terça-feira, 8 de novembro de 2022
Caçada Brutal
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022
David e Lisa
Título Original: David and Lisa
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Harpo Productions
Direção: Lloyd Kramer
Roteiro: Theodore Isaac Rubin
Elenco: Sidney Poitier, Lukas Haas, Brittany Murphy
Sinopse:
David, um gênio retraído, mas aparentemente próximo, que teme ser tocado. Brittney Murphy interpreta Lisa, uma jovem aparentemente sofrendo de dupla personalidade que fala apenas em rimas e se afasta de qualquer um que não fale com ela da mesma forma.
Comentários:
Filme produzido pela TV. Assisti em um canal a cabo em agosto de 2006. Geralmente eu não perderia tempo assistindo a um filme feito para a televisão nos anos 90. O que me chamou a atenção foi realmente o elenco, contando com o veterano Sidney Poitier, um dos atores negros mais importantes da história de Hollywood. A história do filme é até bobinha, mas bem intencionada, colocando duas pessoas, dois jovens, bem diferentes no modo de ser. Uma forma de trazer inclusão social no cinema, isso em uma época em que esse termo nem era muito usado. No mais é um filme que podemos definir como interessante, pelo menos.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 26 de julho de 2021
O Caso Bedford
Título Original: The Bedford Incident
Ano de Produção: 1965
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: James B. Harris
Roteiro: James Poe
Elenco: Richard Widmark, Sidney Poitier, James MacArthur, Martin Balsam, Wally Cox, Eric Portman
Sinopse:
O capitão de um destróier americano está determinado a enfrentar um submarino soviético pego violando as águas territoriais. Talvez muito determinado, até demais, o que pode gerar uma guerra nuclear entre as duas grandes potências da guerra fria.
Comentários:
Considerado um dos melhores filmes de guerra produzidos durante a guerra fria. O filme foi bastante elogiado pela crítica na época de seu lançamento original, mas acabou tendo uma bilheteria fraca, fruto talvez do cansaço do público com filmes de guerra em geral. Não é demais lembrar que o auge desse gênero cinematográfico se deu durante a II Guerra Mundial e nos anos do pós-guerra, mas depois de um tempo esse estilo foi decaindo no gosto popular. Algo parecido também aconteceu com o western. De qualquer forma esse é um filme muito bom, valorizado por um elenco de classe, com destaque para a atuação de Sidney Poitier em um dos melhores momentos de sua carreira. Em suma, muito bom filme, se tiver oportunidade de assistir não vá perder a chance de ver.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 23 de outubro de 2020
Quando Só o Coração Vê
Esse filme foi um marco dentro do cinema americano. Em plena década de 1960 ele ousou colocar na tela o romance entre uma jovem branca e um homem negro. O roteiro explora maravilhosamente bem esse enredo, mostrando como esse tipo de situação era extremamente chocante para os padrões morais da sociedade americana da época! O racismo era parte da mentalidade de muitos americanos brancos (aliás ainda faz parte, é bom frisar). O interessante é que se formos analisar bem, a personagem da Selina é deficiente visual justamente para ser usada como instrumento narrativo da história. Ela avalia Gordon apenas por sua personalidade, deixando de lado toda e qualquer visão preconceituosa sobre ele! Sem saber como ele aparenta, ela se apaixona apenas pelo que ele realmente é, pois sua forma de ver o mundo se baseia em outros critérios. O que importa para Selina são as qualidades internas dele como ser humano. Essa proposta torna o texto um primor de roteiro.
Aliás o filme é todo muito bem desenvolvido, com excelentes atuações tanto da parte de Sidney Poitier, como também de Shelley Winters e Elizabeth Hartman. Em torno de uma história relativamente simples, o filme consegue discutir temas complexos, como por exemplo a questão do relacionamento entre pessoas de etnias diferentes e a maneira como a sociedade encara algo assim. Outro ponto inovador foi colocar uma protagonista com necessidades especiais. Não me lembro de nenhum outro filme anteior a esse que tivesse uma deficiente visual como personagem principal. Esse é outro ponto muito louvável desse rico argumento cinematográfico.
