segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Ruby Sparks - A Namorada Perfeita

Calvin Weir-Fields (Paul Dano) é um jovem escritor em crise criativa que acaba criando em seus textos aquela que seria a namorada perfeita - simpática, amiga, leal, sensual e meiga. Ele lhe dá o nome de Ruby Sparks e pretende escrever com esse personagem o seu próximo grande livro. O problema é que a própria Ruby se materializa em sua vida, se tornando uma pessoa real e não uma mera invenção ficcional. Sabendo que pode determinar os atos de Ruby apenas escrevendo o que espera dela em uma folha de papel, o escritor acaba entrando numa grande confusão. Lida assim a sinopse a primeira impressão é que Ruby Sparks é uma comédia romântica das mais bobas mas para minha surpresa não é. O filme se leva à sério, exagera nas tintas do drama e procura levantar, mesmo que de forma bem superficial, a questão do livre arbítrio e da imagem que projetamos dos outros em nós mesmos. 

A Ruby não tem vontade própria, ela faz o que seu criador deseja. Assim ele projeta nela tudo aquilo que esperaria de uma namorada perfeita mas esse tipo de coisa logo se revela um desastre para Calvin e os outros ao redor. Infelizmente o enredo parte dessa premissa absurda e se o espectador não comprar a idéia do filme então tudo vai por água abaixo. O tom mais sério da trama também pode afastar um pouco seu público alvo, que seria as adolescentes. De qualquer modo o resultado final não é ruim, apenas previsível. O argumento não explica porque uma personagem de ficção se materializou na vida real e os demais personagens do filme assumem isso com absurda naturalidade. O ator que faz o escritor Calvin, Paul Dano, é pouco carismático, para não dizer chato. Quem acaba segurando o filme nas costas é mesmo sua parceira de cena, Zoe Kazan, que também assina o roteiro. Ela é neta do grande cineasta e autor Elia Kazan. Fazendo a fofinha Ruby Sparks ela foi a responsável direta por eu ter ido até o fim do filme. Ela manteve meu interesse. Em suma, Ruby Sparks não é nenhuma maravilha da sétima arte. Embora colocado no nicho das comédias românticas procura ser um pouco mais inteligente do que habitualmente se faz nesse gênero. Não vai agradar a todo mundo mas se você não for muito exigente pode até servir como passatempo para um domingo à noite. 

Ruby Sparks - A Namorada Perfeita (Ruby Sparks, Estados Unidos, 2012) Direção: Jonathan Dayton, Valerie Faris / Roteiro Zoe Kazan / Elenco: Zoe Kazan, Antonio Banderas, Paul Dano, Alia Shawkat, Deborah Ann Woll, Annette Bening, Steve Coogan, Chris Messina, Elliott Gould, Aasif Mandvi / Sinopse: Escritor em crise de criatividade resolve criar uma personagem de ficção que atendesse a tudo aquilo que ele desejaria numa verdadeira "namorada perfeita". O problema é que sua personagem ganha vida no mundo real, levando muitos problemas para o pacato escritor.

Pablo Aluísio.

domingo, 25 de novembro de 2012

A Lenda dos Guardiões

Por mais incrível que isso possa parecer a verdade é que "A Lenda dos Guardiões" é uma animação sobre a II Guerra Mundial. Explico. O roteiro é totalmente inspirado nos eventos da Grande Guerra que abalou o mundo nos anos 40. Na verdade essa animação é uma alegoria daqueles acontecimentos. Senão vejamos: existem dois grandes grupos de aves. O primeiro grupo é formado por corujas que se consideram "Puras" (tal qual os nazistas e sua teoria da raça superior, os arianos). Esse grupo do "mal" também tem um líder carismático que escraviza e doutrina as corujinhas mais jovens (juventude Hitlerista) e as usam nos campos de batalha. Existe também toda aquela ideologia que já conhecemos bem dos regimes ditatoriais.

Já o outro grupo, chamado de "Guardiões" tem um personagem que é obviamente inspirado no primeiro ministro inglês durante a II Guerra: Winston Churchill. É um velho turrão, com passado de glórias no campo de batalha. Para completar assim como Churchill o personagem do filme também escreveu suas memórias contando as suas lutas do passado, inspirando a jovem corujinha do filme. O mais curioso dessa animação é que ela tenta passar simpatia e humanidade pelas corujas, um bicho que não tem quase nenhuma tradição nos personagens animados. Em algumas regiões do Brasil inclusive as pobres corujinhas são símbolos de forças do mal e até mesmo mal agouro (azar ou maldição). Por isso é bastante interessante o trabalho desenvolvido aqui. Um bom passatempo e uma boa alegoria sobre o maior conflito armado da humanidade. Em poucas palavras: World War II for Kids!

A Lenda dos Guardiões (Legend of the Guardians: The Owls of Ga'Hoole, Estados Unidos, 2010) Direção:  Zack Snyder / Roteiro: John Orloff, John Collee / Elenco (vozes): Emilie de Ravin, Hugo Weaving, Ryan Kwanten, Helen Mirren, Geoffrey Rush / Sinopse: Soren é uma jovem coruja que adora histórias de guerra contadas por seu pai. Ele lhe coloca a par sobre a lenda dos guardiões, guerreiros da mitologia que lutaram contra as forças do mal.  Soren nem desconfia que em breve estará envolvido em grandes aventuras com o mitológico grupo alado..

Pablo Aluísio.

