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quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Quase Deuses

O título nacional pode soar como um certo exagero, afinal médicos passam longe de serem deuses, ainda mais no Brasil. De qualquer maneira esse filme teve uma excelente recepção quando foi exibido. É importante, antes de tudo, esclarecer que se trata de um telefilme, muito bem produzido e roteirizado, mas ainda um telefilme. Ele conta a história de um médico (e cientista) que no começo do século XX criou, basicamente sozinho, a cirurgia de ponte de safena, que iria salvar a vida de milhares de pessoas nos anos seguintes. O mais interessante de tudo é saber que foram bebês os primeiros a passarem por esse tipo de cirurgia de alto risco. Era uma situação de vida ou morte, pois os bebezinhos não iriam sobreviver sem a tentativa de se fazer a cirurgia. Assim os pais acabaram concordando com o procedimento, mesmo sabendo dos riscos de tudo ser ainda muito experimental, teórico. Para sorte de todos a cirurgia de ponte de safena acabou se revelando um sucesso.

Conhecidos como "bebês azuis" por causa de seus problemas cardíacos, sua única chance de sobrevivência vinha mesmo do uso dessa inovação, ainda que nunca tivesse sido feito na prática. E o renomado cirurgião Dr. Alfred Blalock (Alan Rickman) contou com a ajuda de um jovem homem negro, que tinha grande talento para criar ferramentas cirúrgicas e que foi crucial para que todas as cirurgias se tornassem bem sucedidas. Então é isso, um filme especialmente recomendado para quem é da área médica e deseja ou tenha mera curiosidade de conhecer ainda mais um capítulo importante da história da medicina.

Quase Deuses (Something the Lord Made, Estados Unidos, 2004) Direção: Joseph Sargent / Roteiro: Peter Silverman, Robert Caswell / Elenco: Alan Rickman, Yasiin Bey, Kyra Sedgwick / Sinopse: O filme "Quase Deuses" conta a história real do médico e cirurgião Alfred Blalock (1899-1964) que criou, através de anos de estudo, a cirurgia da ponte de safena.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 7 de julho de 2021

O Lenhador

Há salvação para um pedófilo? Existiria redenção para um molestador de crianças? Perguntas pesadas que o roteiro desse ótimo filme tenta responder. O personagem principal, interpretado por um empenhado Kevin Bacon, é um sujeito que passou 12 anos preso por seus crimes, justamente esses de ordem sexual contra crianças. De volta à sociedade, após cumprir sua pena, ele tenta recomeçar a vida. Vai ser complicado, ainda mais depois que ele retorna para sua cidade natal, onde praticamente todos os moradores conhecem seu passado. E ele vai vivendo, um dia de cada vez, tentando reconquistar a confiança de seus parentes, conhecidos e moradores da cidade. Só que é complicado. Sempre que chega perto de alguma escola ou local com crianças todos ficam desconfiados e constrangidos com sua presença. Uma questão que nunca parece ser esquecida pelos que vivem ali naquela região.

O filme é um drama pesado que apresenta um roteiro muito bem escrito. Não poderia ser diferente por causa do tema delicado que desenvolve. Não poderia adotar inteiramente a posição de seu protagonista e nem tampouco o condenar de maneira sumária. Sobra o meio termo, demonstrando bem que existe o aspecto legal e o moral. No aspecto legal, após cumprir os anos de prisão, ele nada mais deve para o sistema judiciário. Porém do aspecto moral, por causa da natureza de seus crimes, ele estaria condenado para todo o sempre na mente das pessoas. Assista ao filme e entenda essa questão tão importante e relevante.

O Lenhador (The Woodsman, Estados Unidos, 2004) Direção: Nicole Kassell / Roteiro: Steven Fechter, Nicole Kassell / Elenco: Kevin Bacon, Kyra Sedgwick, David Alan Grier, Benjamin Bratt / Sinopse: Um molestador de crianças retorna à sua cidade natal depois de 12 anos na prisão e tenta começar uma nova vida. E ele parece disposto a tudo para reconquistar a confiança das pessoas, apesar dos crimes terríveis que cometeu em seu passado.

Pablo Aluísio.

sábado, 25 de abril de 2020

Cenas de uma Família

Título no Brasil: Cenas de uma Família
Título Original: Mr. & Mrs. Bridge
Ano de Produção: 1990
País: Estados Unidos
Estúdio: Miramax
Direção: James Ivory
Roteiro: Ruth Prawer Jhabvala
Elenco: Paul Newman, Joanne Woodward, Saundra McClain, Margaret Welsh, Kyra Sedgwick, Simon Callow

Sinopse:
Baseado no romance escrito por Evan S. Connell, o filme conta a história do casal Bridge. Durante a Segunda Guerra Mundial, uma família de classe alta começa a desmoronar devido à natureza conservadora do patriarca e aos valores progressivos de seus filhos.

