Marilyn Monroe poderia ter se poupado de muitos problemas pessoais se não tivesse se envolvido com homens errados, principalmente quando eles eram casados. Durante meses circulou em Hollywood que Marilyn poderia estar envolvida com John Kennedy, o presidente dos Estados Unidos. Se a história fosse verdadeira seria uma das notícias mais bombásticas de todos os tempos, porém Marilyn se recusava a assumir o romance mesmo para as pessoas mais próximas, seus jornalistas mais conhecidos.
Numa determinada tarde enquanto descansava de um dia de filmagens ela aceitou receber em seu camarim o colunista social do New York Times. Ele sondou o assunto de seu suposto namoro com JFK, mas tudo o que conseguiu arrancar da estrela foi uma declaração dúbia, cheia de mistérios onde reconhecia que estava mesmo namorado um homem importante, muito famoso e que por isso não poderia dar maiores detalhes.
Esse relacionamento tampouco foi ventilado pelo presidente a ninguém. John Kennedy era um notório mulherengo e tinha um óbvio interesse em Marilyn, porém mesmo para os amigos mais chegados se recusava a contar o que tinha acontecido entre ele e a maior estrela de Hollywood. Seu irmão Bob também estava interessado em Marilyn, só que ao contrário do presidente foi menos discreto, chegando várias vezes a ir até a casa de Marilyn para visitas até bem conhecidas da comunidade de Hollywood.
Marilyn porém não parecia interessada em Bob. Ele era casado e tinha um monte de filhos. Marilyn, experiente como era, sabia que seu namorico com Bob não iria dar em nada. Também não parecia nada apaixonada por ele. Bob Kennedy era o irmão mais feioso e menos poderoso do presidente, esse sim o grande prêmio que Marilyn Monroe esperava levar para casa algum dia, quem sabe. Isso era algo praticamente impossível de acontecer. John Kennedy era casado com a incrível Jackie. Uma mulher culta, pertencente a uma das famílias mais aristocráticas da América e que apesar de saber das infidelidades do marido também tinha plena consciência que ele jamais iria colocar seu casamento em segundo plano por qualquer uma de suas aventuras amorosas. No íntimo Marilyn sabia que não teria nenhuma chance nessa disputa por JFK. Ela, no máximo, iria conseguir ser a amante mais famosa e mais glamorosa do presidente. Nada mais do que isso.
Pablo Aluísio.
domingo, 26 de janeiro de 2020
sábado, 25 de janeiro de 2020
As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 14
A primeira grande chance de se tornar uma estrela para Marilyn Monroe apareceu em 1953 quando ela foi escalada para atuar em "Gentlemen Prefer Blondes" que no Brasil recebeu o título de "Os Homens Preferem as Loiras". Era uma comédia musical dirigida pelo excepcional cineasta Howard Hawks. O filme seria estrelado pela star Jane Russell e Marilyn estaria no enredo como uma espécie de escada para ela. Pelo menos foi isso que o estúdio disse a Monroe. Por baixo dos panos havia uma clara tentativa da Fox em testar a atriz para saber se ela poderia se tornar um novo chamariz de bilheteria para suas produções. O fato é que Marilyn conseguiu se tornar uma celebridade fora das telas, mesmo tendo participado na maioria das vezes como mera coadjuvante por anos e anos. Sem grandes chances nos filmes a atriz começou então uma bem sucedida campanha pessoal de auto promoção, se tornando amiga de jornalistas e produtores influentes, dando entrevistas, abrindo aspectos de sua vida pessoal e aparecendo em jornais, revistas e eventos promocionais.
O aparente desinteresse da Fox escondia uma pretensão bem mais ousada. Marilyn aos poucos foi percebendo que o estúdio finalmente parecia acreditar nela. Infelizmente isso não se refletia em seu salário que praticamente continuou o mesmo. Sua colega Jane Russell receberia quase vinte vezes mais do que ela pela atuação no filme. Isso logo chamou a atenção da imprensa e Marilyn resolveu brincar um pouco com a situação fazendo piada com o título do filme. A um jornalista amigo declarou: "Bom, eu deveria ganhar o mesmo que Jane, não acha? Até porque eu sou a loira do filme e ele se chama Os Homens Preferem as Loiras!". Depois disso arregalou seus grandes olhos azuis para a câmera, numa pose engraçada. Na verdade Marilyn iria provar no set de filmagens que ela tinha um maravilhoso timing para comédias e enredos engraçados, algo que ela não demonstrava tanto em dramas ou filmes mais melodramáticos. Em pouco tempo esse seu talento pelo cômico iria despertar a atenção da Fox que entenderia que finalmente havia descoberto o grande filão para explorar comercialmente o talento daquela loira. Dali em diante Marilyn seria escalada para brilhar em comédias românticas musicais.
Outro fato chamou bastante a atenção em Hollywood. Assim que o projeto do filme foi anunciado muitos entenderam que as duas atrizes não iriam se dar bem no set. Era um tanto tradicional haver brigas em filmes que fossem co-estrelados por duas atrizes. Geralmente uma tentava superar a outra, querendo roubar o filme para si, e isso terminava em longas brigas nos sets de filmagens. As colunas de fofocas da época esperavam por enormes brigas envolvendo Marilyn e Jane, mas no final das contas acabaram se decepcionando. Ao contrário do que muitos aguardavam Monroe se deu muito bem com Jane Russell. Ambas ficaram até mesmo bastante amigas durante as filmagens. Uma apoiando a outra, dando sugestões. Isso para Marilyn era mais do que bem-vindo. Sua insegurança nas filmagens era notória dentro do estúdio. Ela sempre ficava apavorada antes de entrar em cena. Contar com um ombro amigo atrás e na frente das câmeras foi algo maravilhoso para ela. Em troca ofereceu uma amizade sincera e muito carinhosa para com Jane. Essa amizade parece ter trazido muito para o resultado final da película.
"Gentlemen Prefer Blondes" custou relativamente barato pois foi quase que todo rodado em estúdio em Los Angeles. Assim que chegou nas telas de cinema se tornou um sucesso de público e crítica. Também pudera, o roteiro era deliciosamente divertido com ótima trilha sonora e números musicais extremamente bem realizados. O papel de Marilyn foi um dos mais caricatos de sua carreira, o que não significa que tenha sido ruim, muito pelo contrário, foi excelente, captando um lado de comediante na atriz que pouca gente conhecia. Para não fazer feio nos números musicais Marilyn tomou aulas de canto e dança com o departamento de arte da Fox. Uma das primeiras regras que teria que cumprir era ser disciplinada e pontual nas aulas, algo que ela conseguiu a duras penas pois chegar na hora marcada era um problema e tanto para ela, sempre. Algo que iria piorar muitos nos anos seguintes. De qualquer maneira como almejava muito ser uma estrela de sucesso, Marilyn por essa época adotou o estilo "garota boazinha e obediente". Mal sabia a Fox no que estava se metendo.
Pablo Aluísio.
O aparente desinteresse da Fox escondia uma pretensão bem mais ousada. Marilyn aos poucos foi percebendo que o estúdio finalmente parecia acreditar nela. Infelizmente isso não se refletia em seu salário que praticamente continuou o mesmo. Sua colega Jane Russell receberia quase vinte vezes mais do que ela pela atuação no filme. Isso logo chamou a atenção da imprensa e Marilyn resolveu brincar um pouco com a situação fazendo piada com o título do filme. A um jornalista amigo declarou: "Bom, eu deveria ganhar o mesmo que Jane, não acha? Até porque eu sou a loira do filme e ele se chama Os Homens Preferem as Loiras!". Depois disso arregalou seus grandes olhos azuis para a câmera, numa pose engraçada. Na verdade Marilyn iria provar no set de filmagens que ela tinha um maravilhoso timing para comédias e enredos engraçados, algo que ela não demonstrava tanto em dramas ou filmes mais melodramáticos. Em pouco tempo esse seu talento pelo cômico iria despertar a atenção da Fox que entenderia que finalmente havia descoberto o grande filão para explorar comercialmente o talento daquela loira. Dali em diante Marilyn seria escalada para brilhar em comédias românticas musicais.
Outro fato chamou bastante a atenção em Hollywood. Assim que o projeto do filme foi anunciado muitos entenderam que as duas atrizes não iriam se dar bem no set. Era um tanto tradicional haver brigas em filmes que fossem co-estrelados por duas atrizes. Geralmente uma tentava superar a outra, querendo roubar o filme para si, e isso terminava em longas brigas nos sets de filmagens. As colunas de fofocas da época esperavam por enormes brigas envolvendo Marilyn e Jane, mas no final das contas acabaram se decepcionando. Ao contrário do que muitos aguardavam Monroe se deu muito bem com Jane Russell. Ambas ficaram até mesmo bastante amigas durante as filmagens. Uma apoiando a outra, dando sugestões. Isso para Marilyn era mais do que bem-vindo. Sua insegurança nas filmagens era notória dentro do estúdio. Ela sempre ficava apavorada antes de entrar em cena. Contar com um ombro amigo atrás e na frente das câmeras foi algo maravilhoso para ela. Em troca ofereceu uma amizade sincera e muito carinhosa para com Jane. Essa amizade parece ter trazido muito para o resultado final da película.
"Gentlemen Prefer Blondes" custou relativamente barato pois foi quase que todo rodado em estúdio em Los Angeles. Assim que chegou nas telas de cinema se tornou um sucesso de público e crítica. Também pudera, o roteiro era deliciosamente divertido com ótima trilha sonora e números musicais extremamente bem realizados. O papel de Marilyn foi um dos mais caricatos de sua carreira, o que não significa que tenha sido ruim, muito pelo contrário, foi excelente, captando um lado de comediante na atriz que pouca gente conhecia. Para não fazer feio nos números musicais Marilyn tomou aulas de canto e dança com o departamento de arte da Fox. Uma das primeiras regras que teria que cumprir era ser disciplinada e pontual nas aulas, algo que ela conseguiu a duras penas pois chegar na hora marcada era um problema e tanto para ela, sempre. Algo que iria piorar muitos nos anos seguintes. De qualquer maneira como almejava muito ser uma estrela de sucesso, Marilyn por essa época adotou o estilo "garota boazinha e obediente". Mal sabia a Fox no que estava se metendo.
Pablo Aluísio.
As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 13
As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 13
Quando o diretor Billy Wilder fechou com Marilyn Monroe para trabalharem juntos mais uma vez em Hollywood, ele sabia que iria ter muitas dores de cabeça. Ele já a conhecia muito bem e sabia como seria um verdadeiro caos! Marilyn não o decepcionaria nessa previsão. Assim que as filmagens começaram, Marilyn começou a aprontar das suas. Ela chegava em média com três horas de atraso ao estúdio para filmar suas cenas. Pior do que isso, ela não conseguia decorar suas falas. Quase sempre ficava trancada dentro do camarim ao lado de sua professora particular de atuação Paula Strasberg. Paula era uma mulher antipática, estranha, que só se vestia de preto e não falava com mais ninguém da equipe de filmagem.
Assim que Marilyn encerrava suas cenas ela procurava imediatamente por Paula, colocando as mãos sobre os olhos para localizá-la dentro do estúdio. Isso irritava muito Billy Wilder, afinal ele era o diretor do filme e não Paula. Durante um fim de semana Billy perdeu a paciência e assim que a tomada acabou ele virou-se para Paula, de forma irônica, para perguntar: "Você gostou dessa cena querida? Quer que repetimos?" Paula não gostou da piada e levou aquilo como se tivesse sido ofendida pelo cineasta. Ela não tinha nenhum senso de humor. Além dos atrasos, da presença nada simpática da instrutora de Marilyn e de seus problemas com pílulas misturadas com champagne, Billy Wilder também percebeu que não poderia mais contar com Marilyn para a sessão de fotos que iria produzir o material promocional do filme. Era um fato bizarro, mas a atriz que era considerada o maior símbolo sexual do cinema na época não servia mais para fotografar pois estava muito acima do peso!
Billy assim resolveu levar as demais garotas que estavam no filme, interpretando coristas e músicas da banda que acompanhava Marilyn, para tirar as fotos. Pois é, os posters promocionais do filme eram montagens, com os corpos das jovens atrizes e o rosto de Marilyn Monroe. Tudo criado dentro do departamento de publicidade da Fox. O fato era que Marilyn Monroe estava grávida quando rodou o filme. A fofoca entre todos os envolvidos nas filmagens era a de que Marilyn não estava grávida de seu marido, Arthur Miller, mas sim de Tony Curtis, que trabalhava com ela no elenco. Claro que tudo foi logo abafado pelo estúdio, pois isso poderia arruinar o filme nas bilheterias caso o público e a imprensa soubessem da verdade.
Anos depois Tony Curtis confidenciou que também acreditava que Marilyn estava grávida dele. Eles tinham um passado juntos, chegaram a morar sob o mesmo teto quando eram apenas jovens atores em Hollywood atrás de uma chance. Quando se reencontraram no set de filmagem a velha paixão reacendeu. Curiosamente durante uma cena de beijo, Tony Curtis soltou uma frase que pegou muito mal. Ele disse: "Beijar Marilyn é como beijar Hitler". Ao saber disso a imprensa correu e estampou a bombástica declaração, mas Curtis se apressou em negar que era uma ofensa em relação a Marilyn. Ele apenas estava sendo irônico com todos que perguntavam como era beijar Marilyn Monroe. "O que eles pensam? Ora, beijar Marilyn era maravilhoso! Por isso fui irônico!" - Disse Curtis tentando se explicar. A ironia porém foi mal entendida, inclusive por Marilyn, que ficou magoada, causando ainda mais atrasos e problemas para a finalização do filme. O mal estar foi geral.
Pablo Aluísio.
Quando o diretor Billy Wilder fechou com Marilyn Monroe para trabalharem juntos mais uma vez em Hollywood, ele sabia que iria ter muitas dores de cabeça. Ele já a conhecia muito bem e sabia como seria um verdadeiro caos! Marilyn não o decepcionaria nessa previsão. Assim que as filmagens começaram, Marilyn começou a aprontar das suas. Ela chegava em média com três horas de atraso ao estúdio para filmar suas cenas. Pior do que isso, ela não conseguia decorar suas falas. Quase sempre ficava trancada dentro do camarim ao lado de sua professora particular de atuação Paula Strasberg. Paula era uma mulher antipática, estranha, que só se vestia de preto e não falava com mais ninguém da equipe de filmagem.
Assim que Marilyn encerrava suas cenas ela procurava imediatamente por Paula, colocando as mãos sobre os olhos para localizá-la dentro do estúdio. Isso irritava muito Billy Wilder, afinal ele era o diretor do filme e não Paula. Durante um fim de semana Billy perdeu a paciência e assim que a tomada acabou ele virou-se para Paula, de forma irônica, para perguntar: "Você gostou dessa cena querida? Quer que repetimos?" Paula não gostou da piada e levou aquilo como se tivesse sido ofendida pelo cineasta. Ela não tinha nenhum senso de humor. Além dos atrasos, da presença nada simpática da instrutora de Marilyn e de seus problemas com pílulas misturadas com champagne, Billy Wilder também percebeu que não poderia mais contar com Marilyn para a sessão de fotos que iria produzir o material promocional do filme. Era um fato bizarro, mas a atriz que era considerada o maior símbolo sexual do cinema na época não servia mais para fotografar pois estava muito acima do peso!