O preconceito racial, o racismo, também é ponto de destaque dentro do roteiro do filme. O personagem Gordon é um bom rapaz, tem emprego fixo, é inteligente e articulado, mas tudo isso parece ruir apenas pelo fato dele ser negro. Selina inicialmente não sabe como ele de fato é, nem entende completamente porque não poderia se relacionar com uma pessoa de outra cor, mas aos poucos começa a compreender o preconceito racial em sua forma mais danosa e prejudicial, e isso vindo justamente de sua própria mãe. Em conclusão, temos aqui um belo filme, que traz uma mensagem muito positiva sobre o problema racial e seus desdobramentos. Um filme essencial para quem estiver em busca de um entendimento maior da questão negra dentro dos Estados Unidos durante a década de 1960, no auge da luta pelos direitos civis.
Quando Só o Coração Vê ( A Patch of Blue, Estados Unidos, 1965) Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer / Direção: Guy Green / Roteiro: Guy Green, baseado na obra de Elizabeth Kata / Elenco: Elizabeth Hartman, Sidney Poitier, Shelley Winters, Wallace Ford / Sinopse: jovem branca, com deficiência visual, se apaixona por homem negro e precisa lidar com todo o preconceito racial vindo de sua mãe, que não admite de jeito nenhum o seu relacionamento. Filme vencedor do Oscar na categoria de melhor atriz coadjuvante (Shelley Winters). Também indicado nas categorias de melhor atriz (Elizabeth Hartman), melhor direção de fotografia (Robert Burks), melhor direção de arte (George W. Davis) e melhor música (Jerry Goldsmith). Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de melhor revelação feminina (Elizabeth Hartman).
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 11 de junho de 2020
Atirando para Matar
Título Original: Shoot to Kill
Ano de Produção: 1988
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Roger Spottiswoode
Roteiro: Harv Zimmel
Elenco: Sidney Poitier, Tom Berenger, Kirstie Alley, Clancy Brown, Richard Masur, Andrew Robinson
Sinopse:
Um agente do FBI se une a um rastreador para perseguir um assassino depois que ele desapareceu nas montanhas e se infiltrou em um grupo de turistas que estão conhecendo a região. Filme indicado ao Image Awards (NAACP) nas categorias de melhor direção (Roger Spottiswoode) e melhor ator (Sidney Poitier).
Comentários:
Hoje em dia a questão do combate ao racismo está novamente na ordem do dia. Algo importante, uma bandeira que sempre deve ser colocada no alto dentro da sociedade. Porém há uma pessoa que quase nunca é lembrada nesses momentos, mas que sempre foi um pioneiro nesse aspecto. Trata-se do ator Sidney Poitier, Em um tempo em que praticamente nao havia papéis principais dados a negros dentro do cinema americano, ele conseguiu romper essa barreira do preconceito, se tornando um verdadeiro astro em Hollywood. Esse "Atirando para Matar" jé é um filme pouco lembrado dele. Porém é uma ótima fita de ação e aventura, rodada nos picos gelados e montanhosos do Canadá. Seguindo uma certa cartilha de filmes de ação dos anos 80, esse filme se destacava pelo bom roteiro e pelo elenco. Além do talento sempre presente de Sidney Poitier, havia também o bom trabalho de atuação do subestimado Tom Berenger, que sempre considerei um ótimo ator. Assisti a esse filme pela primeira vez ainda na década de 1980, em VHS. Depois disso poucas vezes vi sendo reprisado. Hoje em dia é até raro de encontrar. Porém deixo a dica desse bom momento da carreira do grande Poitier.