Pink Floyd - The Wall

Escrever para esse blog Music é bem terapêutico. Como escrevo resenhas de discos vou recordando aspectos de minha vida através da música. Poucas pessoas percebem isso mas a música cria um grande vínculo sentimental conosco. Ouvir música é uma das melhores formas para recordamos de certos momentos de nossas vidas. Fazia tempo que tinha ouvido o álbum The Wall do Pink Floyd. Só resolvi escutar agora para escrever essa resenha para você, prezado leitor. Assim que coloquei para tocar tive um choque de lembranças da minha época na universidade - sim, a trilha sonora dos meus anos universitários foi ao som do bom e velho Pink Floyd. É maravilhosa a capacidade da música em nos transportar para anos passados - e nesse processo nos lembramos de pessoas, fatos e sentimentos que há muito tempo estavam esquecidos. Maravilha mesmo. Mas voltemos ao The Wall. Esse é o disco da egotrip suprema de Roger Waters. É o momento em que ele olhou com desdém para o resto da banda e proclamou: "Sinto que estou me transformando em um Deus!" Isso mesmo, Waters foi o mais egomaníaco rockstar da história. Seu ego não tem qualquer semelhança com nenhum outro artista. De fato Roger Waters ama Roger Waters apaixonadamente (e loucamente).

The Wall nasceu assim. O disco é Waters da primeira à última faixa. Os demais integrantes do Floyd aqui não passam de uma banda de apoio. O auto proclamado Deus supremo do Rock Progressivo escreveu as canções, fez seus arranjos e só não tocou tudo sozinho porque aí seria demais. Em suas letras Roger Waters se expõe como nunca antes na história da banda. Ele é o personagem principal de todas as faixas - os sentimentos são deles, a visão de mundo é dele... um exercício de egolatria... nisso se resume The Wall. Ironicamente é um dos trabalhos mais conhecidos do grupo (talvez só perca para The Dark Side of The Moon). Assim temos um tremendo paradoxo pois ao mesmo tempo em que é uma das obras mais populares do Pink Floyd também é o menos coletivo álbum do grupo. Rpger Waters, completamente enlouquecido, entra em uma viagem dentro de si mesmo sem limites, sem pudores, beirando à insanidade total.

Até hoje The Wall é louvado por público e crítica. Não advogo dessa opinião. Embora haja clássicos absolutos entre suas faixas considero o resultado final irregular. Em um mesmo espaço convivem obras de arte eternas da história da música ("Another Brick in the Wall", "Comfortably Numb", "In the Flesh?","Hey You") com bobagens absolutas ("Goodbye Cruel World", "One of My Turns"). Hoje em dia não é mais aquele disco que eu pare para ouvir da primeira à última música. Apenas pincelo suas obras primas e o resto deixo pra lá. Waters é um artista que admiro profundamente, mas ele é sem dúvida uma pessoa de extremos - quando está inspirado, é ótimo, excelente, quando não, se torna insuportável. De qualquer modo fecho o texto deixando claro: The Wall é um marco absoluto. De certa forma é o último grande momento da carreira do Pink Floyd, mas não é infalível e nem isento de críticas. Agora que você leu tudo corra para ouvir The Wall e tente se possível sair para fora do muro. Is There Anybody Out There?

Pink Floyd - The Wall (1979)
In the Flesh? 
The Thin Ice 
Another Brick in the Wall (Parte 1) 
The Happiest Days of Our Lives 
Another Brick in the Wall (Parte 2) 
Mother 
Goodbye Blue Sky 
Empty Spaces 
Young Lust 
One of My Turns 
Don't Leave Me Now
Another Brick in the Wall (Parte 3) 
Goodbye Cruel World 
Hey You 
Is There Anybody Out There? 
Nobody Home 
Vera 
Bring the Boys Back Home 
Comfortably Numb
The Show Must Go On 
In the Flesh 
Run Like Hell 
Waiting for the Worms 
Stop 
The Trial 
Outside the Wall 

Pablo Aluísio.

sábado, 24 de novembro de 2012

Ilha do Medo

Esse é um dos mais recentes filmes de Martin Scorsese. Ilha do Medo é o típico filme que engana. Você vai ao cinema pensando que vai assistir um tipo de gênero e acaba encontrando outro completamente diferente. Eu, por exemplo, fui assistir convencido que iria me deparar com um bom filme de suspense policial, com muito clima noir. Pensei que iria assistir algo no estilo de Chinatown, mas acabei vendo um curioso derivado de Um Estranho no Ninho. Dito isso quero deixar claro que o filme não é ruim, em hipótese alguma. Ele passeia muito bem pelos estilos com desenvoltura e prende a atenção do espectador. Não é para menos já que Scorsese é um dos diretores mais brilhantes da história do cinema. Então se você vai ao cinema assistir A Ilha do Medo pensando tratar-se de um filme de terror, suspense policial ou trama de espionagem, esqueça. O roteiro usa desses gêneros apenas para contar uma outra estória, bem mais pesada e trágica do que o típico filme de detetives. Não vou aqui estragar a surpresa de ninguém, por isso quanto menos contar melhor. O que posso adiantar é que Di Caprio está muito bem no papel (não chega a ser excepcional mas apresenta uma boa atuação). Ben Kingsley também mantém o alto nível do elenco mas é Max Von Sydow que se sobressai, apesar de suas cenas serem pequenas e esporádicas.

Em termos de produção, atuação e direção não há o que reclamar, Scorsese é praticamente um gênio e nesses aspectos técnicos só se poderia esperar o melhor mesmo. O grande ponto negativo do filme realmente é seu roteiro. Não que seja ruim, longe disso, mas é previsível. Quem tiver o mínimo de atenção logo irá matar o "segredo" do filme. Várias dicas são deixadas ao longo da projeção - algumas inclusive bem óbvias. Em certo sentido me lembrei de um dos meus filmes preferidos, Coração Satãnico, onde também havia um pretexto inicial do roteiro que desbancava para uma grande reviravolta nos momentos finais. Mas o que era sobrenatural em Angel Heart aqui se torna introspectivo, pesado e principalmente psicológico. Por isso digo que quem mais irá apreciar o filme no final serão os estudantes e estudiosos de psiquiatria e psicologia. Esses realmente terão um prato cheio para debater depois da exibição.

