quinta-feira, 25 de junho de 2020

Uma Loira Por Um Milhão

Longe da grandiosidade de um “Crepúsculo dos Deuses”, o cineasta Billy Wilder também se dedicou a realizar pequenos filmes, obras primas de simplicidade e do bom humor. Um dos mais interessantes deles é justamente essa comédia de costumes muito bem realizada chamada “Uma Loira Por Um Milhão”. Realizada na década de 1960, quando as comédias românticas despontavam nas bilheterias, o filme foi quase uma brincadeira pessoal por parte de Wilder. Unindo-se a um elenco de amigos pessoais (como Jack Lemmon e Walter Matthau) ele acabou realizando um de seus filmes mais despretensiosos.

“Uma Loira Por Um Milhão” é assim uma comédia de humor negro muito bem estruturada recheada de ótimos diálogos. De certo modo lá esperava por isso uma vez que o cineasta sempre foi reconhecido pelos excelentes textos utilizados em suas produções. Não é seu momento mais engraçado na carreira, já que esse posto pertence obviamente a "Quanto Mais Quente Melhor", mas diverte bastante. A linguagem é quase teatral pois a maior parte do filme se passa dentro de um apartamento, onde Jack Lemmon finge estar seriamente ferido para receber uma bolada de uma seguradora.

O melhor do filme é seu cinismo. Na pele de um advogado pilantra o ator Walter Matthau dá aula de nonsense e falta de escrúpulos, mas tudo com bom humor. Sabe aquele sujeito que faz de tudo para ganhar um dinheiro fácil? Pois é justamente esse o estilo de seu personagem, simplesmente impagável. O ator foi premiado com o Oscar de melhor ator coadjuvante por esse trabalho. Um grande reconhecimento para um profissional realmente talentoso. O título nacional é totalmente equivocado (como sempre), pois o título original "The Fortune Cookie" (Biscoito da Sorte) é bem mais de acordo com o que acontece durante o enredo. A tal "loira" do filme não tem grande destaque dentro da trama. Já a ironia do biscoito chinês sim. Só assistindo para entender.

A dupla formada por Jack Lemmon e Walter Matthau está simplesmente perfeita em cena. Eles combinavam tão bem como a dupla O Gordo e o Magro ou Jerry Lewis e Dean Martin. Depois de tantos anos assistindo aos seus trabalhos posso afirmar sem receios que juntos nunca fizeram um filme ruim. É impressionante o nível de qualidade e elegância que conseguiam alcançar quando trabalhavam juntos. Simbiose perfeita de bom humor e diversão. Enfim fica a dica dessa pequena obra do genial e muito eclético Billy Walter. Assistir ao filme logo se torna uma bela oportunidade para rever um dos mais inteligentes diretores que já surgiram na história, aqui brincando de fazer cinema.

Uma Loira Por Um Milhão (The Fortune Cookie, Estados Unidos, 1966) Direção: Billy Wilder / Roteiro: Billy Wilder, I.A.L. Diamond / Elenco: Jack Lemmon, Walter Matthau, Ron Rich, Judi West, Cliff Osmond  / Sinopse: Após sofrer um pequeno acidente, Harry Hinkle (Jack Lemmon) é persuadido por seu cunhado, um advogado cara de pau chamado Willie Gingrich (Walter Matthau), a exagerar nos danos que sofreu para promover um milionário processo que provavelmente os tornará ricos! Filme premiado com o Oscar na categoria de melhor ator coadjuvante (Walter Matthau). Também indicado nas categorias de melhor roteiro original (Billy Wilder, I.A.L. Diamond), melhor direção de fotografia (Joseph LaShelle) e melhor direção de arte (Robert Luthardt, Edward G. Boyle). Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de melhor ator - musical ou comédia (Walter Matthau).

Pablo Aluísio. 

3 comentários:

  1. Cinema Clássico
    Uma Loira Por Um Milhão
    Pablo Aluísio.

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  2. Duplas como Jack Lemmon e Walter Matthau, nunca mais serão viáveis no cinema. As pessoas mudaram e o tipo de comédia que eles tão bem interpretavam se foi junto com eles.
    Dizem que o diretor de Balada Sangrenta pedia para o Walter Matthau interpretar menos, para o Elvis interpretar mais. O Michael Curtiz sabia o que estava fazendo e com quem estava lidando.
    Serge Renine.

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  3. Essa frase é ótima. Interprete menos, para que Elvis interprete mais. Parece que até deu certo. O velho Curtiz sabia das coisas.

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