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sábado, 1 de julho de 2023

Ilusões Perigosas

Título no Brasil: Ilusões Perigosas
Título Original: Haunted
Ano de Lançamento: 1995
País: Estados Unidos
Estúdio: Lumière Pictures
Direção: Lewis Gilbert
Roteiro: James Herbert
Elenco: Aidan Quinn, Kate Beckinsale, Anthony Andrews, John Gielgud, Anna Massey, Geraldine Somerville

Sinopse:
Um professor cético visita uma remota propriedade britânica para desmascarar alegações de fenômenos psíquicos, mas logo se vê assombrado por um fantasma de seu próprio passado.

Comentários:
Eu gostei bastante desse filme quando o assisti pela primeira vez nos anos 90. Poderia definir essa produção como um filme de fantasmas, com o sabor dos antigos filmes de terror ingleses, mas com um roteiro mais de acordo com os tempos atuais, os tempos modernos. O personagem principal, um professor cético que tenta desvendar e desmascarar eventos sobrenaturais, é um grande achado dessa roteiro. Interpretado pelo ator Aidan Quinn, ele está realmente no centro dos acontecimentos. Outro destaque é a atriz Kate Beckinsale, que depois iria se consagrar numa longa série de filmes de terror sobre vampiros chamado "Anjos da Noite". Com um elegante fotografia e cenas externas muito bem construídas, essa produção de horror dos anos 90 é um grande achado. Infelizmente, anda meio esquecida nos dias atuais, mas ainda vale muito a pena conhecer.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 7 de dezembro de 2021

Retratos de Uma Mulher

No século XIX a jovem americana Isabel Archer (Nicole Kidman) resolve ir para a Europa em busca de seus sonhos. Lá encontra o amor, mas acaba caindo em uma armadilha ao se casar com um homem desonesto, antiético e manipulador. A partir daí toda a sua vida praticamente desmorona. Excelente drama de época estrelada por uma ainda bastante jovem Nicole Kidman, na época procurando se firmar em filmes com mais conteúdo e densidade. Foi uma excelente escolha. O roteiro era baseado no texto do consagrado autor Henry James. Quem conhece sua obra sabe que James sempre explorou os porões da alma humana, muitas vezes dissecando o lado mais cruel e mesquinho de todos os seres humanos. A direção do filme ficou com a excelente cineasta Jane Campion, que naquele momento vivia uma ótima fase pois ainda desfrutava do sucesso de público e crítica de "O Piano".

O filme é bem refinado, tem muito estilo, é sofisticado e com uma finesse à toda prova. A produção é classe A, com ótima reconstituição de época e figurinos luxuosos. Realmente tudo muito bom. Arriscaria até mesmo a dizer que ele traz uma das cinco melhores interpretações da carreira de Kidman. Indicado para quem tem um gosto cinematográfico mais refinado do que o habitual. Tanto bom gosto lhe valeu indicações merecidas ao Oscar. Um filme que realmente vale a pena ser conhecido, ainda mais por quem não teve a oportunidade de assisti-lo nos anos 90. Um dos melhores da filmografia de Nicole Kidman.

Retratos de Uma Mulher (The Portrait of a Lady, Estados Unidos, Inglaterra, 1997) Direção: Jane Campion / Roteiro: Laura Jones, baseada no romance de Henry James / Elenco: Nicole Kidman, John Malkovich, Barbara Hershey, Mary-Louise Parker, Shelley Winters, Christian Bale, Viggo Mortensen, John Gielgud, Richard E. Grant / Sinopse: O filme mostra o drama de uma jovem mulher mergulhada em um casamento infeliz. Filme indicado nas categorias de Melhor Atriz Coadjuvante (Barbara Hershey) e Melhor Figurino (Janet Patterson). Vencedor do Venice Film Festival na categoria de Melhor Filme.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 4 de maio de 2021

A Fórmula

Título no Brasil: A Fórmula
Título Original: The Formula
Ano de Produção: 1980
País: Estados Unidos
Estúdio:  Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: John G. Avildsen
Roteiro: Steve Shagan
Elenco: George C. Scott, Marlon Brando, Marthe Keller, John Gielgud, Beatrice Straight, Richard Lynch

Sinopse:
A fórmula de produção de combustível sintético, inventada pelos nazistas no final da Segunda Guerra Mundial, é procurada por alguns homens de negócios que pretendem vendê-la e por outros que desejam destruí-la. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor direção de fotografia (James Crabe).