Billy assim resolveu levar as demais garotas que estavam no filme, interpretando coristas e músicas da banda que acompanhava Marilyn, para tirar as fotos. Pois é, os posters promocionais do filme eram montagens, com os corpos das jovens atrizes e o rosto de Marilyn Monroe. Tudo criado dentro do departamento de publicidade da Fox. O fato era que Marilyn Monroe estava grávida quando rodou o filme. A fofoca entre todos os envolvidos nas filmagens era a de que Marilyn não estava grávida de seu marido, Arthur Miller, mas sim de Tony Curtis, que trabalhava com ela no elenco. Claro que tudo foi logo abafado pelo estúdio, pois isso poderia arruinar o filme nas bilheterias caso o público e a imprensa soubessem da verdade.
Anos depois Tony Curtis confidenciou que também acreditava que Marilyn estava grávida dele. Eles tinham um passado juntos, chegaram a morar sob o mesmo teto quando eram apenas jovens atores em Hollywood atrás de uma chance. Quando se reencontraram no set de filmagem a velha paixão reacendeu. Curiosamente durante uma cena de beijo, Tony Curtis soltou uma frase que pegou muito mal. Ele disse: "Beijar Marilyn é como beijar Hitler". Ao saber disso a imprensa correu e estampou a bombástica declaração, mas Curtis se apressou em negar que era uma ofensa em relação a Marilyn. Ele apenas estava sendo irônico com todos que perguntavam como era beijar Marilyn Monroe. "O que eles pensam? Ora, beijar Marilyn era maravilhoso! Por isso fui irônico!" - Disse Curtis tentando se explicar. A ironia porém foi mal entendida, inclusive por Marilyn, que ficou magoada, causando ainda mais atrasos e problemas para a finalização do filme. O mal estar foi geral.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 24 de janeiro de 2020
As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 12
As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 12
Billy Wilder teve a ideia de escrever o roteiro de "Quanto Mais Quente Melhor" após assistir a um velho filme alemão. No enredo dois músicos se vestiam de mulheres para escapar da máfia. Wilder mostrou seu projeto para o produtor David Selznick que não gostou nada do que leu. Misturar máfia com comédia, violência com humor, era algo perigoso e nada engraçado em sua forma de entender. Mesmo assim Wilder não desistiu e resolveu produzir ele mesmo o filme. O primeiro contratado foi o ator Tony Curtis, o que não deixou de ser curioso pois Curtis achava que Wilder não gostava dele pessoalmente.
Para o outro papel o estúdio queria muito Frank Sinatra. Um almoço de negócios foi marcado entre ele e o diretor, mas Sinatra não compareceu. Na verdade o cantor desistiu de fazer o filme por causa da ligação do roteiro com mafiosos. Ele já vinha sofrendo comparações por causa de seus amigos no submundo do crime e isso iria reforçar esse tipo de visão na imprensa. Com Sinatra fora, Wilder finalmente conseguiu contratar o ator que queria desde o começo: o comediante Jack Lemmon.
A entrada de Marilyn Monroe no filme foi uma surpresa para todos. Ninguém estava pensando nela. Quando a atriz soube que Billy Wilder iria dirigir uma comédia com Curtis e Lemmon, decidiu ligar pessoalmente para Billy, se oferecendo para o papel de "Sugar", a bonita garota que tocava na banda só de mulheres! Wilder sabia que a entrada de Marilyn Monroe no filme mudaria tudo, já que ela era uma das maiores estrelas de Hollywood. O diretor sabia bem que Marilyn era complicada de se trabalhar, sempre chegava atrasada, não decorava suas falas e parecia sempre estar insegura. Mesmo com tantas coisas contra sua contratação, o diretor não podia ignorar também o fato de que Marilyn era um grande chamariz de bilheteria, a maior estrela de cinema da época!
O que Wilder não sabia era que Marilyn Monroe e Tony Curtis tinham um passado. Eles foram namorados anos antes. Quem recordou isso foi o próprio ator durante uma entrevista: "Eu cheguei a morar com Marilyn durante seis meses, antes que nos tornássemos famosos. Eu era apenas um jovem contratado pela Universal e Marilyn não conseguia muito trabalho na época. Eu estava apaixonado por ela, então resolvemos morar juntos. Não deu muito certo, mas guardei um certo carinho por ela, por todos aqueles anos. Quando descobri que Marilyn havia entrado no filme pensei que teríamos problemas pela frente! Algo que depois iria se mostrar verdadeiro, mas tudo bem, tudo era válido!".
Pablo Aluísio.
Billy Wilder teve a ideia de escrever o roteiro de "Quanto Mais Quente Melhor" após assistir a um velho filme alemão. No enredo dois músicos se vestiam de mulheres para escapar da máfia. Wilder mostrou seu projeto para o produtor David Selznick que não gostou nada do que leu. Misturar máfia com comédia, violência com humor, era algo perigoso e nada engraçado em sua forma de entender. Mesmo assim Wilder não desistiu e resolveu produzir ele mesmo o filme. O primeiro contratado foi o ator Tony Curtis, o que não deixou de ser curioso pois Curtis achava que Wilder não gostava dele pessoalmente.
Para o outro papel o estúdio queria muito Frank Sinatra. Um almoço de negócios foi marcado entre ele e o diretor, mas Sinatra não compareceu. Na verdade o cantor desistiu de fazer o filme por causa da ligação do roteiro com mafiosos. Ele já vinha sofrendo comparações por causa de seus amigos no submundo do crime e isso iria reforçar esse tipo de visão na imprensa. Com Sinatra fora, Wilder finalmente conseguiu contratar o ator que queria desde o começo: o comediante Jack Lemmon.
A entrada de Marilyn Monroe no filme foi uma surpresa para todos. Ninguém estava pensando nela. Quando a atriz soube que Billy Wilder iria dirigir uma comédia com Curtis e Lemmon, decidiu ligar pessoalmente para Billy, se oferecendo para o papel de "Sugar", a bonita garota que tocava na banda só de mulheres! Wilder sabia que a entrada de Marilyn Monroe no filme mudaria tudo, já que ela era uma das maiores estrelas de Hollywood. O diretor sabia bem que Marilyn era complicada de se trabalhar, sempre chegava atrasada, não decorava suas falas e parecia sempre estar insegura. Mesmo com tantas coisas contra sua contratação, o diretor não podia ignorar também o fato de que Marilyn era um grande chamariz de bilheteria, a maior estrela de cinema da época!
O que Wilder não sabia era que Marilyn Monroe e Tony Curtis tinham um passado. Eles foram namorados anos antes. Quem recordou isso foi o próprio ator durante uma entrevista: "Eu cheguei a morar com Marilyn durante seis meses, antes que nos tornássemos famosos. Eu era apenas um jovem contratado pela Universal e Marilyn não conseguia muito trabalho na época. Eu estava apaixonado por ela, então resolvemos morar juntos. Não deu muito certo, mas guardei um certo carinho por ela, por todos aqueles anos. Quando descobri que Marilyn havia entrado no filme pensei que teríamos problemas pela frente! Algo que depois iria se mostrar verdadeiro, mas tudo bem, tudo era válido!".
Pablo Aluísio.
As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 11
Marilyn estava passando por mais uma crise depressiva, fazendo com que ela tentasse o suicídio mais uma vez! A depressão havia se tornado insuportável justamente na noite de natal quando Marilyn se viu completamente sozinha em seu apartamento. A maior estrela do mundo do cinema, tão desejada, admirada e amada por milhões de fãs ao redor do mundo, não tinha ninguém para celebrar a ceia da noite de natal ao seu lado! Como entender tamanho paradoxo? Por que nenhuma pessoa próxima a Marilyn estava disposta a passar a noite de natal em sua companhia? Essa situação levou a atriz para um colapso nervoso. Ela que já vinha há semanas depressiva, chegou na conclusão que era hora de acabar com tudo.
Na verdade para entender isso é interessante saber como a vida de Marilyn estava na época. Em poucas palavras a vida pessoal e profissional da atriz estava completamente caótica. Ela havia decidido se divorciar de Arthur Miller depois de um casamento opaco, sem amor, marcado por muitas indiferenças e problemas de relacionamento. No final do casamento não é errado dizer que Miller não passava de um mero empregado de Marilyn, um carregador de malas da atriz. Ela o tratava mal, como a um capacho. Miller também não ajudava, demonstrando total servidão, sem personalidade, praticamente um homem sem pulso ou amor próprio. Com isso Marilyn simplesmente se cansou dele. Ela nunca gostou de homens fracos, manobráveis. Marilyn queria alguém que a tratasse pelo menos de igual para igual.
Como se isso não fosse problemático o suficiente, Marilyn resolveu se envolver com um homem casado, o ator e cantor Yves Montand com quem atuara no filme "Adorável Pecadora". O romance saiu das telas e invadiu o mundo real. A esposa de Montand, Simone Signoret, se considerava amiga pessoal de Marilyn até saber que ela estava tendo um caso com seu marido. Mulher culta, elegante e fina, Signoret resolveu enfrentar Marilyn face a face. De maneira polida e educada pediu que Marilyn não procurasse e nem se encontrasse mais com Montand. A forma como ela fez esse pedido acabou deixando Marilyn ainda mais depressiva. Afinal, pensou ela, que tipo de mulher ela era? Uma que nem ao menos respeitava os maridos das próprias amigas? Tomada por uma forte crise de consciência, Marilyn resolveu aceitar o pedido de Simone e encerrou o caso com Montand de forma definitiva.
Uma das poucas pessoas que havia sobrado em sua vida pessoal era a assessora de imprensa Pat Newcomb. Pouca gente tinha conseguido se adaptar tão bem ao modo estranho de viver de Marilyn do que Pat. Ela acabou se tornando com os anos a verdadeira amiga da atriz. Sempre que Marilyn tinha que viajar, Pat seguia na frente para acertar tudo. Quando esteve na Inglaterra Marilyn exigiu que seu apartamento em Londres ficasse completamente igual ao que mantinha em Nova Iorque, com todos os móveis brancos, sem qualquer sinal de outra cor no ambiente. Além disso todas as janelas deveriam ser cobertas por espessas cortinas também brancas. Marilyn gostava de viver em ambientes completamente alvos, brancos ao extremo, como se estivesse no Polo Norte. Cabia justamente a Pat providenciar esse tipo de coisa. Provavelmente se não fosse a prestativa assistência de Newcomb na vida de Marilyn ela teria morrido muitos anos antes. Pode-se dizer que ela, ao lado da empregada doméstica de Marilyn, salvou a vida da atriz muitas e muitas vezes.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 23 de janeiro de 2020
Marlon Brando - Hollywood Boulevard - Parte 16
A estrela de Marlon Brando começou a se apagar no início da década de 1960. Durante exatos dez anos Brando foi um dos campeões de bilheteria em Hollywood. Seu nome sempre estava no Top 10 dos astros mais populares. A partir de 1960 porém seus filmes começaram a fracassar. O ponto de virada aconteceu com o faroeste "A Face Oculta". Essa produção era uma aposta certeira rumo ao sucesso por parte da Paramount Pictures, mas Brando brigou logo nos primeiros dias com o diretor e depois de muitos problemas ele mesmo assumiu a direção. Acontece que Brando nunca havia dirigido um filme antes na carreira. O resultado era previsível. O orçamento estourou, os gastos ficaram fora do controle e Brando não conseguiu dar uma forma ideal do ponto de vista comercial ao filme. O resultado foi que o público não comprou a ideia e assim o ator teve seu primeiro grande fracasso de bilheteria.
As coisas só pioraram depois disso. Brando começou a encarar os estúdios como verdadeiros inimigos e passou a recusar roteiros sugeridos pelas companhias. Ao invés de estrelar grandes produções, ele optou pelos pequenos filmes, de diretores iniciantes, cujos roteiros dificilmente fariam sucesso nas bilheterias. Uma exceção foi exatamente o remake de um antigo filme estrelado por Clark Gable chamado "O Grande Motim". Brando que poderia ter atuado em um dos maiores filmes de todos os tempos (Lawrence da Arábia) recusou o convite do diretor David Lean para literalmente afundar em um filme cuja produção nos mares do sul do Pacífico se revelou um enorme desastre financeiro. A MGM perdeu milhões com esse fracasso e nem pensou duas vezes antes de culpar o próprio Marlon Brando pelo prejuízo que teve.
Nos anos seguintes Brando foi colecionando fracassos comerciais: "Quando Irmãos se Defrontam", "Dois Farristas Irresistíveis", "Morituri" e "Caçada Humana" não foram bem de bilheteria. Em pouco mais de quatro anos Brando se tornou um dos atores menos bem sucedidos da indústria. Seu nome foi caindo na lista dos astros mais rentáveis. Ele que sempre havia ficado entre os "10 mais" agora não conseguia ficar nem entre os 40 mais bem sucedidos! A imprensa, que nunca havia gostado muito de Brando, começou a bater. Ele foi chamado de decadente, fracassado, careca, gordo e outras ofensas que só serviam para afundá-lo ainda mais dentro da indústria do cinema.
Em 1967 pintou uma boa oportunidade de se reerguer. Brando soube que Charles Chaplin iria dirigir uma comédia chamada "A Condessa de Hong Kong". Marlon sabia que ele não tinha um bom timing para o humor, mas mesmo assim estava disposto a não perder a oportunidade de trabalhar ao lado de um dos grandes gênios da sétima arte, Chaplin. O problema é que o roteiro não era bom e Chaplin, já bem envelhecido, não tinha mais a mesma genialidade de seu auge. Para piorar Brando não gostou dos métodos de trabalho do veterano e nem de sua pessoa. Em sua autobiografia Brando destroçou Chaplin o chamado de uma das pessoas "mais sádicas e cruéis que havia conhecido em toda a sua vida". Isso porque Chaplin humilhava seu próprio filho, na frente de todos, durante as filmagens.
Assim as previsões pessimistas logo se confirmaram. Quando chegou aos cinemas o filme fracassou de forma monumental. Brando nem quis defender o filme pois sabia que ele não era bom. Tinha um humor ultrapassado, um enredo sem graça e uma produção fraca. Nas próprias palavras do ator o filme "A Condessa de Hong Kong" acabou se transformando em um de seus "maiores desastres". Foi embaraçoso para todo mundo. Quando todos pensavam que Brando havia chegado ao fundo do poço ele ainda caiu mais em "Candy" e "Queimada"! Os filmes não foram apenas novos fracassos, mas também eram muito ruins! O próprio Brando reconhecia isso. Na verdade Marlon Brando só iria reencontrar o caminho do sucesso quando soube que a Paramount iria filmar o romance "O Poderoso Chefão" de Mario Puzo. Se conseguisse o papel do mafioso Corleone poderia ter uma nova chance na carreira. Ele sabia que tinha que interpretar o personagem de qualquer jeito... mas essa é obviamente uma outra história...
