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quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

A Forma da Água

Título no Brasil: A Forma da Água
Título Original: The Shape of Water
Ano de Produção: 2017
País: Estados Unidos
Estúdio: Fox Searchlight Pictures
Direção: Guillermo del Toro
Roteiro: Guillermo del Toro, Vanessa Taylor
Elenco: Sally Hawkins, Octavia Spencer, Michael Shannon, Richard Jenkins, Doug Jones, Stewart Arnott

Sinopse:
Elisa Esposito (Sally Hawkins) é uma mulher solitária que trabalha como faxineira numa instalação de segurança máxima do governo americano. Durante mais um dia de trabalho, ela descobre que em uma das salas do lugar existe uma criatura estranha, vivendo acorrentada e sendo estudada por cientistas. Em pouco tempo ela se aproxima dela e forma um estranho vínculo emocional com o esquisito ser. Filme premiado pelo Globo de Ouro nas categorias de Melhor Direção (Guillermo del Toro) e Melhor Trilha Sonora Incidental (Alexandre Desplat). Também indicado nas categorias de Melhor Filme - Drama e Melhor Roteiro Original.

Comentários:
Guillermo del Toro provavelmente nunca fez um filme convencional em sua carreira. Agora é que não seria exceção. Procurando se inspirar nos antigos filmes de ficção e fantasia dos anos 50, ele aqui recriou todo aquele clima de filme antigo para contar sua inusitada história. O enredo é quase uma fábula, um conto nostálgico, com uma certa inocência que não existe mais. Por isso o diretor ambientou toda a sua trama nos anos 60. Existe essa mulher, solteira e solitária, que acaba descobrindo que onde trabalha existe uma espécie de monstro capturado pelo governo americano nas selvas da América do Sul. Considerado um tipo de deus onde ele vivia, agora todos procuram estudá-lo, já que é uma espécie biológica completamente desconhecida da ciência. Um tipo de "monstro do pântano", um Amphibian Man, que acaba interagindo com a bondosa e inocente faxineira. Dessa aproximação surge a ideia de libertá-lo, uma ideia que conta inclusive com a simpatia de um dos cientistas, na verdade um espião russo infiltrado dentro daquela agência do governo dos EUA. Outro personagem muito bom é o vilão. Richard Strickland (Michael Shannon) é o responsável pela segurança do lugar. Quando ele descobre que há um plano para soltar a criatura aquática, ele imediatamente passa a usar de seus métodos violentos para inibir qualquer coisa nesse sentido. Penso que não é um filme para todos os públicos. Há uma nostalgia cinematográfica envolvida que ajuda muito o resultado final como um todo, porém há também deslizes. Guillermo del Toro ultrapassa várias vezes a linha do bom senso, inclusive criando um romance bizarro entre o monstro e a mulher solitária. Não era preciso seguir por esse lado. Uma amizade sincera entre eles já estava de bom tamanho. De qualquer forma por ser tão incomum e sui generis, essa produção ainda vale pelo menos uma sessão de cinema. Afinal não é todo dia que você encontrará um filme parecido com esse, já que não estamos mais nos distantes anos 1950. 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Flor do Deserto

O cinema não deve ser visto apenas como puro entretenimento. Um dos aspectos mais importantes da sétima arte é a conscientização dos espectadores. Um exemplo maravilhoso nesse sentido é esse "Flor do Deserto", um filme muito marcante e tocante que expõe um dos lados mais tristes da condição feminina em certos países. O roteiro foi baseado no livro autobiográfico da modelo somali Waris Dirie (interpretada aqui por Liya Kebede). Em um ato de coragem digno de aplausos ela expõe um drama de sua vida pessoal para conscientizar o mundo de um problema ainda muito atual em vários países africanos: a mutilação genital feminina. Assim ela conta como aos cincos anos foi circuncidada de acordo com um antigo costume tribal. Essa mutilação genital é vista com normalidade no lugar onde nasceu. A prática visa retirar da mulher toda e qualquer possibilidade de em sua vida adulta vir a ter algum prazer sexual. Obviamente se trata de uma tradição que em essência é uma verdadeira barbaridade. Como se não bastasse o direito de escolha também é tirado dessas mulheres pois elas são vendidas logo na infância em casamentos completamente arranjados por familiares e mercadores. 