Comentários:
Em sua autobiografia o ator Marlon Brando explica que só decidiu fazer esse filme por causa do roteiro, que explorava essa questão corporativa do mundo sórdido dos negócios escusos. Ele queria explorar o mal que existia por trás de certas indústrias. E também deixa claro que não fez o filme por dinheiro, recebendo o cachê mínimo do sindicato de atores. Também contribuiu o fato do filme ter George C. Scott no elenco que era amigo pessoal de Brando, seu vizinho em um bairro de Los Angeles. E também um dos melhores atores de sua geração. E não havia apenas ele. Tinha também o shakesperiano John Gielgud, ou seja, três monstros vivos do mundo da arte dramática. Pena que esse foi um caso de filme menor para elenco grandioso. Inegavelmente "A Fórmula" é um filme que não está à altura desse elenco fenomenal e primoroso. A direção também soa um tanto preguiçosa, deixando o filme cair em um certo marasmo.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 28 de abril de 2021

O Leão do Deserto

Filme que apresenta em seu elenco um formidável grupo de atores de excepcional talento dramático. Vários deles com sólida formação teatral em Shakespeare, como por exemplo, John Gielgud. Curiosamente o astro principal Anthony Quinn seria o menos qualificado em termos de currículo e formação em arte dramática nesse sentido. Ele sempre foi um ator de cinema e não de teatro. Sua escola, sendo realista, foram os filmes e não uma série de peças teatrais de literatura clássica. Porém dentro do contexto de seu personagem dentro desse filme, até que está bem adequado, pois ele interpreta um líder tribal chamado Omar Mukhtar, um homem que resiste no campo de batalha ao domínio do imperialismo italiano, representado na figura do líder fascista Benito Mussolini. Homem rude, violento, forjado na guerra contra os colonizadores europeus.

A história do filme se desenvolve nas areias escaldantes do deserto da Líbia, naquela ocasião histórica (estamos nos referindo ao ano de 1929) sendo dominada pelos imperialistas da Itália. É a velha política de colonização de nações africanas por países europeus. A velha luta entre metropóle e colônia, que tantos males, mortes e destruição trouxeram à história da humanidade. O filme, como não poderia deixar de ser, foi todo rodado no deserto do Norte da África, uma região inóspita. Por isso a equipe de filmagem encontrou todos os tipos de problemas para terminar o filme. O resultado ficou muito bom no meu ponto de vista. Não pode ser considerado um filme à altura de grandes épicos do passado nesse estilo como "Lawrence da Arábia", mas certamente estava acima da média das produções realizadas no começo da década de 1980.

O Leão do Deserto (Lion of the Desert, Estados Unidos, 1980) Direção: Moustapha Akkad / Roteiro: David Butler, H.A.L. Craig / Elenco: Anthony Quinn, Oliver Reed, Rod Steiger, John Gielgud / Sinopse: A história do filme se passa em 1929, no norte da África, na região que hoje é conhecida como Líbia. Nesse posto colonial da Itália fascista de Mussolini, um novo general é designado para conter uma série de rebeliões do povo local liderado pelo líder rebelde tribal Omar Mukhtar (Quinn).

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 9 de abril de 2021

O Homem Elefante

Título no Brasil: O Homem Elefante
Título Original: The Elephant Man
Ano de Produção: 1980
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Brooksfilms
Direção: David Lynch
Roteiro: Christopher De Vore, Eric Bergren
Elenco: Anthony Hopkins, John Hurt, Anne Bancroft, John Gielgud, Helen Ryan, John Standing

Sinopse:
John Merrick (Hurt) nasceu com diversos problemas de formação. Sua aparência fora dos padrões o levou a ser isolado em um circo de aberrações onde passa a ser exibido como um monstro. O Dr. Frederick Treves (Anthony Hopkins) decide resgatá-lo daquela situação desumana. Filme indicado a 6 categorias no Oscar, entre elas melhor filme, melhor direção (David Lynch) e melhor ator (John Hurt).