Comentários:
A atriz Joanne Woodward foi indicada ao Oscar e ao Globo de Ouro por esse trabalho de atuação. Muito merecido. Ela foi inclusive a pessoa que mais lutou para que esse filme fosse produzido. Esposa por longos anos do galã e mito do cinema Paul Newman, ela tinha grande carinho por esse filme que é um drama sensível de época que valoriza bastante o aspecto familiar do casal Bridge. O grande patriarca Walter Bridge (Newman) é um homem que resiste às mudanças dos novos tempos. Ele foi criado dentro de uma certa tradição e não abre mão disso. Os filhos, claro, pertencem a outra geração e não querem seguir nessa linha. E no meio desse verdadeiro cabo de guerra entre o pai e seus filhos surge a esposa India Bridge (Joanne Woodward) como fonte de equilíbrio e sensatez. O roteiro coloca em primeiro plano assim os conflitos familiars e suas consequências. As duas filhas estão sempre com problemas a superar em relação aos anseios do pai. Pior é o relacionamento com o filho que tem planos para sua vida, mas que o pai sempre coloca abaixo por não concordar com eles. Por fim há uma bela produção em cena. De fato o casal Newman poucas vezes esteve tão elegante em um filme. Os figurinos são de primeira linha e o filme como um todo agrada bastante, principalmente para um público mais refinado que esteja procurando um filme com mais classe e elegância.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 4 de abril de 2018

De Porta em Porta

Um filme simples, mas que tem uma boa história para contar. O roteiro é baseado em fatos reais, na vida de um sujeito chamado Bill Porter (William H. Macy). Portador de paralisia cerebral, ele decidiu parar de ter pena de si mesmo e foi para a luta. Incentivado pela mãe, interpretada pelo ótima Helen Mirren, ele foi em busca de um emprego. Acabou arranjando uma vaga para ser vendedor de porta em porta, onde vendia produtos para o lar como amaciantes, sabão em pó, etc. Em pouco tempo se tornou não apenas um bom vendedor, como também uma figura querida na região onde trabalhava, se tornando próximo dos moradores, que eram não apenas seus clientes, mas também seus amigos.

Claro que algo assim não foi fácil. Bill tinha problemas para andar, não conseguia mexer com uma das mãos, e seu problema de saúde o impedia de falar com normalidade. Mesmo com todas essas adversidades ele quis ser um trabalhador, ao invés de se aposentar por invalidez pela assistência social. O filme é repleto dessas preciosas lições de vida, pitadas de coragem e bons exemplos por todo o enredo. Outra pessoa central em sua vida foi sua ajudante Shelly (Kyra Sedgwick) que não apenas o ajudava nas entregas dos produtos vendidos, como também acabou se tornando sua melhor amiga, após a morte da querida mãe, que sofreu por anos com o Mal de Alzheimer. Sua história de vida acabou sendo descoberta quando ele virou tema de uma matéria em uma revista de grande circulação nos EUA. Depois, em cima dessa reportagem, foi escrito o roteiro desse bom filme. Uma história de um homem comum que com seu exemplo mostrou que nunca devemos desistir de nossos objetivos. 

De Porta em Porta (Door to Door, Estados Unidos, 2002) Direção: Steven Schachter / Roteiro: William H. Macy, Steven Schachter / Elenco: William H. Macy, Kyra Sedgwick, Helen Mirren, Kathy Baker / Sinopse: Bill Porter (William H. Macy) é portador de paralisia cerebral. Mesmo assim decidiu que queria ser uma pessoa produtiva na sociedade. Batalhando por um emprego, acabou arranjando uma vaga de vendedor de porta em porta. Roteiro baseado numa história real. Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Atriz (Helen Mirren) e Melhor Ator (William H. Macy).
 
Pablo Aluísio.

quinta-feira, 8 de junho de 2017

O Último Ato

Um filme que de certa forma passeia por vários gêneros cinematográficos. Começa como drama, quando encontramos o velho ator de teatro Simon Axler (Al Pacino) tentando atuar em sua última apresentação. Com a idade surgem inúmeras dificuldades em decorar suas falas. Perdido no palco, ele resolve tomar uma atitude absolutamente inesperada e se joga da borda, indo parar no chão, bem no meio das pessoas que ficam completamente atônitas! A partir daí sua carreira, que já vinha em decadência, fica praticamente destruída de vez. Ele então resolve se isolar de tudo e de todos, começando um tratamento de análise com seu terapeuta via Skype. Recluso em sua casa, ele acaba recebendo a visita da filha de um casal amigo, Pegeen Mike Stapleford (Greta Gerwig). A última vez que a tinha visto ela era apenas uma criança. Agora é uma mulher adulta, dona de si, muito bem resolvida. Ele brigou com os pais por ter se tornado lésbica, mas nem isso a impede de ter um relacionamento com o velho ator decadente. Quando era jovem Pegeen teve uma paixão platônica por ele e agora parece decidida a transformar esse sentimento em realidade.