Ilha do Medo (Shutter Island, Estados Unidos, 2009) Direção: Martin Scorsese / Roteiro: Laeta Kalogridis / Elenco: Leonardo DiCaprio, Mark Ruffalo, Ben Kingsley, Emily Mortimer, Michelle Williams, Max von Sydow, Jackie Earle Haley, Dennis Lynch./ Sinopse: Teddy Daniels (Leonardo DiCaprio) é um detetive contratado para descobrir o paradeiro de uma mulher acusada de assassinato. Sua última localização foi em um hospital psiquiátrico instalado na isolada Ilha Shutter Lá começa a juntar as peças de um grande quebra cabeças envolvendo a todos, inclusive ele próprio.

Pablo Aluísio.

Gran Torino

Os Estados Unidos sempre foram uma nação de imigrantes porém nos último anos o fluxo se intensificou e a sociedade americana ficou mais miscigenada do que nunca. Ao contrário do padrão WASP (sigla em inglês que significa "Branco, Anglo Saxão e Protestante") o que se vê hoje naquele país é o aumento de latinos (brasileiros incluídos nesse grupo), orientais e outras etnias nas grandes cidades da América. O americano tradicional, médio, ficou um pouco perplexo com essa nova situação. Os vizinhos já não eram tão familiares como antes e muitos deles sequer sabiam falar inglês. De fato em poucos anos se falará mais espanhol nos EUA do que inglês segundo algumas pesquisas. Para a mentalidade do americano tradicional essa verdadeira "invasão" de seu país significou menos emprego, barateamento da mão de obra, além do aumento da criminalidade e miséria. Essa é de certa forma uma visão simplista sobre o problema mas de fato os Estados Unidos estão bem longe daquele país do American Way of Life da década de 50. Hoje predomina a massa imigrante. Tentando entender essa nova realidade social o diretor e ator Clint Eastwood resolveu colocar à frente esse "Gran Torino", um filme muito interessante que lida com as mudanças que a sociedade americana vive nesse momento.

O enredo mostra um americano típico. Sujeito conservador, de ideais e valores tradicionais que agora tem que lidar com gangues formadas por latinos e asiáticos. Nesse processo de aumento de criminalidade ele acaba tendo seu querido carro da marca Gran Torino sendo cobiçado por meliantes provenientes de famílias imigrantes. Esse argumento analisado assim se torna até perigoso pois o roteiro poderia desbancar para a xenofobia mas Clint Eastwood evitou cair na armadilha, o que de certa forma me surpreendeu pois ele é notório membro do Partido Republicano que defende medidas restritivas contra estrangeiros nos Estados Unidos (fator aliás que fez com que fossem derrotados nas últimas eleições presidenciais, vencendo Obama o preferido justamente dos imigrantes, mulheres e negros). Ao invés de adotar uma postura de crítica contra o estrangeiro que supostamente estaria "emporcalhando" o sonho americano, Clint mostra uma faceta bem mais amistosa e tolerante com essas pessoas. Eu costumo dizer que esse é tipicamente um "filme-tese" onde Eastwood debate a atual onda de imigração desenfreada ao seu país. Recebido friamente por crítica e público o filme merecia ter melhor destino uma vez que toca em um tema delicado e atual. Afinal de contas, estaria mesmo desaparecendo os Estados Unidos dos puritanos e dos pioneiros para dar lugar a uma nova nação, mais latina, mais hispânica e asiática? Assista ao filme e tire suas próprias conclusões.

Gran Torino (Gran Torino, Estados Unidos, 2008) Direção: Clint Eastwood / Roteiro: Nick Schenk, Dave Johannson / Elenco: Clint Eastwood, Geraldine Hughes, John Carroll Lynch, Cory Hardrict, Dreama Walker, Brian Haley. / Sinopse: Walt Kowalski (Clint Eastwood) é um americano tradicional, veterano de guerra e conservador que começa a ser ameaçado por um grupo de jovens latinos que formam uma gangue de ladrões da região onde mora. Para superar o problema terá que mudar de atitude, inclusive colocando em dúvida antigos valores que considerava primordiais em sua vida.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Flor do Deserto

O cinema não deve ser visto apenas como puro entretenimento. Um dos aspectos mais importantes da sétima arte é a conscientização dos espectadores. Um exemplo maravilhoso nesse sentido é esse "Flor do Deserto", um filme muito marcante e tocante que expõe um dos lados mais tristes da condição feminina em certos países. O roteiro foi baseado no livro autobiográfico da modelo somali Waris Dirie (interpretada aqui por Liya Kebede). Em um ato de coragem digno de aplausos ela expõe um drama de sua vida pessoal para conscientizar o mundo de um problema ainda muito atual em vários países africanos: a mutilação genital feminina. Assim ela conta como aos cincos anos foi circuncidada de acordo com um antigo costume tribal. Essa mutilação genital é vista com normalidade no lugar onde nasceu. A prática visa retirar da mulher toda e qualquer possibilidade de em sua vida adulta vir a ter algum prazer sexual. Obviamente se trata de uma tradição que em essência é uma verdadeira barbaridade. Como se não bastasse o direito de escolha também é tirado dessas mulheres pois elas são vendidas logo na infância em casamentos completamente arranjados por familiares e mercadores. 

