sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 11

Na noite de natal de 1960 Marilyn Monroe subiu no parapeito da janela de seu apartamento em Nova Iorque e ficou lá, por alguns minutos, olhando para o vão abaixo de si. Vestindo apenas uma camisola branca, Marilyn estava disposta a pular. Ela queria acabar com tudo, dar um fim para a dor emocional que vinha sentindo. Quem a salvou do suicídio foi sua empregada, Lena Pepitone. Quando entrou na sala e viu Marilyn pendurada na moldura externa da janela do apartamento, Lena correu e se agarrou com Marilyn que, em prantos, começou a dizer: "Lena, não! Deixe-me morrer! Eu quero morrer! Eu mereço morrer! O que eu fiz da minha vida? Quem é que eu tenho? É natal!"

Marilyn estava passando por mais uma crise depressiva, fazendo com que ela tentasse o suicídio mais uma vez! A depressão havia se tornado insuportável justamente na noite de natal quando Marilyn se viu completamente sozinha em seu apartamento. A maior estrela do mundo do cinema, tão desejada, admirada e amada por milhões de fãs ao redor do mundo, não tinha ninguém para celebrar a ceia da noite de natal ao seu lado! Como entender tamanho paradoxo? Por que nenhuma pessoa próxima a Marilyn estava disposta a passar a noite de natal em sua companhia? Essa situação levou a atriz para um colapso nervoso. Ela que já vinha há semanas depressiva, chegou na conclusão que era hora de acabar com tudo.

Na verdade para entender isso é interessante saber como a vida de Marilyn estava na época. Em poucas palavras a vida pessoal e profissional da atriz estava completamente caótica. Ela havia decidido se divorciar de Arthur Miller depois de um casamento opaco, sem amor, marcado por muitas indiferenças e problemas de relacionamento. No final do casamento não é errado dizer que Miller não passava de um mero empregado de Marilyn, um carregador de malas da atriz. Ela o tratava mal, como a um capacho. Miller também não ajudava, demonstrando total servidão, sem personalidade, praticamente um homem sem pulso ou amor próprio. Com isso Marilyn simplesmente se cansou dele. Ela nunca gostou de homens fracos, manobráveis. Marilyn queria alguém que a tratasse pelo menos de igual para igual.

Como se isso não fosse problemático o suficiente, Marilyn resolveu se envolver com um homem casado, o ator e cantor Yves Montand com quem atuara no filme "Adorável Pecadora". O romance saiu das telas e invadiu o mundo real. A esposa de Montand, Simone Signoret, se considerava amiga pessoal de Marilyn até saber que ela estava tendo um caso com seu marido. Mulher culta, elegante e fina, Signoret resolveu enfrentar Marilyn face a face. De maneira polida e educada pediu que Marilyn não procurasse e nem se encontrasse mais com Montand. A forma como ela fez esse pedido acabou deixando Marilyn ainda mais depressiva. Afinal, pensou ela, que tipo de mulher ela era? Uma que nem ao menos respeitava os maridos das próprias amigas? Tomada por uma forte crise de consciência, Marilyn resolveu aceitar o pedido de Simone e encerrou o caso com Montand de forma definitiva.

Uma das poucas pessoas que havia sobrado em sua vida pessoal era a assessora de imprensa Pat Newcomb. Pouca gente tinha conseguido se adaptar tão bem ao modo estranho de viver de Marilyn do que Pat. Ela acabou se tornando com os anos a verdadeira amiga da atriz. Sempre que Marilyn tinha que viajar, Pat seguia na frente para acertar tudo. Quando esteve na Inglaterra Marilyn exigiu que seu apartamento em Londres ficasse completamente igual ao que mantinha em Nova Iorque, com todos os móveis brancos, sem qualquer sinal de outra cor no ambiente. Além disso todas as janelas deveriam ser cobertas por espessas cortinas também brancas. Marilyn gostava de viver em ambientes completamente alvos, brancos ao extremo, como se estivesse no Polo Norte. Cabia justamente a Pat providenciar esse tipo de coisa. Provavelmente se não fosse a prestativa assistência de Newcomb na vida de Marilyn ela teria morrido muitos anos antes. Pode-se dizer que ela, ao lado da empregada doméstica de Marilyn, salvou a vida da atriz muitas e muitas vezes.

Pablo Aluísio.

3 comentários:

  1. Cinema Clássico
    As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 4
    Pablo Aluísio.

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  2. Essa no final da vida parece um Elvis de saias. Perdidos na vida.
    Serge Renine.

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  3. Marilyn era uma "potencial suicida arrependida". O que isso quer dizer. Ela armava as situações, mas no fundo ficava torcendo para alguém salva-la. Isso foi assim até aquele dia em que ninguém estava por parte e ela morreu, com um telefone nas mãos.

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