Assim o filme que começa como drama, passa pelo romance, começa a desenvolver situações de humor. Isso porque o personagem de Pacino é bem mais velho que sua jovem namorada, que sendo uma mulher liberal, não deixa de ter seus casinhos por fora com outras mulheres lésbicas. O curioso é que o roteiro vai deixando algumas pistas contraditórias pelo meio do caminho, levando o espectador a desconfiar que tudo não passaria apenas de algum tipo de alucinação do próprio personagem. Essa situação porém nunca é claramente resolvida pelo roteiro, deixando muita coisa apenas subentendida, a critério da visão de cada um. Uma situação bem curiosa aliás.De qualquer maneira Al Pacino continua excelente, segurando todas as pontas. Mesmo que o roteiro não seja grande coisa e mesmo que seu personagem seja de certa forma até mesmo um alter ego do ator, tudo acaba funcionando bem. Claro que a pequena reviravolta final, quando Simon (Pacino) é surpreendido por uma revelação sobre Pegeen que ele jamais cogitara existir, vai pegar muita gente de surpresa. Isso porém é de pouca importância. O que vale a pena é realmente conferir mais uma atuação do veterano Pacino, aqui reconhecendo de uma vez por todas o peso da idade e dos anos passados.

O Último Ato (The Humbling, Estados Unidos, 2014) Direção: Barry Levinson / Roteiro: Buck Henry, Michal Zebede / Elenco: Al Pacino, Greta Gerwig, Dianne Wiest, Charles Grodin, Kyra Sedgwick, Nina Arianda  / Sinopse: Simon Axler (Al Pacino) é um ator decadente, envelhecido, que se apaixona por uma mulher muitos anos mais jovem do que ele, chamada Pegeen Mike Stapleford (Greta Gerwig). Ela é filha de um casal de amigos de Axler, algo que lhe trará inúmeros problemas, agora que já está na velhice e praticamente aposentado da sua profissão.

Pablo Aluísio.

sábado, 12 de novembro de 2016

O Encontro

Richard Gere foi um dos mais populares galãs de Hollywood. Curiosamente quando seus cabelos começaram a ficar grisalhos ele não morreu como ator, como era de se supor em relação a um galã. Pelo contrário, ele assumiu a idade e começou a estrelar uma série de filmes bem interessantes, alguns bem mais relevantes do que os que ele fazia quando era apenas um rostinho bonito em Hollywood. Esse "O Encontro", devo confessar, é um dos filmes  mais humanos de sua filmografia. Gere interpreta George, um sem-teto que vaga por uma Nova Iorque cosmopolita e desalmada. Ele não tem trabalho, meios de sobreviver e nem onde ficar. Está velho e com sinais de desequilíbrio mental. Despejado de um velho apartamento caindo aos pedaços, que ele diz ser de uma amiga (possivelmente imaginária), ele acaba indo parar no lugar para onde vão todos os pobres e esquecidos da América: a rua!

E no mundo selvagem dos chamados homeless ele precisa viver a cada dia. Sem ter onde dormir procura por abrigos, muitas vezes perigosos. Vivendo da caridade alheia acaba vendendo peças de sua própria roupa para comprar bebidas alcoólicas - um velho mal que atinge muitos moradores de rua. O passado ficou para trás. Sua esposa morreu precocemente de câncer de mama e após perder o emprego, sua casa e praticamente toda a vida, acabou se tornando uma pessoa invisível, que anda pelas ruas da grande metrópole sendo ignorado pelos apressados moradores que viram o rosto sem cerimônia para a pobreza e a miséria de sua sociedade. Sua única ligação com a vida que tinha é sua filha, que trabalha como bartender em um bar de periferia. Ele tenta uma reaproximação, mas tudo é muito difícil. Ela tem mágoas por ele não ter segurado a barra quando a esposa morreu. Velhas feridas e traumas familiares que custam a cicatrizar. Gere poucas vezes esteve tão bem. Ele leva o espectador para o mundo dos que não possuem mais nada, muitas vezes, nem ao menos esperança. O clima do filme é triste de uma maneira em geral, porém a cena final, com uma clara mensagem de redenção ao seu próprio modo, nos deixam pelo menos com um pequeno e tímido sorriso nos lábios. Afinal, nesse mundo tão injusto, nem tudo está irremediavelmente perdido.