No caso de
Waris Dirie ela conseguiu fugir de sua região indo parar em Mogadishu, capital da Somália. Lá finalmente conseguiu se alfabetizar (a educação também é proibida para as mulheres no local onde nasceu). Após arranjar  um emprego em um restaurante de fast food finalmente conseguiu chamar a atenção de um renomado fotógrafo que viu nela todas as qualidades das grandes top models. Após ir para os Estados Unidos ela iniciou uma carreira de sucesso que dura até os dias de hoje. Uma história com final feliz que ensina muito sobre a precária condição feminina em certos lugares do mundo. O livro da modelo (e o excelente filme feito a partir dele) não deve despertar pena do leitor / espectador. Pelo contrário, o sentimento é de admiração pela coragem e bravura dessa mulher que ousou expor um trauma pessoal para levar ao mundo essa denúncia sobre o que ocorre na Somália e em outros países da África. Infelizmente as mulheres ainda não alcançaram a plenitude de seus direitos mas conforme estamos acompanhando já há grandes avanços nesse aspecto. Organizações internacionais tentam erradicar essa prática monstruosa em lugarejos atrasados e arcaicos. Um dia certamente essa monstruosidade será finalmente banida da vida de todas essas mulheres. 

Flor do Deserto (Desert Flower, Estados Unidos, 2009) Direção: Sherry Horman / Roteiro: Smita Bhide / Elenco: Liya Kebede, Sally Hawkins, Craig Parkinson, Meera Syal, Anthony Mackie, Juliet Stevenson, Timothy Spall, Soraya Omar-Scego / Sinopse: "Flor do Deserto" conta a história real da modelo Waris Dirie que sofreu mutilação genital feminina ainda em sua infância. A obra é um alerta e uma denúncia contra essa terrível prática que ainda persiste em certos países africanos.

Pablo Aluísio.

Mar em Fúria

Bastante subestimada essa boa aventura "Mar em Fúria" que foi na verdade mais um meio promocional para lançar George Clooney no mundo do cinema. Na época ele ainda tentava fazer a complicada transição das séries de TV para os filmes nas telas de cinema. O roteiro é bem escrito, enxuto e consegue tirar excelente proveito da trama interessante. Aqui acompanhamos a embarcação Andrea Gal, capitaneada por Billy Tyne (George Clooney). É um barco comercial que vai até regiões isoladas do Oceano para recolher um tipo especial de pescado muito valorizado no mercado americano. O problema é que bem no meio da viagem todos são surpreendidos por uma "Tempestade Perfeita", uma denominação usada para caracterizar a fusão de uma série de fatores climáticos que criam uma tempestade feroz, formando ondas no Oceano do tamanho de um prédio de dez andares. No meio do caos em que se encontram todos os membros da tripulação tentam sobreviver da melhor forma possível. Esse é um daqueles argumentos de tirar o fôlego, onde não sobra muito tempo para o espectador respirar. Inspirado no romance de aventuras escrito por Sebastian Junger.o filme consegue deixar a adrenalina alta, sem cair no marasmo em nenhum momento.

O filme obviamente usa e abusa de efeitos digitais, todos extremamente bem realizados. Como se sabe sempre houve grande desafio em recriar digitalmente com sucesso o Oceano. Aqui tudo soa muito bem feito, criando realmente a sensação de se estar vendo imagens reais do pequeno barco no meio da imensidão azul em fúria. O orçamento foi milionário (140 milhões de dólares) e a aposta ousada pois não se sabia ao certo se o público compraria a idéia de ver um grupo de marujos comerciais enfrentando uma tempestade épica no meio do mar. Depois do lançamento todos respiraram aliviados pois a produção conseguiu fazer sucesso de bilheteria. Muito do mérito do sucesso cabe ao diretor Wolfgang Petersen que já tinha conseguido grande êxito em um filme levemente semelhante,"O Barco - O Inferno no Mar". De qualquer modo ele deveria ter deixado esse tema um pouco de lado pois depois afundou de forma monumental com o remake de "Poseidon", um grande fracasso de público e crítica. Isso porém é tema para outra resenha. Aqui deixo a dica de "Mar em Fúria" uma boa aventura com o mesmo espírito dos antigos filmes do mar que tanto conhecemos. Um bom programa de entretenimento em suma.

Mar Em Fúria (The Perfect Storm, Estados Unidos, 2000) Direção: Wolfgang Petersen / Roteiro: William D. Wittliff / Elenco: George Clooney, Mark Wahlberg, Diane Lane, Mary Elizabeth Mastrantonio, Karen Allen, William Fichtner, Michael Ironside./ Sinopse: Navio comercial de pesca se vê envolvida por uma enorme tempestade em alto mar. Para sobreviver os tripulantes terão que partir para uma verdadeira luta contra as forças da natureza.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

A Aparição

Um grupo de jovens universitários decide fazer uma experiência científica para tentar estudar se seria possível realmente se comunicar com os mortos. No meio da experiência porém algo sai muito errado e um portão entre o mundo dos vivos e dos mortos é aberto. De lá surge uma entidade poderosa que começa a deixar um rastro de destruição por onde passa. Anos depois um jovem casal vai morar numa bela casa em um bairro afastado de Los Angeles e começa a notar estranhos eventos no local: móveis se movendo, mofo nas paredes e uma estranha sensação de que eles não estão sozinhos naquela casa. Bem, pela sinopse já deu para perceber que estamos na presença de mais um filme sobre casas mal assombradas, só que esse nem se pode comparar com os grandes filmes desse gênero. O roteiro tenta criar um clima mais científico para o tema mas naufraga totalmente. A produção de orçamento mínimo não consegue assustar e nem criar clima. O casal de atores é muito fraco e o argumento não tem um gancho para manter o espectador interessado.

