Ao longo de sua carreira, o ator John Wayne se notabilizou pelos excelentes filmes de western que estrelou. Isso porém não limitava suas opções dentro do mundo do cinema, tanto que ele passeou por vários gêneros cinematográficos, sempre com muito sucesso. Um exemplo disso é esse “Esquadrilha Mortal” (também conhecido como “Tigres Voadores”). Na véspera da entrada dos Estados Unidos na II Guerra Mundial um grupo de pilotos liderados pelo Capitão Jim Gordon (John Wayne) defende o território chinês dos constantes ataques da força aérea do império japonês. Como se sabe Japão e China são inimigos históricos, muito por causa dos inúmeros crimes de guerra cometidos por forças militares nipônicas contra civis chineses completamente indefesos. Aqui o grupo “Tigres Voadores” formado apenas por pilotos americanos, tem como principal missão proteger um hospital para crianças feridas em combates. Além disso promovem várias outras missões como patrulhas noturnas, algo extremamente perigoso em vista da precariedade tecnológica da época. Também promoviam ataques a alvos estratégicos. O filme fez parte do esforço de guerra de Hollywood durante a II Grande Guerra, cujo principal objetivo era manter em alta a moral e o espírito patriota do povo americano no meio do conflito que se espalhava pelo mundo afora.
“Esquadrilha Mortal” foi produzido pela extinta companhia cinematográfica Republic, onde John Wayne realizou vários filmes no começo de sua carreira. Jovem e esbelto, o ator encontrou um ótimo veículo para sua carreira aqui. O filme é muito bem realizado, com doses certas de ação e até mesmo romance. O personagem de Wayne tem um caso amoroso com a enfermeira da base interpretada pela atriz Anna Lee. Nas cenas de batalhas aéreas o filme de utiliza com muito sucesso de várias técnicas, desde imagens reais captadas em combates verdadeiros, até o uso intensivo de maquetes (todas extremamente bem feitas. A cena final inclusive serviu de inspiração para George Lucas décadas depois em “Guerra Nas Estrelas”. Na sequência famosa John Wayne e seu copiloto “Woody” (John Carroll) precisam adentrar o território inimigo voando a baixa atitude entre cânions rochosos. Com o avião cheio de um carregamento de nitroglicerina, um poderoso explosivo, eles precisam chegar ao alvo sem serem abatidos, destruí-lo, para depois retornarem à base. A ideia central foi aproveitada por George Lucas na famosa sequência de ataque da estrela da morte. O elenco de apoio é muito bom com destaque para John Carroll que interpreta o piloto “Woody” Jason, um sujeito boa praça, paquerador, mas também um ás da aviação. Sua cena final ao lado do grande John Wayne é marcante. Assim “Esquadrilha Mortal” se qualifica como um dos melhores filmes de aviação de guerra daquela época. Direção firme (de David Miller), ótimas cenas de batalhas aéreas, bom roteiro e é claro, John Wayne em cena, o que já justifica uma boa sessão de cinema. Não deixe de conhecer.
Esquadrilha Mortal / Tigres Voadores (Flying Tigers, Estados Unidos, 1942) Direção: David Miller / Roteiro: Kenneth Gamet, Barry Trivers / Elenco: John Wayne, John Carroll, Anna Lee, Paul Kelly, Gordon Jones / Sinopse: Esquadrilha de pilotos americanos na China defende a população civil indefesa dos ataques de bombardeios da força aérea japonesa nas vésperas da entrada dos Estados Unidos na II Guerra Mundial. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhores efeitos especiais, música e som.
Pablo Aluísio.
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sábado, 22 de agosto de 2020
quarta-feira, 15 de maio de 2019
Sua Última Façanha
Excelente momento da filmografia do ator e astro Kirk Douglas. O roteiro foi baseado no livro "The Brave Cowboy", escrito por Edward Abbey e conta a estória de um velho cowboy chamado John W. "Jack" Burns (Kirk Douglas). Considerado um sujeito de um tempo que não existe mais, ele resolve enfrentar um policial veterano, o xerife Morey Johnson (Walter Matthau), após ser considerado um fugitivo da lei. Assim ficam lado a lado dois mundos diferentes, o velho oeste e o mundo moderno, com seus carros, helicópteros e tecnologia. Enquanto o velho cowboy luta para sobreviver com seu cavalo e seu antigo modo de vida. Sem dúvida é um grande filme! Resolvi assistir depois de tomar conhecimento de que esse era o filme preferido do próprio Kirk Douglas. Depois de conferir devo dizer que concordo com o ator em gênero, número e grau. Embora tenha estrelado vários e vários clássicos ao longo de uma das carreiras mais produtivas e bem sucedidas em Hollywood não há em sua extensa filmografia nenhum outro filme que tenha tanto coração e sentimento como esse. Um roteiro que lida de maneira primorosa com o fim de um amado estilo de vida que definiu vários dos grandes heróis da história dos EUA.