No caso de
Waris Dirie ela conseguiu fugir de sua região indo parar em Mogadishu, capital da Somália. Lá finalmente conseguiu se alfabetizar (a educação também é proibida para as mulheres no local onde nasceu). Após arranjar  um emprego em um restaurante de fast food finalmente conseguiu chamar a atenção de um renomado fotógrafo que viu nela todas as qualidades das grandes top models. Após ir para os Estados Unidos ela iniciou uma carreira de sucesso que dura até os dias de hoje. Uma história com final feliz que ensina muito sobre a precária condição feminina em certos lugares do mundo. O livro da modelo (e o excelente filme feito a partir dele) não deve despertar pena do leitor / espectador. Pelo contrário, o sentimento é de admiração pela coragem e bravura dessa mulher que ousou expor um trauma pessoal para levar ao mundo essa denúncia sobre o que ocorre na Somália e em outros países da África. Infelizmente as mulheres ainda não alcançaram a plenitude de seus direitos mas conforme estamos acompanhando já há grandes avanços nesse aspecto. Organizações internacionais tentam erradicar essa prática monstruosa em lugarejos atrasados e arcaicos. Um dia certamente essa monstruosidade será finalmente banida da vida de todas essas mulheres. 

Flor do Deserto (Desert Flower, Estados Unidos, 2009) Direção: Sherry Horman / Roteiro: Smita Bhide / Elenco: Liya Kebede, Sally Hawkins, Craig Parkinson, Meera Syal, Anthony Mackie, Juliet Stevenson, Timothy Spall, Soraya Omar-Scego / Sinopse: "Flor do Deserto" conta a história real da modelo Waris Dirie que sofreu mutilação genital feminina ainda em sua infância. A obra é um alerta e uma denúncia contra essa terrível prática que ainda persiste em certos países africanos.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Jane Eyre

Jane Eyre é um clássico da literatura inglesa então obviamente o texto do roteiro tem muito pedigree. No fundo é uma estória bem romântica com várias reviravoltas, amores impossíveis, romantismo exacerbado e heróis galantes. Aqui acompanhamos a triste saga de Jane Eyre. Bem nascida tem o azar de ver seus dois pais mortos. Nas mãos de uma parenta megera logo é internada em um colégio interno, daqueles de dar arrepios, com quartos escuros e professoras violentas. Castigo físico é rotina além de muitas horas de estudo e trabalho. Jane então se torna uma moça adulta e ao sair da escola procura um emprego como governanta numa luxuosa propriedade campestre britânica (aqueles casarões que estamos acostumados a ver em filmes e séries britânicas como Downtown Abbey). Aí nesse local ela viverá emoções, paixões e tudo o mais que não convém contar mais para não estragar.

A produção é da BBC Films, então bom gosto e classe refinados é o mínimo a se esperar. A direção é meio burocrática, sem grandes arroubos autorais o que é de se compreender pois o diretor Cary Fukunaga (que apesar do nome é americano) quis apenas contar a estória do livro sem tirar nem colocar nada. Quis ser eficiente e correto. Se não atrapalha também não emociona. Percebi que diante de tanto zelo pela obra original o filme acabou soando frio, gélido, sem grandes emoções. Até mesmo o romance central (que deveria ser um arroubo de paixões descontroladas) se torna morno. De qualquer forma ainda recomendo por causa da bonita produção, dos belos jardins e da chance de conhecer, nem que seja pela tela, a obra da escritora inglesa Charlotte Bront.

Jane Eyre (Jane Eyre, Estados Unidos, 2011) Direção: Cary Fukunaga / Roteiro: Moira Buffini / Elenco: Mia Wasikowska, Jamie Bell e Sally Hawkins / Sinopse: Jane Eyre (Mia Wasikowska) morava com sua tia, e ao ficar órfã é levada para morar em um internato. Quando adulta, ela vai trabalhar como governanta na casa de Edward Rochester (Michael Fassbender) mas em breve o destino mudará completamente sua vida.

Pablo Aluísio.