sábado, 18 de janeiro de 2020

Intriga Internacional

Não é dos filmes mais celebrados do mestre Alfred Hitchcock, porém é um dos melhores em cenas de ação. Também é considerado uma espécie de pioneiro nos filmes envolvendo o mundo da espionagem. Antes de James Bond surgir nas telas, Alfred Hitchcock resolveu explorar esse universo, tão em voga na época da guerra fria. O toque de mestre foi misturar o mundo da espionagem internacional com a vida das pessoas comuns. Imagine todo esse aparato mortal atingindo em cheio a vida de um homem inocente. Na trama temos o protagonista Roger O. Thornhill (Cary Grant), um publicitário falastrão de Manhattan, que acaba sendo confundido com um espião americano. Jogado no meio de um jogo de vida e morte da espionagem internacional que mal consegue compreender, ele tenta se manter vivo. No meio do caos que sua vida se torna, ele acaba se apaixonando pela bonita e misteriosa Eve Kendall (Eva Marie Saint), sem desconfiar contudo que ela também faz parte dessa mortal intriga internacional.

O mestre do suspense Alfred Hitchcock costumava dizer que não estava muito interessado nas estórias que contava, mas sim na forma como as contava. Ele se considerava um "pintor de flores" do mundo cinematográfico. Esse filme "North by Northwest" se encaixava bem nesse ponto de vista. O filme não tem um grande enredo. Na verdade tudo se resume na estória de um homem errado que se encontra no lugar errado, no momento errado, sendo confundido com um assassino internacional, um espião há muito procurado por serviços de inteligência ao redor do mundo. Depois que isso acontece sua vida se torna caótica, onde ele tenta sobreviver de todas as maneiras às várias tentativas de eliminá-lo! O curioso é que, como o roteiro explica depois, o espião verdadeiro com o qual ele é confundido sequer existe, sendo apenas uma invenção da CIA para despistar seus perseguidores.

Além do habitual suspense, Alfred Hitchcock também investiu bastante nas cenas de ação É o seu filme mais movimentado nesse aspecto. Há duas sequências que ficaram bem conhecidas. A primeira acontece quando o personagem de Grant é perseguido por um avião no meio do nada! Essa cena é a mais conhecida do filme até os dias de hoje. Também é a que melhor aproveita o suspense que foi a marca registrada da filmografia do diretor. Outro ponto alto acontece no clímax do filme, em seu final, quando Grant e Marie Saint participam de uma perseguição no alto do monte Rushmore (com os rostos dos presidentes americanos mais memoráveis da história, esculpidos na rocha). A cena é tecnicamente perfeita e demonstra muito bem que os efeitos especiais em Hollywood na época já eram bem avançados.

Quando o filme termina, chegamos em algumas conclusões. É fato que Alfred Hitchcock aqui optou pelo lado mais comercial do cinema americano, deixando seu lado autoral (que sempre foi seu maior legado) um pouco de lado. Fica evidente que ele estava em busca de um sucesso de bilheteria, acima de qualquer outra coisa. Outro aspecto é perceber que Hitchcock já tinha entendido que haveria um boom de filmes de espionagem. A MGM já tinha anunciado que iria trazer James Bond para o cinema e o velho mestre logo entendeu que essa seria uma tendência a dominar o cinema na década que estava para nascer. Algo que efetivamente aconteceu mesmo nos anos 1960. Pelo visto Hitchcock tinha talento não apenas para realizar bons filmes de suspense, como também para antecipar o que iria cair no gosto do público. 

Intriga Internacional (North by Northwest, Estados Unidos, 1959) Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) / Direção: Alfred Hitchcock / Roteiro: Ernest Lehma / Elenco: Cary Grant, Eva Marie Saint, James Mason, Martin Landau, Jessie Royce Landis, Josephine Hutchinson / Sinopse: Um homem comum, publicitário de Nova Iorque, é confundido com um perigoso e mortal espião internacional. A partir daí ele passa a lutar por sua própria sobrevivência. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Roteiro Original (Ernest Lehman), Melhor Direção de Arte (William A. Horning, Robert F. Boyle) e Melhor Edição (George Tomasini).

Pablo Aluísio.

7 comentários:

  1. Cinema Clássico
    Intriga Internacional
    Pablo Aluísio.

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  2. Eu assisti quando foi lançada aquela coleção do Alfred Hitchcock com seus principais filmes. Aqueles que tinha o perfil do diretor nas capas. É um filme de pura diversão e não tem muito suspense. A pegada é outra. Nada a ver com Psicose ou Frenesi.

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  3. Nos anos 80 o selo CIC lançou no Brasil uma bela coleção do Hitchcock, mas ainda era nos tempos do VHS. Eu assisti vários clássicos do diretor pela primeira vez através desses lançamentos. Acredito que havia uns 20 filmes, os mais conhecidos, dentro dessa coleção. E as capas eram justamente essas que você falou. O perfil do mestre nas capas. Pena que os posters originais não foram aproveitados. Coisas de marketing.

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  4. O que eu acho legal de, como você disse, colocar um sujeito normal numa situação absurda, é que, nesse caso, o Cary Grant não parecia um coitado, como o James Stuart, por exemplo, mas sim um tipo de homem que poderia encarar qualquer parada, tanto que ele foi a primeira opção do Albert Brocolli como o ator ideal interpretar o James Bond.
    Serge Renine.

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  5. Boa observação Serge, O Grant estava um degrau acima do James Stewart nesse aspecto. Enquanto esse último tinha um ar de muita ingenuidade, quase um caipira, o Grant era de outro patamar, mais sofisticado, com brilhantina eterna no cabelo

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  6. Eu simplesmente adoro este clássico do mestre Hitchcock. As atuações, as cenas de externa, como a do Monte Rushmore e o espírito road movie do longa, sempre me fascinaram.

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  7. Sem dúvida Telmo. O filme sempre foi muito querido pelos admiradores de Hitchcock.

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