Some-se a isso a sua curta duração (pouca mais de 70 minutos) e você terá algo completamente desnecessário. A entidade que surge nas sombras é sem graça e a tentativa de explicar tudo soa infantil e bobo. Logo no começo quando vi a marca da Dark Castle já fiquei com um pé atrás pois essa produtora anda deixando muito a desejar em seus últimos filmes. Sem dinheiro tudo é reciclado e o gosto de prato requentado incomoda. Não espere também ver nada de bom em termos de maquiagem ou efeitos especiais em A Aparição. Tudo é muito pobre nesse aspecto. A direção do jovem Todd Lincoln que só havia dirigido curtas antes, soa amadora e sem timing. Enfim, não adianta mais apontar os defeitos de A Aparição, eles são muitos. Procure por algo melhor para ver pois esse aqui é bem decepcionante.

A Aparição (The Apparition, Estados Unidos, 2012) Direção: Todd Lincoln / Roteiro: Todd Lincoln / Elenco: Ashley Greene, Sebastian Stan, Tom Felton / Sinopse: Jovem casal vai morar numa casa onde começa a surgir estranhos fenômenos como móveis se movendo sozinhos, mofo nas paredes e sombras que parecem observar seus moradores. Seria uma alma em busca de redenção ou uma estranha entidade que conseguiu deixar o mundo dos mortos para aterrorizar os vivos?

Pablo Aluísio.

Frankenstein de Mary Shelley

O sucesso de Drácula de Bram Stoker fez com que naturalmente os estúdios procurassem o mais rápido possível adaptar outros livros clássicos de terror. Assim a Tri-Star Pictures colocou em andamento um projeto ambicioso: adaptar o famoso livro de Mary Shelley, Frankenstein. A fórmula seria a mesma que foi usada em Drácula, ser o mais fiel possível ao texto original, ignorando todos os filmes anteriores sobre o tema. Não era uma missão fácil. O design da criatura dos filmes da Universal faz parte da cultura pop até os dias atuais. A estória todos já conheciam mas como adaptação dos mesmos filmes. Era uma mitologia muito conhecida afinal. As surpresas vieram logo quando o nome do diretor e ator Kenneth Branagh foi anunciado para dirigir o novo filme. Ele era muito mais associado às adaptações de William Shakespeare e não tinha muita intimidade com o universo dos filmes de terror tradicionais. Maior surpresa ocorreu depois quando o estúdio anunciou o grande ator Robert De Niro para viver a criatura! Essa seguramente foi a escolha de elenco mais improvável da história de Hollywood. De Niro interpretando o monstro seria no mínimo esquisito. Fora isso a nova versão de Frankenstein teve o melhor em termos de produção e estrutura. Nesse meio tempo o diretor Roger Corman em mais um lance de oportunismo lançou sua própria versão de Frankenstein. Um filme pra lá de bizarro que chegou até mesmo a ser lançado em nossas locadoras na época.

De qualquer modo as pessoas ansiavam mesmo pela produção classe A de De Niro  e Branagh. O filme finalmente foi lançado em novembro de 94. A crítica se dividiu. Para muitos a produção era sem inspiração, preguiçosa e maçante. Para outros era válida a iniciativa de se revisar o texto original de Mary Shelley. Em meu conceito Frankenstein é bem irregular mas não credito todos os problemas apenas ao filme em si. De certa forma o próprio texto de Mary Shelley envelheceu terrivelmente. Escrito como uma aposta da autora que queria produzir o romance mais aterrorizante de sua época,  Frankestein é uma obra que intencionalmente carrega nas tintas a todo momento. Nunca teve a sofisticação dos textos de Bram Stoker. Essa falta de sutileza assim se torna óbvio no transcorrer do filme. Além do mais a segunda parte da trama soa muito ultrapassada nos dias atuais. Com tantos problemas no texto original não é de se estranhar que o filme tenha tantos problemas. A produção de primeira linha está lá, um bom diretor e um elenco de ótimos profissionais também, mas o filme não empolga, não surpreende em nenhum momento. A nova visão do livro de Mary Shelley fez sucesso nas telas mas jamais conseguiu se tornar uma unanimidade como o filme de Francis Ford Coppola. Sem dúvida deixa a desejar em vários aspectos.

Frankenstein de Mary Shelley (Frankestein, Estados Unidos, 1994) Direção: Kenneth Branagh / Roteiro: Steph Lady baseado na obra de Mary Shelley / Elenco: Robert De Niro, Kenneth Branagh, Tom Hulce, Helena Bonham Carter, Aidan Quinn, Ian Holm, John Cleese, Richard Briers / Sinopse: Victor Frankenstein (Kenneth Branagh) é um cientista vitoriano que decide utilizar as recentes descobertas sobre eletricidade para tentar criar vida a partir de restos humanos de pessoas falecidas. Seus experimentos acabam dando origem a uma estranha criatura (Robert De Niro) que a despeito de sua precária condição consegue expressar e desenvolver muitos dos mais nobres sentimentos humanos. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O Homem Bicentenário

Muito malhado na época de seu lançamento, O Homem Bicentenário não conseguiu também agradar integralmente os fãs de ficção. O fato é que o filme foi baseado em famosa obra de Isaac Asimov e toda adaptação  desse autor é bem complicada. Para piorar os produtores resolveram realizar algo mais pop e menos existencialista que é a chave do livro original. A trama é até singela: Uma família compra um robô de tarefas domésticas chamado Andrew (Robin Williams). O que parecia ser apenas mais um objeto para facilitar a vida de todos acaba surpreendendo pois ele é um robô diferente, que consegue exteriorizar muita personalidade e caráter, duas características próprias do ser humano. Andrew consegue mostrar sentimentos para com as pessoas, começa a elaborar dúvidas sobre si mesmo e entra em conflito na sua convivência com os membros da família. Suas atitudes seriam a materialização de um velho sonho dos cientistas em desenvolver uma inteligência artificial? Só assistindo para conferir. 

