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quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Limite de Segurança

Título no Brasil: Limite de Segurança
Título Original: Fail-Safe
Ano de Produção: 1964
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Sidney Lumet
Roteiro: Walter Bernstein, Eugene Burdick
Elenco: Henry Fonda, Walter Matthau, Larry Hagman, Fritz Weaver, Edward Binns, William Hansen

Sinopse:
Durante uma operação padrão o sistema de segurança nacional dos Estados Unidos sofre uma pane técnica e um grupo de bombardeiros é enviado, por engano, para a União Soviética com a missão de jogar bombas atômicas sobre a capital da Rússia. No meio do pânico que se instala entre os comandantes das forças armadas, o presidente dos Estados Unidos, interpretado brilhantemente por Henry Fonda, é chamado para administrar a crise e tomar todas as decisões vitais! Filme indicado ao BAFTA Awards na categoria de melhor filme.

Comentários:
"Fail-Safe" é obviamente um produto da guerra fria. Naquela época o mundo vivia sob tensão, duas super potências, Estados Unidos e União Soviética, estavam empenhadas numa corrida armamentista sem limites e o conflito nuclear parecia cada vez mais próximo. O roteiro parte de uma premissa muito interessante: E se a guerra fosse iniciada por um erro do próprio sistema que comandava toda aquela máquina de destruição global? O argumento é de denúncia e de aviso, pois o texto é claramente uma crítica contra o perigo de se manter todo o arsenal atômico sob controle de meras máquinas. Conforme a tecnologia ia avançando os grandes poderios nucleares desses países acabavam sendo controlados por máquinas de alta precisão, mas como máquinas, elas poderiam um dia também falhar e quando isso acontecesse o que poderia ser feito?

É em cima desse tipo de crise que todo o enredo do filme se desenvolve. Muitos vão achar que o desfecho de tudo é radical demais, alguns poderiam qualificar até mesmo como absurdo, principalmente a decisão final tomada pelo presidente interpretado pelo excelente Henry Fonda. Porém temos que levar em conta que o roteiro foi escrito diante daquele momento histórico, que era por si só já era muito paranoico, cheio de tensão. Mesmo assim considero um grande filme, com suspense e ótimos diálogos em todos os momentos do desenvolvimento da trama. Um filme bem intencionado que procura mostrar a insanidade da guerra fria que imperava naqueles anos de medo e suspense sobre o que poderia acontecer em uma guerra nuclear total.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 2 de maio de 2022

O Golpe de John Anderson

Título no Brasil: O Golpe de John Anderson
Título Original: The Anderson Tapes
Ano de Produção: 1971
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Sidney Lumet
Roteiro: Lawrence Sanders
Elenco: Sean Connery, Christopher Walken, Dyan Cannon, Martin Balsam, Alan King, Garrett Morris

Sinopse:
Após ficar anos numa prisão por roubo de bancos, Duke Anderson (Sean Connery) está de volta às ruas. Não demora muito e ele começa a reunir uma nova quadrilha de ladrões. O alvo passa a ser um prédio de ricaços. O que ele nem desconfia é que os tiras estão na sua cola, filmando e gravando todos os seus passos.

Comentários:
Sean Connery foi um excelente ator. Depois de ser James Bond ele procurou por novos desafios na carreira. Esse filme dos anos 70 nem é tão lembrado, mas é um dos melhores dessa fase. Ele interpreta um velho ladrão que logo volta aos golpes quando coloca os pés fora da prisão. O roteiro do filme procura enfocar a tecnologia usada pelos policiais na época para pegar grandes golpes. Hoje em dia todas aquelas fitas, gravadores de rolo, vão parecer peças de museu, mas servem como elemento de nostalgia. E por falar em nostalgia a trilha sonora é pura discoteca, com muitos efeitos sonoros que hoje em dia vão parecer até mesmo bizarros. Ignore, o que o filme tem de melhor é o seu roteiro e, claro, a atuação do sempre ótimo Connery.

