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quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Boeing Boeing

Você gosta de Jerry Lewis? Muito bem, aqui está um filme menos conhecido dele. Uma produção que pouca gente assistiu, mesmo na época de seu lançamento original. O curioso é que o diretor Quentin Tarantino afirmou em uma entrevista que esse era um de seus filmes preferidos. Realmente só vendo o filme para entender a razão. "Boeing Boeing" é totalmente apoiado em diálogos e em situações inusitadas. Não há como negar também sua origem teatral. O filme é quase todo passado dentro do apartamento de Bernard (Tony Curtis), um jornalista que é noivo ao mesmo tempo de três aeromoças (uma francesa, uma inglesa e uma alemã). Assim ele tenta organizar sua agenda de forma que quando está com uma delas, as outras estejam viajando pelo mundo. Não é difícil descobrir que o filme vai se apoiar na confusão que surge quando as três garotas chegam ao mesmo tempo em seu apartamento. A peça original escrita por Marc Camoletti teve inúmeras adaptações e montagens, inclusive no Brasil, e serve como boa amostra de um humor mais refinado, que ficou muito em voga na década de 1960.

Uma das coisas mais curiosas desse filme é a presença de Jerry Lewis. Aqui ele deixa seus personagens amalucados de lado para interpretar um jornalista amigo de Curtis que, sem querer, acaba parando no meio da confusão ao se hospedar no apartamento do amigo. Seu personagem, repito, é de um sujeito normal. Não aquele tipo mais idiota e exagerado dos outros filmes de Lewis. Penso inclusive que esse filme não fez muito sucesso justamente por essa razão. Os fãs de Jerry Lewis sempre adoravam vê-lo naquele personagem meio débil mental, que aprontava muito nas comédias mais tradicionais de sua linha. Ele inclusive traz para o filme aquele jeitão de ser de seu antigo parceiro Dean Martin. Ver Jerry interpretando um cara normal, com cigarro na mão, fazendo charme, bem mais sóbrio, não atraía o grande público. E isso ficou provado aqui, com a morna bilheteria que o filme alcançou.

O roteiro se baseia nas diversas situações envolvendo a confusão dos muitos encontros e desencontros entre o personagem de Tony Curtis e suas namoradas.  Outro destaque do elenco que não poderia deixar passar em branco é a presença muito carismática de Thelma Ritter no papel de Bertha, a empregada de Tony Curtis, que se vê quase enlouquecida no meio do troca-troca de noivas, pois quando uma vai, a outra vem. O filme poderia até ser mais enxuto, pois um corte de uns bons 20 minutos ajudaria muito em seu ritmo, mas do jeito que está não ficou mal. O roteiro é esperto e ágil e não decepciona aos que gostam de peças teatrais de humor. Arrisque e veja "Boeing Boeing", você certamente terá bons momentos de humor.

Boeing Boeing (Boeing 707 Boeing 707, Estados Unidos, 1965) Direção: John Rich / Roteiro: Edward Anhalt, baseado na peça de Marc Camoletti / Elenco:Tony Curtis, Jerry Lewis, Dany Saval, Thelma Ritter, Suzanna Leigh, Christiane Schmidtmer / Sinopse: Jornalista playboy (Tony Curtis) namora três aeromoças ao mesmo tempo. Contando com o fato de que sempre duas delas estão viajando enquanto ele se encontra com a terceira, seus planos vão por água abaixo quando de repente as três aparecem ao mesmo tempo em seu apartamento.

Pablo Aluísio.