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sábado, 24 de novembro de 2012

Gran Torino

Os Estados Unidos sempre foram uma nação de imigrantes porém nos último anos o fluxo se intensificou e a sociedade americana ficou mais miscigenada do que nunca. Ao contrário do padrão WASP (sigla em inglês que significa "Branco, Anglo Saxão e Protestante") o que se vê hoje naquele país é o aumento de latinos (brasileiros incluídos nesse grupo), orientais e outras etnias nas grandes cidades da América. O americano tradicional, médio, ficou um pouco perplexo com essa nova situação. Os vizinhos já não eram tão familiares como antes e muitos deles sequer sabiam falar inglês. De fato em poucos anos se falará mais espanhol nos EUA do que inglês segundo algumas pesquisas. Para a mentalidade do americano tradicional essa verdadeira "invasão" de seu país significou menos emprego, barateamento da mão de obra, além do aumento da criminalidade e miséria. Essa é de certa forma uma visão simplista sobre o problema mas de fato os Estados Unidos estão bem longe daquele país do American Way of Life da década de 50. Hoje predomina a massa imigrante. Tentando entender essa nova realidade social o diretor e ator Clint Eastwood resolveu colocar à frente esse "Gran Torino", um filme muito interessante que lida com as mudanças que a sociedade americana vive nesse momento.

O enredo mostra um americano típico. Sujeito conservador, de ideais e valores tradicionais que agora tem que lidar com gangues formadas por latinos e asiáticos. Nesse processo de aumento de criminalidade ele acaba tendo seu querido carro da marca Gran Torino sendo cobiçado por meliantes provenientes de famílias imigrantes. Esse argumento analisado assim se torna até perigoso pois o roteiro poderia desbancar para a xenofobia mas Clint Eastwood evitou cair na armadilha, o que de certa forma me surpreendeu pois ele é notório membro do Partido Republicano que defende medidas restritivas contra estrangeiros nos Estados Unidos (fator aliás que fez com que fossem derrotados nas últimas eleições presidenciais, vencendo Obama o preferido justamente dos imigrantes, mulheres e negros). Ao invés de adotar uma postura de crítica contra o estrangeiro que supostamente estaria "emporcalhando" o sonho americano, Clint mostra uma faceta bem mais amistosa e tolerante com essas pessoas. Eu costumo dizer que esse é tipicamente um "filme-tese" onde Eastwood debate a atual onda de imigração desenfreada ao seu país. Recebido friamente por crítica e público o filme merecia ter melhor destino uma vez que toca em um tema delicado e atual. Afinal de contas, estaria mesmo desaparecendo os Estados Unidos dos puritanos e dos pioneiros para dar lugar a uma nova nação, mais latina, mais hispânica e asiática? Assista ao filme e tire suas próprias conclusões.

Gran Torino (Gran Torino, Estados Unidos, 2008) Direção: Clint Eastwood / Roteiro: Nick Schenk, Dave Johannson / Elenco: Clint Eastwood, Geraldine Hughes, John Carroll Lynch, Cory Hardrict, Dreama Walker, Brian Haley. / Sinopse: Walt Kowalski (Clint Eastwood) é um americano tradicional, veterano de guerra e conservador que começa a ser ameaçado por um grupo de jovens latinos que formam uma gangue de ladrões da região onde mora. Para superar o problema terá que mudar de atitude, inclusive colocando em dúvida antigos valores que considerava primordiais em sua vida.

Pablo Aluísio.