Comentários:
Esse filme é realmente espetacular! Conta a história real de um inglês que durante a era vitoriana nasceu com uma síndrome rara, que lhe causou diferenças e anomalias em seu organismo e em sua aparência. Dito como um "monstro" ele ficou por anos sendo exibido em um daqueles circos de aberrações. Uma coisa tenebrosa em todos os sentidos. Isso durou até o ponto em que um médico se interessou pelo seu caso. O tirou do circo e procurou restaurar sua dignidade como homem e como ser humano. Esse filme me impactou fortemente quando o assisti. A história tem uma força impossível de se medir. Quem assiste fica com ele na mente por muitos anos. O roteiro, primoroso, mostra o pior e o melhor lado da humanidade. O pior se concretiza nas pessoas que o exploraram por anos e anos. O melhor vem na figura do doutor, brilhantemente interpretado por Anthony Hopkins, que o retira daquele circo de horrores para o resgatar de volta à vida, o tratando finalmente como o ser humano que sempre foi. E por baixo daquela aparência assustadora surgiu um homem culto, sensível, inteligente e muito interessante para todos os que tiveram a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente. O fato do filme ter sido rodado com fotografia em preto e branco o tornou ainda mais denso e marcante. Em suma, um dos filmes mais humanos e fortes que assisti em toda a minha vida. Uma verdadeira obra de arte da sétima arte.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Júlio César

Em sua carreira Charlton Heston interpretou grandes nomes da história. Foi Moisés em "Os Dez Mandamentos". Foi o guerreiro medieval El Cid em grande produção e deu vida a Ben-Hur no grande clássico da história do cinema, embora esse último seja um personagem de ficção. Assim era natural que mais cedo ou mais tarde ele fosse interpretar grandes nomes da história romana. Nesse filme ele interpreta Marco Antônio, o mais fiel aliado de Júlio César, o general que acabou se tornando o símbolo da transição da República para o Império na Roma antiga. Embora tivesse sido interpretado com brilhantismo por Richard Burton no clássico "Cleópatra", o fato é que nenhum outro ator em Hollywood parecia tão talhado para esse papel do que o próprio Charlton Heston.

Na trama voltamos no tempo, de volta ao passado glorioso de Roma. Júlio César retorna vitorioso de suas campanhas militares e almeja tomar todo o poder da república para si, deixando de lado a força do senado romano. Em reação a isso um grupo de senadores resolvem matar César para salvar o sistema republicano. Marco Antônio (Charlton Heston), o mais leal general de César, resolve então iniciar uma campanha para inflamar o povo contra os conspiradores assassinos, entre eles Brutus e Caius Cassius. A guerra civil volta a surgir nos horizontes da cidade eterna.

Essa produção da década de 1970 é uma adaptação da famosa peça de autoria de William Shakespeare. Inicialmente essa é a principal informação ao espectador. E o que isso necessariamente significa? Significa que não é um épico com grandes cenas de batalha e lutas cenográficas entre legiões romanas, não, se trata mesmo de um filme com clara linguagem teatral, com o elenco se esforçando ao máximo para declamar o rico vocabulário do texto original do grande mestre inglês. Outro ponto a se destacar é que o roteiro se apoia bastante nas figuras dos personagens Brutus e Caius Cassius, dois membros do senado romano que conspiraram para a morte de Júlio César pois esse estava obviamente querendo concentrar todo o poder em suas mãos, deixando o senado e o conceito de república completamente para trás. A trama se concentra da morte de César nos idos de março até a batalha em que Marco Antônio (Charlton Heston) e Otávio, o sobrinho e herdeiro de César, futuro imperador romano Augusto, conseguem retomar o poder em Roma. Não há sinal de Cleópatra e nem dos acontecimentos que ocorrem depois que essa aliança é formada (aliança essa que duraria pouco tempo aliás). Enfim, fica a recomendação desse bom momento de Shakespeare na sétima arte. Aqui contando com um elenco classe A.

Júlio César (Julius Caesar, Inglaterra, 1970) Estúdio: Commonwealth United Entertainment / Direção: Stuart Burge / Roteiro: Robert Furnival, baseado na obra de William Shakespeare / Elenco: Charlton Heston, Jason Robards, John Gielgud / Sinopse: Júlio César, general e político romano, acaba sendo assassinado dentro do senado romano em 15 de março de 44 a.C. Sua morte desencadeia uma série de eventos violentos, culminando numa sangrenta guerra civil.