Em minha concepção O Homem Bicentenário é bem abaixo da profundidade da obra literária original. O que ameniza é saber que nem sempre há como adaptar Asimov com fidelidade (outras adaptações são mais medonhas do que essa). No final temos um produto cinematográfico que consegue trazer, mesmo que em pequenas doses, alguns dos questionamentos mais relevantes do autor. No final o que prejudicou o filme foi seu custo elevado para a época (mais de 100 milhões de dólares de orçamento) e a escalação do diretor errado, Chris Columbus, que tem mais intimidade com o universo infanto-juvenil, nunca tendo antes dirigido uma ficção desse nível. Assim o filme não conseguiu agradar ao público do universo Sci-fi e nem atraiu a garotada que forma a maior parte da platéia de Columbus. Apesar disso o filme não foi o fracasso todo que dizem - certamente teve um prejuízo mas foi relativamente pequeno diante da ousadia de se produzir algo assim. Hoje em dia é interessante ser visto, mesmo sabendo de antemão que é em essência um produto meramente pop, bem longe da expressividade da obra de Asimov. 

O Homem Bicentenário (Bicentennial Man, Estados Unidos, 1999) Direção: Chris Columbus / Roteiro: Nicholas Kazan. baseado na obra de Isaac Asimov / Elenco: Robin Williams, Sam Neill, Oliver Platt, Embeth Davidtz, Wendy Crewson./ Sinopse: Um robô criado para realizar tarefas rotineiras e domésticas começa a desenvolver traços humanos.

Pablo Aluísio.

Drácula de Bram Stoker

Drácula de Bram Stoker (1847 - 1912) é um clássico absoluto da literatura de terror. Publicado originalmente em 1897 o livro é considerado o marco zero na mitologia moderna sobre vampiros. Obviamente que a lenda sobre vampirismo atravessou séculos mas foi Stoker, com raro brilhantismo, que conseguiu unir seus principais elementos em um texto único, extremamente bem trabalhado e rico em detalhes e nuances que anos depois seria usado exaustivamente pela sétima arte. O que fez o genial Stoker foi reunir em um só romance as lendas, os mitos e até as histórias reais (como a da Condessa Isabel Bathory) para criar um personagem singular, um Conde que esconde uma maldição secular em seu castelo sombrio. Foi justamente com a intenção de ser o mais fiel possível a essa obra que Francis Ford Coppola realizou sua versão de Drácula em 1992. Considerado por muitos como a obra definitiva sobre o personagem o filme ainda hoje impressiona por sua brilhante direção de arte, seu clima soturno e o excelente trabalho do roteiro em mostrar um lado até então pouco explorado em todos os filmes sobre Drácula: o aspecto mais romântico da personalidade do Conde. De fato seu maior fardo é a sua dor pela perda de sua amada, dor essa que atravessa os séculos, tornando-se o verdadeiro martírio do monstro. Ao explorar esse aspecto o filme traz uma carga humana muito intensa ao personagem, tornando tudo muito mais real e visceral.

Passados 20 anos de seu lançamento ouso dizer que Drácula foi a última grande obra prima do mestre Coppola. É uma constatação penosa, haja visto que sem dúvida ele foi um dos cineastas mais brilhantes de Hollywood. Seu grande trabalho aqui se revela na escolha do elenco ideal (Gary Oldman personifica as várias faces do vampiro de forma maravilhosa), no uso correto e pontual de ótimos efeitos especiais (todos recriando uma oportuna atmosfera Vitoriana) e na fidelidade ao texto original. O resultado de tanto talento se vê nas telas de forma grandiosa. Ao custo de 40 milhões de dólares o filme demonstra ter todas as peças perfeitamente encaixadas, resultando em um trabalho magnífico, uma obra de arte realmente. O velho Stoker certamente ficaria orgulhoso.

Drácula de Bram Stoker (Dracula, Estados Unidos, 1992) Direção: Francis Ford Coppola / Roteiro:  James V. Hart baseado na obra de Bram Stoker / Elenco: Gary Oldman, Winona Ryder, Anthony Hopkins, Keanu Reeves, Richard E. Grant, Billy Campbell, Sadie Frost, Tom Waits, Monica Bellucci / Sinopse: Jonathan Harker (Keanu Reeves) vai a um distante e isolado castelo com a missão de vender uma propriedade a um estranho e recluso Conde chamado Drácula (Gary Oldman). Ao ver o retrato de sua amada o monstro fica admirado com a semelhança com sua antiga paixão, uma jovem falecida há muitos séculos. Não tardará para que o Conde vá ao seu encontro.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

À Espera De Um Milagre

A recente morte do ator Michael Clarke Duncan trouxe novamente á tona essa pequena obra prima da década de 1990. O filme tem uma estória muito lírica e bonita que certamente agradou a muitos, tanto na época de seu lançamento como agora. É curioso porque eu me recordo que a recepção foi um tanto fria por parte da crítica, embora o público tenha adorado. O tempo porém lhe fez justiça e mostrou quem realmente tinha razão. Um dos seus grandes méritos é o argumento espiritualista que consegue uma grande proeza, não se tornando panfletário em nenhum momento. Credito isso a essa bem sucedida parceria entre dois grandes talentos:  Frank Darabont e Stephen King. O cineasta Frank Darabont já havia chamada bastante a atenção em seu filme anterior, Um Sonho de Liberdade, outra crônica extremamente inspirada sobre um homem comum numa situação limite. Aqui ele retorna ao sistema penitenciário para contar a estória de John Coffey (Michael Clarke Duncan), um prisioneiro afro-americano de mais de dois metros de altura condenado à morte pelo assassinato de duas garotas brancas no sul racista dos Estados Unidos. O título original, The Green Mile, se refere justamente ao chamado "corredor da morte", onde criminosos perigosos que cometeram crimes bárbaros esperam pela hora de sua execução.