Pablo Aluísio.
As coisas só pioraram depois disso. Brando começou a encarar os estúdios como verdadeiros inimigos e passou a recusar roteiros sugeridos pelas companhias. Ao invés de estrelar grandes produções, ele optou pelos pequenos filmes, de diretores iniciantes, cujos roteiros dificilmente fariam sucesso nas bilheterias. Uma exceção foi exatamente o remake de um antigo filme estrelado por Clark Gable chamado "O Grande Motim". Brando que poderia ter atuado em um dos maiores filmes de todos os tempos (Lawrence da Arábia) recusou o convite do diretor David Lean para literalmente afundar em um filme cuja produção nos mares do sul do Pacífico se revelou um enorme desastre financeiro. A MGM perdeu milhões com esse fracasso e nem pensou duas vezes antes de culpar o próprio Marlon Brando pelo prejuízo que teve.
Nos anos seguintes Brando foi colecionando fracassos comerciais: "Quando Irmãos se Defrontam", "Dois Farristas Irresistíveis", "Morituri" e "Caçada Humana" não foram bem de bilheteria. Em pouco mais de quatro anos Brando se tornou um dos atores menos bem sucedidos da indústria. Seu nome foi caindo na lista dos astros mais rentáveis. Ele que sempre havia ficado entre os "10 mais" agora não conseguia ficar nem entre os 40 mais bem sucedidos! A imprensa, que nunca havia gostado muito de Brando, começou a bater. Ele foi chamado de decadente, fracassado, careca, gordo e outras ofensas que só serviam para afundá-lo ainda mais dentro da indústria do cinema.
Em 1967 pintou uma boa oportunidade de se reerguer. Brando soube que Charles Chaplin iria dirigir uma comédia chamada "A Condessa de Hong Kong". Marlon sabia que ele não tinha um bom timing para o humor, mas mesmo assim estava disposto a não perder a oportunidade de trabalhar ao lado de um dos grandes gênios da sétima arte, Chaplin. O problema é que o roteiro não era bom e Chaplin, já bem envelhecido, não tinha mais a mesma genialidade de seu auge. Para piorar Brando não gostou dos métodos de trabalho do veterano e nem de sua pessoa. Em sua autobiografia Brando destroçou Chaplin o chamado de uma das pessoas "mais sádicas e cruéis que havia conhecido em toda a sua vida". Isso porque Chaplin humilhava seu próprio filho, na frente de todos, durante as filmagens.
Assim as previsões pessimistas logo se confirmaram. Quando chegou aos cinemas o filme fracassou de forma monumental. Brando nem quis defender o filme pois sabia que ele não era bom. Tinha um humor ultrapassado, um enredo sem graça e uma produção fraca. Nas próprias palavras do ator o filme "A Condessa de Hong Kong" acabou se transformando em um de seus "maiores desastres". Foi embaraçoso para todo mundo. Quando todos pensavam que Brando havia chegado ao fundo do poço ele ainda caiu mais em "Candy" e "Queimada"! Os filmes não foram apenas novos fracassos, mas também eram muito ruins! O próprio Brando reconhecia isso. Na verdade Marlon Brando só iria reencontrar o caminho do sucesso quando soube que a Paramount iria filmar o romance "O Poderoso Chefão" de Mario Puzo. Se conseguisse o papel do mafioso Corleone poderia ter uma nova chance na carreira. Ele sabia que tinha que interpretar o personagem de qualquer jeito... mas essa é obviamente uma outra história...
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 22 de janeiro de 2020
Marlon Brando - Hollywood Boulevard - Parte 15
Assim Brando foi até as Filipinas e outras nações do sudeste asiático para escolher locações, histórias e situações que pudesse explorar em seu documentário. Em cada país que chegou foi recebido como um verdadeiro astro de Hollywood, algo que não o agradava e o deixava até mesmo incomodado. "Não quero ser tratado dessa maneira" - ia logo esclarecendo onde chegava. A imprensa local obviamente o recebia com grande estardalhaço e assim Brando aproveitou para também dar inúmeras entrevistas, a maioria delas falando mal de Hollywood, sua indústria de cinema e da política internacional equivocada promovida pelo governo americano. Para Brando: "Tudo o que o governo dos Estados Unidos faz ao redor do mundo está terrivelmente errado!" Sobre a rotina de ser um ator em Los Angeles ele declarou: "É uma das coisas mais estúpidas do mundo. Você procura fazer um bom trabalho, mas os jornalistas americanos não estão preocupados com arte e sim com fofocas. Eles exploram minha vida pessoal como abutres. Ninguém se importa com os filmes que faço. Eles querem mesmo é saber com quem me deito". Sobre o cinema americano ele resumiu: "Muito comercial, vazio e estúpido".
Ao chegar em Tóquio para o começo das filmagens Brando percebeu que nem tudo seriam flores. O estúdio havia escolhido a época errada para as tomadas de cena, pois chovia todos os dias na capital japonesa. Os produtores não conheciam as estações climáticas do Japão e tinham escolhido a pior delas - a das chuvas torrenciais - para rodar o filme. Sem condições de trabalhar Brando resolveu conhecer a cultura japonesa a fundo. Ele havia frequentado os bairros orientais de Nova Iorque para conhecer melhor o estilo de vida dos japoneses, justamente para parecer mais convincente no filme, porém nada disso poderia significar algo maior do que estar no próprio coração da civilização japonesa. Brando passou a maior parte de seus dias andando pela capital do sol nascente, frequentando seus restaurantes, casas de massagens, absorvendo tudo, a culinária, o idioma (que fez questão de aprender, dando inclusive uma entrevista coletiva em japonês) e convivendo com o japonês comum, o homem médio, o trabalhador (tal como seu papel no filme). Sobre isso falou: "Não me interessa os políticos ou os figurões. Quero conhecer o povo japonês e seu modo de viver".
O projeto porém de filmar o filme no Japão logo se mostrou um desastre. Assim os diretores e executivos da Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) decidiram que toda a equipe deveria voltar para os Estados Unidos, para que o filme fosse feito dentro do estúdio em Los Angeles, algo que deixou Brando realmente furioso. Para o ator o filme iria perder muita da sua autenticidade se fosse feito nos Estados Unidos e não no Japão. Embora tenha protestado não houve jeito. Todos voltaram. Pior do que isso, Brando descobriu que a MGM havia escolhido ele para ser o bode expiatório do fracasso no Japão. A imprensa começou a atacar Marlon dizendo que ele havia criado problemas em Tóquio. Não era verdade! Assim o ator começou a surgir no estúdio para trabalhar sem a menor motivação, com cara fechada e obviamente contrariado. A duras penas concluiu sua parte e depois disparou: "O filme não vai convencer. Não fiquei bem com maquiagem de japonês. Melhor esquecer tudo!". O velho rebelde Marlon Brando, pelo visto, não havia perdido seu jeito de criar polêmicas e dar o troco em quem ele achava que o havia apunhalado pelas costas.
Pablo Aluísio.
Marlon Brando - Hollywood Boulevard - Parte 14
Infelizmente a união passou longe de ser um casamento feliz. Marlon Brando não estava disposto a deixar suas inúmeras amantes. Nunca havia sido fiel em sua vida e não seria agora que as coisas mudariam. As traições viraram rotina. Brando estava sempre dando alguma desculpa para ficar longe de sua casa e se divertia a valer com as muitas mulheres (e dizem, homens) que frequentavam sua cama. Anna Kashfi ficou furiosa com seu comportamento. Mulher de gênio forte jamais iria aceitar esse tipo de humilhação pública (sim, Brando surgia com suas amantes em restaurantes e festas, na frente de todos, sem um pingo de arrependimento). Seu comportamento não iria dar em algo bom e realmente não deu.
Numa noite Brando chegou de madrugada em casa logo após uma noite de farras. Anna Kashfi o estava esperando na cozinha, fora de si, com uma faca na mão. Assim que Marlon entrou no recinto ela tentou lhe esfaquear. A agilidade salvou o ator da morte certa. Ele conseguiu se desviar no último segundo. Com a faca na mão Anna não desistiu e saiu correndo atrás de Brando que correu com toda a velocidade para a piscina. Agora imaginem a cena, o ator mais bem pago de Hollywood dando voltas em sua piscina com sua mulher enfurecida com uma faca na mão decidida a matá-lo! No outro dia empregados de Marlon e Anna abriram a boca e em pouco tempo o escândalo já tinha se tornado público e notório. O que ninguém sabia e nem Marlon é que Anna era bipolar, sofria de problemas mentais e em sua família várias mulheres tinham apresentado esse problema ao longo dos anos. Para piorar ela começou a dar entrevistas escandalosas para jornalistas. Dizia que Brando era bissexual, que levava para cama qualquer pessoa que lhe interessasse. Que não tinha respeito por ela, nem por ninguém, que era um promíscuo, que era um vagabundo e por aí vai, ladeira abaixo. A baixaria por parte dela não tinha limites. Era uma vergonha em Hollywood. Quando um repórter perguntou a Brando o que ele achava das declarações da mulher ele se resumiu a dizer: "Eu me casei com uma louca delirante!".
Depois disso Brando resolveu dar um basta, pediu divórcio e começou uma longa, custosa e penosa briga na justiça pela guarda do filho Christian Brando. Esse foi certamente o filho mais problemático da vida de Marlon Brando, herdando muitos problemas da mãe. Alguns anos depois Christian seria julgado pela morte do marido da própria irmã e condenado, cumpriria uma longa pena de prisão por assassinato em primeiro grau. As custas judiciais pelo divórcio e pela guarda definitiva e exclusiva de seu único filho custaram muito a Brando. Ele gastou milhões com advogados e teve que conviver com o assédio implacável da imprensa. Para piorar a carreira começou a ir mal, a má publicidade nos jornais influenciou o público que deixou de ir conferir seus últimos filmes. De repente Brando via sua vida profissional e sentimental em frangalhos. Muito bem humorado o ator dizia que nada disso importava, o que mais lhe preocupava era o fato de estar ficando rapidamente careca! Era uma forma que Marlon Brando encontrava para aliviar um pouco o stress absurdo que tinha que passar. Quando finalmente escreveu sua autobiografia ele admitiu que apesar de posar de rebelde e indiferente, ele ficava mesmo muito magoado e deprimido com os ataques que sofria, principalmente os que vinham da imprensa, sempre sensacionalista em relação à sua vida pessoal.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 21 de janeiro de 2020
Marlon Brando - Hollywood Boulevard - Parte 13
Aos 32 anos Marlon Brando aceitou o convite da Warner Bros para trabalhar no filme "Sayonara". Ele não havia gostado muito do roteiro, mas sentia que devia um favor ao diretor Joshua Logan. O cineasta havia arranjado trabalho para sua irmã em um momento complicado da vida dela, quando estava desempregada em Hollywood. Assim como forma de gratidão Brando decidiu a que iria trabalhar ao lado de Logan. Além disso ir para o Japão fazer o filme iria trazer para ele um pouco de paz e distância de Hollywood, algo que ele vinha buscando já há algum tempo.
Infelizmente para Brando as filmagens foram problemáticas. Chovia muito na cidade japonesa onde a equipe ficou. Quase nunca havia um clima bom para as cenas, causando muitos atrasos no cronograma da produção do filme. A imprensa americana começou a culpar Brando, mesmo sem ele ter nenhuma culpa nos atrasos. Não era novidade a antipatia mútua que Brando sentia por jornalistas e isso só se agravou durante o filme. Mais grave ainda, o escritor Truman Capote o embebedou durante uma tarde e Brando começou a falar mal de todo mundo em Hollywood. Assim que voltou aos Estados Unidos Capote escreveu um artigo devastador sobre o ator e publicou tudo numa revista. Brando se sentiu completamente traído e enganado por ele.
Para piorar Brando não se deu bem com a comida japonesa. Ele ficou doente, com diarreias recorrentes por causa de todo aquele "peixe cru", como ele gostava de ironizar. A atriz que havia sido escalada para trabalhar ao seu lado era praticamente uma novata, quase amadora, chamada Miiko Taka. Brando assim precisou ser colega e professor ao mesmo tempo pois ela começou a ter crises de medo e pânico antes das filmagens. O diretor Logan também teve uma forte crise de depressão durante os trabalhos, o que fez com que Brando praticamente dirigisse a si mesmo, por causa do estado psicológico do cineasta.
O filme acabou sendo sucesso de bilheteria. Brando cumpriu seu contrato e voltou para os Estados Unidos. Durante as filmagens a Warner exigiu que ele perdesse de oito a dez quilos pois os produtores acharam que ele estava aparentando estar muito gordo nas primeiras tomadas. Por pressão contratual Brando cumpriu a tarefa, emagreceu rapidamente, mas acabou descontando tudo quando voltou a Los Angeles. Segundo sua esposa na época, o ator caiu pesado nos doces e sorvetes, o que fez com que ele em poucos dias ganhasse todos os quilos que havia perdido no Japão. A partir desse ponto Brando iria ter com mais frequência problemas com a balança. E precocemente ele começou a se sentir velho demais para se importar com esse tipo de coisa.
Pablo Aluísio.
Infelizmente para Brando as filmagens foram problemáticas. Chovia muito na cidade japonesa onde a equipe ficou. Quase nunca havia um clima bom para as cenas, causando muitos atrasos no cronograma da produção do filme. A imprensa americana começou a culpar Brando, mesmo sem ele ter nenhuma culpa nos atrasos. Não era novidade a antipatia mútua que Brando sentia por jornalistas e isso só se agravou durante o filme. Mais grave ainda, o escritor Truman Capote o embebedou durante uma tarde e Brando começou a falar mal de todo mundo em Hollywood. Assim que voltou aos Estados Unidos Capote escreveu um artigo devastador sobre o ator e publicou tudo numa revista. Brando se sentiu completamente traído e enganado por ele.
Para piorar Brando não se deu bem com a comida japonesa. Ele ficou doente, com diarreias recorrentes por causa de todo aquele "peixe cru", como ele gostava de ironizar. A atriz que havia sido escalada para trabalhar ao seu lado era praticamente uma novata, quase amadora, chamada Miiko Taka. Brando assim precisou ser colega e professor ao mesmo tempo pois ela começou a ter crises de medo e pânico antes das filmagens. O diretor Logan também teve uma forte crise de depressão durante os trabalhos, o que fez com que Brando praticamente dirigisse a si mesmo, por causa do estado psicológico do cineasta.