Pablo Aluísio.

sábado, 18 de janeiro de 2020

O Escarlate e o Negro

Esse filme tem como tema uma das maiores controvérsias da história. Até hoje historiadores e teólogos discutem sobre qual teria sido efetivamente a posição da Igreja Católica durante o holocausto. Como se sabe o Papa Pio XII (1876 -1958) teve uma postura considerada por muitos como omissa. Enquanto milhões de judeus eram mortos em campos de concentração da Alemanha Nazista o Papa se recolheu ao silêncio. Já na visão de outros historiadores a posição de Pio XII foi a adequada pois caso tivesse entrado em choque direto com o ditador nazista o próprio Vaticano teria sido invadido ou destruído. Pior do que isso, milhões de católicos teriam sido perseguidos e mortos pelos nazistas em toda a Europa.

Em seu silêncio Pio XII teria ajudado milhares de refugiados, dando-lhes documentos e passaportes para fugir do horror alemão. Infelizmente os documentos históricos da época estão fechados na biblioteca do Vaticano e não serão abertos tão cedo. O tema ainda é muito delicado, tanto que há alguns anos houve uma tentativa de canonização de Pio XII que foi suspensa por causa da forte reação de grupos de sobreviventes do holocausto que até hoje não perdoam a posição do Papa na época. Afinal durante a maior tragédia humanitária da história o papa foi um santo ou um covarde?
   
Em “O Escarlate e o Negro” podemos encontrar algumas respostas. O filme foi baseado em fatos reais. O personagem principal da trama é o monsenhor Hugh O'Flaherty (Gregory Peck). Durante a II Guerra Mundial esse corajoso religioso irlandês se envolveu ativamente na salvação de centenas de procurados do regime nazista. Através de uma extensa rede de colaboradores católicos ele conseguiu salvar da morte muitas famílias de judeus, além de aliados e militares que encontravam em sua igreja um local de refúgio e apoio.

Seus esforços acabaram chamando a atenção do chefe local da Gestado em Roma, o Coronel Kappler (Christopher Plummer), que começou uma série de investigações em torno do religioso. Para Kappler o monsenhor estaria se utilizando de sua imunidade diplomática do Vaticano para ajudar essas pessoas. Estaria o religioso agindo por conta própria ou cumprindo ordens da alta cúpula da Igreja? Esse é um dos grandes mistérios que ronda até hoje a Igreja durante aqueles anos terríveis. De fato ele foi um dos "agentes secretos" do Papa, cuja principal função era ajudar judeus em sua fuga do nazismo. Um excelente filme com um tema histórico dos mais importantes. Assim deixo a dica e a recomendação desse belo filme que trata de um tema mais do que polêmico, com muito talento e delicadeza.

O Escarlate e o Negro (The Scarlet and the Black, Estados Unidos, 1983) Direção: Jerry London / Roteiro: David Butler, baseado no livro de J.P. Gallagher / Elenco: Gregory Peck, Christopher Plummer, John Gielgud / Sinopse: Um Monsenhor começa a ajudar refugiados e perseguidos do regime nazista a escapar do holocausto. Em seu encalço segue um alto oficial da Gestapo que pretende puni-lo por ajudar os inimigos do Estado alemão.

Pablo Aluísio. 


quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Assassinato no Expresso do Oriente

Em 1930 um terrível seqüestro envolvendo uma garotinha da família Armstrong vira manchete nacional. Seu paradeiro é desconhecido e um resgate é exigido de seu pai, um militar condecorado. Após o pagamento ser efetuado a pequena Daisy Armstrong é encontrada morta em um milharal. Cinco anos depois um rico homem de negócios, o sr. Ratchett (Richard Widmark), é morto a punhaladas dentro do Expresso do Oriente. Tudo aconteceu na calada da noite e por isso não se sabe quem cometeu o crime.

Por uma estranha coincidência do destino o famoso detetive Hercule Poirot (Albert Finney) se encontra viajando no mesmo trem. Como esse se encontra parado por causa de uma nevasca que assola os trilhos a conclusão é óbvia: o assassino ainda se encontra entre os passageiros do vagão onde o homicídio foi cometido. Para descobrir sua identidade o velho investigador belga usará de todo o seu poder de dedução. Não demora para ele descobrir que todos os passageiros são suspeitos em potencial. Haveria ainda alguma ligação entre a morte da garota Daisy e o crime no Expresso Oriente?

