"Vês a minha Igreja, Francisco? Está em ruínas! Vá e a reconstrói" - foram essas as palavras que Giovanni di Pietro di Bernardone (1182 - 1226) teria ouvido em uma de suas visões. Jovem, filho de um rico comerciante de Assis, que até aquele momento levava uma vida mundana, Francisco (um nome carinhoso dado a ele por sua própria família por causa de sua admiração pela cultura francesa) resolveu abandonar tudo, riqueza, dinheiro e poder para se dedicar a uma missão que marcaria não apenas sua própria vida, mas a do mundo em geral. Hoje ele é conhecido como São Francisco de Assis, um dos mais populares santos da rica tradição da Igreja Católica, mas naqueles tempos obscuros ele era apenas um jovem que resolveu seguir à risca o exemplo de Jesus Cristo. Adotou a pobreza, a caridade e a castidade como ideais de vida e resolveu transformar sua própria vida em uma demonstração viva do próprio evangelho. Sua pequena ordem foi considerada revolucionária em todos os aspectos. Enquanto os monges da época se enclausuravam em mosteiros de díficil acesso, alienados do mundo, Francisco e seus seguidores adotaram a pregação peregrina, indo a cidades e vilas distantes, levando a palavra e os ensinamentos de Jesus a todos, vivendo da caridade, sem ter qualquer bem material. Também foi pioneiro no carinho pelos animais e demais criaturas terrenas. A pequena ordem que fundou, os Franciscanos, até hoje é um das mais importantes ordens religiosas do mundo. Sua mensagem de paz e simplicidade tocou fundo o coração dos homens e Francisco é nos dias atuais tão importante e atual quanto era no século XIII.
De fato é impossível relatar uma vida tão rica em apenas um filme. Por isso esse "São Francisco de Assis", deve ser analisado com extrema cautela. É de se louvar o esforço do excelente diretor Michael Curtiz (o mesmo de "Casablanca") em dirigir esse épico religioso dessa magnitude no final de sua vida. Foi o último filme inteiramente dirigido por ele (já que no seguinte seu trabalho foi concluído por John Wayne, por causa de seu precário estado de saúde). Não há como negar que o resultado ficou muito bonito e principalmente respeitoso com o eterno legado de Francisco. Michael Curtiz merece todo o reconhecimento por mais um filme muito bom.
Mesmo assim não se poder negar que trechos importantes da vida do santo também foram ignorados ou mudados para se adequar melhor no pequeno espaço de tempo disponível. É um problema sem solução. Como escrevi, é simplesmente impossível captar uma alma tão grandiosa como a desse homem apenas em uma produção. Mas a despeito disso certamente a película merece aplausos. Em termos de elenco eu destaco a participação da atriz Dolores Hart que interpretou Santa Clara. Ao que tudo indica ela foi iluminada pelo doce exemplo de vida de Francisco e abandonou uma carreira promissora em Hollywood para se tornar freira beneditina algum tempo depois. Um exemplo maravilhoso em que a vida imita a arte. No saldo geral "São Francisco de Assis" é um belo épico que se não é completo ou definitivo, pelo menos abre as portas para quem sentir curiosidade em conhecer a fundo a história desse Francesco medieval que ainda hoje inspira milhares de pessoas mundo afora.
São Francisco de Assis (Francis of Assisi, Estados Unidos, 1961) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: Michael Curtiz / Roteiro: Eugene Vale, baseado na obra de Ludwig von Wohl / Elenco: Bradford Dillman, Dolores Hart, Stuart Whitman, Cecil Kellaway, Finlay Currie / Sinopse: Cinebiografia de São Francisco de Assis, santo católico que nascido em família rica e influente, resolveu abandonar todos os bens materiais para cuidar dos pobres e desamparados. Levando uma vida simples, de extrema pobreza e devoção ao cristianismo acabou fundando uma das maiores ordens religiosas da história, a dos Franciscanos.