Pablo Aluísio.
domingo, 3 de maio de 2020
Sementes da Violência
Outro ponto alto do filme vem do excelente elenco que foi reunido para a produção. Glenn Ford era o astro principal. Famoso pelos filmes de faroeste, ele era o sujeito durão ideal para interpretar o protagonista. O filme enfoca a chegada de um idealista e bem intencionado professor de inglês numa escola barra pesada de Nova Iorque. Richard Dadier (Glenn Ford em ótimo desempenho) adora ensinar e quer realmente passar todo o conhecimento possível para seus alunos. A escola é pública e ele tenta mudar a vida daqueles garotos sem perspectivas. O problema é que sua classe é formada por jovens que não querem aprender nada. São modelos de delinquentes juvenis, indisciplinados, violentos, valentões, hostilizam a tudo e a todos. Alguns são verdadeiros marginais fora da escola. Jovens sem futuro, que muito provavelmente irão encontrar a cadeia muito em breve nas suas vidas, passando o resto de suas vidas presos. Nesse meio que mais parece uma selva (daí o título original do filme) Didier descobre que terá que ser forte para sobreviver.
O filme capta aquele momento histórico nos Estados Unidos, em meados da década de 1950, quando o Rock ´n´ Roll começava a tomar conta da juventude. Incentivados pelos jovens rebeldes da música e do cinema, criou-se toda uma situação de subversão em relação a qualquer tipo de autoridade, incluindo aí os professores que surgem ameaçados, intimidados e desrespeitados. Infelizmente essa realidade mostrada no filme ainda é muito comum, inclusive no Brasil dos dias atuais, onde os profissionais de educação vivem em constante stress pelo cotidiano violento e ameaçador com que precisam lidar todos os dias. Por essa razão "Sementes da Violência" segue mais atual do que nunca nos dias de hoje!
A reunião de talentos para a realização do filme foi extremamente feliz. Glenn Ford como o professor Didier surpreende. No começo ele surge inseguro e tímido, mas logo aprende as regras do jogo da escola - e elas são selvagens! Veterano de guerra logo terá que se defender dos seus alunos. Sua cena final enfrentando um aluno com um punhal em plena sala de aula marcou época. É um símbolo de toda uma mudança social que estava acontecendo naquele momento, quando a autoridade em sala de aula perdia todo o sentido para os jovens. Sidney Poitier como Miller, um jovem sem esperanças, mas musicalmente talentoso, também chama a atenção. Curiosamente o próprio Poitier estaria dentro de alguns anos do outro lado da sala, interpretando um professor no clássico "Ao Mestre, Com Carinho".
Agora cabe aqui uma menção honrosa para Vic Morrow como o ameaçador Artie West. Seu personagem é o tipo daquele jovem sem recuperação, que morrerá em uma cadeia ou morto por bandidos rivais em poucos anos. Um jovem sem redenção com futuro incerto e tenebroso. Um modelo de marginal intrinsecamente ruim. A caracterização de Morrow aqui foi tão marcante que nos anos seguintes ele viraria o delinquente padrão do cinema americano. Esse papel ele voltaria a desempenhar ao lado de Elvis Presley em "Balada Sangrenta", por exemplo, e em muitas outras produções. O ator que era muito talentoso teve uma morte trágica em 1982 quando morreu em pleno set de filmagens. Um helicóptero caiu em cima dele e de duas outras crianças quando filmavam uma perigosa cena. Uma morte horrível. Enfim, "Sementes da Violência" é um marco do cinema jovem, no mesmo patamar que "Juventude Transviada", “O Selvagem” e "Clamor do Sexo". Uma obra prima que mostra a face mais selvagem e indomável dos jovens. Um retrato nu e cru dos desafios do sistema educacional.
Sementes da Violência (Blackboard Jungle, Estados Unidos, 1955) Direção: Richard Brooks / Roteiro: Richard Brooks, baseado na novela de Evan Hunter / Elenco: Glenn Ford, Anne Francis, Louis Calhern, Sidney Poitier, Vic Morrow, Margaret Hayes, Paul Mazursky, Dan Terranova / Sinopse: Numa escola violenta de Nova Iorque, um idealista e bem intencionado professor tenta controlar uma classe formada por jovens rebeldes. Ameaçado e agredido, ele tenta salvar o maior número possível de alunos do caminho da delinquência juvenil. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Direção de Fotografia (Russell Harlan), Melhor Direção de Arte (Cedric Gibbons, Randall Duell) e Melhor Edição (Ferris Webster).