Pablo Aluísio.

domingo, 8 de março de 2020

A Manhã Seguinte

Título no Brasil: A Manhã Seguinte
Título Original: The Morning After
Ano de Produção: 1986
País: Estados Unidos
Estúdio: Lorimar Productions
Direção: Sidney Lumet
Roteiro: James Cresson
Elenco: Jane Fonda, Jeff Bridges, Raul Julia, Kathy Bates, Diane Salinger, Geoffrey Scott

Sinopse:
Alex Sternbergen (Jane Fonda) é uma atriz decadente e alcoólatra que certa manhã acorda ao lado de um homem desconhecido. Pior do que isso, ele está morto, foi assassinado. Quem o matou? E qual seria a ligação de Alex com o crime? Sua vida estaria em perigo? Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor atriz (Jane Fonda).

Comentários:
Thriller de suspense dos anos 80 que surpreende pelo bom roteiro. Poderia ser facilmente um projeto a ser dirigido por Brian De Palma que nessa época estava em plena forma. Só que o filme acabou sendo indicado para ser dirigido pelo estiloso Sidney Lumet. Ele trouxe um certo charme europeu ao filme, o que ajudou a construir todo o clima de suspense que o roteiro exigia. O elenco do filme é muito bom, com o melhor que havia dentro da indústria cinematográfica da época. Jane Fonda, por exemplo, dispensa maiores apresentações. Ela estava muito popular nos anos 80 por causa de seus vídeos de ginástica. Essas fitas VHS vendiam milhões de cópias e a atriz, que já era muito famosa desde os anos 60, se tornou uma mulher mais rica do que já era. Ela foi indicada ao Oscar por esse papel, algo que foi muito bem-vindo porque ela estava mesmo procurando melhorar nesse aspecto em seus filmes. Jeff Bridges, sempre eficiente, contava ainda com um elenco coadjuvante de primeira linha, com nomes como Raul Julia e Kathy Bates. O roteiro só derrapava um pouco no final, já que a conclusão da história não chegou a agradar a todos. De minha parte não vi problema. Esse é certamente um dos bons filmes desse estilo na década de 1980. Vale a pena assistir.

Pablo Aluísio.

sábado, 30 de novembro de 2019

O Homem do Prego

Filme intenso. Se eu fosse definir esse filme clássico dos anos 60 eu diria que ele é um soco no estômago. Um forte, concentrado e bem dado soco no estômago. O título nacional ficou estranho, mas tem sua razão de ser. Antigamente se dizia que aquele que deixava uma conta a pagar ou então que desse em garantia algum objeto estava na verdade colocando sua conta "no prego". É uma expressão antiga mesmo, mas que ainda se usa em certos lugares do Brasil. O termo jurídico certo seria colocar algo em penhor. E por falar em penhor o principal personagem do filme é um velho dono de uma loja de penhores em Nova Iorque.

Ele sobreviveu ao campo de concentração de Auschwitz. Sua tragédia pessoal é que foi o único de sua família que conseguiu escapar do inferno. Sua esposa e seus dois filhos, ainda crianças, foram executados pelos nazistas. Como ele próprio resume em um diálogo: "A minha desgraça foi que consegui viver. Tudo o que amava nesse mundo morreu, mas eu não! Eu sobrevivi... para minha tragédia!". Assim, como era de esperar, ele volta arrasado psicologicamente do holocausto. Para tentar sobreviver ele se torna uma pessoa fria, sem emoções, beirando a psicopatia. É uma forma de se defender do mundo. Judeu, não acredita em Deus! (suprema contradição). Revoltado, diz ao seu empregado que a única coisa que vale a pena no mundo é o dinheiro. "O dinheiro é tudo!" - resume, mostrando sua visão da vida.