Provavelmente “Assassinato no Expresso Oriente” seja o mais conhecido e popular livro de Agatha Christie. A autora se notabilizou por suas tramas de mistério onde o ponto principal era descobrir quem era o assassino. Aqui a fórmula de Christie se mostra bem nítida. Há um grupo de passageiros do Expresso do Oriente que possuem uma ligação de uma forma ou outra com a vítima. O roteiro segue à risca o enredo do livro e traz como brinde ao espectador um elenco simplesmente magnífico, com vários mitos da história do cinema. Só para se ter uma ideia surgem em cena atrizes como Ingrid Bergman (de Casablanca, aqui interpretando uma missionária), Lauren Bacall (a eterna musa da era de ouro de Hollywood dando vida a uma mulher que fala pelos cotovelos) e Jacqueline Bisset (elegante, linda e no auge da beleza).

Na ala masculina temos Sean Connery (como um oficial escocês), Anthony Perkins (como sempre fazendo um personagem perturbado) e John Gielgud (um dos maiores atores shakesperianos que faz o mordomo, obviamente sempre um grande suspeito). Como se vê o elenco é grandioso, seu único deslize talvez seja a escolha de Albert Finney como Poirot pois sempre preferi Peter Ustinov nesse papel. Uma versão bem mais recente foi lançada nos últimos anos, mas não possui o carisma desse clássico original. Não é um filme perfeito, mas só pela ambientação e elenco já valem a pena, principalmente se você aprecia esses atores mais veteranos. Assim fica a recomendação dessa produção muito charmosa, repleta de mistério, estrelas e diversão.  


Assassinato no Expresso do Oriente (Murder on the Orient Express, Estados Unidos, 1974) Direção: Sidney Lumet / Roteiro: Paul Dehn baseado na obra de Agatha Christie / Elenco: Albert Finney, Richard Widmark, Jacqueline Bisset, Lauren Bacall, Anthony Perkins, John Gielgud, Sean Connery, Ingrid Bergman / Sinopse: Doze passageiros do Expresso do Oriente se tornam suspeitos após um rico homem de negócios aparecer morto em seu vagão. Para solucionar o mistério o detetive Hercule Poirot tentará decifrar o enigma do assassinato. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante (Ingrid Bergman). Também indicado nas categorias de Melhor Figurino, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia, Melhor Trilha Sonora Original e Melhor Ator (Albert Finney).

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Becket, O Favorito do Rei

A história do filme se passa em 1066, na Inglaterra medieval. No trono está o Rei Henrique II (Peter O'Toole). Ele é um monarca insolente, imoral, pouco afeito aos assuntos do Estado. Os prazeres, as mulheres e o vinho são mais importantes para ele. Para gerenciar o governo da nação ele resolve nomear seu grande amigo Thomas Becket (Richard Burton) como chanceler. A Inglaterra sofre há anos com a rivalidade entre normandos e saxões. O Rei é de uma linhagem normanda, enquanto sue novo chanceler é saxão. Embora sua decisão tenha sido acertada o Rei logo descobre que precisa de Becket também em outra função.

A Igreja Católica e seu clero se tornam muito poderosos no reino e Henrique II teme por sua coroa. Assim resolve nomear Becket como o Arcebispo de Canterbury. A decisão choca os católicos ingleses pois Becket jamais havia sido membro do clero. O fato porém é que o Rei impõe sua decisão a todos, contando obviamente com o apoio de Becket dentro da Igreja em seu favor. Só que para sua surpresa o novo Arcebispo começa a levar muito à sério sua função. Quando um nobre mata um padre de seu clero ele exige que seja julgado. O Rei assim fica dividido entre os interesses da Igreja e da nobreza, o que lhe coloca numa saia justa. Pior do que isso, Henrique II se sente traído por Becket, a quem pensava ser seu leal amigo.