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 23 de março de 2020
Ao Mestre Com Carinho
“Ao Mestre Com Carinho” é seguramente um dos maiores clássicos do cinema em seu tema. O assunto já havia sido explorado muito bem antes em “Sementes da Violência” (curiosamente com Poitier interpretando um aluno rebelde), mas ganha uma roupagem mais de acordo com a década de 1960. Em seu argumento são mostrados aspectos sociais, culturais e raciais da sociedade. O professor é negro, vindo de origem pobre e sofre inicialmente por causa disso. Apenas sua firmeza de caráter lhe garante o respeito devido a que merece. Na época de seu lançamento, o filme foi muito elogiado por sua coragem e sensibilidade pois temas considerados complicados eram retratados com bastante cautela. A classe mostrada no filme nada mais é do que um microcosmo da parte mais pobre da capital inglesa e disseca uma série de jovens sem um grande futuro pela frente. Além do texto socialmente consciente “Ao Mestre Com Carinho” também mostrou-se relevante do ponto de vista musical. Sua trilha sonora foi premiada com o Grammy e a canção "To Sir, with Love", cantada por Lulu, se tornou um grande sucesso popular. Assim fica a dica desse belo momento do cinema da década de 1960 que consegue com maestria discutir os problemas educacionais de seu tempo de forma impecável.
Ao Mestre Com Carinho (To Sir, with Love, Estados Unidos, Inglaterra, 1967) Direção: James Clavell / Roteiro: James Clavell baseado no livro “To Sir, With Love” de E. R. Braithwaite / Elenco: Sidney Poitier, Christian Roberts, Judy Geeson, Suzy Kendall, Lulu / Sinopse: O filme mostra a chegada de um professor americano negro (Sidney Poitier) para ensinar em uma escola pública Londrina. Com uma classe formada por alunos rebeldes e violentos, ele tentará lhes ensinar lições de cidadania, cortesia e boa educação. Filme indicado ao Grammy Awards. Vencedor do Laurel Awards.
Pablo Aluísio
domingo, 20 de outubro de 2019
No Calor da Noite
O diretor Norman Jewison não só transforma o "tour de force" entre Tibbs e Gillespie no eixo central do filme como também surpreende ao não abordar apenas o crime que vitimou o empresário. Na verdade ele cria duas vertentes dentro da mesma obra sem deixar porém que o roteiro fique descaracterizado. A primeira (e principal) diz respeito ao crime propriamente dito e a busca pelo culpado. E a segunda aborda a situação humilhante do racismo pela qual o detetive experimenta, já que é negro e encontra-se numa cidadezinha americana do sul. Jewison aproveitou um jóia de roteiro que tinha em mãos e assinado por Stirling Siliphant para utilizá-lo como um poderoso libelo diante de uma onda racista avassaladora que varria o sul dos Estados Unidos na década de 60. Destaque para os excepcionais Rod Steiger (Oscar de melhor ator) em uma de suas maiores interpretações na carreira e Sidney Poitier sempre excelente e carismático. Destaque também para a trilha sonora toda revestida pelo Blues, além das belas paisagens do estado do Mississippi. Nota 10
No Calor da Noite (In the Heat of the Night, EUA, 1967) Direção: Norman Jewison / Roteiro: Stirling Silliphant baseado na novela de John Ball / Elenco: Sidney Poitier, Rod Steiger, Warren Oates / Sinopse: Detetive negro (Sidney Poitier) é acusado de assassinato numa pequena cidade dp Mississipi. Após ser preso fica sob a custódia de dois policiiais racistas que transformarm sua vida em um inferno.
Telmo Vilela Jr.
sábado, 23 de fevereiro de 2019
Duelo em Diablo Canyon
"Duelo em Diablo Canyon" começa quando o cowboy Jess Remsberg (James Garner) salva uma mulher branca das garras dos apaches selvagens. É uma tribo muito conhecida por causa de sua violência. Com a intervenção de Jess a jovem é finalmente salva da morte certa. Assim ele acaba entrando como batedor numa caravana liderada por um tenente do exército americano. Sua experiência na região é o grande motivo para ser contratado. O objetivo é atravessar esse lugar dominado por apaches e guerreiros rebeldes, que querem se vingar da presença do homem branco em suas terras. A travessia não demora a se tornar um jogo de vida e morte entre nativos e soldados da cavalaria. Esse é um western americano muito subestimado. "Duel at Diablo" foi bem recebido pela crítica em seu lançamento original, mas foi perdendo prestígio ao longo dos anos até ser quase que completamente esquecido.