O comportamento de Coffey logo chama a atenção do guarda Paul Edgecomb (Tom Hanks) que percebe que ele na realidade é uma pessoa muito espiritual. Assim vamos acompanhando os acontecimentos, inclusive em flashbacks, onde os eventos que levaram Coffey à prisão são mostrados, demonstrando que nada é o que realmente aparenta ser. Além da produção primorosa e elegante, "À Espera de um Milagre" conta com elenco inspirado, a começar pelo próprio Michael Clarke Duncan que concorreu o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante mas não foi premiado, de forma bem injusta aliás. Embora tenha sido também indicado a praticamente todas as categorias principais da Academia saiu de mãos abanando na noite de entrega. Como afirmei antes atribuo isso ao fato da crítica especializada ter torcido o nariz para o filme em seu lançamento. Não faz mal, o tempo fez jus a Green Mile e hoje a obra é considerada uma produção cult por excelência, vencendo o desafio do tempo. Maior prêmio do que esse não há.

À Espera De Um Milagre (The Green Mile, Estados Unidos, 1999) Direção: Frank Darabont / Roteiro: Frank Darabont baseado na obra de Stephen King / Elenco: Tom Hanks, David Morse, Bonnie Hunt, Michael Clarke Duncan, James Cromwell, Michael Jeter, Graham Greene, Doug Hutchison, Gary Sinise, Sam Rockwell / Sinopse: Prisioneiro no corredor da morte acaba demonstrando a um guarda seus grandes poderes espirituais.

Pablo Aluísio.

Os Irmãos Cara de Pau

Nós éramos felizes nos anos 80 e não sabíamos. A década, que deixou muitas saudades nos tiozinhos e tiozinhas de hoje, foi extremamente rica em termos de cultura pop, embora muito lixo tenha sido produzido em abundância também. De qualquer forma sair da ultra kitsch década de 70 e da influência abrangente dos anos 60 já era um bom começo. A trilha sonora do filme The Blues Brothers (estupidamente traduzida no Brasil como "Os irmãos Cara de pau") demonstra como era rico o cenário musical e cinematográfico daqueles anos distantes. Afinal em que outra década você encontraria uma trilha sonora tão musicalmente maravilhosa em termos de sonoridade como essa? O filme é aquele negócio: comédia ultra exagerada com o  comediante do Saturday Night Live, John Belushi, aqui acompanhado de seu amigo de trupe Dan Aykroyd. A dupla do filme inclusive foi criada para esse famoso programa de humor dos EUA (que ainda está no ar, mesmo depois de tantos anos). 

No programa eles tinham um quadro básico, até mesmo simples, onde apresentavam números musicais vestidos de blueseiros brancos com cara de mau.  Quando se decidiu levar a idéia para a tela grande um novo roteiro foi escrito e o diretor John Landis foi contratado. Novas situações foram criadas e uma estória foi bolada para os dois irmãos. O filme pode até não ter nada demais em termos de roteiro e argumento mas seu charme até hoje é inegável. Quem nunca se divertiu com as aventuras dos irmãos Elwood que atire a primeira pedra! Infelizmente um dia a festa tinha que chegar ao fim... e chegou. John Belushi, o grande mentor do The Blue Brothers, morreu de overdose de drogas em 1982, sem nem ao menos curtir todo o seu merecido sucesso como comediante. Em uma vida de excessos Belushi resolveu experimentar uma mistura de cocaína com heroína, após curtir uma semana de farras em seu apartamento. O coração não aguentou e o humorista faleceu na flor da idade, com uma imensa carreira ainda pela frente que se perdeu para sempre. Foi a primeira grande vítima do sucesso nos anos 80. Não faz mal, trabalhos como esse The Blues Brothers lhe garantiram a imortalidade.

Os Irmãos Cara de Pau (The Blues Brothers, Estados Unidos, 1980) Direção: John Landis / Roteiro: John Landis, Dan Aykroyd / Elenco: John Belushi, Dan Aykroyd, Carrie Fisher, John Candy, Ray Charles, James Brown / Sinopse: Dois imrãos, cantores de blues, decidem ajudar o orfanato onde foram criados. Para isso terão que reunir sua antiga banda, os Blues Brothers.
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Pablo Aluísio.

Pecados de Guerra

Fracasso de público e crítica em seu lançamento esse Pecados de Guerra merece passar por uma revisão. Lançado no auge da exploração do cinema sobre a Guerra do Vitetnã o filme teve a coragem de mostrar uma história baseada em fatos reais que incomodou e muito a sociedade americana na época. Sempre vistos como heróis os militares americanos no exterior aqui são retratados como criminosos, estupradores e insanos em um conflito sem o menor sentido. Sean Penn faz o Sargento Tony Meserve, um sujeito com ares de psicopata que comete um estupro durante a campanha americana no Vietnã. Já Michael J. Fox interpreta o soldado Eriksson que numa crise de consciência resolve contar tudo o que aconteceu. Obviamente que agindo assim ele ganha a hostilidade imediata de Meserve que o intimida e o ameaça, mostrando que nem as fileiras do maior exército do mundo estão a salvo de psicopatas e criminosos. Sean Penn na época vivia  sua pior fase pessoal. Casado com Madonna ele estava sempre entrando em brigas com Paparazzis que insistiam em tirar fotos de sua esposa nos momentos mais inconvenientes. A verdade pura e simples é que Penn era muito jovem e muito esquentado, sempre se envolvendo em confusões que o levaram inclusive para a cadeia por agressão e desordem.