Esse filme é realmente excelente. Tem uma ótima reconstituição de época e conta uma história real muito interessante. O mais curioso é que o personagem interpretado por Richard Burton se tornaria santo tanto da Igreja Católica como da Anglicana. Ele foi mártir da fé cristã naquele tempo distante, onde os reis absolutistas tinham todo o poder em suas mãos. Por falar em reis, o Henrique II de Peter O'Toole acabou se tornando uma das maiores interpretações de sua carreira e em se tratando de um ator com tantos clássicos em sua filmografia isso definitivamente não é pouca coisa. O roteiro trabalha com uma sugestão subliminar, muito tênue, tratando a imensa amizade que o Rei tinha com Becket quase como se fosse uma relação homoerótica. Os historiadores ainda debatem sobre essa estranha obsessão do monarca para com seu chanceler e amigo. O filme adota assim um tom de sugestão sutil, embora nunca assuma de uma vez essa delicada questão histórica. No mais é uma produção requintada com ótimos figurinos, trilha sonora, cenários e, é claro, ótimas atuações de todo o elenco.

Becket, O Favorito do Rei (Becket, Estados Unidos, Inglaterra, 1964) Direção: Peter Glenville / Roteiro: Jean Anouilh, Lucienne Hill, Edward Anhalt / Elenco: Richard Burton, Peter O'Toole, John Gielgud / Sinopse: Thomas Becket (Richard Burton), chanceler e amigo do Rei Henrique II da Inglaterra (Peter O'Toole), assume o mais alto cargo do clero católico da nação. Aos poucos porém ele começa a defender os interesses da igreja e não os do Rei, o que acaba enfurecendo o monarca que o considerava seu amigo. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Roteiro Adaptado. Também indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme (Hal B. Wallis), Melhor Ator (Peter O'Toole), Melhor Ator (Richard Burton), Melhor Ator Coadjuvante (John Gielgud, como o Rei da França, Louis), Melhor Direção (Peter Glenville), Melhor Fotografia (Geoffrey Unsworth), Melhor Figurino (Margaret Furse), Melhor Som, Edição, Direção de Arte e Música. Vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama e Melhor Ator (Peter O'Toole).

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Arthur, o Milionário Sedutor

Eu assisti esse filme pela primeira vez ainda nos anos 80. Eu sempre tive um sentimento dúbio em relação a essa película. E nunca foi de riso. Havia uma certa melancolia na história desse milionário baixinho, muito vulnerável emocionalmente, que vivia atrás da mulher perfeita para ele. O Dudley Moore sempre foi um ator subestimado. As pessoas o viam principalmente como um comediante. Eu o via da maneira certa, como um grande ator, que conseguia passar muitas emoções apenas com sutis olhares, nuances, etc. Na verdade eu sempre tive muita pena de seu personagem nesse filme.

E isso me lembra aquela famosa frase que dizia: "Era tão pobre que a única coisa que tinha era o dinheiro". Exatamente isso. O Arthur vaga pela vida, mas no fundo é um ser humano triste, sem rumo. E quando ele se apaixona por uma mulher joga tudo para o alto. É um sujeito desesperado. Pois bem, esse é um grande filme em minha opinião. Esqueça a continuação que é horrenda. Assista apenas esse que já está de bom tamanho. Um filme que me tocou quando vi. O melhor trabalho do Moore em toda a sua carreira. E ter a Liza Minelli também no elenco é mais um luxo de um filme que realmente é muito bom.

Arthur, o Milionário Sedutor (Arthur, Estados Unidos, 1981) Direção: Steve Gordon / Roteiro: Steve Gordon / Elenco: Dudley Moore, Liza Minnelli, John Gielgud / Sinopse: Um homem muito rico, milionário, mas igualmente muito carente, tenta encontrar a mulher que vai se tornar o amor de sua vida. Filme vencedor do Oscar nas categorias de melhor ator coadjuvante (John Gielgud) e melhor música original ("Arthur's Theme (Best That You Can Do)".

Pablo Aluísio.

sábado, 22 de março de 2014

Carruagens de Fogo

Título no Brasil: Carruagens de Fogo
Título Original: Chariots of Fire
Ano de Produção: 1981
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Hugh Hudson
Roteiro: Colin Welland
Elenco: Ben Cross, Ian Holm, John Gielgud, Brad Davis, Ian Charleson, Nicholas Farrell

Sinopse:
A história, contada em flashback, mostra dois jovens velocistas britânicos que competem por fama e reconhecimento nos Jogos Olímpicos de 1924. Eric Liddell (Ian Charleson) é um missionário escocês devoto, que se dedica aos esportes para agradar ao seu Deus. Já Harold Abrahams (Ben Cross) procura ser aceito dentro da sociedade inglesa mais tradicional uma vez que suas origens judaicas o impede de ser bem recebido em certos setores da esnobe alta sociedade de Cambridge. Filme baseado em fatos reais.

