sábado, 18 de janeiro de 2020

O Escarlate e o Negro

Esse filme tem como tema uma das maiores controvérsias da história. Até hoje historiadores e teólogos discutem sobre qual teria sido efetivamente a posição da Igreja Católica durante o holocausto. Como se sabe o Papa Pio XII (1876 -1958) teve uma postura considerada por muitos como omissa. Enquanto milhões de judeus eram mortos em campos de concentração da Alemanha Nazista o Papa se recolheu ao silêncio. Já na visão de outros historiadores a posição de Pio XII foi a adequada pois caso tivesse entrado em choque direto com o ditador nazista o próprio Vaticano teria sido invadido ou destruído. Pior do que isso, milhões de católicos teriam sido perseguidos e mortos pelos nazistas em toda a Europa.

Em seu silêncio Pio XII teria ajudado milhares de refugiados, dando-lhes documentos e passaportes para fugir do horror alemão. Infelizmente os documentos históricos da época estão fechados na biblioteca do Vaticano e não serão abertos tão cedo. O tema ainda é muito delicado, tanto que há alguns anos houve uma tentativa de canonização de Pio XII que foi suspensa por causa da forte reação de grupos de sobreviventes do holocausto que até hoje não perdoam a posição do Papa na época. Afinal durante a maior tragédia humanitária da história o papa foi um santo ou um covarde?
   
Em “O Escarlate e o Negro” podemos encontrar algumas respostas. O filme foi baseado em fatos reais. O personagem principal da trama é o monsenhor Hugh O'Flaherty (Gregory Peck). Durante a II Guerra Mundial esse corajoso religioso irlandês se envolveu ativamente na salvação de centenas de procurados do regime nazista. Através de uma extensa rede de colaboradores católicos ele conseguiu salvar da morte muitas famílias de judeus, além de aliados e militares que encontravam em sua igreja um local de refúgio e apoio.

Seus esforços acabaram chamando a atenção do chefe local da Gestado em Roma, o Coronel Kappler (Christopher Plummer), que começou uma série de investigações em torno do religioso. Para Kappler o monsenhor estaria se utilizando de sua imunidade diplomática do Vaticano para ajudar essas pessoas. Estaria o religioso agindo por conta própria ou cumprindo ordens da alta cúpula da Igreja? Esse é um dos grandes mistérios que ronda até hoje a Igreja durante aqueles anos terríveis. De fato ele foi um dos "agentes secretos" do Papa, cuja principal função era ajudar judeus em sua fuga do nazismo. Um excelente filme com um tema histórico dos mais importantes. Assim deixo a dica e a recomendação desse belo filme que trata de um tema mais do que polêmico, com muito talento e delicadeza.

O Escarlate e o Negro (The Scarlet and the Black, Estados Unidos, 1983) Direção: Jerry London / Roteiro: David Butler, baseado no livro de J.P. Gallagher / Elenco: Gregory Peck, Christopher Plummer, John Gielgud / Sinopse: Um Monsenhor começa a ajudar refugiados e perseguidos do regime nazista a escapar do holocausto. Em seu encalço segue um alto oficial da Gestapo que pretende puni-lo por ajudar os inimigos do Estado alemão.

Pablo Aluísio. 


8 comentários:

  1. Cinema Clássico
    O Escarlate e o Negro
    Pablo Aluísio.

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  2. O Papa Pio XII foi um pouco omisso diante da gravidade da situação dos judeus, porém até ali ninguém sabia que o Hitler perderia a guerra e, a bem da verdade, parecia que ia ganhar. Aí e que está o problema de tomar uma posição antagônica e colocar em risco, ou mesmo, sacrificar todos os Cristãos do mundo. Situação que só quem viveu sabe o que é.
    Serge Renine.

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  3. A Itália estava sob domínio dos nazistas. Roma estava sitiada. O Papa não tinha poder militar. Ele foi embaixador antes de ser Papa e procurou ajudar, na clandestinidade, com o clero católico. Muitos judeus escaparam da Europa com a ajuda da Igreja. E sobre o holocausto, bem, só depois da chegada de russos e americanos nos campos de concentração é que se teve uma ideia clara do que estava acontecendo.

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  4. Caro Dom Pablo, era exatamente esse o filme que tinha falado na outra postagem. Obrigado meu caro por me lembrar. Eu assisti nos anos 80 e me lembro de que gostei muito. Agora vou procurar uma cópia para minha coleção.

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  5. Eu que agradeço sua presença por aqui, Lord Erick
    (fazendo agora a devida reverência da nobreza britânica)
    rsrsrs

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  6. Muito grato! Bem sabes que gosto de frequentar ambientes finos e elegantes como esse! (agradecimento contidos, como convém a um verdadeiro lord) kkkkkkk

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  7. Claro, claro... rsrsrs
    (rindo bastante, mas não muito, para não perder a fina arte da elegância)

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  8. Toda essa celeuma começou bem antes, em 1933, quando Eugenio Pacelli (mais tarde, Papa Pio XII) ainda um diplomata do Vaticano e com aspirações à Papa, costurou um acordo com a Alemanha Nazista de Hitler. No acordo, a Santa Sé extinguiria o Partido Católico da Alemanha, e em contrapartida, todos os alemães ficariam submetidos às leis canônicas da Igreja. Um acordo que dava mais poderes aos Papas em conflitos futuros. Por azar, Pacelli foi eleito Papa no exato momento em que explodia a Segunda Guerra em 1939. Na verdade, o medo de Pio XII não estava exatamente no nazismo, mas sim no comunismo. Esse medo brutal do regime de Stalin, fez com que o Papa se aliasse aos ditadores Francisco Franco (Espanha) e Mussolini (Itália). Pio XII não era de forma alguma simpático ao nazismo, e a prova disto, foi a invasão do exército alemão à Itália em 1943. Na ocasião, Pio XII passou a pedir, de forma incessante que todas as Igrejas italianas ajudassem o maior número possível de judeus. Resultado: Centenas de conventos e mosteiros abrigaram milhares de judeus, salvando-os das prisões e do extermínio nos campos de concentração. Essa postura silenciosa de Pio XII seria elogiada posteriormente pelos nomes mais expoentes do judaísmo mundial, como o rabino e escritor, David Dalin, o gênio Albert Einstein e a primeira ministra israelense, Golda Meir. Pio XII não foi omisso, foi silencioso. Omissão é covardia e o silêncio, invariavelmente, é um ato de sabedoria. E Eugenio Pacelli ou Papa Pio XII, foi um sábio.

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