da rainha Elizabeth II (Claire Foy), desde o momento em que ele assume o trono. Era bastante jovem ainda e teve que lidar com problemas delicados. Nesse episódio o problema principal vem da própria irmã Margaret (Vanessa Kirby). Ela se apaixona por um capitão divorciado e sem tradição dentro da nobreza britânica. Acontece que membros da família real não poderiam em tese se casar com pessoas divorciadas, já que Elizabeth é também chefe da Igreja Anglicana, que proíbe o divórcio. E aí cria-se uma situação delicada. Elizabeth não pode dar a autorização para a irmã sem passar por cima da doutrina anglicana. Complicado. Bom episódio que explora um aspecto pouco lembrado, a de que ser monarca também significa conciliar interesses que são na verdade inconciliáveis. / The Crown 1.06 - Gelignite (Estados Unidos, Inglaterra, 2016) Direção: Julian Jarrold / Roteiro: Peter Morgan / Elenco: Claire Foy, Matt Smith, Victoria Hamilton.

The Crown 1.07 - Scientia Potentia Est
A rainha Elizabeth II (Claire Foy) se ressente das falhas de sua educação. Ela vai receber em breve o presidente dos Estados Unidos em Windsor e se sente despreparada para conversar com ele. Assim decide que precisa se preparar e contrata um professor para lhe ensinar mais coisas sobre ciência, energia nuclear, etc. Elizabeth II fica tão desnorteada com sua situação pessoal que confronta a mãe sobre suas falhas educacionais. É surpreendente descobrir nesse episódio que a própria rainha da Inglaterra se sentia despreparada para lidar com os maiores líderes mundiais. Uma situação até vergonhosa. Enquanto Elizabeth II vai aprendendo, como uma boa aluna, o primeiro ministro Winston Churchill (John Lithgow) sofre um derrame. O pior é que ele decide esconder sua condição da monarca que fica realmente furiosa quando descobre que esse tipo de informação lhe foi escondida. O ponto alto do episódio acontece quando o primeiro ministro se encontra pessoalmente com a rainha. O clima de tensão é muito bem trabalhado pelo roteiro. / The Crown 1.07 - Scientia Potentia Est (Estados Unidos, Inglaterra, 2016) Direção: Benjamin Caron / Roteiro:  Peter Morgan / Elenco: Claire Foy, John Lithgow, Matt Smith, Victoria Hamilton.

Pablo Aluísio.