O filme é de um tempo de transição para o faroeste americano, onde ainda havia uma simbiose entre o velho western - dos filmes de cavalaria de John Ford - e elementos novos, como uma trilha sonora de rock, com guitarras e instrumentos modernos. Some-se a isso personagens que eram raros nos antigos filmes, como um negro bem sucedido, com boas roupas e desafiando seus "superiores" brancos - em excelente atuação de Sidney Poitier que dá vida a um ex-sargento, agora comerciante de cavalos para o exército, que não aceita mais se rebaixar para seu antigo tenente dos tempos de cavalaria. O roteiro é muito bom e investe em uma situação limite com os soldados e demais membros da caravana emboscados no Diablo Canyon, sem lugar a concessões que suavizem a ferocidade dos nativos americanos daquele período. Por fim há a boa presença do ator James Garner (falecido há pouco tempo) que empresta muito carisma ao seu personagem em cena. Diante de tudo isso "Duelo em Diablo Canyon" é um western sessentista que merece ser redescoberto pelos fãs do gênero.
Duelo em Diablo Canyon (Duel at Diablo, Estados Unidos, 1966) Estúdio: United Artists / Direção: Ralph Nelson / Roteiro: Marvin H. Albert, Michael M. Grilikhes / Elenco: James Garner, Sidney Poitier, Bibi Andersson / Sinopse: Um veterano cowboy ajuda um regimento da cavalaria do exército dos Estados Unidos a atravessar uma região perigosa, dominada por tribos violentas durante a ocupação do velho oeste americano.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 23 de janeiro de 2019
Meu Pecado Foi Nascer
Um dos últimos trabalhos da carreira de Clark Gable também é um de seus melhores. Ele interpreta Hamish Bond, um rico comerciante de algodão que fez sua fortuna com o tráfico de escravos para a América durante o século XIX. Poderoso e influente, acaba comprando em um leilão de escravos a bela Amantha Starr (De Carlo), que fora criada como uma branca livre até descobrirem que sua mãe era uma escrava negra da fazenda de seu pai. Obviamente que ela está arrasada completamente pela situação terrível pela qual está passando! De repente seu mundo muda completamente, pois passa da situação de ser uma filha de um fazendeiro de algodão com muitos escravos negros para a bestial condição de ser também mera propriedade, uma escrava de seu amo. Hamish porém não deseja fazer valer seus direitos de vida e morte sobre ela. Ao contrário disso tenta conquistá-la.
O enlace romântico porém é interrompido pela delicada situação política pela qual o país atravessa. Nas vésperas da guerra civil americana os estados do sul lutam para manter a escravidão, enquanto os ianques do norte tentam trazer novamente os estados rebeldes de volta à União, ao mesmo tempo em que estão dispostos a irem para a guerra para fazer valer a abolição da escravatura assinada pelo presidente Lincoln. Diante de toda a riqueza do contexto histórico em que a trama se desenvolve, dos belos figurinos, cenários e da produção caprichada, "Band of Angels" é de fato um grande filme, com uma qualidade cinematográfica de encher os olhos realmente.
Por fim e não menos importante, é relevante louvar o trabalho do excelente ator Sidney Poitier no papel de Rau-Ru, um escravo do senhor Hamish que recebeu educação e preparo para ser seu braço direito. Mesmo com tantos benefícios ele jamais se rende ao estado de sua situação pessoal. Ele odeia o fato de ser um escravo e mesmo seu dono o tratando da melhor maneira possível se recusa a se acomodar nessa posição. Quando a guerra finalmente explode, ele não pensa duas vezes antes de se alistar ao lado dos exércitos da União (defensores do fim da escravidão). Um belo retrato da fibra e da capacidade de luta do homem negro escravizado em uma América que começava a mudar sua sociedade de forma drástica. Assim "Meu Pecado Foi Nascer" está mais do que recomendado, pois sem dúvida é um maravilhoso filme do cinema americano dos anos 1950.
