quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Crônicas de Marlon Brando - Parte 13

Logo no começo de sua carreira Brando conheceu a atriz Anna Kashfi. Ela era indiana e tinha ido até Hollywood em busca do sucesso no cinema americano. Kashfi tinha uma beleza exótica, bem diferente das loiras americanas. Brando sempre foi atraído por esse tipo de mulher e o fato dela ser muito independente, de forte personalidade, fez com que Marlon ficasse ainda mais caído por ela. Desde seus primeiros amores Marlon Brando sempre se interessou por mulheres de etnias diferentes da sua. Ele tinha intensa predileção por mulatas, negras e latinas. Também se interessava muito por mulheres do Taiti. Assim em termos de visual Kashfi tinha tudo o que precisava para seduzir Brando. Apaixonado, o ator a pediu em namoro, mas ela, para sua completa surpresa, o recusou. Isso atiçou ainda mais o lado conquistador de Brando que estava decidido a conquistá-la de todas as formas. Depois de muitas recusas ela finalmente cedeu. Brando ficou completamente encantado a ponto de pensar pela primeira vez em sua vida no casamento. Sabendo que poderia ganhar o grande prêmio na capital mundial do cinema ela acabou manipulando o ator e em pouco tempo eles estavam casados. Esse foi um erro que Brando iria se arrepender pelo resto de sua vida.

Infelizmente a união passou longe de ser um casamento feliz. Marlon Brando não estava disposto a deixar suas inúmeras amantes. Nunca havia sido fiel em sua vida e não seria agora que as coisas mudariam. As traições viraram rotina. Brando estava sempre dando alguma desculpa para ficar longe de sua casa e se divertia a valer com as muitas mulheres (e dizem, homens) que frequentavam sua cama. Anna Kashfi ficou furiosa com seu comportamento. Mulher de gênio forte jamais iria aceitar esse tipo de humilhação pública (sim, Brando surgia com suas amantes em restaurantes e festas, na frente de todos, sem um pingo de arrependimento). Seu comportamento não iria dar em algo bom e realmente não deu.

Numa noite Brando chegou de madrugada em casa logo após uma noite de farras. Anna Kashfi o estava esperando na cozinha, fora de si, com uma faca na mão. Assim que Marlon entrou no recinto ela tentou lhe esfaquear. A agilidade salvou o ator da morte certa. Ele conseguiu se desviar no último segundo. Com a faca na mão Anna não desistiu e saiu correndo atrás de Brando que correu com toda a velocidade para a piscina. Agora imaginem a cena, o ator mais bem pago de Hollywood dando voltas em sua piscina com sua mulher enfurecida com uma faca na mão decidida a matá-lo! No outro dia empregados de Marlon e Anna abriram a boca e em pouco tempo o escândalo já tinha se tornado público e notório. O que ninguém sabia e nem Marlon é que Anna era bipolar, sofria de problemas mentais e em sua família várias mulheres tinham apresentado esse problema ao longo dos anos. Para piorar ela começou a dar entrevistas escandalosas para jornalistas. Dizia que Brando era bissexual, que levava para cama qualquer pessoa que lhe interessasse. Que não tinha respeito por ela, nem por ninguém, que era um promíscuo, que era um vagabundo e por aí vai, ladeira abaixo. A baixaria por parte dela não tinha limites. Era uma vergonha em Hollywood. Quando um repórter perguntou a Brando o que ele achava das declarações da mulher ele se resumiu a dizer: "Eu me casei com uma louca delirante!".

Depois disso Brando resolveu dar um basta, pediu divórcio e começou uma longa, custosa e penosa briga na justiça pela guarda do filho Christian Brando. Esse foi certamente o filho mais problemático da vida de Marlon Brando, herdando muitos problemas da mãe. Alguns anos depois Christian seria julgado pela morte do marido da própria irmã e condenado, cumpriria uma longa pena de prisão por assassinato em primeiro grau. As custas judiciais pelo divórcio e pela guarda definitiva e exclusiva de seu único filho custaram muito a Brando. Ele gastou milhões com advogados e teve que conviver com o assédio implacável da imprensa. Para piorar a carreira começou a ir mal, a má publicidade nos jornais influenciou o público que deixou de ir conferir seus últimos filmes. De repente Brando via sua vida profissional e sentimental em frangalhos. Muito bem humorado o ator dizia que nada disso importava, o que mais lhe preocupava era o fato de estar ficando rapidamente careca! Era uma forma que Marlon Brando encontrava para aliviar um pouco o stress absurdo que tinha que passar. Quando finalmente escreveu sua autobiografia ele admitiu que apesar de posar de rebelde e indiferente, ele ficava mesmo muito magoado e deprimido com os ataques que sofria, principalmente os que vinham da imprensa, sempre sensacionalista em relação à sua vida pessoal.

Pablo Aluísio.

4 comentários:

  1. Cinema Clássico
    Marlon Brando em Hollywood 4
    Pablo Aluísio.

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  2. Em relação ao Marlon Brando, vem acontecendo comigo o mesmo que tenho sintido com a Marilyn Monroe. Estou achando o Brando meio repugnante. E muito contribuiu para isso a participação dele naquele O Ultimo Tango em Paris. Isso junto com os diversos relatos da sua vida sórdida. Com suas atitudes bestas ele manchou também a imagem dos grandes personagens que interpretou. Só de saber que por baixo da pele do grande Don Corleone está o Brando já dá um pouco de asco.

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  3. Marlon e Marilyn tiveram origens bem parecidas. Saíram de infâncias e adolescências problemáticas para se tornarem grandes astros de Hollywood. Complicado não pirar! Tanto que eles também foram pacientes dos mesmos terapeutas em Los Angeles. E essa coisa de ídolo é complicada mesmo. Quanto mais você conhece detalhes de sua vida, mas vai se decepcionando. O glamour desaparece para surgir uma pessoa como tantas outras, um ser humano, com erros e falhas. Não necessariamente aquilo que você esperaria encontrar nesse tipo de superstar.

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