O Encontro (Time Out of Mind, Estados Unidos, 2014) Direção: Oren Moverman / Roteiro: Oren Moverman, Jeffrey Caine / Elenco: Richard Gere, Ben Vereen, Jena Malone, Steve Buscemi, Jeremy Strong, Kyra Sedgwick / Sinopse: George (Richard Gere) é um sem-teto que tenta novamente se aproximar de sua filha, que o detesta e o odeia por causa de traumas familiares do passado. Filme premiado pelo Toronto International Film Festival.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 25 de março de 2015

Fenômeno

Título no Brasil: Fenômeno
Título Original: Phenomenon
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Jon Turteltaub
Roteiro: Gerald Di Pego
Elenco: John Travolta, Kyra Sedgwick, Forest Whitaker

Sinopse:
George Malley (John Travolta) é um sujeito simples, comum, que ganha a vida como mecânico. Sua vida pacata acaba quando visualiza uma estranha luz na mesma noite em que celebra sua aniversário. A partir daí começa a desenvolver enormes mudanças em si mesmo. Da noite para o dia ele adquire uma capacidade intelectual fora do comum, muito superior ao das demais pessoas. Isso chama a atenção das autoridades que logo decidem se apossar dele para realizar testes.

Comentários:
Filme meio estranho que aposta em uma visão esotérica e new age da vida espiritual. Travolta deve ter gostado de fazer algo tão diferente em sua carreira. Na época de seu lançamento a produção levou pauladas de todos os lados, pois os críticos americanos de uma maneira em geral não gostaram nada do resultado. A película foi acusada de ser sensacionalista, boboca e com roteiro cheio de clichês do começo ao fim. É a tal coisa, em tempos de tanta (falsa) espiritualidade o argumento certamente agradará aos mais alternativos. Mas o problema de "Phenomenon" nem é bem esse, na verdade o maior defeito é do roteiro mesmo. Perceba que a situação é colocada no começo da trama, vem a surpresa sobre os tais poderes do personagem de Travolta e pronto, o enredo poderia acabar por aí, pois nada de mais interessante acontece até o fim do filme. Não gostei da conclusão e nem da proposta final dos roteiristas. A tal mensagem mais espiritualizada que o clímax tenta passar é uma bobagem sem tamanho, vamos convir. Enfim, nada de muito relevante em um momento que agradou ao Travolta em sua carreira (o problema é que parece ter agradado apenas a ele mesmo!).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Possessão

"Possessão" é a nova produção de Sam Raimi. Depois que deixou a franquia Homem-Aranha ele tem produzido alguns filmes interessantes. A premissa desse aqui lembra um pouco antigos episódios da série "Além da  Imaginação". Tudo gira em torno de uma antiga caixa. Ela é comprada por uma garotinha chamada Emily (Natasha Calis) e levada para casa. O que ela nem desconfia é que o objeto é um instrumento religioso judeu usado no passado para aprisionar espíritos malignos conhecidos como Dybbuks. Depois que abre a caixa começa a desenvolver um estranho comportamento que lembra e muito o que vimos no famoso "O Exorcista". Desesperado seu pai procura ajuda na sinagoga local onde conhece um jovem rabino, conhecido como Tzado (interpretado pelo cantor de reggae Matisyahu). Depois de um começo até promissor o filme cai na vala comum desse tipo de produção: cenas de exorcismos e muita luta para expulsar o ser maligno do corpo da garotinha. Os produtores informam que tudo é baseado em fatos reais, coisa bem complicada de se acreditar.

Há pouco tempo comentei que filmes sobre exorcismos estavam rendendo boas bilheterias e que por isso teríamos uma nova safra desse sub-gênero. "Possessão" segue essa linha. O filme até que não é de todo mal. Há uma clara intenção dos realizadores em fazer algo mais realista, apesar do tema. A garotinha possuída, por exemplo, não faz nada de muito absurdo em cena - nada de subir em paredes ou algo do tipo. A única coisa mais fora do normal em cena seriam os momentos em que o Dybbuk começa a se materializar dentro da menina, como que querendo sair de dentro dela (algo que é explorado pelo cartaz da produção). Mas mesmo isso é mais utilizado como uma metáfora da luta pela posse do corpo da jovem. "Possessão" teve uma bilheteria morna em seu lançamento nos EUA e por isso quase não encontra espaço para ser lançado nos cinemas brasileiros. O que o salvou foi o bom desempenho no mercado internacional o que fez a distribuidora finalmente decidir por lançar o filme em nossos cinemas. No saldo geral não é o melhor e nem o pior dessa nova safra de filmes sobre possessões demoníacas. Dá para assistir numa boa, sem aborrecimentos mas também sem maiores surpresas. Se já viu algum filme de possessão em sua vida certamente não encontrará nada de novo aqui.