Meu Pecado Foi Nascer (Band of Angels, Estados Unidos, 1957) Direção: Raoul Walsh / Roteiro: Robert Penn Warren, John Twist / Elenco: Clark Gable, Yvonne De Carlo, Sidney Poitier, Efrem Zimbalist Jr / Sinopse: Jovem mulher se torna escrava por causa das leis de sua época. Ao mesmo tempo um fazendeiro rico e escravista tenta conquistar seu coração.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 25 de outubro de 2017
O Estranho John Kane
Temos aqui um bom filme, com argumento interessante e aberto a inúmeras interpretações. O roteiro se concentra justamente no personagem interpretado pelo grande ator negro Sidney Poitier. Ele não fala muito, está sempre com um ar misterioso e tudo isso só serve para aumentar ainda mais a curiosidade dos moradores dessa pequena cidade do interior do Alabama. Obviamente que o racismo não seria deixado de lado, ainda mais dentro do contexto histórico em que o filme foi rodado. Assim a cor de Kane acaba sendo o grande estopim para que o xerife comece a investigar sua vida. Para sua surpresa não encontra muita coisa e acaba, por via das dúvidas, em determinado momento do filme, prendendo Kane. Com um visual bem anos 70 e uma estética narrativa própria da época, o filme ainda se sobressai por apresentar uma ótima trilha sonora escrita pelo mestre Quincy Jones (O mesmo produtor musical que muitos anos depois assinaria a produção do disco mais vendido de todos os tempos, "Thriller" de Michael Jackson). Nos momentos finais o roteiro incorpora uma solução até mística e religiosa para explicar o que John Kane teria feito em seu passado e o que estaria fazendo pelo mundo. Mesmo assim essa explicação, um tanto diferente, jamais é inteiramente assumida pelo filme, ficando a critério do espectador aceitar ou não a incomum teoria. Um filme muito interessante, com uma proposta diferente, tudo levado com singela elegância e simpatia. Certamente uma obra que merece ser revista e reavaliada, particularmente indicada para os fãs da classe e dignidade ímpares do talentoso Poitier.
O Estranho John Kane (Brother John, EUA, 1971) Direção: James Goldstone / Roteiro: Ernest Kinoy / Elenco: Sidney Poitier, Will Geer, Bradford Dillman, Beverly Todd / Sinopse: John Kane (Sidney Poitier) retorna para sua cidade natal após viver fora por muitos anos. Ele está de volta para prestar suas últimas homenagens à irmã falecida. Sua presença logo chama a atenção dos moradores, em especial do xerife e do querido médico da comunidade, o Dr. Thomas (Will Geer). Em pouco tempo Kane, mesmo não tendo feito nada de errado em sua passagem pela região, começa a ser investigado pela polícia. O que afinal de contas ele estaria tentando esconder de todos?
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 24 de julho de 2017
Acorrentados
Assim o diretor Stanley Kramer aproveita a situação para também explorar o tema dos direitos civis em seu filme. No fundo a situação de um branco acorrentado a um negro representava a própria América naquele período histórico. Apesar do racismo, ambos deveriam trabalhar juntos em prol do desenvolvimento daquela nação tão dividida. Com isso o que temos aqui é na realidade uma metáfora, um espelho da própria sociedade americana. Dividida entre brancos e negros, mas ao mesmo tempo acorrentados uns aos outros, tendo que viver juntos. A própria maneira como ambos os prisioneiros são encarados pelas pessoas que encontram em sua fuga demonstra bem isso. Tony Curtis, o branco com pinta de galã, sempre tem o benefício da dúvida em seu favor. O encontro com o garotinho no meio da estrada e depois quando ele conhece a mãe dele, demonstram bem isso. Já o negro de Poitier sempre é encarado como o marginal sem salvação, o que deve ser temido, mesmo que no fundo ele tenha uma personalidade mais branda do que o branco aprisionado a ele em correntes. Em suma, "Acorrentados" é um filme que permite várias leituras e interpretações. Assista e tire suas próprias conclusões.