Só que tanta amargura acaba pesando demais. Ele começa a ter recaídas psicológicas. Qualquer frase, palavra ou imagem, traz as lembranças terríveis de Auschwitz. Sua vida perde sentido e ele simplesmente rasteja em sua existência. O cotidiano vira um inferno a mais. Esse personagem é bem complexo e apenas um grande ator poderia lhe dar vida com convicção. Rod Steiger está particularmente brilhante nesse papel. Ele não consegue esconder mais seu estado depressivo, sua tortura na alma. Numa cena muito simbólica ele abre a boca em desespero, mas não consegue sequer gritar. É um grito surdo, que vem de dentro da alma. O espectador não fica menos do que boquiaberto com sua atuação. É coisa de mestre mesmo. Acabou sendo indicado ao Oscar, mas não venceu. Mais um injustiça histórica da Academia. De qualquer forma não vá perder esse filme. Ele não é fácil, não é entretenimento de rápida digestão e não se enquadra no gosto de quem vê cinema apenas como diversão  Muito pelo contrário. É um filme pesado, melancólico e em certos aspectos bem triste. E tudo embalado com uma ótima trilha sonora de puro jazz organizada por Quincy Jones. Ninguém em busca de grande cinema poderia esperar por algo melhor do que isso.

O Homem do Prego (The Pawnbroker, Estados Unidos, 1964) Direção: Sidney Lumet / Roteiro: Morton S. Fine, David Friedkin / Elenco: Rod Steiger, Geraldine Fitzgerald, Brock Peters / Sinopse: Sobrevivente do campo de concentração de Auschwitz, um velho judeu solitário e amargurado, tenta viver um dia de cada vez na sua loja de penhores. Só que conforme o tempo vai passando ele vai sucumbindo aos traumas que adquiriu durante o terrível holocausto nazista. A vida vai se tornando pesada demais para ele suportar tudo sozinho.

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Assassinato no Expresso do Oriente

Em 1930 um terrível seqüestro envolvendo uma garotinha da família Armstrong vira manchete nacional. Seu paradeiro é desconhecido e um resgate é exigido de seu pai, um militar condecorado. Após o pagamento ser efetuado a pequena Daisy Armstrong é encontrada morta em um milharal. Cinco anos depois um rico homem de negócios, o sr. Ratchett (Richard Widmark), é morto a punhaladas dentro do Expresso do Oriente. Tudo aconteceu na calada da noite e por isso não se sabe quem cometeu o crime.

Por uma estranha coincidência do destino o famoso detetive Hercule Poirot (Albert Finney) se encontra viajando no mesmo trem. Como esse se encontra parado por causa de uma nevasca que assola os trilhos a conclusão é óbvia: o assassino ainda se encontra entre os passageiros do vagão onde o homicídio foi cometido. Para descobrir sua identidade o velho investigador belga usará de todo o seu poder de dedução. Não demora para ele descobrir que todos os passageiros são suspeitos em potencial. Haveria ainda alguma ligação entre a morte da garota Daisy e o crime no Expresso Oriente?

Provavelmente “Assassinato no Expresso Oriente” seja o mais conhecido e popular livro de Agatha Christie. A autora se notabilizou por suas tramas de mistério onde o ponto principal era descobrir quem era o assassino. Aqui a fórmula de Christie se mostra bem nítida. Há um grupo de passageiros do Expresso do Oriente que possuem uma ligação de uma forma ou outra com a vítima. O roteiro segue à risca o enredo do livro e traz como brinde ao espectador um elenco simplesmente magnífico, com vários mitos da história do cinema. Só para se ter uma ideia surgem em cena atrizes como Ingrid Bergman (de Casablanca, aqui interpretando uma missionária), Lauren Bacall (a eterna musa da era de ouro de Hollywood dando vida a uma mulher que fala pelos cotovelos) e Jacqueline Bisset (elegante, linda e no auge da beleza).

Na ala masculina temos Sean Connery (como um oficial escocês), Anthony Perkins (como sempre fazendo um personagem perturbado) e John Gielgud (um dos maiores atores shakesperianos que faz o mordomo, obviamente sempre um grande suspeito). Como se vê o elenco é grandioso, seu único deslize talvez seja a escolha de Albert Finney como Poirot pois sempre preferi Peter Ustinov nesse papel. Uma versão bem mais recente foi lançada nos últimos anos, mas não possui o carisma desse clássico original. Não é um filme perfeito, mas só pela ambientação e elenco já valem a pena, principalmente se você aprecia esses atores mais veteranos. Assim fica a recomendação dessa produção muito charmosa, repleta de mistério, estrelas e diversão.  