O filme acabou sendo sucesso de bilheteria. Brando cumpriu seu contrato e voltou para os Estados Unidos. Durante as filmagens a Warner exigiu que ele perdesse de oito a dez quilos pois os produtores acharam que ele estava aparentando estar muito gordo nas primeiras tomadas. Por pressão contratual Brando cumpriu a tarefa, emagreceu rapidamente, mas acabou descontando tudo quando voltou a Los Angeles. Segundo sua esposa na época, o ator caiu pesado nos doces e sorvetes, o que fez com que ele em poucos dias ganhasse todos os quilos que havia perdido no Japão. A partir desse ponto Brando iria ter com mais frequência problemas com a balança. E precocemente ele começou a se sentir velho demais para se importar com esse tipo de coisa.
Pablo Aluísio.
Marlon Brando - Hollywood Boulevard - Parte 12
Em 1953 Marlon Brando entrou no set de seu novo filme, "The Wild One" que no Brasil seria intitulado "O Selvagem". Brando, já naquela altura considerado o maior rebelde de Hollywood, iria interpretar o papel de um jovem motoqueiro chamado Johnny Strabler. A direção seria do cineasta húngaro Laslo Benedek que havia dirigido a adaptação para o cinema do clássico da literatura "A Morte do Caixeiro Viajante" dois anos antes. Inicialmente Brando não viu grande coisa no roteiro. Para ele seria um filme apenas para cumprir contrato com o produtor Stanley Kramer. Como era um filme pequeno, de curta duração e com enredo simples, não haveria muito trabalho à vista. Nada que poderia se comparar com os filmes anteriores do ator, verdadeiras obras primas como "Espíritos Indômitos", "Uma Rua Chamada Pecado", "Viva Zapata!" e principalmente "Júlio César" que havia exigido muito dele em termos de atuação. Afinal de contas Brando havia suado a camisa para se sair bem em seus primeiros filmes, em especial o último, uma complicada adaptação para o cinema da famosa peça escrita por William Shakespeare, sob direção do austero Joseph L. Mankiewicz. Assim interpretar Johnny era quase como um passeio no parque. Além do mais Brando adorava motos e o universo que as cercava, então foi mesmo a união de algo que gostava de fazer em sua vida pessoal com a possibilidade de dar um tempo nos filmes mais sérios e desafiadores.
Para sua surpresa porém o filme virou um dos maiores cult movies da história. Inicialmente Brando não gostou da película. Como ele próprio recordou em suas memórias a primeira vez que assistiu a "O Selvagem", logo após sua estreia nos cinemas, não gostou mesmo do que viu. Achou o filme violento e sem conteúdo. Curiosamente a fita acabou virando o estopim de uma série de revoluções comportamentais ocorridas na juventude americana nos anos 1950, desembocando na revolução cultural que iria estourar nos anos 1960. Para Brando foi tudo uma grande surpresa. Ele não tinha consciência na época que havia todo um sentimento reprimido por parte dos jovens e que seu filme seria usado para aprofundar todos esses anseios. Johnny, na visão de Brando, era apenas mais um personagem a interpretar. A juventude da época porém viu de outro modo. Aquele motoqueiro, vestido de couro preto da cabeça aos pés, era a personificação da liberdade. O roteiro dava a ele uma conotação ruim, algo que não poderia ser usado como modelo, mas como um aviso contra a delinquência juvenil. Para reforçar isso o estúdio colocou um texto avisando sobre os males de se seguir o exemplo dos personagens. Brando percebeu que o tiro sairia pela culatra. A juventude em geral ignorou a mensagem moralista quadrada e obsoleta e abraçou o personagem como um ícone, um mito, um exemplo a seguir. Para Brando não poderia ser melhor e ele foi elevado à altura de símbolo máximo entre os jovens da época.
Realmente, do ponto de vista puramente cinematográfico "O Selvagem" não pode ser comparado aos demais clássicos que Brando rodou por essa época em sua carreira. Já do ponto de vista meramente cultural e sociológico é de fato um dos mais marcantes momentos de sua carreira no cinema. Isso porque o filme não pode ser visto apenas sob a ótica do que se vê na tela, e sim muito mais além disso, pois teve enorme influência dentro da sociedade, principalmente entre os jovens, que viram ali um modelo de liberdade incrível. Numa época em que havia grande repressão e os controles morais eram extremos, ver Johnny atravessando a América de moto, sem dar satisfações a ninguém, e vivendo com um grupo de rebeldes como ele, era de fato um impacto para o jovem americano típico dos anos 1950. Depois que Brando surgiu com aquela imagem ícone, nasceu toda uma cultura jovem no país, até porque a juventude de um modo em geral era completamente ignorada dentro da sociedade até então, sendo considerada apenas uma transição entre a infância e a vida adulta. Depois de Brando vieram James Dean - o maior símbolo de juventude que o cinema jamais produziu - o Rock ´n´ Roll, Elvis Presley e toda a iconografia da cultura jovem que conhecemos hoje em dia.
Para Brando o filme passou logo, mas os efeitos dele se tornaram duradouros. Assim que terminou as filmagens da fita ele foi procurado novamente por Elia Kazan. Ele o convidou para participar do filme "On the Waterfront" (no Brasil, "Sindicato de Ladrões"). Assim que leu o roteiro Brando entendeu do que se tratava. Era uma grande metáfora em forma de película, que justificava de certa forma o comportamento do próprio Kazan durante o Macartismo, onde ele havia dedurado vários colegas de profissão. Depois disso a biografia do cineasta havia sido manchada para sempre. Ele tencionava com o filme resgatar parte de seu prestígio dentro da comunidade cinematográfica, ao mesmo tempo em que justificava seu ato e pedia desculpas pelo que fez. No começo Brando relutou em fazer o filme. Desde sempre ele se considerava um liberal e o que Kazan havia feito era realmente algo desprezível. A vontade porém de realizar mais uma obra prima foi maior do que seus escrúpulos pessoais. Assim, ainda vestido de Johnny, ele se encontrou nos corredores da MGM e assinou o contrato com Kazan. Mal sabia que estaria prestes a realizar um dos maiores filmes de toda a sua carreira.
Pablo Aluísio.
Para sua surpresa porém o filme virou um dos maiores cult movies da história. Inicialmente Brando não gostou da película. Como ele próprio recordou em suas memórias a primeira vez que assistiu a "O Selvagem", logo após sua estreia nos cinemas, não gostou mesmo do que viu. Achou o filme violento e sem conteúdo. Curiosamente a fita acabou virando o estopim de uma série de revoluções comportamentais ocorridas na juventude americana nos anos 1950, desembocando na revolução cultural que iria estourar nos anos 1960. Para Brando foi tudo uma grande surpresa. Ele não tinha consciência na época que havia todo um sentimento reprimido por parte dos jovens e que seu filme seria usado para aprofundar todos esses anseios. Johnny, na visão de Brando, era apenas mais um personagem a interpretar. A juventude da época porém viu de outro modo. Aquele motoqueiro, vestido de couro preto da cabeça aos pés, era a personificação da liberdade. O roteiro dava a ele uma conotação ruim, algo que não poderia ser usado como modelo, mas como um aviso contra a delinquência juvenil. Para reforçar isso o estúdio colocou um texto avisando sobre os males de se seguir o exemplo dos personagens. Brando percebeu que o tiro sairia pela culatra. A juventude em geral ignorou a mensagem moralista quadrada e obsoleta e abraçou o personagem como um ícone, um mito, um exemplo a seguir. Para Brando não poderia ser melhor e ele foi elevado à altura de símbolo máximo entre os jovens da época.
Realmente, do ponto de vista puramente cinematográfico "O Selvagem" não pode ser comparado aos demais clássicos que Brando rodou por essa época em sua carreira. Já do ponto de vista meramente cultural e sociológico é de fato um dos mais marcantes momentos de sua carreira no cinema. Isso porque o filme não pode ser visto apenas sob a ótica do que se vê na tela, e sim muito mais além disso, pois teve enorme influência dentro da sociedade, principalmente entre os jovens, que viram ali um modelo de liberdade incrível. Numa época em que havia grande repressão e os controles morais eram extremos, ver Johnny atravessando a América de moto, sem dar satisfações a ninguém, e vivendo com um grupo de rebeldes como ele, era de fato um impacto para o jovem americano típico dos anos 1950. Depois que Brando surgiu com aquela imagem ícone, nasceu toda uma cultura jovem no país, até porque a juventude de um modo em geral era completamente ignorada dentro da sociedade até então, sendo considerada apenas uma transição entre a infância e a vida adulta. Depois de Brando vieram James Dean - o maior símbolo de juventude que o cinema jamais produziu - o Rock ´n´ Roll, Elvis Presley e toda a iconografia da cultura jovem que conhecemos hoje em dia.
Para Brando o filme passou logo, mas os efeitos dele se tornaram duradouros. Assim que terminou as filmagens da fita ele foi procurado novamente por Elia Kazan. Ele o convidou para participar do filme "On the Waterfront" (no Brasil, "Sindicato de Ladrões"). Assim que leu o roteiro Brando entendeu do que se tratava. Era uma grande metáfora em forma de película, que justificava de certa forma o comportamento do próprio Kazan durante o Macartismo, onde ele havia dedurado vários colegas de profissão. Depois disso a biografia do cineasta havia sido manchada para sempre. Ele tencionava com o filme resgatar parte de seu prestígio dentro da comunidade cinematográfica, ao mesmo tempo em que justificava seu ato e pedia desculpas pelo que fez. No começo Brando relutou em fazer o filme. Desde sempre ele se considerava um liberal e o que Kazan havia feito era realmente algo desprezível. A vontade porém de realizar mais uma obra prima foi maior do que seus escrúpulos pessoais. Assim, ainda vestido de Johnny, ele se encontrou nos corredores da MGM e assinou o contrato com Kazan. Mal sabia que estaria prestes a realizar um dos maiores filmes de toda a sua carreira.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 20 de janeiro de 2020
Guerra e Paz
Baseado no romance escrito por Leo Tolstoy o filme "Guerra e Paz" conta a história de uma série de personagens que vivem na Rússia no momento em que sua nação é invadida por tropas comandadas por Napoleão Bonaparte. Entre os que sentem na pele os efeitos da guerra está Natasha Rostova (Audrey Hepburn), uma doce jovem da pequena nobreza e Pierre Bezukhov (Henry Fonda), um moscovita que se torna herdeiro de uma grande fortuna. Adaptar o romance "Guerra e Paz" para o cinema nunca foi algo simples ou fácil de fazer. Recentemente assisti a uma minissérie da BBC e mesmo nesse formato percebemos que ainda falta muito para trazer todo o universo de Tolstoy para a tela. Se é assim para uma série, imagine para um filme!
O diretor King Vidor sempre teve a mão pesada e aqui ela ficou ainda mais pesada por causa do material que precisou adaptar. O resultado foi um filme com três horas e meia de duração, com muitos personagens, que em muitas ocasiões se torna cansativo. A produção é ótima pois o filme foi rodado em Roma, nos estúdios da Cinecittà, com produção do grande Dino De Laurentiis e Carlo Ponti, dois dos maiores produtores da história do cinema europeu, porém nem a grande pompa e luxo escondeu alguns problemas do roteiro. Para se ter uma ideia foram necessários nove roteiristas para se chegar numa versão final do texto. Mesmo assim não ficou tão tão bom.
Era necessário enxugar ainda mais a história, para que não ficasse tão dispersa. Bom, mesmo com eventuais problemas como esses que foram citados, é inegável que se trata de um grande filme, um daqueles épicos que não são feitos mais hoje em dia. Outro ponto que merece destaque é o elenco. Henry Fonda me pareceu um pouco perdido em seu personagem, que era muito mais jovem do que sua idade na época em que o filme foi feito. Sua presença ainda assim é um dos grandes atrativos do filme. Melhor se sai a bela e carismática Audrey Hepburn! Ela só não se torna melhor porque sua personagem não foi tão bem tratada pelo roteiro. Do jeito que ficou, por exemplo, sua paixão por um outro pretendente, enquanto seu noivo prometido está na guerra, acabou soando pouco verossímil. A questão é justamente essa, mesmo com três horas de duração o filme não conseguiu dar conta de tantos personagens complexos e relevantes para a trama. Adaptar Tolstoy para o cinema realmente nunca foi algo simples.
Guerra e Paz (War and Peace, Estados Unidos, Itália, 1956) Estúdio: Paramount Pictures / Direção: King Vidor / Roteiro: Bridget Boland / Elenco: Henry Fonda, Audrey Hepburn, Mel Ferrer, Vittorio Gassman, Anita Ekberg, Tullio Carminati / Sinopse: Durante a Rússia Czarista um jovem acaba recebendo uma grande fortuna de herança. Ele porém não tem a experiência de vida e nem a vivência para lidar com essa riqueza. Pior do que isso, sua nação está prestes a ser invadida pelas tropas do general francês Napoleão Bonaparte, algo que mudará a vida de todas as pessoas daquele período histórico. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Direção (King Vidor), Melhor Fotografia (Jack Cardiff) e Melhor Figurino (Maria De Matteis).
Pablo Aluísio.
O diretor King Vidor sempre teve a mão pesada e aqui ela ficou ainda mais pesada por causa do material que precisou adaptar. O resultado foi um filme com três horas e meia de duração, com muitos personagens, que em muitas ocasiões se torna cansativo. A produção é ótima pois o filme foi rodado em Roma, nos estúdios da Cinecittà, com produção do grande Dino De Laurentiis e Carlo Ponti, dois dos maiores produtores da história do cinema europeu, porém nem a grande pompa e luxo escondeu alguns problemas do roteiro. Para se ter uma ideia foram necessários nove roteiristas para se chegar numa versão final do texto. Mesmo assim não ficou tão tão bom.
Era necessário enxugar ainda mais a história, para que não ficasse tão dispersa. Bom, mesmo com eventuais problemas como esses que foram citados, é inegável que se trata de um grande filme, um daqueles épicos que não são feitos mais hoje em dia. Outro ponto que merece destaque é o elenco. Henry Fonda me pareceu um pouco perdido em seu personagem, que era muito mais jovem do que sua idade na época em que o filme foi feito. Sua presença ainda assim é um dos grandes atrativos do filme. Melhor se sai a bela e carismática Audrey Hepburn! Ela só não se torna melhor porque sua personagem não foi tão bem tratada pelo roteiro. Do jeito que ficou, por exemplo, sua paixão por um outro pretendente, enquanto seu noivo prometido está na guerra, acabou soando pouco verossímil. A questão é justamente essa, mesmo com três horas de duração o filme não conseguiu dar conta de tantos personagens complexos e relevantes para a trama. Adaptar Tolstoy para o cinema realmente nunca foi algo simples.
Guerra e Paz (War and Peace, Estados Unidos, Itália, 1956) Estúdio: Paramount Pictures / Direção: King Vidor / Roteiro: Bridget Boland / Elenco: Henry Fonda, Audrey Hepburn, Mel Ferrer, Vittorio Gassman, Anita Ekberg, Tullio Carminati / Sinopse: Durante a Rússia Czarista um jovem acaba recebendo uma grande fortuna de herança. Ele porém não tem a experiência de vida e nem a vivência para lidar com essa riqueza. Pior do que isso, sua nação está prestes a ser invadida pelas tropas do general francês Napoleão Bonaparte, algo que mudará a vida de todas as pessoas daquele período histórico. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Direção (King Vidor), Melhor Fotografia (Jack Cardiff) e Melhor Figurino (Maria De Matteis).
