Após o grande sucesso de público e crítica de “Spartacus”, Tony Curtis voltou para a Universal, o estúdio onde aprendeu a ser um ator e um astro, para estrelar esse “O Grande Impostor”, filme baseado na história real de Ferdinand Demara, um sujeito que a despeito de nem ter concluído o ensino médio se fazia passar por psicólogo, professor, médico, monge, criminalista e qualquer outra profissão que lhe surgisse pela frente. Dono de uma memória fotográfica ele conseguia aprender os rudimentos de cada profissão e assim enganava a todos por onde passava. Embora não tivesse educação formal completa era dono de uma inteligência acima do normal. Com alto Q.I. conseguia se passar até por médico cirurgião. Em todos os seus disfarces conseguia angariar simpatias e agradecimentos pelas pessoas que ia ajudando. Desmascarado pelo FBI acabou sendo preso mas depois de algum tempo seu paradeiro se tornou novamente incerto e indeterminado. A última vez que houve notícias dele foi em 1962. Não se sabe onde foi parar, provavelmente em algum lugar remoto utilizando-se de mais algum personagem criado para si próprio com a finalidade de enganar os que viviam ao seu redor.
Tony Curtis encontrou um bom veículo para seu tipo mais característico, a do bom malandro que embora enganasse a todos não o fazia por mal e no final das contas realmente não prejudicava ninguém, só a si mesmo. O mais curioso é que embora Demara fosse, em essência, apenas um criminoso, o roteiro lhe é bastante simpático. O tom é de comédia leve, com alguns poucos momentos de tensão. Em um deles Demara fingindo-se um psicólogo especialista em sistema penitenciário adentra uma ala do presídio com os mais violentos criminosos.
Conversando com eles tenta amenizar o comportamento hostil de alguns presos mas sem grande sucesso, pois um deles logo resolve puxar um canivete para um acerto de contas. Em outro momento, Demara se passando por um médico cirurgião dentro de um navio da marinha, se vê de repente na incumbência de cuidar de vários doentes – algo que não sabia fazer pois afinal não era um médico de verdade. Outro bom destaque do elenco é o ator Karl Malden, interpretando um padre que funciona dentro da trama como uma consciência do próprio impostor. No saldo final “O Grande Impostor” diverte e entretém. O personagem picaresco do filme consegue manter sempre o interesse do espectador. Filme leve e divertido que vale a pena ser assistido.
O Grande Impostor (The Great Impostor, Estados Unidos, 1961) Direção: Robert Mulligan / Roteiro: Robert Crichton, Liam O'Brien / Elenco: Tony Curtis, Karl Malden, Edmond O'Brien, Arthur O´Connell, Joan Blackman / Sinopse: Freddy Demara (Tony Curtis) é um sujeito que se faz passar por diversos profissionais mesmo nunca tendo estudado ou se formado nessas profissões. Assim, de acordo com as circunstâncias, ele se disfarça de médico, psicólogo, professor, monge e mais o que lhe parecer conveniente. Procurado pelo FBI ele tenta escapar através de seus inúmeros disfarces.
Pablo Aluísio.
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