Assassinato no Expresso do Oriente (Murder on the Orient Express, Estados Unidos, 1974) Direção: Sidney Lumet / Roteiro: Paul Dehn baseado na obra de Agatha Christie / Elenco: Albert Finney, Richard Widmark, Jacqueline Bisset, Lauren Bacall, Anthony Perkins, John Gielgud, Sean Connery, Ingrid Bergman / Sinopse: Doze passageiros do Expresso do Oriente se tornam suspeitos após um rico homem de negócios aparecer morto em seu vagão. Para solucionar o mistério o detetive Hercule Poirot tentará decifrar o enigma do assassinato. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante (Ingrid Bergman). Também indicado nas categorias de Melhor Figurino, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia, Melhor Trilha Sonora Original e Melhor Ator (Albert Finney).

Pablo Aluísio. 

domingo, 8 de setembro de 2019

O Peso de um Passado

Título no Brasil: O Peso de um Passado
Título Original: Running on Empty
Ano de Produção: 1988
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Sidney Lumet
Roteiro: Naomi Foner
Elenco: River Phoenix, Christine Lahti, Judd Hirsch, Jonas Abry, Martha Plimpton, Ed Crowley

Sinopse:
Danny Pope (River Phoenix) é um jovem filho de um casal que no passado foi acusado de atos terroristas. Eles eram ativistas que participaram de um atentado e por isso foram procurados por anos pelo FBI. Só que Danny quer ter apenas uma juventude normal, como qualquer outro rapaz de sua idade. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Ator (River Phoenix) e Melhor Roteiro Original.

Comentários:
River Phoenix morreu muito jovem. Com apenas 23 anos de idade ele teve uma overdose de cocaína e heroína e morreu na calçada do night club que pertencia a Johnny Depp. Foi uma morte duplamente triste, não apenas pela pouca idade dele, mas também pelo fato de que publicamente ele mantinha uma imagem de jovem avesso à drogas, amante da ecologia, etc. De qualquer maneira, mesmo sendo tão moço, ele ainda conseguiu ser indicado ao Oscar justamente por sua atuação nesse filme. O interessante é que ele usou de sua própria vida pessoal para interpretar seu personagem no filme. Tal como ele, River também havia sofrido por fazer parte de uma família nada convencional. Seus pais faziam parte de uma seita estranha, misto de religião cristã com movimento hippie. Isso fez com que ele não tivesse uma infância e adolescência normais. Aliás o cinema fez com que ele sustentasse a todos, inclusive seus irmãos mais jovens. Talvez essa pressão para alguém tão jovem tenha influenciado em seu triste fim. Não sabemos ao certo. Esse filme porém é muito bom. Assisti nos tempos do VHS e não me arrependi. Tem um roteiro muito bom e não fez, ao meu ver, o sucesso que merecia. De uma maneira ou outra serviu para mostrar o quão talentoso River Phoenix era. Pena que partiu tão cedo.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Um Dia de Cão

Título no Brasil: Um Dia de Cão
Título Original: Dog Day Afternoon
Ano de Produção: 1975
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Sidney Lumet
Roteiro: Frank Pierson, P.F. Kluge
Elenco: Al Pacino, John Cazale, Penelope Allen, Charles Durning, Chris Sarandon
 
Sinopse:
Baseado em fatos reais, o filme mostra um momento decisivo na vida do criminoso Sonny (Al Pacino). Desesperado em arranjar dinheiro para que seu amante seja submetido a uma cara operação de mudança de sexo, ele resolve entrar em um banco no Brooklyn para um assalto. Para seu completo azar ele descobre duas coisas estarrecedoras: primeiro que a agência não tem mais todo o dinheiro que ele pensava, pois grande parte dos valores havia sido transportado momentos antes dele entrar no banco e segundo, que o prédio está completamente cercado pela polícia de Manhattan. Sem alternativas ele decide fazer parte dos funcionários e clientes do banco de reféns, criando uma situação de extrema tensão no local. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Al Pacino), Melhor Ator Coadjuvante (Chris Sarandon), Melhor Edição e Melhor Direção. Vencedor do Oscar na categoria de Melhor Roteiro Original. Filme vencedor do BAFTA Awards na categoria de Melhor Ator (Al Pacino).