Pablo Aluísio.
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sexta-feira, 18 de setembro de 2020
quarta-feira, 18 de março de 2009
Elvis Presley - Deus é o Elvis Maior
"Deus é o Elvis Maior" é um documentário produzido e dirigido por Rebecca Cammisa que mostra a rotina da irmã Dolores Hart, que em 1963 largou uma carreira promissora de atriz em Hollywood para ingressar na abadia de Regina Laudis (uma fazenda em Connecticut nos Estados Unidos ) e seguir a vida como freira beneditina. Atualmente ela exerce o posto de madre priori. Dolores Hart ficou famosa como atriz em Hollywood entre 1957 e 1962, fez cerca de dez filmes, trabalhando ao lado da grandes personalidades do cinema como: Marlon Brando, Karl Malden e Montgomery Clift. Mas seu nome ficou conhecido mesmo após atuar em dois filmes ao lado do mito Elvis Presley: “A Mulher que Eu Amo” e “Balada Sangrenta”. Reza a lenda que Dolores que na época era conhecida como a sucessora do mito Marilyn Monroe, começou a ter a sua vida modificada quando no início dos anos 60 esteve em Roma nas filmagens da vida de São Francisco de Assis; ela fazia o papel de Santa Clara. Poucos anos depois, visitando um convento de beneditinas em Nova York, descobriu que era o lugar onde gostaria de passar o resto de sua vida. Quando foi se apresentar à abadessa do convento, disse: "...Daqui em diante não terei mais nenhuma preocupação com a vida de atriz..."
O documentário que foi indicado ao Oscar em 2012, tem 40 minutos e, com narração da própria Dolores, mostra o dia a dia de clausura da famosa madre e as outras irmãs, dentro do convento. A convivência com os animais da fazenda, os pássaros, a paz, o silêncio, as cartas que Dolores recebe até hoje de seus fãs do cinema e também dos fãs de Elvis, além da sua imensa felicidade e gratidão a Deus. Dolores também narra os momentos de sua chegada ao convento em 1963, quando todas as freiras apostavam que ela não aguentaria a vida monástica. A parte mais melancólica do documentário diz respeito ao período de sua vida quando estava de casamento marcado com Don Robinson. Depois de pouco tempo de noivado, ela decidiu abandonar tudo (inclusive o noivo) para ingressar para sempre no monastério. Um documentário muito bom, muito humano e muito emocionante.
Deus é o Elvis Maior (God Is The Bigger Elvis, EUA, 2012) Direção: Rebecca Cammisa, Julie Anderson / Produção: Julie Anderson, Rebeca Cammisa / Elenco: Dolores Hart / Sinopse: Documentário sobre a vida da atriz Dolores Hart, mais conhecida por seus papéis ao lado de Elvis Presley e por seu desempenho no drama Where the Boys Are, que em 1963 optou em deixar Hollywood para trás e se tornar uma freira beneditina.
Telmo Vilela Jr.
O documentário que foi indicado ao Oscar em 2012, tem 40 minutos e, com narração da própria Dolores, mostra o dia a dia de clausura da famosa madre e as outras irmãs, dentro do convento. A convivência com os animais da fazenda, os pássaros, a paz, o silêncio, as cartas que Dolores recebe até hoje de seus fãs do cinema e também dos fãs de Elvis, além da sua imensa felicidade e gratidão a Deus. Dolores também narra os momentos de sua chegada ao convento em 1963, quando todas as freiras apostavam que ela não aguentaria a vida monástica. A parte mais melancólica do documentário diz respeito ao período de sua vida quando estava de casamento marcado com Don Robinson. Depois de pouco tempo de noivado, ela decidiu abandonar tudo (inclusive o noivo) para ingressar para sempre no monastério. Um documentário muito bom, muito humano e muito emocionante.