Possessão (The Possession, Estados Unidos, 2012) Direção: Ole Bornedal / Roteiro: Juliet Snowden, Stiles White / Elenco: Natasha Calis, Jeffrey Dean Morgan, Kyra Sedgwick, Matisyahu / Sinopse: Garotinha é possuída por um antigo espírito maligno da religião judaica. Para recuperar sua filha um pai recorre aos serviços de um jovem rabino que resolve enfrentar o Dybbuk em uma cerimônia de exorcismo.

Pablo Aluísio.

domingo, 18 de março de 2012

Nascido em 4 de Julho

O EUA é uma nação que foi forjada na violência e no capitalismo selvagem. Em essência esses são os verdadeiros pilares da América. Nessa engrenagem o complexo industrial militar norte-americano sempre deve ser suprido por guerras e conflitos, façam sentido ou não. A Guerra do Vietnã é um exemplo claro disso. Um aparato militar jamais visto foi deslocado para um pobre país asiático sem importância em uma matança sem sentido. Jovens na flor da idade foram para aquela nação que nunca tinham nem ouvido falar para morrerem em suas selvas. Quem ganhou com o envolvimento dos EUA no Vietnã? Obviamente que não foram esses soldados. Quem lucrou realmente com essa barbaridade foi justamente o complexo militar da nação Ianque. Guerras são caras e alguém sempre lucra com elas, não se engane. Fortunas foram feitas com o sangue alheio. Violência e capitalismo, eis o segredo da existência desse conflito. Violência e capitalismo, eis o DNA da alma norte-americana. Nada mais, nada menos. Nesse ínterim o ser humano se torna peça descartável, sem a menor importância. Uma estatística, um número qualquer na mesa de algum burocrata. O indivíduo perde toda a sua importância. "Nascido em 4 de Julho" dá voz a uma dessas peças sem importância no tabuleiro da guerra capitalista. Em um roteiro excepcional acompanhamos a transformação de um jovem que ousou tentar de alguma forma lutar contra essa situação. O filme é sobre ele, Ron Kovic (Tom Cruise), que se tornou paralítico aos vinte e um anos de idade após levar um tiro durante uma batalha numa praia do Vietnã. Sua vida, seus pensamentos, seus conflitos internos, tudo ecoa na tela com raro brilhantismo.

Oliver Stone, ele próprio um veterano da Guerra do Vietnã, já havia revisitado esse conflito no premiado "Platoon". O diferencial de "Nascido em 4 de Julho" para o filme anterior é que nesse acompanhamos os efeitos da guerra, as consequências. O tema já havia sido retratado no cinema antes em "Espíritos Indômitos" com Marlon Brando. O enfoque é sobre os soldados que voltam da guerra mutilados, feridos, estraçalhados emocionalmente. As bandeiras, as medalhas e os uniformes militares diante dessa situação perdem totalmente a relevância. O que fica é um dos efeitos mais cruéis desse tipo de luta armada. Homens jovens, incapazes de viverem em sua plenitude, condenados a uma cadeira de rodas pelo resto de suas vidas e o pior por um evento histórico sem qualquer sentido ou justificativa. Stone foi muito feliz nessa direção que na minha opinião foi a melhor de sua carreira. O enredo socialmente relevante faz pensar, desperta consciências. Filmes devem existir não apenas para entreter mas também para conscientizar. Nesse aspecto "Nascido em 4 de Julho" é uma obra prima do cinema americano.

Nascido em 4 de Julho (Born on the Fourth of July, Estados Unidos, 1989) Direção: Oliver Stone / Roteiro: Oliver Stone baseado no livro de Ron Kovic / Elenco: Tom Cruise, Willem Dafoe, Tom Berenger, Kyra Sedgwick / Sinopse: Ron Kovic (Tom Cruise) é um jovem americano que se alista voluntariamente no corpo de fuzileiros navais durante a Guerra do Vietnã. Ele tem convicção que deve lutar pelo seu país contra o chamado avanço comunista. Durante a guerra sua tropa é emboscada e Kovic leva um tiro que o torna paralítico pelo resto de sua vida. O filme é sobre sua luta pelo fim da guerra do Vietnã após retornar do sudoeste asiático.

Pablo Aluísio.