Pablo Aluísio.
Jezebel
Dois aspectos históricos bem interessantes acompanham o enredo de "Jezebel". O primeiro é o fato da história se passar apenas poucos anos antes do começo da guerra civil americana. Já naquela época os ânimos surgem bem aflorados, dominando as conversas dos sulistas pelos salões das cidades. Outro é o surgimento da febre amarela no sul, levando morte e destruição em uma escala jamais vista. Essa doença que se dissemina com extrema rapidez vai ser essencial no desenrolar da história, culminando numa forte cena final que certamente marcou época e é o grande momento de todo o filme.
"Jezebel" foi baseado numa peça escrita por Owen Davis. De certa forma foi uma produção que antecipou em um ano o impacto do clássico "E o Vento Levou". As duas histórias dos filmes são bem parecidas, com enredos se passando no sul escravocrata, nos tempos da guerra civil. As duas protagonistas também são bem semelhantes. Até mesmo em termos de premiação da academia temos semelhanças pois Bette Davis foi merecidamente premiada com a estatueta de melhor atriz do ano com essa interpretação. Ela era ainda bem jovem, mas já imprimia a marca de sua forte personalidade em sua personagem. Décadas mais tarde, após o falecimento de Bette Davis, o diretor Steven Spielberg compraria o Oscar que ela havia sido premiada por esse filme e que estava à venda em um leilão em Londres. Ele comprou a estatueta e a devolveu para o museu da academia em Hollywood. Um gesto de preservação da história do cinema. Em suma, esse é de fato um dos melhores filmes históricos desse momento crucial na história dos Estados Unidos. Um clássico absoluto do cinema americano em sua era de ouro.
Jezebel (Jezebel, Estados Unidos,1938) Direção: William Wyler / Roteiro: Clements Ripley, Abem Finkel / Elenco: Bette Davis, Henry Fonda, George Brent / Sinopse: Julie (Bette Davis) é uma jovem mimada e de personalidade forte. Ela tem um romance com um jovem banqueiro chamado Preston (Fonda), mas esse vai aos poucos perdendo a paciência com seus inúmeros caprichos. Quando a febre amarela assola a região o casal se colocará a prova, principalmente quando Julie descobrir que o grande amor de sua vida se casou com uma jovem do norte após o rompimento de seu conturbado namoro. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Fotografia (Ernest Haller) e Melhor Música (Max Steiner). Vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Bette Davis) e Melhor Atriz Coadjuvante (Fay Bainter).
Pablo Aluísio.
domingo, 19 de janeiro de 2020
Lolita
É interessante notar que mesmo tendo sido diretor por várias décadas, Stanley Kubrick dirigiu poucos filmes. No total foram apenas 16 direções assinadas por ele. Em quatro décadas de trabalho ele de fato dirigiu poucos filmes. Passou longe de ter uma filmografia extensa. Acontece que Kubrick ficava trabalhando nos roteiros por anos e anos. E só depois de muito pensar, finalmente assinava um contrato com os estúdios de cinema. E por ficar muito tempo sem ter novos filmes, cada vez que algo dele chegava aos cinemas chamava bastante atenção dos críticos e cinéfilos. Em 1962 ele chocou a todos quando seu novo filme chegou nos cinemas da Europa e Estados Unidos. Era uma adaptação da controversa e polêmica obra escrita por Vladimir Nabokov. O livro havia sofrido ataques por todos os setores da sociedade. Para os mais conservadores o seu texto trazia uma espécie de apologia à pedofilia, mesmo que de forma muito sutil e camuflada.
Stanley Kubrick tinha uma outra visão sobre tudo. Para ele era apenas um filme romântico, embora o casal protagonista estivesse fora dos padrões esperados pelos conservadores. Certamente a jovem adolescente Lolita (Sue Lyon) e o cinquentão Prof. Humbert Humbert (James Mason) não estavam dentro do que se esperaria de um casal na época. Um homem de sua idade se relacionar com uma ninfeta como Lolita era mesmo um escândalo. O curioso é que a obra de Vladimir Nabokov ainda hoje causa muita controvérsia. Penso inclusive que nos dias atuais o filme (e o livro) despertem ainda mais incômodo, porque afinal o politicamente correto jamais aceitaria um enredo como o que vemos por aqui.
Stanley Kubrick tinha bastante receio de adaptar esse livro para o cinema, não por causa dos padrões morais que ele infringia, mas sim porque em sua opinião seria muito complicado achar uma atriz para interpretar Lolita. Ela tinha que ser uma adolescente com certo ar ainda infantil, mas ao mesmo tempo ter muita malícia. Levar isso para o público não seria fácil. Para sorte de Kubrick ele acabou achando a atriz certa. A loirinha Sue Lyon acabou sendo a escolha perfeita. Ela não apenas era linda, como também era uma ótima atriz! Ela já tinha 18 anos quando fez o filme, mas com traços de menina mais jovem, convencia plenamente como Lolita. James Mason também se arriscou. Mesmo contra a vontade de seu agente ele aceitou fazer o filme. Outro destaque vem da presença do comediante Peter Sellers, aqui em um papel até mesmo bem perturbador. Nada de humor em seu personagem. Enfim, se você gosta do cinema de Stanley Kubrick esse filme se torna indispensável. Caso a história seja um pouco fora dos padrões de sua moralidade pessoal, então basta ignorar o filme como um todo. Caso contrário não deixe de assistir.
Lolita (Lolita, Estados Unidos, Inglaterra, 1962) Direção: Stanley Kubrick / Roteiro: Stanley Kubrick, Vladimir Nabokov, baseado na obra de Vladimir Nabokov / Elenco: James Mason, Sue Lyon, Shelley Winters, Peter Sellers / Sinopse: Escritor cinquentão fica perdidamente apaixonado por uma adolescente chamada Lolita. Ele tenta superar de todas as formas a atração que sente pela jovem, mas acaba cedendo aos seus desejos, ainda mais depois de perceber que ela também se mostra interessada em seus avanços. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor roteiro adaptado.
Pablo Aluísio.
Stanley Kubrick tinha uma outra visão sobre tudo. Para ele era apenas um filme romântico, embora o casal protagonista estivesse fora dos padrões esperados pelos conservadores. Certamente a jovem adolescente Lolita (Sue Lyon) e o cinquentão Prof. Humbert Humbert (James Mason) não estavam dentro do que se esperaria de um casal na época. Um homem de sua idade se relacionar com uma ninfeta como Lolita era mesmo um escândalo. O curioso é que a obra de Vladimir Nabokov ainda hoje causa muita controvérsia. Penso inclusive que nos dias atuais o filme (e o livro) despertem ainda mais incômodo, porque afinal o politicamente correto jamais aceitaria um enredo como o que vemos por aqui.
Stanley Kubrick tinha bastante receio de adaptar esse livro para o cinema, não por causa dos padrões morais que ele infringia, mas sim porque em sua opinião seria muito complicado achar uma atriz para interpretar Lolita. Ela tinha que ser uma adolescente com certo ar ainda infantil, mas ao mesmo tempo ter muita malícia. Levar isso para o público não seria fácil. Para sorte de Kubrick ele acabou achando a atriz certa. A loirinha Sue Lyon acabou sendo a escolha perfeita. Ela não apenas era linda, como também era uma ótima atriz! Ela já tinha 18 anos quando fez o filme, mas com traços de menina mais jovem, convencia plenamente como Lolita. James Mason também se arriscou. Mesmo contra a vontade de seu agente ele aceitou fazer o filme. Outro destaque vem da presença do comediante Peter Sellers, aqui em um papel até mesmo bem perturbador. Nada de humor em seu personagem. Enfim, se você gosta do cinema de Stanley Kubrick esse filme se torna indispensável. Caso a história seja um pouco fora dos padrões de sua moralidade pessoal, então basta ignorar o filme como um todo. Caso contrário não deixe de assistir.
Lolita (Lolita, Estados Unidos, Inglaterra, 1962) Direção: Stanley Kubrick / Roteiro: Stanley Kubrick, Vladimir Nabokov, baseado na obra de Vladimir Nabokov / Elenco: James Mason, Sue Lyon, Shelley Winters, Peter Sellers / Sinopse: Escritor cinquentão fica perdidamente apaixonado por uma adolescente chamada Lolita. Ele tenta superar de todas as formas a atração que sente pela jovem, mas acaba cedendo aos seus desejos, ainda mais depois de perceber que ela também se mostra interessada em seus avanços. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor roteiro adaptado.
Pablo Aluísio.
As Chuvas de Ranchipur
Para superar problemas no casamento o rico Lord inglês Albert Esketh (Michael Rennie) e sua elegante esposa Lady Edwina Esketh (Lana Turner) decidem viajar até a distante Índia, província do império britânico, para fazer turismo e comprar cavalos de raça para seu plantel na Inglaterra. Seu destino é a região de Ranchipur. Uma vez lá Lady Edwina acaba se apaixonando por um médico idealista, o Dr. Major Rama Safti (Burton), dando origem a um perigoso triângulo amoroso. Todo o intenso jogo romântico porém é interrompido por um enorme desastre natural que se abate sobre o exótico lugar. Aventuras exóticas em países distantes fizeram muito sucesso na época de ouro do cinema clássico americano. Havia um frescor em conhecer outras culturas sendo bastante para isso apenas a compra de um ingresso de cinema que custava poucos centavos de dólar. Assim houve no começo da década de 1950 um verdadeiro boom de interesse por parte do público diante desse tipo de filme.
E se o estúdio colocasse pitadas de romance com astros e estrelas de sucesso a boa bilheteria certamente seria certa. Todos esses ingredientes podem ser encontrados aqui em "The Rains of Ranchipur". Estrelado por Lana Turner e Richard Burton o roteiro explorava justamente esse nicho de mercado. Romance, aventura, terras exóticas e ação. Hoje em dia o filme é lembrado bastante por causa de seus bem realizados efeitos especiais (que chegaram a concorrer ao Oscar na categoria). De certa maneira é uma antecipação do que viria a se tornar bem popular algumas décadas depois, quando grandes desastres da natureza se tornavam o tema principal dos filmes que passaram a ser conhecidos como "cinema catástrofe". Tudo isso porque no enredo há um grande cataclisma natural. Se esse tipo de situação não lhe interessa é bom saber que a produção desfila um belo figurino em cena, principalmente nos trajes elegantes usados pelo personagem de Richard Burton. Lana Turner também não fica atrás, sempre tão fina e sofisticada. Em suma, uma aventura ao velho estilo, valorizado por um glamour tipicamente Hollywoodiano.
As Chuvas de Ranchipur (The Rains of Ranchipur, Estados Unidos, Inglaterra, 1955) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: Jean Negulesco / Roteiro: Louis Bromfield, Merle Miller / Elenco: Lana Turner, Richard Burton, Fred MacMurray, Joan Caulfield / Sinopse: Um elegante e nobre casal inglês decide fazer uma viagem de turismo na exótica Índia, naquele momento uma colônia do poderoso império britânico. O que eles não poderiam prever é que iriam estar no país indiano bem no meio de um grande desastre natural. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhores Efeitos Especiais (Ray Kellogg e Cliff Shirpser).
Pablo Aluísio.
E se o estúdio colocasse pitadas de romance com astros e estrelas de sucesso a boa bilheteria certamente seria certa. Todos esses ingredientes podem ser encontrados aqui em "The Rains of Ranchipur". Estrelado por Lana Turner e Richard Burton o roteiro explorava justamente esse nicho de mercado. Romance, aventura, terras exóticas e ação. Hoje em dia o filme é lembrado bastante por causa de seus bem realizados efeitos especiais (que chegaram a concorrer ao Oscar na categoria). De certa maneira é uma antecipação do que viria a se tornar bem popular algumas décadas depois, quando grandes desastres da natureza se tornavam o tema principal dos filmes que passaram a ser conhecidos como "cinema catástrofe". Tudo isso porque no enredo há um grande cataclisma natural. Se esse tipo de situação não lhe interessa é bom saber que a produção desfila um belo figurino em cena, principalmente nos trajes elegantes usados pelo personagem de Richard Burton. Lana Turner também não fica atrás, sempre tão fina e sofisticada. Em suma, uma aventura ao velho estilo, valorizado por um glamour tipicamente Hollywoodiano.
As Chuvas de Ranchipur (The Rains of Ranchipur, Estados Unidos, Inglaterra, 1955) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: Jean Negulesco / Roteiro: Louis Bromfield, Merle Miller / Elenco: Lana Turner, Richard Burton, Fred MacMurray, Joan Caulfield / Sinopse: Um elegante e nobre casal inglês decide fazer uma viagem de turismo na exótica Índia, naquele momento uma colônia do poderoso império britânico. O que eles não poderiam prever é que iriam estar no país indiano bem no meio de um grande desastre natural. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhores Efeitos Especiais (Ray Kellogg e Cliff Shirpser).
Pablo Aluísio.
sábado, 18 de janeiro de 2020
O Escarlate e o Negro
Em seu silêncio Pio XII teria ajudado milhares de refugiados, dando-lhes documentos e passaportes para fugir do horror alemão. Infelizmente os documentos históricos da época estão fechados na biblioteca do Vaticano e não serão abertos tão cedo. O tema ainda é muito delicado, tanto que há alguns anos houve uma tentativa de canonização de Pio XII que foi suspensa por causa da forte reação de grupos de sobreviventes do holocausto que até hoje não perdoam a posição do Papa na época. Afinal durante a maior tragédia humanitária da história o papa foi um santo ou um covarde?
Em “O Escarlate e o Negro” podemos encontrar algumas respostas. O filme foi baseado em fatos reais. O personagem principal da trama é o monsenhor Hugh O'Flaherty (Gregory Peck). Durante a II Guerra Mundial esse corajoso religioso irlandês se envolveu ativamente na salvação de centenas de procurados do regime nazista. Através de uma extensa rede de colaboradores católicos ele conseguiu salvar da morte muitas famílias de judeus, além de aliados e militares que encontravam em sua igreja um local de refúgio e apoio.
Seus esforços acabaram chamando a atenção do chefe local da Gestado em Roma, o Coronel Kappler (Christopher Plummer), que começou uma série de investigações em torno do religioso. Para Kappler o monsenhor estaria se utilizando de sua imunidade diplomática do Vaticano para ajudar essas pessoas. Estaria o religioso agindo por conta própria ou cumprindo ordens da alta cúpula da Igreja? Esse é um dos grandes mistérios que ronda até hoje a Igreja durante aqueles anos terríveis. De fato ele foi um dos "agentes secretos" do Papa, cuja principal função era ajudar judeus em sua fuga do nazismo. Um excelente filme com um tema histórico dos mais importantes. Assim deixo a dica e a recomendação desse belo filme que trata de um tema mais do que polêmico, com muito talento e delicadeza.