Deus é o Elvis Maior (God Is The Bigger Elvis, EUA, 2012) Direção: Rebecca Cammisa, Julie Anderson / Produção: Julie Anderson, Rebeca Cammisa / Elenco: Dolores Hart / Sinopse: Documentário sobre a vida da atriz Dolores Hart, mais conhecida por seus papéis ao lado de Elvis Presley e por seu desempenho no drama Where the Boys Are, que em 1963 optou em deixar Hollywood para trás e se tornar uma freira beneditina.
Telmo Vilela Jr.
segunda-feira, 23 de abril de 2007
A Mulher Que Eu Amo
Segundo filme da carreira de Elvis Presley no cinema. Basicamente temos aqui uma versão mais romanceada da própria história de Elvis. Veja bem a história, contando como um jovem de interior se torna popular como cantor para a juventude. E qual era a história de Elvis? Ora, um jovem de interior que se tornou popular como cantor para a juventude. Nada mais, nada menos. É curioso porque muitos cantores e grupos de rock já tinham aparecido em filmes nos anos 50, mas no geral eles apenas faziam pequenos números musicais. Como Elvis era o rockstar mais famoso de sua época, o filme foi feito só para ele, onde além de cantar também atuava (de forma satisfatória, vamos ser sinceros).
Outro aspecto digno de nota é que a gravadora de Elvis lançou pela primeira vez um álbum (LP) completo com as músicas apresentadas no filme. O Lado A vinha com as faixas da trilha sonora, todas devidamente apresentadas por Elvis em cenas. Já o Lado B apresentava boas canções gravadas por Elvis naquele período. Prato cheio para os fãs. Curiosamente foi o único filme colorido de Elvis nos anos 50. Fruto do empenho da Paramount Pictures em realizar uma produção que fosse de encontro ao que esperava os fãs do cantor. Acabou virando também um sucesso comercial, frequentando as listas das maiores bilheterias do ano. Pelo visto Elvis fazia sucesso não apenas nos discos e nos rádios, mas também no cinema. Era o prenúncio que estava por vir nos anos seguintes.
A Mulher que Eu Amo (Loving You, Estados Unidos, 1957) Direção: Hal Kanter / Roteiro: Herbert Baker, Hal Kanter / Elenco: Elvis Presley, Dolores Hart, Lizabeth Scott, Wendell Corey / Sinopse: Deke Rivers (Elvis Presley) é um jovem vindo do interior que começa a fazer muito sucesso entre os jovens, dentro do circuito country. E aos poucos ele também começa a cantar um novo estilo musical chamado Rock ´n´ Roll.
Pablo Aluísio.
Outro aspecto digno de nota é que a gravadora de Elvis lançou pela primeira vez um álbum (LP) completo com as músicas apresentadas no filme. O Lado A vinha com as faixas da trilha sonora, todas devidamente apresentadas por Elvis em cenas. Já o Lado B apresentava boas canções gravadas por Elvis naquele período. Prato cheio para os fãs. Curiosamente foi o único filme colorido de Elvis nos anos 50. Fruto do empenho da Paramount Pictures em realizar uma produção que fosse de encontro ao que esperava os fãs do cantor. Acabou virando também um sucesso comercial, frequentando as listas das maiores bilheterias do ano. Pelo visto Elvis fazia sucesso não apenas nos discos e nos rádios, mas também no cinema. Era o prenúncio que estava por vir nos anos seguintes.
A Mulher que Eu Amo (Loving You, Estados Unidos, 1957) Direção: Hal Kanter / Roteiro: Herbert Baker, Hal Kanter / Elenco: Elvis Presley, Dolores Hart, Lizabeth Scott, Wendell Corey / Sinopse: Deke Rivers (Elvis Presley) é um jovem vindo do interior que começa a fazer muito sucesso entre os jovens, dentro do circuito country. E aos poucos ele também começa a cantar um novo estilo musical chamado Rock ´n´ Roll.
Pablo Aluísio.
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