Comentários:
Esse é um dos filmes mais representativos do realismo que imperou no cinema americano durante a década de 1970. As produções não se contentavam mais apenas em contar uma história divertida e sem maiores preocupações com a realidade em que todos viviam. Pelo contrário, naqueles anos tivemos uma verdadeira explosão de talento e novas propostas encabeçadas por um grupo maravilhoso de cineastas que tinham dois objetivos principais a alcançar com suas obras: mostrar a realidade nua e crua das ruas e com isso provar teses sociais que mostravam que muitas vezes o homem era fruto do meio em que vivia. Sidney Lumet aqui realizou o filme que se encaixa perfeitamente nessas características. Para muitos "Dog Day Afternoon" foi sua mais completa obra prima. O diretor teve a sorte não apenas de contar com um grande roteiro, mas também com um excelente ator, em pleno auge criativo, dando vazão a todo o seu talento, o  inigualável Al Pacino. Todos sabem que Pacino sempre foi um profissional que se entregou de corpo e alma aos seus personagens, porém em poucos momentos de sua carreira vimos ele mergulhar tão visceralmente em um pepel como aqui. Como o roteiro é repleto de tensão e suspense, mostrou-se um veículo perfeito para que Pacino desfilasse na tela toda a complexidade de seu trabalho, explorando um vasto leque de emoções à flor da pele. Sua atuação marcou tanto que inclusive recentemente Pacino lembrou dessa produção ao enumerar aquelas atuações que ele considerava suas verdadeiras obras primas no cinema. Realmente um momento para se rever sempre que possível. "Um Dia de Cão" é visceral, realista e perturbador. Uma aula de sétima arte que não se vê mais hoje em dia.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Negócios de Família

Título no Brasil: Negócios de Família
Título Original: Family Business
Ano de Produção: 1989
País: Estados Unidos
Estúdio: TriStar Pictures
Direção: Sidney Lumet
Roteiro: Vincent Patrick
Elenco: Sean Connery, Dustin Hoffman, Matthew Broderick

Sinopse: 
Uma família de criminosos entra em conflito após o avô Jessie (Sean Connery) cumprir sua longa pena por assalto. De volta às ruas ele pretende retomar sua vida de delitos. Para isso acaba convidando seu neto,  Adam (Matthew Broderick), para participar de um plano envolvendo um ousado assalto a banco. O convite acaba sendo combatido pelo pai de Adam, Vito (Dustin Hoffman), um ex-criminoso que agora está tentando voltar a uma vida honesta.

Comentários:
Um filme que tinha tudo para se tornar uma pequena obra prima mas que ficou pelo meio do caminho, assim podemos definir esse "Family Business" que prometia muito, principalmente por causa do excelente elenco, mas que cumpriu pouco. O resultado é morno, o que é de surpreendente pelos talentos envolvidos. Até mesmo o grande Sidney Lumet se mostra sem inspiração, burocrático mesmo. Outro aspecto muito curioso é que os atores não tinham faixa etária para representarem avô, pai e filho - as idades não batiam. Mesmo assim o estúdio ignorou isso e todos foram escalados, principalmente por causa de seu apelo comercial junto ao público. Dos três astros do elenco principal (que eu particularmente aprecio muito de outros trabalhos) o que se sai melhor em cena é Dustin Hoffman. É o único que parece ter se preocupado em desenvolver melhor seu personagem. Os demais não se destacam muito. Sean Connery não parece levar o seu papel muito à sério e Matthew Broderick está ofuscado, talvez pelo brilho natural dos mais veteranos. Interessante também notar que Broderick teve uma oportunidade incrível de trabalhar ao lado de verdadeiros monstros do cinema por essa época, inclusive trabalhando com o mito Marlon Brando em "Um Novato na Máfia".

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Serpico

Frank Serpico (Al Pacino) é um jovem policial que é transferido para uma corporação da polícia de Nova Iorque onde impera a corrupção e a fraude. Tendo sempre uma postura ética sua forma de atuar e agir logo entra em confronto com seus colegas policiais. Disposto a revelar a situação em seu trabalho, Serpico começa a ser hostilizado e ameaçado pelos tiras corruptos de sua unidade. "Serpico" faz parte de uma série de filmes americanos que na década de 70 tocaram em temas polêmicos e controversos. O foco aqui é na corrupção policial que imperava em Nova Iorque na época. Pequenos e grandes golpes eram comuns entre a força policial. A onda de crimes ia desde extorsão até mesmo assassinatos encomendados. Tentando ser um policial honesto, Serpico foi diretamente ameaçado pela banda podre do regimento do qual fazia parte. 