Acorrentados (The Defiant Ones, Estados Unidos, 1958) Direção: Stanley Kramer / Roteiro: Nedrick Young, Harold Jacob Smith / Elenco: Tony Curtis, Sidney Poitier, Theodore Bikel, Cara Williams / Sinopse: Dois prisioneiros acorrentados conseguem fugir durante um acidente e precisam sobreviver enquanto os policiais literalmente o caçam pelos bosques e pântanos da região. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Roteiro Original (Nedrick Young e Harold Jacob Smith) e Melhor Fotografia (Sam Leavitt). Também indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Ator (Tony Curtis e Sidney Poitier), Melhor Ator Coadjuvante (Theodore Bikel), Melhor Atriz Coadjuvante (Cara Williams), Melhor Direção (Stanley Kramer), Melhor Edição (Frederic Knudtson) e Melhor Filme. Vencedor do Globo de Ouro na categoria Melhor Filme - Drama. Também vencedor do BAFTA Awards na categoria de Melhor Ator (Sidney Poitier).
Pablo Aluísio.
terça-feira, 13 de setembro de 2016
O Chacal
Título Original: The Jackal
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Michael Caton-Jones
Roteiro: Kenneth Ross, Chuck Pfarrer
Elenco: Bruce Willis, Richard Gere, Sidney Poitier, Diane Venora, Mathilda May, J.K. Simmons, Jack Black
Sinopse:
Durante anos um assassino profissional conhecido apenas como "O Chacal" cometeu crimes em vários países do mundo. Agora ele está nos Estados Unidos, pronto para cumprir um contrato de setenta milhões de dólares para eliminar um influente político americano. O FBI e a CIA precisam descobrir seu paradeiro antes que o crime seja cometido, porém poucos conhecem o rosto do Chacal. Uma dessas pessoas é um ex-terrorista do grupo irlândes IRA. Assim o condenado Declan Mulqueen (Gere) aceita colaborar na caça do Chacal em troca de certos benefícios para si próprio.
Comentários:
A ideia original era até muito boa. Uma nova adaptação para o famoso livro "O Dia do Chacal", um dos mais consagrados livros de ficção dos últimos anos. O filme original de 1973, dirigido por Fred Zinnemann, é sem dúvida um dos maiores clássicos modernos do cinema. O problema é que logo que começou a adaptação o estúdio resolveu ir por outro caminho. Ao invés de adaptar o enredo original procurou-se criar uma nova trama, com outros rumos. Aí a coisa toda desandou. O filme virou uma fita de ação genérica (embora competente) que muito pouco utilizava do romance original. O grande atrativo assim saia das páginas da literatura para o puro cinema. Entre eles o fato do filme contar com um excelente elenco, com direito a presença do veterano Sidney Poitier. O diretor Michael Caton-Jones sem dúvida criou um filme muito ágil, com excelente sequências de ação, porém algo se perdeu nesse processo. Bruce Willis como o assassino profissional Chacal não convence muito, porque está de certo modo preguiçoso em cena. Melhor se sai, quem diria, Richard Gere. Com um modo de interpretação mais sofisticado, menos brutamontes, ele acabou roubando grande parte do filme para si. No geral é isso. uma fita competente de ação, mas que fica longe, bem longe, do clássico "O Dia do Chacal", aquele sim um dos melhores da história do cinema.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 19 de agosto de 2015
Hanky Panky
Título Original: Hanky Panky
Ano de Produção: 1982
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Sidney Poitier
Roteiro: Henry Rosenbaum, David Taylor
Elenco: Gene Wilder, Gilda Radner, Kathleen Quinlan
Sinopse:
Homem completamente inocente, Michael Jordon, é atraído para uma teia de segredos do governo quando uma garota carregando um pacote misterioso entra em um táxi com ele. Mais tarde, quando ela é assassinada, Michael se torna o principal suspeito e foge.