O Escarlate e o Negro (The Scarlet and the Black, Estados Unidos, 1983) Direção: Jerry London / Roteiro: David Butler, baseado no livro de J.P. Gallagher / Elenco: Gregory Peck, Christopher Plummer, John Gielgud / Sinopse: Um Monsenhor começa a ajudar refugiados e perseguidos do regime nazista a escapar do holocausto. Em seu encalço segue um alto oficial da Gestapo que pretende puni-lo por ajudar os inimigos do Estado alemão.
Pablo Aluísio.
Intriga Internacional
Não é dos filmes mais celebrados do mestre Alfred Hitchcock, porém é um dos melhores em cenas de ação. Também é considerado uma espécie de pioneiro nos filmes envolvendo o mundo da espionagem. Antes de James Bond surgir nas telas, Alfred Hitchcock resolveu explorar esse universo, tão em voga na época da guerra fria. O toque de mestre foi misturar o mundo da espionagem internacional com a vida das pessoas comuns. Imagine todo esse aparato mortal atingindo em cheio a vida de um homem inocente. Na trama temos o protagonista Roger O. Thornhill (Cary Grant), um publicitário falastrão de Manhattan, que acaba sendo confundido com um espião americano. Jogado no meio de um jogo de vida e morte da espionagem internacional que mal consegue compreender, ele tenta se manter vivo. No meio do caos que sua vida se torna, ele acaba se apaixonando pela bonita e misteriosa Eve Kendall (Eva Marie Saint), sem desconfiar contudo que ela também faz parte dessa mortal intriga internacional.
O mestre do suspense Alfred Hitchcock costumava dizer que não estava muito interessado nas estórias que contava, mas sim na forma como as contava. Ele se considerava um "pintor de flores" do mundo cinematográfico. Esse filme "North by Northwest" se encaixava bem nesse ponto de vista. O filme não tem um grande enredo. Na verdade tudo se resume na estória de um homem errado que se encontra no lugar errado, no momento errado, sendo confundido com um assassino internacional, um espião há muito procurado por serviços de inteligência ao redor do mundo. Depois que isso acontece sua vida se torna caótica, onde ele tenta sobreviver de todas as maneiras às várias tentativas de eliminá-lo! O curioso é que, como o roteiro explica depois, o espião verdadeiro com o qual ele é confundido sequer existe, sendo apenas uma invenção da CIA para despistar seus perseguidores.
Além do habitual suspense, Alfred Hitchcock também investiu bastante nas cenas de ação É o seu filme mais movimentado nesse aspecto. Há duas sequências que ficaram bem conhecidas. A primeira acontece quando o personagem de Grant é perseguido por um avião no meio do nada! Essa cena é a mais conhecida do filme até os dias de hoje. Também é a que melhor aproveita o suspense que foi a marca registrada da filmografia do diretor. Outro ponto alto acontece no clímax do filme, em seu final, quando Grant e Marie Saint participam de uma perseguição no alto do monte Rushmore (com os rostos dos presidentes americanos mais memoráveis da história, esculpidos na rocha). A cena é tecnicamente perfeita e demonstra muito bem que os efeitos especiais em Hollywood na época já eram bem avançados.
Quando o filme termina, chegamos em algumas conclusões. É fato que Alfred Hitchcock aqui optou pelo lado mais comercial do cinema americano, deixando seu lado autoral (que sempre foi seu maior legado) um pouco de lado. Fica evidente que ele estava em busca de um sucesso de bilheteria, acima de qualquer outra coisa. Outro aspecto é perceber que Hitchcock já tinha entendido que haveria um boom de filmes de espionagem. A MGM já tinha anunciado que iria trazer James Bond para o cinema e o velho mestre logo entendeu que essa seria uma tendência a dominar o cinema na década que estava para nascer. Algo que efetivamente aconteceu mesmo nos anos 1960. Pelo visto Hitchcock tinha talento não apenas para realizar bons filmes de suspense, como também para antecipar o que iria cair no gosto do público.
Intriga Internacional (North by Northwest, Estados Unidos, 1959) Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) / Direção: Alfred Hitchcock / Roteiro: Ernest Lehma / Elenco: Cary Grant, Eva Marie Saint, James Mason, Martin Landau, Jessie Royce Landis, Josephine Hutchinson / Sinopse: Um homem comum, publicitário de Nova Iorque, é confundido com um perigoso e mortal espião internacional. A partir daí ele passa a lutar por sua própria sobrevivência. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Roteiro Original (Ernest Lehman), Melhor Direção de Arte (William A. Horning, Robert F. Boyle) e Melhor Edição (George Tomasini).
Pablo Aluísio.
O mestre do suspense Alfred Hitchcock costumava dizer que não estava muito interessado nas estórias que contava, mas sim na forma como as contava. Ele se considerava um "pintor de flores" do mundo cinematográfico. Esse filme "North by Northwest" se encaixava bem nesse ponto de vista. O filme não tem um grande enredo. Na verdade tudo se resume na estória de um homem errado que se encontra no lugar errado, no momento errado, sendo confundido com um assassino internacional, um espião há muito procurado por serviços de inteligência ao redor do mundo. Depois que isso acontece sua vida se torna caótica, onde ele tenta sobreviver de todas as maneiras às várias tentativas de eliminá-lo! O curioso é que, como o roteiro explica depois, o espião verdadeiro com o qual ele é confundido sequer existe, sendo apenas uma invenção da CIA para despistar seus perseguidores.
Além do habitual suspense, Alfred Hitchcock também investiu bastante nas cenas de ação É o seu filme mais movimentado nesse aspecto. Há duas sequências que ficaram bem conhecidas. A primeira acontece quando o personagem de Grant é perseguido por um avião no meio do nada! Essa cena é a mais conhecida do filme até os dias de hoje. Também é a que melhor aproveita o suspense que foi a marca registrada da filmografia do diretor. Outro ponto alto acontece no clímax do filme, em seu final, quando Grant e Marie Saint participam de uma perseguição no alto do monte Rushmore (com os rostos dos presidentes americanos mais memoráveis da história, esculpidos na rocha). A cena é tecnicamente perfeita e demonstra muito bem que os efeitos especiais em Hollywood na época já eram bem avançados.
Quando o filme termina, chegamos em algumas conclusões. É fato que Alfred Hitchcock aqui optou pelo lado mais comercial do cinema americano, deixando seu lado autoral (que sempre foi seu maior legado) um pouco de lado. Fica evidente que ele estava em busca de um sucesso de bilheteria, acima de qualquer outra coisa. Outro aspecto é perceber que Hitchcock já tinha entendido que haveria um boom de filmes de espionagem. A MGM já tinha anunciado que iria trazer James Bond para o cinema e o velho mestre logo entendeu que essa seria uma tendência a dominar o cinema na década que estava para nascer. Algo que efetivamente aconteceu mesmo nos anos 1960. Pelo visto Hitchcock tinha talento não apenas para realizar bons filmes de suspense, como também para antecipar o que iria cair no gosto do público.
Intriga Internacional (North by Northwest, Estados Unidos, 1959) Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) / Direção: Alfred Hitchcock / Roteiro: Ernest Lehma / Elenco: Cary Grant, Eva Marie Saint, James Mason, Martin Landau, Jessie Royce Landis, Josephine Hutchinson / Sinopse: Um homem comum, publicitário de Nova Iorque, é confundido com um perigoso e mortal espião internacional. A partir daí ele passa a lutar por sua própria sobrevivência. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Roteiro Original (Ernest Lehman), Melhor Direção de Arte (William A. Horning, Robert F. Boyle) e Melhor Edição (George Tomasini).
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 17 de janeiro de 2020
Amargo Triunfo
Filme de guerra estrelado pelo ator Richard Burton. Ele interpreta o capitão inglês Leith (Burton), Especialista em arqueologia, ele é designado para participar numa perigosa missão que deve entrar em uma cidade ocupada pelos nazistas no norte da África, na Líbia. O objetivo é roubar documentos de uma guarnição do exército alemão. As informações poderiam ser vitais para o esforço de guerra. O problema é que esse comando será subordinado ao Major Brand (Curd Jürgens), O capitão tem problemas pessoais com ele. No passado ele teve um caso amoroso com a atual esposa do Major. E ele descobre sobre isso um dia antes da missão. Claro, de uma forma ou outra o oficial vai tentar prejudicar o personagem de Burton. E para piorar eles precisam atravessar um deserto hostil, uma situação nada fácil, nem para militares experientes.
Temos aqui um bom filme. Não é nada espetacular, nem grandioso, mas é uma boa diversão. O ator Richard Burton fez muitos filmes nesse estilo, sendo um dos mais lembrados o clássico "Selvagens Cães de Guerra", onde a fórmula atingiu sua perfeição. Nesse aqui as coisas são um pouco mais modestas. A questão é que o filme foi assinado pelo ótimo diretor Nicholas Ray, o que elevou minhas expectativas antes de assistir. E aí aconteceu o velho problema quando expectativas grandes encontram filmes meramente medianos. Fica um gostinho de decepção no ar.
O roteiro poderia ter explorado melhor a rivalidade entre o Capitão de Burton e o Major, esse com a dor de saber que sua esposa na verdade amava outro homem. Para um filme de guerra também não há grandes cenas de ação. Existe o combate contra os alemães na cidade da Líbia, depois eles fogem para o deserto e aí o filme se concentra mais em uma tensão psicológica entre os homens. Curiosamente - e aqui vai um spoiler - foi um dos poucos filmes em que vi o personagem de Richard Burton morrer. E não em campo de batalha. Ele é picado por um escorpião do deserto. Em um filme com heróis e covardes em cena os roteiristas poderiam ter escrito um final melhor para seu personagem. Porém a intenção foi mesmo colocar em evidência a pouca honradez do Major, o que acabou funcionando na cena final, com os bonecos de pano do exercício militar. Enfim, não é dos melhores filmes da carreira de Richard Burton, mas cumpre bem seu papel no quesito entretenimento.
Amargo Triunfo (Bitter Victory, Estados Unidos, França, 1957) Direção: Nicholas Ray / Roteiro: René Hardy, Nicholas Ray / Elenco: Richard Burton, Curd Jürgens, Ruth Roman, Christopher Lee / Sinopse: Durante uma expedição no deserto, na II Guerra Mundial, dois oficiais ingleses duelam psicologicamente entre si. A esposa do Major Brand (Curd Jürgens) foi apaixonada pelo Capitão Leith (Burton) no passado, o que cria uma grande tensão entre eles durante a missão. Filme indicado ao Venice Film Festival.
Pablo Aluísio.
Temos aqui um bom filme. Não é nada espetacular, nem grandioso, mas é uma boa diversão. O ator Richard Burton fez muitos filmes nesse estilo, sendo um dos mais lembrados o clássico "Selvagens Cães de Guerra", onde a fórmula atingiu sua perfeição. Nesse aqui as coisas são um pouco mais modestas. A questão é que o filme foi assinado pelo ótimo diretor Nicholas Ray, o que elevou minhas expectativas antes de assistir. E aí aconteceu o velho problema quando expectativas grandes encontram filmes meramente medianos. Fica um gostinho de decepção no ar.
O roteiro poderia ter explorado melhor a rivalidade entre o Capitão de Burton e o Major, esse com a dor de saber que sua esposa na verdade amava outro homem. Para um filme de guerra também não há grandes cenas de ação. Existe o combate contra os alemães na cidade da Líbia, depois eles fogem para o deserto e aí o filme se concentra mais em uma tensão psicológica entre os homens. Curiosamente - e aqui vai um spoiler - foi um dos poucos filmes em que vi o personagem de Richard Burton morrer. E não em campo de batalha. Ele é picado por um escorpião do deserto. Em um filme com heróis e covardes em cena os roteiristas poderiam ter escrito um final melhor para seu personagem. Porém a intenção foi mesmo colocar em evidência a pouca honradez do Major, o que acabou funcionando na cena final, com os bonecos de pano do exercício militar. Enfim, não é dos melhores filmes da carreira de Richard Burton, mas cumpre bem seu papel no quesito entretenimento.
Amargo Triunfo (Bitter Victory, Estados Unidos, França, 1957) Direção: Nicholas Ray / Roteiro: René Hardy, Nicholas Ray / Elenco: Richard Burton, Curd Jürgens, Ruth Roman, Christopher Lee / Sinopse: Durante uma expedição no deserto, na II Guerra Mundial, dois oficiais ingleses duelam psicologicamente entre si. A esposa do Major Brand (Curd Jürgens) foi apaixonada pelo Capitão Leith (Burton) no passado, o que cria uma grande tensão entre eles durante a missão. Filme indicado ao Venice Film Festival.
Pablo Aluísio.
Aguirre, a Cólera dos Deuses
Título no Brasil: Aguirre, a Cólera dos Deuses
Título Original: Aguirre, der Zorn Gottes
Ano de Produção: 1972
País: Alemanha
Estúdio: Werner Herzog Filmproduktion
Direção: Werner Herzog
Roteiro: Werner Herzog
Elenco: Klaus Kinski, Ruy Guerra, Helena Rojo, Peter Berling, Cecilia Rivera, Daniel Ades
Sinopse:
Em 1561 uma expedição espanhola é enviada para os confins da selva amazônica. O objetivo dos espanhóis é localizar a lendária cidade de El Dorado, com suas ruas, casas e templos revestidos do mais puro ouro. Só que ao invés de encontrar tesouros inigualáveis, os homens de Pizarro só encontram a devastadora realidade da natureza, matando os homens da expedição com doenças, fome e desespero.
Comentários:
Werner Herzog sempre foi um cineasta visceral. Quando ele decidiu contar essa história, que é baseada nos relatos de um padre jesuíta que acompanhou essa expedição pelas profundezas da selva, ele decidiu que iria filmar tudo na própria região onde aconteceram os fatos históricos. Assim ele levou toda a sua equipe técnica e elenco para o lado peruano da selva amazônica. Obviamente as filmagens foram muito complicadas, praticamente um caos, mas quando se assiste ao filme percebe-se que tudo valeu a pena. O filme é muito interessante justamente por capturar a beleza exótica da Amazônia em toda a sua plenitude. Outro ponto de destaque desse filme é a atuação do ator Klaus Kinski. Ele interpreta um militar de baixa patente chamado Aguirre. Quando as coisas começam a dar errado na expedição ele resolve comandar uma rebelião, destituindo o comandante espanhol por nobre bobalhão que obviamente fica sob seu julgo. Enlouquecendo cada vez mais enquanto se aprofunda na selva, Aguirre é corroído pela ganância e pela loucura. Herzob optou por um filme sensorial, que apela mais para as emoções do espectador do que por um roteiro cheio de diálogos e palavras. Isso funcionou muito bem, porque muitas vezes o silêncio entre os personagens funciona como mais um elemento de tensão naquele inferno verde amazônico. Dizem que na selva, durante as filmagens, Klaus Kinski quase enlouqueceu, tal como seu personagem! Não poderia ser mais conveniente a um filme cujo tema trata justamente disso. Sem sombra de dúvidas esse é um dos melhores trabalhos de Werner Herzog e se você gosta do trabalho desse cineasta simplesmente não pode deixar de assistir.