O filme é baseado em fatos reais. Até hoje o verdadeiro Frank Serpico vive no serviço de proteção às testemunhas, isso porque ele ajudou efetivamente a condenar vários policiais corruptos de Nova Iorque. Nem é preciso dizer que isso automaticamente o transformou em um alvo ambulante, colecionando inúmeras ameaças de morte ao longo de sua vida. "Serpico" consagrou o talento de Al Pacino. De fato essa foi uma das fases mais brilhantes de sua carreira. Ele acabara de fazer "O Poderoso Chefão" onde sua atuação foi unanimemente elogiada e estava prestes a filmar sua continuação, também igualmente maravilhosa. Além disso nos anos seguintes novas atuações magníficas surgiriam em sequência: "Um Dia de Cão", "Justiça Para Todos" e "Parceiros da Noite". Uma sucessão de grandes filmes e inspiradas atuações. Para dirigir um tema tão instigante e desafiador a Paramount escalou o cineasta Sidney Lumet (falecido em 2011). O diretor procurou por uma linha narrativa quase jornalística, justamente para lembrar constantemente ao espectador de que se tratava de um filme fundado numa história verídica acontecida há pouco tempo. Aliás a questão envolvendo "Serpico" ainda estava na ordem do dia quando as filmagens começaram e muitos membros da equipe temiam até mesmo sofrer algum tipo de represália pelo tema do filme. No final tudo correu bem. Al Pacino foi premiado com o Globo de Ouro por sua atuação e a produção foi indicada a várias categorias da Academia, entre elas, melhor ator e melhor roteiro adaptado. Um merecido reconhecimento a um simples policial de Nova Iorque que só queria ser honesto e correto. 

Serpico (Serpico, Estados Unidos, 1973) Direção: Sidney Lumet / Roteiro: Waldo Salt, Norman Wexler baseados no livro "Serpico" de Peter Maas / Elenco: Al Pacino, John Randolph, Jack Kahoe / Sinopse: Frank Serpico (Al Pacino) é um jovem policial que é transferido para uma corporação da polícia de Nova Iorque onde impera a corrupção e a fraude. Tendo sempre uma postura ética sua forma de atuar e agir logo entra em confronto com a banda podre da polícia de Nova Iorque.  

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 21 de maio de 2007

O Veredito

O Veredito é um dos filmes mais humanos que já assisti. Isso porque ele não é apenas um filme sobre um julgamento que coloca de um lado uma pessoa vitima de negligência médica e do outro instituições ricas e poderosas. Ele é muito mais. O argumento toca em valores como dignidade e respeito ao próximo, mostrando toda a hipocrisia existente em certos setores que deveriam lutar por eles e não combatê-los. A dignidade do advogado vivido brilhantemente por Paul Newman é um dos destaques do roteiro. Todos o rebaixam, todos o humilham, tudo porque ele é um profissional em um momento complicado de sua vida, sem clientes e com problemas de alcoolismo. A postura dele lutando contra tudo e contra todos (mesmo mostrando sua própria fraqueza como ser humano) é uma das coisas mais dignas que já vi no cinema.

Por fim temos a direção de Sidney Lumet, que é maravilhosa. O diretor não apenas mostra mas sugere, insinua. Um exemplo é mostrada numa cena em plena rua onde Newman vem a saber de um fato perturbador através de seu amigo e assistente. Veja que o diálogo não é mostrado na tela, a cena é captada por uma visão do alto, que mostra como somos pequenos diante de situações limites como essa, que afinal podem acontecer com qualquer um de nós. Simplesmente brilhante. Eu sinto falta de filmes assim, que foquem em temas sérios e consistentes e que não vivem de escapismos bobos. Nesse aspecto "O Veredito" é simplesmente uma grande obra prima da história do cinema.