Comentários:
Olhando para o passado vejo que esse filme é até bem antigo, de 1982. Eu tinha nove anos de idade quando ele chegou nos cinemas, por essa razão obviamente não o vi nos cinemas. Porém, mais tarde, mas ainda nos anos 80, me recordo de ter assistido na TV, provavelmente na Rede Globo. É uma comédia apenas razoável, misturando alguns elementos de filmes de espionagem. Uma das coisas curiosas é o que o filme foi dirigido pelo ator Sidney Poitier. O que ele tinha a ver com comédias? Absolutamente quase nada, já que havia construído sua carreira toda em cima de dramas nos anos 50 e 60. De qualquer forma não deixava de ser curioso ver seu trabalho como cineasta, algo que não foi tão longe, mas que até renderia bons frutos.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
Sangue Sobre a Terra
O impacto do filme só é quebrado para mostrar o azedo romance entre Rock e a starlet Dana Wynter mas ele não decola nunca. O ponto forte fica mesmo com as lutas e as questões raciais que são tratadas com o devido respeito e seriedade. O diretor Richard Brooks era acima da média pois já havia dirigido o cult do surgimento do rock "Sementes da Violência" e depois realizaria alguns clássicos como "Gata em Teto de Zinco Quente". "A Sangue Frio" e "Doce Pássaro da Juventude", ou seja, era realmente um craque na direção. Enfim, "Sangue Sobre a Terra" é inteligente, humano e trata a questão dos direitos das populações negras africanas com muita sensibilidade. Altamente recomendado para quem se interessa pelo tema.
Sangue Sobre a Terra (Something of Value, Estados Unidos. 1957) Direção de Richard Brooks / Roteiro de Richard Brooks baseado no livro de Robert C. Ruark / Com Rock Hudson, Sidney Poitier, Dana Wynter e Wendy Hiller / Sinopse: Dois garotos, um branco (Rock Hudson) e outro negro (Sidney Poitier) são criados juntos em uma fazenda no Quênia. Anos depois quando estoura um movimento de expulsão dos brancos ingleses ambos ficam em campos opostos no campo de batalha.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2006
Duelo em Diablo Canyon
Título Original: Duel at Diablo
Ano de Produção: 1966
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Ralph Nelson
Roteiro: Marvin H. Albert, Michael M. Grilikhes
Elenco: James Garner, Sidney Poitier, Bibi Andersson
Sinopse:
Jess Remsberg (James Garner) é um cowboy que após salvar uma mulher branca das garras dos apaches acaba entrando como batedor numa caravana liderada por um tenente do exército americano. O objetivo é atravessar uma região dominada por apaches guerreiros rebeldes, que querem se vingar da presença do homem branco na região. A travessia logo se tornará um jogo de vida e morte entre nativos e soldados da cavalaria.
Comentários:
Um western americano muito subestimado, assim eu vejo esse "Duel at Diablo" que apesar de sua boa recepção na época de seu lançamento foi perdendo prestígio ao longo dos anos até ser quase que completamente esquecido. O filme é de um tempo de transição para o faroeste americano, onde ainda havia uma simbiose entre o velho western - dos filmes de cavalaria de John Ford - e elementos novos, como uma trilha sonora de rock, com guitarras e instrumentos modernos. Some-se a isso personagens que eram raros nos antigos filmes, como um negro bem sucedido, com boas roupas e desafiando seus "superiores" brancos - em excelente atuação de Sidney Poitier que dá vida a um ex-sargento, agora comerciante de cavalos para o exército, que não aceita mais se rebaixar para seu antigo tenente dos tempos de cavalaria. O roteiro é muito bom e investe em uma situação limite com os soldados e demais membros da caravana emboscados no Diablo Canyon, sem lugar a concessões que suavizem a ferocidade dos nativos americanos daquele período. Por fim há a boa presença do ator James Garner (falecido recentemente em julho desse ano) que empresta muito carisma ao seu personagem em cena. Diante de tudo isso "Duelo em Diablo Canyon" é um western sessentista que merece ser redescoberto pelos fãs do gênero.
Pablo Aluísio.