Pablo Aluísio.
Título Original: Aguirre, der Zorn Gottes
Ano de Produção: 1972
País: Alemanha
Estúdio: Werner Herzog Filmproduktion
Direção: Werner Herzog
Roteiro: Werner Herzog
Elenco: Klaus Kinski, Ruy Guerra, Helena Rojo, Peter Berling, Cecilia Rivera, Daniel Ades
Sinopse:
Em 1561 uma expedição espanhola é enviada para os confins da selva amazônica. O objetivo dos espanhóis é localizar a lendária cidade de El Dorado, com suas ruas, casas e templos revestidos do mais puro ouro. Só que ao invés de encontrar tesouros inigualáveis, os homens de Pizarro só encontram a devastadora realidade da natureza, matando os homens da expedição com doenças, fome e desespero.
Comentários:
Werner Herzog sempre foi um cineasta visceral. Quando ele decidiu contar essa história, que é baseada nos relatos de um padre jesuíta que acompanhou essa expedição pelas profundezas da selva, ele decidiu que iria filmar tudo na própria região onde aconteceram os fatos históricos. Assim ele levou toda a sua equipe técnica e elenco para o lado peruano da selva amazônica. Obviamente as filmagens foram muito complicadas, praticamente um caos, mas quando se assiste ao filme percebe-se que tudo valeu a pena. O filme é muito interessante justamente por capturar a beleza exótica da Amazônia em toda a sua plenitude. Outro ponto de destaque desse filme é a atuação do ator Klaus Kinski. Ele interpreta um militar de baixa patente chamado Aguirre. Quando as coisas começam a dar errado na expedição ele resolve comandar uma rebelião, destituindo o comandante espanhol por nobre bobalhão que obviamente fica sob seu julgo. Enlouquecendo cada vez mais enquanto se aprofunda na selva, Aguirre é corroído pela ganância e pela loucura. Herzob optou por um filme sensorial, que apela mais para as emoções do espectador do que por um roteiro cheio de diálogos e palavras. Isso funcionou muito bem, porque muitas vezes o silêncio entre os personagens funciona como mais um elemento de tensão naquele inferno verde amazônico. Dizem que na selva, durante as filmagens, Klaus Kinski quase enlouqueceu, tal como seu personagem! Não poderia ser mais conveniente a um filme cujo tema trata justamente disso. Sem sombra de dúvidas esse é um dos melhores trabalhos de Werner Herzog e se você gosta do trabalho desse cineasta simplesmente não pode deixar de assistir.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 16 de janeiro de 2020
A Rainha Tirana
Inglaterra, 1580. A rainha Elizabeth I (Bette Davis) governa de forma absoluta em seu reino. Filha de Henrique VIII, ela dá sequência nos reinados da dinastia Tudor. Governante inteligente e sagaz, passa por um momento delicado em sua vida pessoal. Mesmo chegando numa idade mais avançada ela ainda não escolheu um marido para dar continuidade a sua linhagem. Um herdeiro traria estabilidade para os anos que viriam e por essa razão um casamento real logo se torna um importante assunto de Estado. A rainha da França, Catarina de Médici, logo sugere que ela se case com um nobre importante de sua própria corte, mas Elizabeth não parece muito interessada. Ao invés disso começa a ter sentimentos por um soldado plebeu inglês chamado Walter Raleigh (Richard Todd), que mesmo sem qualquer título de nobreza acaba conquistando o coração da rainha absolutista britânica.
Elizabeth I (1533 - 1603) passou para a história como a "Rainha Virgem". Esse nome foi dado por seus próprios súditos pois Elizabeth (Isabel I, no Brasil) não parecia empenhada em se casar para ter filhos. Durante muitos anos os historiadores se perguntaram se ela foi lésbica ou simplesmente era frígida demais para se interessar por assuntos matrimoniais. De qualquer forma sua relutância em se casar e ter filhos acabou marcando sua biografia. Nessa produção da Fox temos uma parte de sua história, justamente em um momento em que ela passou a se interessar por um plebeu, Walter Raleigh. Ele era um veterano de guerra contra a Irlanda e desejava construir uma frota para ir até o novo mundo (a América) para fazer fortuna. Para isso eram necessários navios e apenas a rainha poderia lhe conceder tamanho privilégio. Ao adentrar a corte de Elizabeth, levado por um nobre que havia sido amigo de seu pai no passado, Raleigh começou a entender que a forma mais fácil de chegar em seus sonhos era mesmo conquistar o coração da solitária monarca.
O problema é que Elizabeth I não era uma mulher fácil de lidar. Sujeita a explosões de raiva e ira, que atingia a todos ao seu redor, ela costumava tratar seu pretendentes de forma humilhante. Não era raro dispensar a eles um tratamento digno de um cão de estimação, fazendo questão de criar intrigas e fofocas na corte sobre sua nova aquisição ou como ela costumava dizer seu novo "pet". Raleigh, um homem de convicção e temperamento duro e forte, logo enfrentou Elizabeth sobre isso e muito provavelmente por causa dessa sua personalidade independente a rainha acabou caindo de amores por ele. Um romance que não interessava a outros nobres e que tampouco era bem visto dentro da corte. O filme captura o momento histórico do auge do absolutismo inglês, com a Casa Tudor em seu apogeu de glória e poder.
Essa mesma soberana seria retratada em dois filmes mais recentes muito bons chamados "Elizabeth" e "Elizabeth: A Era de Ouro" com Cate Blanchett no papel central. Embora sejam produções excelentes, com maravilhosa produção, o fato é que a presença da clássica atriz Bette Davis faz toda a diferença do mundo se formos comparar os filmes. Assim como a histórica figura da realeza inglesa, Davis também tinha uma personalidade marcante. Aqui ela encontrou um papel muito adequado ao seu jeito de ser. Também em termos de reconstituição histórica a sua rainha surge mais de acordo com os figurinos e costumes da época, inclusive com o estranho corte de cabelo que não foi reproduzido nos filmes modernos sobre Elizabeth (provavelmente porque deixaria o público espantado com os estranhos adereços). No geral o que temos aqui em "The Virgin Queen" é uma produção muito digna de todos os aplausos, tanto em sua tentativa de trazer um pouco de história para o público em geral como também pela sua fidelidade histórica dos acontecimentos originais. Um belo clássico do cinema americano que certamente vai agradar aos gostos mais refinados.
A Rainha Tirana (The Virgin Queen, Estados Unidos, 1955) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: Henry Koster / Roteiro: Harry Brown, Mindret Lord Elenco: Bette Davis, Richard Todd, Joan Collins / Sinopse: O filme resgata a história da monarca inglesa Elizabeth I, conhecida entre seus súditos como a "Rainha Virgem" e entre seus inimigos como a "Rainha Tirana". Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Figurino (Charles Le Maire e Mary Wills).
Pablo Aluísio.
Elizabeth I (1533 - 1603) passou para a história como a "Rainha Virgem". Esse nome foi dado por seus próprios súditos pois Elizabeth (Isabel I, no Brasil) não parecia empenhada em se casar para ter filhos. Durante muitos anos os historiadores se perguntaram se ela foi lésbica ou simplesmente era frígida demais para se interessar por assuntos matrimoniais. De qualquer forma sua relutância em se casar e ter filhos acabou marcando sua biografia. Nessa produção da Fox temos uma parte de sua história, justamente em um momento em que ela passou a se interessar por um plebeu, Walter Raleigh. Ele era um veterano de guerra contra a Irlanda e desejava construir uma frota para ir até o novo mundo (a América) para fazer fortuna. Para isso eram necessários navios e apenas a rainha poderia lhe conceder tamanho privilégio. Ao adentrar a corte de Elizabeth, levado por um nobre que havia sido amigo de seu pai no passado, Raleigh começou a entender que a forma mais fácil de chegar em seus sonhos era mesmo conquistar o coração da solitária monarca.
O problema é que Elizabeth I não era uma mulher fácil de lidar. Sujeita a explosões de raiva e ira, que atingia a todos ao seu redor, ela costumava tratar seu pretendentes de forma humilhante. Não era raro dispensar a eles um tratamento digno de um cão de estimação, fazendo questão de criar intrigas e fofocas na corte sobre sua nova aquisição ou como ela costumava dizer seu novo "pet". Raleigh, um homem de convicção e temperamento duro e forte, logo enfrentou Elizabeth sobre isso e muito provavelmente por causa dessa sua personalidade independente a rainha acabou caindo de amores por ele. Um romance que não interessava a outros nobres e que tampouco era bem visto dentro da corte. O filme captura o momento histórico do auge do absolutismo inglês, com a Casa Tudor em seu apogeu de glória e poder.
Essa mesma soberana seria retratada em dois filmes mais recentes muito bons chamados "Elizabeth" e "Elizabeth: A Era de Ouro" com Cate Blanchett no papel central. Embora sejam produções excelentes, com maravilhosa produção, o fato é que a presença da clássica atriz Bette Davis faz toda a diferença do mundo se formos comparar os filmes. Assim como a histórica figura da realeza inglesa, Davis também tinha uma personalidade marcante. Aqui ela encontrou um papel muito adequado ao seu jeito de ser. Também em termos de reconstituição histórica a sua rainha surge mais de acordo com os figurinos e costumes da época, inclusive com o estranho corte de cabelo que não foi reproduzido nos filmes modernos sobre Elizabeth (provavelmente porque deixaria o público espantado com os estranhos adereços). No geral o que temos aqui em "The Virgin Queen" é uma produção muito digna de todos os aplausos, tanto em sua tentativa de trazer um pouco de história para o público em geral como também pela sua fidelidade histórica dos acontecimentos originais. Um belo clássico do cinema americano que certamente vai agradar aos gostos mais refinados.
A Rainha Tirana (The Virgin Queen, Estados Unidos, 1955) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: Henry Koster / Roteiro: Harry Brown, Mindret Lord Elenco: Bette Davis, Richard Todd, Joan Collins / Sinopse: O filme resgata a história da monarca inglesa Elizabeth I, conhecida entre seus súditos como a "Rainha Virgem" e entre seus inimigos como a "Rainha Tirana". Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Figurino (Charles Le Maire e Mary Wills).
Pablo Aluísio.
Meu Reino Por um Amor
Grande momento da carreira da atriz Bette Davis e um dos filmes mais lembrados por sua grande atuação. Aqui ela encontrou um papel à altura de sua personalidade única. Ela interpreta a rainha Elizabeth I, que ficou conhecida na história como a "rainha virgem" pois nunca se casou e nem deixou herdeiros. Quando o filme começa ela está pronta para receber um de seus comandantes, o Conde de Essex (Errol Flynn). Ele está triunfante pois venceu uma grande batalha contra a Espanha e sua armada. A rainha porém não está satisfeita pois esperava que a campanha lhe trouxesse muitos tesouros dos navios espanhóis. Ao invés disso tudo foi para o fundo do mar. O interessante é que por baixo do jogo de aparências a rainha ama aquele homem, tem verdadeira paixão por ele. Seu comportamento é até mesmo uma forma de despistar dos outros lordes. Os seus verdadeiros sentimentos ficam escondidos em encontros secretos com seu amado. Em pouco tempo ela volta para seus braços.
O roteiro do filme foi baseado em fatos históricos reais, inclusive não abrindo mão do trágico destino que acabou envolvendo esse romance. Bette Davis está ótima como a monarca inglesa, inclusive usando figurinos e maquiagem bem pesadas, típicos da época. Isso significou que ela precisou até mesmo cortar parte de seu cabelo para fazer jus aos problemas de calvície que atingia a rainha. A Elizabeth I foi uma mulher complexa, cheia de traumas por causa da velhice e da perda da juventude (algo retratado no filme). A estrutura do roteiro desse filme é bem teatral pois foi baseado numa peça. Só que em nenhum momento cansa o espectador. Além disso tem ótimos diálogos que prendem a atenção. Enfim, um filme realmente digno dessa histórica rainha inglesa.
Meu Reino Por um Amor (The Private Lives of Elizabeth and Essex, Estados Unidos, 1939) Direção: Michael Curtiz / Roteiro: Norman Reilly Raine, Eneas MacKenzie / Elenco: Bette Davis, Errol Flynn, Olivia de Havilland, Vincent Price / Sinopse: O filme resgata a história de amor envolvendo a rainha Elizabeth I (Davis) e o Conde de Essex (Flynn) durante o século XVI. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Fotografia (W. Howard Greene, Sol Polito), Melhor Direção de Arte (Anton Grot), Melhor Som (Nathan Levinson), Melhores Efeitos Especiais (Byron Haskin, Nathan Levinson) e Melhor Música (Erich Wolfgang Korngold).
Pablo Aluísio.
O roteiro do filme foi baseado em fatos históricos reais, inclusive não abrindo mão do trágico destino que acabou envolvendo esse romance. Bette Davis está ótima como a monarca inglesa, inclusive usando figurinos e maquiagem bem pesadas, típicos da época. Isso significou que ela precisou até mesmo cortar parte de seu cabelo para fazer jus aos problemas de calvície que atingia a rainha. A Elizabeth I foi uma mulher complexa, cheia de traumas por causa da velhice e da perda da juventude (algo retratado no filme). A estrutura do roteiro desse filme é bem teatral pois foi baseado numa peça. Só que em nenhum momento cansa o espectador. Além disso tem ótimos diálogos que prendem a atenção. Enfim, um filme realmente digno dessa histórica rainha inglesa.
Meu Reino Por um Amor (The Private Lives of Elizabeth and Essex, Estados Unidos, 1939) Direção: Michael Curtiz / Roteiro: Norman Reilly Raine, Eneas MacKenzie / Elenco: Bette Davis, Errol Flynn, Olivia de Havilland, Vincent Price / Sinopse: O filme resgata a história de amor envolvendo a rainha Elizabeth I (Davis) e o Conde de Essex (Flynn) durante o século XVI. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Fotografia (W. Howard Greene, Sol Polito), Melhor Direção de Arte (Anton Grot), Melhor Som (Nathan Levinson), Melhores Efeitos Especiais (Byron Haskin, Nathan Levinson) e Melhor Música (Erich Wolfgang Korngold).
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 15 de janeiro de 2020
Da Terra Nascem os Homens
Conhecido como Major (Charles Bickfor) ele manda e desmanda nas terras do local até encontrar resistência de outro fazendeiro, Rufus Hannassey (Burl Ives) que quer colocar um basta nessa dominação. A briga e a rixa surgida entre os dois homens são na verdade uma metáfora de William Wyler com a guerra fria, que na época estava no auge. EUA e União Soviética seriam representados por esses dois homens que não conseguem viver mais em paz e em harmonia, sempre tentando prejudicar uma ao outro em todas as oportunidades possíveis. Apenas a chegada do forasteiro McKay poderá trazer uma luz sobre esse impasse.