Comentários:
Apesar de consagrado na Academia, onde foi indicado a sete Oscars, vencendo em quatro categorias (Melhor Filme, Roteiro, Figurino e Trilha Sonora), o filme nunca conseguiu se tornar uma unanimidade perante o público. Todos os ingredientes para um grande filme parecem estar presentes mas o cineasta Hugh Hudson não conseguiu imprimir um bom ritmo à película que sofre de vários problemas no desenvolvimento de seu enredo. Aliás essa sempre foi uma crítica presente em praticamente todos os filmes do diretor. Hudson parece vacilante em vários momentos, sem saber direito que rumo tomar, algo que se tornaria um grave problema em um de seus filmes seguintes, o mega fracasso "Revolução" com Al Pacino, que praticamente enterraria suas pretensões de dirigir filmes de grandes orçamentos ao longo do resto de sua carreira (nenhum estúdio tinha mais coragem de arriscar verdadeiras fortunas em filmes assinados pelo diretor). De qualquer forma alguns aspectos salvam "Chariots of Fire" do esquecimento, o mais forte deles a inesquecível trilha sonora de Vangelis, até hoje presente em quaisquer daquelas coletâneas do tipo "Os maiores sucessos do cinema" e similares. No geral é um bom filme, com história edificante e inspiradora, embora tenha passado longe de se tornar uma verdadeira obra prima merecedora de todos os Oscars que venceu.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Gandhi

Pode todo um império poderoso se curvar apenas ao peso de um ideal? A história de Gandhi prova que sim. De um lado temos o imenso, poderoso e dominador Império Britânico. Na época se dizia que o sol nunca se punha sob os domínios da Grã Bretanha, tamanha a sua extensão nos quatro cantos do mundo. Do outro lado havia esse indiano muito simples, de roupas despojadas, óculos desajeitados, uma pessoa que procurava viver como o mais humilde dos homens. Nesse choque de ideologias os fundamentos do pequeno homem acabaram vencendo os alicerces do majestoso Império de Vossa Majestade. Tudo baseado apenas em suas idéias de liberdade e autonomia. O mais grandioso na figura de Gandhi é que ele não liderou uma revolução armada mas sim um movimento de não violência, fundado apenas na ideologia da não violência, da convivência pacífica e no poder da argumentação lógica e sensata. Não é para menos que hoje em dia o mundo o conhece como Mahatma (grande alma). Ele conseguiu romper as amarras do colonialismo inglês para com seu país apenas pela força de sua mensagem. Uma revolução diferente, não feita de armas de fogo mas sim de pensamento e sensatez. 

Em 1982 o corajoso produtor e diretor Richard Attenborough resolveu levar a história de Gandhi para os cinemas. Uma decisão ousada uma vez que a história do líder indiano é muito intimista, teórica. Não haveria cenas de batalhas para encher as telas como nos antigos épicos, nada disso, o roteiro teria que se concentrar apenas na mensagem e na ideologia de Mahatma. Não há momentos extremamente dramáticos e nem grandes guerras ou algo parecido. Diante disso muitos achavam que essa era realmente uma história que não poderia ser levada às telas com êxito. Ledo engano. Gandhi não deixou de ser um filme fenomenal por essas razões, pelo contrário. Em ótima caracterização o ator Ben Kingsley literalmente encarnou o personagem em um dos melhores castings da história do cinema. A transposição da biografia de Gandhi foi tão bem sucedida no final das contas que conseguiu vencer todos os grandes prêmios em seu ano, inclusive vencendo o Oscar nas categorias de melhor filme, melhor diretor, melhor ator (Ben Kingsley), melhor roteiro original, melhor direção de arte, melhor fotografia, melhor figurino e melhor edição. Um grande filme para um grande homem. God Save The Queen.  