Seu relacionamento durante as filmagens não melhorou em nada. Confundindo personagem com vida real ele misturou ficção com realidade e partiu para o confronto com o pacato Michael J. Fox fora das telas. Ambos viviam em tensão constante e Fox evitava até mesmo sentar perto de Penn durante as refeições no set. Segundo foi noticiado depois por alguns membros da equipe Penn inclusive chamou Fox para a briga após uma cena particularmente intensa. Tanta dedicação e entrega ao seu personagem porém não adiantaram muito. O público parecia cansado de filmes realistas sobre o Vietnã e o tema envolvendo estupro pareceu pesado demais para a platéia que abandonou os cinemas vazios. Pior para Brian De Palma que começou aí um inferno astral em sua carreira, com sucessivos fracassos que acabaram enterrando sua até então bem sucedida filmografia. De qualquer modo, pelo tema instigante e polêmico o filme merece passar por uma revisão - caso não tenha assistido ainda procure conhecer Pecados de Guerra, um filme forte demais para a década de 80.

Pecados de Guerra (Casualties of War, Estados Unidos, 1989) Direção: Brian De Palma / Roteiro: David Rabe baseado no livro de Daniel Lang / Elenco: Michael J. Fox, Sean Penn, Don Harvey,  John C. Reilly,  John Leguizamo / Sinopse: Durante a guerra do Vietnã um soldado testemunha um estupro promovido por um insano sargento americano. Disposto a falar ele enfrentará todo tipo de pressão e hostilidade para ficar de boca fechada. Baseado em fatos reais.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

O Império Contra Ataca

Considerado até hoje o melhor filme da franquia Star Wars, O Império Contra Ataca segue sendo reverenciado como a melhor aventura desse universo. Qual foi o segredo de seu sucesso de público e crítica? De fato são vários fatores que fizeram o filme ter esse status especial. Primeiro de tudo temos aqui o melhor roteiro já escrito, onde os personagens da primeira produção são desenvolvidos com profundidade, mostrando aspectos de suas vidas e personalidades que ficaram ausentes do filme anterior, que obviamente priorizava mais a ação e a aventura. Além disso os efeitos especiais são bem mais trabalhados, fruto do avanço técnico alcançado pelos especialistas da empresa de George Lucas. Some-se a isso ainda a bela direção de Irvin Kershner, um veterano que trouxe toda a sua experiência para a saga. Aliás é bom que se diga que apesar de ser um dos grandes criadores do cinema no século XX, George Lucas nunca foi um bom diretor. O problema é que ele definitivamente nunca aprendeu a dirigir bem seu elenco em cena, assim foi muito inteligente de sua parte ficar nos bastidores, na produção, entregando essa função para Irvin Kershner. A diferença se nota em cada cena, em cada atuação. Os atores estão mais focados, mais coesos. Uma pena que Lucas não tenha aprendido a lição, repetindo todos os seus erros nos três filmes mais recentes de Star Wars (todos medonhos nesse aspecto).

A Fox, depois do sucesso espetacular do primeiro Star Wars, também investiu tudo o que tinha de melhor na realização de O Império Contra Ataca. Se nas filmagens do original tudo soava como descrédito e sobras de produção, aqui tudo do bom e do melhor foi colocado à disposição de Lucas e seus atores. Alguns dos personagens mais cativantes da série, como o Mestre Jedi Yoda também surgiram pela primeira vez aqui. A linha narrativa segue em várias frentes, evoluindo em estórias de certo modo independentes ao longo do filme, o que deixou o espectador praticamente sem fôlego. No final tudo se une em um dos momentos mais climáticos de todos os filmes envolvendo o herói Luke Skywalker (Mark Hamil) e o vilão Darth Vader (David Prowse). Obviamente que passados tantos anos todos já sabem do que estou falando mas evitarei dar esse spoiler para quem ainda não viu a saga original. Por fim quero registrar que preferi usar o nome do filme em que assisti na época sem essa bobagem de classificação que Lucas inventou após o lançamento da nova trilogia. Nunca vi esse filme como Episodio V e nunca irei me acostumar com esse tipo de coisa. A obra de arte tem que ser respeitada tal como foi lançada. Modificar tudo após tantos anos é equivocado. Outro absurdo foi o fato de Lucas ter inserido várias cenas digitais na produção após tantos anos. Além de tirar o charme dos efeitos especiais originais, ainda o desfigura como obra cinematográfica pronta e acabada. Dito isso aconselho aos novatos que procurem pelo filme tal como foi lançado no começo da década de 80 e esqueçam as várias "edições especiais" lançadas por Lucas pois são verdadeiros retalhos em celulóide desprovidos de alma e carisma.

O Império Contra Ataca (The Empire Strikes Back, Estados Unidos, 1980) Direção: Irvin Kershner / Roteiro: Leigh Brackett, Lawrence Kasdan, George Lucas / Elenco: Mark Hamill, Harrison Ford, Carrie Fisher, David Prowse, Billy Dee Williams, Anthony Daniels, Frank Oz. / Sinopse: A luta entre as forças rebeldes e o Império continua. Para se tornar um cavaleiro Jedi, Luke Skywalker (Mark Hamil) vai até o distante planeta Dagobah conhecer o mestre Jedi Yoda (Frank Oz). Enquanto isso Darth Vader (David Prowse) consegue infringir duros golpes entre a resistência rebelde, aprisionando Han Solo (Harrison Ford) e Chewbacca (Peter Mayhew). Já a Princesa Léia (Carrie Fisher) acaba caindo nas garras de Jabba, The Hutt.

Pablo Aluísio.