O grande mérito aqui é que Douglas, o diretor David Miller e principalmente o roteirista Dalton Trumbo, conseguiram reunir vários gêneros em um só filme, com resultado bem acima da média. Se pode pensar que "Lonely Are The Brave" é apenas um western temporão, de um estilo que já estava se tornando fora de moda, mas isso é uma visão simplista. O filme passeia tranquilamente por vários estilos e gêneros, tangenciando os filmes policiais, do tipo "on the road" e até mesmo os dramas românticos, isso sem perder a direção em momento algum. Passado no moderno oeste americano, somos apresentados ao personagem John W. "Jack" Burns (Kirk Douglas). Ele é um velho cowboy que tenta manter vivo seu estilo de vida em um mundo que definitivamente nada mais tem a ver com o passado. No meio de autoestradas, aviões a jato e carros modernos, Burns tenta manter de alguma forma intacta a figura mitológica do cowboy do velho oeste. Claro que agindo assim ele logo encontra problemas com a lei, com a sociedade e com a mentalidade moderna. Os jovens o acham uma peça de museu, mas ele insiste em manter sua dignidade intacta.
Duas coisas impressionam no filme: O lirismo subliminar do roteiro e a eficiente caçada final a Burns em uma montanha rochosa íngreme. Algumas cenas são as melhores que já vi. Fiquei imaginando como devem ter sido complicadas as filmagens naquela região no Novo México, até porque subir com um cavalo em um ambiente daqueles é quase impossível (em muitos momentos fiquei realmente receoso do cavalo e do dublê de Douglas caírem montanha abaixo, tal o perigo das tomadas feitas). Em conclusão podemos afirmar que "Sua Última Façanha" é uma excelente crônica sobre a mudança de costumes que se sucedem de uma época histórica para outra. O velho mito que se depara com os desafios da modernidade. Em vista de tudo isso certamente vai agradar aos fãs de western e também aos que querem conhecer melhor essa fase de mudanças profundas no modo de viver dos mitos do passado. Pura nostalgia, de grande qualidade artística. Vale muito a pena conhecer, certamente.
Sua Última Façanha (Lonely Are the Brave, Estados Unidos, 1962) Estúdio: Universal Pictures / Direção: David Miller / Roteiro: Dalton Trumbo / Elenco: Kirk Douglas, Gena Rowlands, Walter Matthau, George Kennedy / Sinopse: Velho cowboy, prestes a se aposentar, se recusa a abandonar seu amado estilo de vida do passado. Após problemas com um xerife ele precisa sobreviver a uma intensa caçada humana. Filme indicado ao BAFTA Awards na categoria de Melhor Ator (Kirk Douglas).
Pablo Aluísio.
O grande mérito aqui é que Douglas, o diretor David Miller e principalmente o roteirista Dalton Trumbo, conseguiram reunir vários gêneros em um só filme, com resultado bem acima da média. Se pode pensar que "Lonely Are The Brave" é apenas um western temporão, de um estilo que já estava se tornando fora de moda, mas isso é uma visão simplista. O filme passeia tranquilamente por vários estilos e gêneros, tangenciando os filmes policiais, do tipo "on the road" e até mesmo os dramas românticos, isso sem perder a direção em momento algum. Passado no moderno oeste americano, somos apresentados ao personagem John W. "Jack" Burns (Kirk Douglas). Ele é um velho cowboy que tenta manter vivo seu estilo de vida em um mundo que definitivamente nada mais tem a ver com o passado. No meio de autoestradas, aviões a jato e carros modernos, Burns tenta manter de alguma forma intacta a figura mitológica do cowboy do velho oeste. Claro que agindo assim ele logo encontra problemas com a lei, com a sociedade e com a mentalidade moderna. Os jovens o acham uma peça de museu, mas ele insiste em manter sua dignidade intacta.
Duas coisas impressionam no filme: O lirismo subliminar do roteiro e a eficiente caçada final a Burns em uma montanha rochosa íngreme. Algumas cenas são as melhores que já vi. Fiquei imaginando como devem ter sido complicadas as filmagens naquela região no Novo México, até porque subir com um cavalo em um ambiente daqueles é quase impossível (em muitos momentos fiquei realmente receoso do cavalo e do dublê de Douglas caírem montanha abaixo, tal o perigo das tomadas feitas). Em conclusão podemos afirmar que "Sua Última Façanha" é uma excelente crônica sobre a mudança de costumes que se sucedem de uma época histórica para outra. O velho mito que se depara com os desafios da modernidade. Em vista de tudo isso certamente vai agradar aos fãs de western e também aos que querem conhecer melhor essa fase de mudanças profundas no modo de viver dos mitos do passado. Pura nostalgia, de grande qualidade artística. Vale muito a pena conhecer, certamente.
Sua Última Façanha (Lonely Are the Brave, Estados Unidos, 1962) Estúdio: Universal Pictures / Direção: David Miller / Roteiro: Dalton Trumbo / Elenco: Kirk Douglas, Gena Rowlands, Walter Matthau, George Kennedy / Sinopse: Velho cowboy, prestes a se aposentar, se recusa a abandonar seu amado estilo de vida do passado. Após problemas com um xerife ele precisa sobreviver a uma intensa caçada humana. Filme indicado ao BAFTA Awards na categoria de Melhor Ator (Kirk Douglas).
Pablo Aluísio.
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