Gandhi (Gandhi, Estados Unidos, Inglaterra, 1982) Direção: Richard Attenborough / Roteiro: John Briley, Alyque Padamsee / Elenco: Ben Kingsley, Candice Bergen, Edward Fox, John Gielgud, Trevor Howard, John Mills, Martin Sheen / Sinopse: Cinebiografia do líder indiano Mahatma Gandhi. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Júlio César

Em sua autobiografia Marlon Brando tirou duas conclusões sobre o filme “Júlio César”. A primeira foi que ele era ainda muito jovem e inexperiente para assumir um papel tão complexo em um texto tão rico (e muito fiel ao original escrito por William Shakespeare). O ator ficou inseguro durante as filmagens, também pudera, rodeado de monstros da arte de interpretação, Brando teve que se esforçar muito mais do que o habitual para não só decorar o rebuscado texto como também compreender o que ele significava. A segunda conclusão que Brando chegou é a de que filmes assim não encontram muita recepção e ressonância entre a cultura americana que em essência é a cultura do chiclete e da Coca-Cola, uma cultura que nem chega perto da milenar cultura europeia do qual provém essa maravilhosa peça.

Durante a exibição do filme fiquei pensando na opinião do ator e cheguei na conclusão pessoal de que ele estava certo apenas em termos. Realmente o ator está muito jovem, até inexperiente, para recitar Shakespeare. Atores ingleses obviamente se saem melhor nesse aspecto. Porém é impossível não reconhecer seu talento em duas grandes cenas do filme. A primeira ocorre quando Marco Antônio (Brando) encontra o corpo esfaqueado de César no senado. Se nos primeiros minutos de filme ele está em segundo plano aqui nesse momento assume posição de destaque no desenrolar dos acontecimentos. A segunda grande cena do ator no filme surge depois quando ele discursa para a multidão. Levando o corpo de César nos braços ele joga com as palavras de forma maravilhosa. Essa segunda cena é seguramente um dos maiores momentos de Brando no cinema. Esqueça seus famosos resmungos, aqui ele surge com uma dicção perfeita e uma oratória ímpar (mostrando que sua passagem pelo Actors Studio não foi em vão). Com pleno domínio ele instiga o povo contra os senadores que mataram César. Brando está perfeito no discurso, em um momento realmente de arrepiar.

Sobre o segundo aspecto realmente devo dar razão à opinião do ator. O público americano provavelmente estranhou a forma do filme. A cultura americana (e a nossa, diga-se de passagem) não abre muitas brechas para um texto tão bem escrito e profundo como esse. Os diálogos são declamados com grande eloqüência, por maravilhosos atores. O texto obviamente é riquíssimo em todos os sentidos e ao final de cada grande diálogo o espectador mais atento certamente ficará impressionado pela grandeza que a palavra escrita alcançava nas mãos de Shakespeare. Por se tratar de tão culto autor o filme exige uma certa erudição do público.

O espectador deve entender principalmente o contexto histórico do que se passa na tela (o fim da República Romana e o surgimento do Império). Deve também entender que Brutus (brilhantemente interpretado por James Mason) não é um vilão em cena mas sim um cidadão romano que acreditava no sistema político de então. Aliás é bom frisar que o tempo acabaria de certa forma dando razão a ele e aos senadores que mataram César. Os ideais republicanos de Roma tiveram muito mais influência nos séculos seguintes do que o arcaico e corrupto sistema que foi implantado pelos imperadores que iriam suceder César no poder. O legado do Império acabou mas as fundações do republicanismo que tanto foram defendidas por Brutus seguem firme até os dias de hoje. Enfim, Júlio César é um excelente filme, uma aula de cultura em todos os aspectos. Brando não está menos do que magnífico, apesar de ter ficado inseguro no resultado final. Em tempos de sub-cultura que vivemos “Júlio César” é não menos do que obrigatório

Júlio César (Julius Caesar, Estados Unidos, 1953) Diretor: Joseph L. Mankiewicz / Roteiro: Joseph L. Mankiewicz baseado na obra de William Shakespeare / Elenco: Marlon Brando, James Mason, John Gielgud, Deborah Kerr, Alan Napier./ Sinopse: Júlio César (Louis Calhern) é um habilitoso político e general romano que é assassinado no senado nos idos de março. Após sua morte duas facções se formam, os que querem a morte dos assassinos liderados por Marco Antônio (Marlon Brando) e Otáviano e os que comemoram sua morte liderados por Brutus (James Mason) e Cícero (Alan Napier). O palco da guerra civil está armado.

Pablo Aluísio.