O Veredito (The Veredict, Estados Unidos, 1982) Direção: Sidney Lumet / Elenco: Paul Newman, James Mason, Charlotte Rampling, Jack Warden / Sinopse: Frank Galvin (Paul Newman), advogado alcoólatra e decadente, vê a chance de recuperar a sua auto-estima quando lhe é dado um caso sobre um erro médico. Mesmo quando uma quantia razoável é oferecida para se chegar a um acordo e o caso não ir a julgamento, ele não concorda e decide enfrentar um poderoso grupo, que é defendido por um renomado e ardiloso advogado.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Vidas em Fuga

Valentine 'Snakeskin' Xavier (Marlon Brando) é um músico errante de New Orleans que chega numa pequena cidade do sul dos EUA em busca de trabalho. Ele havia sido expulso da última localidade por onde passou acusado de roubo, desordem e vadiagem. Ao procurar por emprego acaba parando numa pequena loja de roupas local. Lá conhece Lady (Anna Magnani) esposa do proprietário, um homem com problemas de saúde. Sozinha, carente e frustrada ela acaba se aproximando de "Snakeskin" cada vez mais. "Vidas em Fuga" foi baseado na peça "Orpheus Descending" que nada mais é do que uma releitura de Tennessee Williams para o famoso clássico Orfeu e Eurídice. Toda a estrutura da peça original está lá. A mulher reprimida e infeliz, o marido desprezível e o amante sedutor, mas perigoso. Williams transporta a trama para o sul racista americano, onde novamente a hipocrisia da sociedade é colocada em evidência. Embaixo de uma superfície de moralidade há uma sordidez latente, bem ao estilo do que realmente imperava nessas pequenas cidades.

O elenco está brilhante. Brando curiosamente está contido. Seu Val "Snakeskin" Xavier é em essência um espectador privilegiado dos acontecimentos. Sua presença sensual e provocadora logo desperta o que há de pior entre os moradores da cidade. Irresistivel para as mulheres e odiado pelos homens, sua persona parece ter sido levemente inspirada em michês que passaram pela vida de Tennessee Williams. É o típico caso do sujeito sem profissão definida, que viaja de cidade em cidade em busca de uma melhor sorte. Para tanto usa de sua beleza para alcançar dinheiro e posição, muitas vezes praticando pequenos delitos no caminho. Já Anna Magnani, com forte sotaque italiano, também esbanja boa atuação. Não deixa de ser curioso o fato dela ter perseguido Brando no set de filmagem em busca de um envolvimento amoroso. Como relatado em sua autobiografia, Marlon descreveu o assédio de Anna como uma busca pela juventude perdida. Com a idade chegando a atriz procurava se envolver cada vez mais com jovens, numa triste metáfora com sua própria personagem no filme. Após várias tentativas frustradas Brando a dispensou discretamente. Ele não tinha qualquer interesse nela, exceto em nível puramente profissional. Os problemas entre os atores nos bastidores porém não prejudicou o resultado final do filme. Brando e Magnani estão perfeitos em seus respectivos papéis. Outro destaque digno de nota é a boa atuação de Joanne Woodward. Na pele de uma personagem complicada que facilmente poderia desandar para a caricatura, Joanne se mostra adequada e talentosa na medida certa. Enfim, nada melhor do que conferir mais uma produção que une Tennessee Williams e Marlon Brando. Não chega a ser tão marcante como "Um Bonde Chamado Desejo" mas mantém o alto nível. O resultado final é excelente.

Vidas em Fuga (The Fugitive Kind, Estados Unidos, 1960) Direção: Sidney Lumet / Roteiro: Meade Roberts adaptado da peça "Orpheus Descending" de Tenneesse Williams / Elenco: Marlon Brando, Anna Magnani, Joanne Woodward e Maureen Stapleton / Sinopse: Valentine Xavier (Marlon Brando) é um artista de New Orleans que vive tocando entre um lugar e outro, até decidir se instalar em uma pequena cidade entre New Orleans e Memphis. Enquanto o passado de Valentine vem à tona, ele se envolve com uma excêntrica mulher casada.

Pablo Aluísio.