Já o personagem de Gregory Peck é certamente um dos grandes papéis de sua carreira. Educado, fino e um verdadeiro cavalheiro, não acredita no poder das armas e nem da violência. Sua postura elegante e pacífica logo é confundida com covardia, numa mostra clara da mentalidade atrasada e bruta dos homens do velho oeste. "Da Terra Nascem os Homens" é um filme de fôlego, com quase 3 horas de duração. De certa forma lembra até mesmo "Assim Caminha a Humanidade" em seus longos planos abertos, com a casa sede da fazenda ao longe, perdida no meio do nada. É um filme tão rico que conta com nomes como Charlton Heston em papéis secundários - ele estava prestes a estrelar o filme de sua vida, Ben-Hur, que faria logo a seguir.
Outro personagem coadjuvante muito marcante é o interpretado por Burl Ives, excelente ator que aqui levou o Oscar por sua inspirada atuação de Rufus. A trilha sonora evocativa e forte é outro aspecto que chama a atenção. Por fim, e o mais importante, fica a lição subliminar de tudo o que vemos no filme. A grande mensagem de "Da Terra Nascem os Homens" é que a violência realmente não leva a lugar nenhum. A cena final e seu resultado mostram de forma bem clara isso. Um recado de Wyler para as grandes nações do mundo: ou elas encontram uma maneira de viver de forma pacífica ou então se destruirão mutuamente, em uma situação onde não há vencedores, mas apenas perdedores.
Da Terra Nascem os Homens (The Big Country, Estados Unidos, 1958) Direção: William Wyler / Roteiro: Jessamyn West, Robert Wyler, James R. Webb, Sy Bartlett, Robert Wilder baseados no livro de Donald Hamilton / Elenco: Gregory Peck, Jean Simmons, Carroll Baker, Charlton Heston, Burl Ives, Charles Bickford / Sinopse: Numa região do velho oeste disputada por dois fazendeiros e criadores de gado, um homem do leste que chega no local para se casar com a filha de um deles, procura trazer uma nova mentalidade e uma outra maneira de pensar sobre o modo como se deve conviver com o próximo. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Burl Ives). Também indicado na categoria de Melhor Música (Jerome Moross).
Pablo Aluísio.
Cimarron
Baseado no premiado romance homônimo de Edna Ferber e dirigido por Anthony Mann, o clássico, "Cimarron, Jornada da Vida" conta a aventura do casal Yancey Cimarron Cravat (Glenn Ford) e sua bela e rica mulher Sabra Cravat (Maria Schell) que mesmo contra a vontade dos pais de Sabra, partem juntos em 1889 de Kansas City para Oklahoma para participarem da famosa corrida de cavalos e carruagens na tentativa de ocupar um pedaço de terra oferecido pelo governo com o objetivo de povoar o último estado que ainda se encontrava selvagem. No longa, a jovem Sabra abandona uma vida de riqueza para casar-se com o aventureiro Yancey Cimarron um aventureiro corajoso e desbravador que sonha estabelecer-se na nova terra e fundar um jornal que funcionaria como um libelo a favor das causas indígenas, dos negros, dos judeus e dos menos favorecidos.
Depois de estabelecidos, os problemas de Yancey começam a aparecer, pois, além de reencontrar uma bela e velha paixão, Dixie Lee (Anne Baxter), tem que enfrentar as idéias contrárias de sua mulher que além de não ser muito a favor da causa indígena, sonha com um futuro bem diferente para a sua família. Yancey, no entanto, não concordando muito com as idéias conservadoras e menos aventureiras de sua mulher abandona tudo e parte para uma nova empreitada, abandonando sua família e seu jornal para conquistar novas terras, só que desta vez no Alasca. O filme atravessa, desde a fundação de Oklahoma em 1889, um período de 25 anos e mostra todas as mudanças pelas quais os americanos - e até o mundo - passaram: a descoberta e conquista do petróleo, a colonização de um novo estado e a explosão da Primeira Guerra Mundial. Cimarron é um épico que conta uma história real de força, determinação, empreendedorismo e espírito de conquista do povo americano.
Cimarron (Cimarron, EUA, 1960) Direção: Anthony Mann / Roteiro: Arnold Schulman baseado na obra de Edna Ferber / Elenco: Glenn Ford, Maria Schell, Anne Baxter, Arthur O'Connell, Mercedes McCambridge, Vic Morrow / Sinopse: A saga de um aventureiro, Yancey Cimarron Cravat (Glenn Ford). Inquieto e sempre procurando por novos caminhos em sua vida ele ganha o oeste em busca de riquezas e aventuras.
Telmo Vilela Jr.
Depois de estabelecidos, os problemas de Yancey começam a aparecer, pois, além de reencontrar uma bela e velha paixão, Dixie Lee (Anne Baxter), tem que enfrentar as idéias contrárias de sua mulher que além de não ser muito a favor da causa indígena, sonha com um futuro bem diferente para a sua família. Yancey, no entanto, não concordando muito com as idéias conservadoras e menos aventureiras de sua mulher abandona tudo e parte para uma nova empreitada, abandonando sua família e seu jornal para conquistar novas terras, só que desta vez no Alasca. O filme atravessa, desde a fundação de Oklahoma em 1889, um período de 25 anos e mostra todas as mudanças pelas quais os americanos - e até o mundo - passaram: a descoberta e conquista do petróleo, a colonização de um novo estado e a explosão da Primeira Guerra Mundial. Cimarron é um épico que conta uma história real de força, determinação, empreendedorismo e espírito de conquista do povo americano.
Cimarron (Cimarron, EUA, 1960) Direção: Anthony Mann / Roteiro: Arnold Schulman baseado na obra de Edna Ferber / Elenco: Glenn Ford, Maria Schell, Anne Baxter, Arthur O'Connell, Mercedes McCambridge, Vic Morrow / Sinopse: A saga de um aventureiro, Yancey Cimarron Cravat (Glenn Ford). Inquieto e sempre procurando por novos caminhos em sua vida ele ganha o oeste em busca de riquezas e aventuras.
Telmo Vilela Jr.
terça-feira, 14 de janeiro de 2020
Devastando Caminhos
Tom Andrews (Randolph Scott) é um explorador que é contratado pela companhia ferroviária do Canadá com a missão de encontrar um caminho entre as montanhas rochosas. O objetivo é construir uma grande linha ferroviária que ligue as duas costas do Canadá, ligando o Atlântico ao Pacífico, servindo como rota de união entre a distante colônia britânica e as principais cidades do país. O trabalho de Andrews porém não será nada fácil pois a ideia não conta com o apoio das populações montanhesas, que temem perder sua liberdade e autonomia com a chegada do progresso que virá com as novas rotas comerciais abertas pela ferrovia. Como se não bastasse os nativos locais também se insurgem contra a chegada do trem a vapor. Eis um dos mais curiosos filmes de Randolph Scott. Logo de início percebemos que é um western diferente pois foi praticamente todo rodado no Canadá e não nos EUA. O filme tem linda fotografia e foi quase todo filmado em locações reais nos parques nacionais da cidade canadense de Alberta. Lindos lagos e montanhas cinematográficas passeiam pela tela.
Algumas cenas mais ousadas foram feitas pelo próprio Randolph Scott (ele foi dublê antes de virar astro). Numa delas o ator se equilibra ao lado de furiosas corredeiras; para em outro momento subir em uma montanha inóspita. Apesar disso o tom é bem leve. Obviamente há cenas de brigas, lutas e tiroteios mas no geral o filme tende mais para o lado romântico, onde Scott fica indeciso entre se firmar com uma jovem da região ou assumir de vez o namoro com uma médica da companhia ferroviária. Para os que gostam de ação duas cenas se destacam. Na primeira delas o personagem de Randolph Scott sofre um atentado com bananas de dinamite e em outra temos um grande confronto entre os trabalhadores da ferrovia e os índios das montanhas que querem colocar a construção da estrada de ferro abaixo. Por falar nisso foi impossível não lembrar de uma série atual que tem basicamente o mesmo tema desse filme, "Hell on Wheels" do canal AMC. O argumento é basicamente o mesmo, porém no quesito belezas naturais "Canadian Pacific" se saí bem melhor, fruto da beleza ímpar da região onde foi filmado. Assim fica a dica desse faroeste canadense estrelado pelo cowboy americano Randolph Scott. Não deixe de assistir.
Devastando Caminhos (Canadian Pacific, EUA, 1949) Direção: Edwin L. Marin / Roteiro: Jack DeWit / Elenco: Randolph Scott, Jane Wyatt, J. Carrol Naish, Victor Jory / Sinopse: Explorador americano é contratado por companhia ferroviária canadense para achar um caminho entre as montanhas rochosas por onde possa passar a nova linha de trem que ligará as duas costas do Canadá. A construção da ferrovia porém não será nada fácil já que os moradores da região e os nativos locais não querem que ela passe por suas terras.
Pablo Aluísio.
Algumas cenas mais ousadas foram feitas pelo próprio Randolph Scott (ele foi dublê antes de virar astro). Numa delas o ator se equilibra ao lado de furiosas corredeiras; para em outro momento subir em uma montanha inóspita. Apesar disso o tom é bem leve. Obviamente há cenas de brigas, lutas e tiroteios mas no geral o filme tende mais para o lado romântico, onde Scott fica indeciso entre se firmar com uma jovem da região ou assumir de vez o namoro com uma médica da companhia ferroviária. Para os que gostam de ação duas cenas se destacam. Na primeira delas o personagem de Randolph Scott sofre um atentado com bananas de dinamite e em outra temos um grande confronto entre os trabalhadores da ferrovia e os índios das montanhas que querem colocar a construção da estrada de ferro abaixo. Por falar nisso foi impossível não lembrar de uma série atual que tem basicamente o mesmo tema desse filme, "Hell on Wheels" do canal AMC. O argumento é basicamente o mesmo, porém no quesito belezas naturais "Canadian Pacific" se saí bem melhor, fruto da beleza ímpar da região onde foi filmado. Assim fica a dica desse faroeste canadense estrelado pelo cowboy americano Randolph Scott. Não deixe de assistir.
Devastando Caminhos (Canadian Pacific, EUA, 1949) Direção: Edwin L. Marin / Roteiro: Jack DeWit / Elenco: Randolph Scott, Jane Wyatt, J. Carrol Naish, Victor Jory / Sinopse: Explorador americano é contratado por companhia ferroviária canadense para achar um caminho entre as montanhas rochosas por onde possa passar a nova linha de trem que ligará as duas costas do Canadá. A construção da ferrovia porém não será nada fácil já que os moradores da região e os nativos locais não querem que ela passe por suas terras.
Pablo Aluísio.
Cheyenne
The Cheyenne Social Club é um western diferente, mais leve e com muito bom humor. Só o fato de reunir esses dois mitos, James Stewart e Henry Fonda, já o tornaria obrigatório a qualquer fã de cinema, mas ainda tem mais, outro grande nome na direção: Gene Kelly! Muitos podem torcer o nariz para o fato do filme ter sido dirigido por um ator e dançarino especialista em musicais, mas podem ficar tranquilos, o resultado é muito satisfatório. Obviamente que a ação fica em segundo plano, revelando-se o roteiro uma fina comédia de humor de costumes, mas isso não é um empecilho. O filme foi lançado em 1970, quando o gênero faroeste já estava saindo de moda, mas vamos convir que tudo aqui se encaixa perfeitamente, até mesmo na idade mais avançada dos atores, que interpretam cowboys velhos de guerra que são surpreendidos por uma "herança" no mínimo inusitada. Imagine herdar um bordel numa cidade do velho oeste! É justamente em cima dessa situação curiosa e cômica que o roteiro se desenvolve.
James Stewart novamente faz o papel de um personagem com grande virtude e valores morais. Embora inicialmente isso não fique muito claro, logo o roteiro toma rumos para reafirmar essa característica que de uma forma ou outra sempre marcou todos os seus personagens de sua carreira. Já Henry Fonda está ótimo. Fazendo um cowboy casca grossa, o ator está mais carismático do que nunca. Realmente adorei sua caracterização ao estilo interiorano esperto. Na trama ele funciona como escada para o amigo James Stewart, mas isso em nenhum momento é um problema pois ambos sempre trabalharam excepcionalmente bem juntos. A dupla está perfeita em todas as cenas, demonstrando mesmo como eram bons atores, na verdade eram grandes amigos na vida real e isso passa para a tela. Enfim é isso, embora não seja tão conhecido "The Cheyenne Social Club" é no final das contas uma excelente diversão, com tudo o que o estilo western pede: bom humor, cenas de duelo, tiroteios e grandes atores em cena. Quem precisa de mais do que isso?
The Cheyenne Social Club (Estados Unidos, 1970) Direção: Gene Kelly / Roteiro: James Lee Barrett baseado na novela de Davis Grubb / Elenco: James Stewart, Henry Fonda e Shirley Jones / Sinopse: John O´Hallan (James Stewart) é um cowboy que é surpreendido pela notícia de que recebera de herança um bordel numa cidade do velho oeste. Ao lado do amigo Harley Sullivan (Henry Fonda) resolve ir conhecer o local para colocá-lo à venda, o que não contava era com a resistência das mulheres do estabelecimento que não querem que o "club" seja vendido!
Pablo Aluísio.
James Stewart novamente faz o papel de um personagem com grande virtude e valores morais. Embora inicialmente isso não fique muito claro, logo o roteiro toma rumos para reafirmar essa característica que de uma forma ou outra sempre marcou todos os seus personagens de sua carreira. Já Henry Fonda está ótimo. Fazendo um cowboy casca grossa, o ator está mais carismático do que nunca. Realmente adorei sua caracterização ao estilo interiorano esperto. Na trama ele funciona como escada para o amigo James Stewart, mas isso em nenhum momento é um problema pois ambos sempre trabalharam excepcionalmente bem juntos. A dupla está perfeita em todas as cenas, demonstrando mesmo como eram bons atores, na verdade eram grandes amigos na vida real e isso passa para a tela. Enfim é isso, embora não seja tão conhecido "The Cheyenne Social Club" é no final das contas uma excelente diversão, com tudo o que o estilo western pede: bom humor, cenas de duelo, tiroteios e grandes atores em cena. Quem precisa de mais do que isso?
The Cheyenne Social Club (Estados Unidos, 1970) Direção: Gene Kelly / Roteiro: James Lee Barrett baseado na novela de Davis Grubb / Elenco: James Stewart, Henry Fonda e Shirley Jones / Sinopse: John O´Hallan (James Stewart) é um cowboy que é surpreendido pela notícia de que recebera de herança um bordel numa cidade do velho oeste. Ao lado do amigo Harley Sullivan (Henry Fonda) resolve ir conhecer o local para colocá-lo à venda, o que não contava era com a resistência das mulheres do estabelecimento que não querem que o "club" seja vendido!
Pablo Aluísio.
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