domingo, 23 de setembro de 2012

Filha do Mal

"Filha do Mal" segue os passos de outro filme bem recente chamado "O Último Exorcismo". Ambos são falsos documentários (Mockumentaries) que enfocam pessoas possuídas por demônios que precisam passar por exorcismos. Aqui acompanhamos a trajetória de Isabella (Fernanda Andrade) que tenta descobrir o que realmente teria acontecido com sua mãe pois há alguns anos ela teria assassinado três membros do clero que tentavam lhe exorcizar. Internada em um hospício em Roma e isolada do mundo, a filha Isabella leva um amigo com uma câmera para tentar desvendar se sua mãe é apenas insana ou se há realmente algum fenômeno paranormal por trás de todos aqueles acontecimentos trágicos. Pela sinopse já deu para perceber bem do que se trata. Utilizando de imagens amadoras da Praça de São Pedro no Vaticano (provavelmente sem autorização da Igreja), as cenas tentam a todo momento convencer ao espectador que está assistindo a algo real que foi documentado por um cinegrafista amador.

Após assistir ao filme cheguei na conclusão de que o que falta mesmo em "Filha do Mal" é sutileza. Aqui tudo soa muito exagerado pois não há apenas um demônio em cena mas vários deles. Também não há apenas uma possessão mas uma série delas, quando menos se espera outra pessoa é possuída e depois outra e nesse processo de possessões em fila a produção vai perdendo o interesse. O final também vai decepcionar muita gente pois é inconclusivo e exagerado. O curioso é que apesar de suas várias falhas "Filha do Mal" fez um grande sucesso nas bilheterias americanas chegando ao ponto de ficar em primeiro lugar na semana de sua estréia. Os americanos se mostram sempre muito interessados no tema como comprovam as boas bilheterias de filmes recentes sobre exorcismo. Disso podemos tirar algumas conclusões óbvias: novos Mockumentaries virão por aí e os estúdios não deixarão o tema exorcismo em paz nos próximos anos. Os produtores certamente não largarão o crucifico e a água benta tão cedo! Quem viver verá!

Filha do Mal (The Devil Inside, Estados Unidos, 2012) Direção: William Brent Bell / Roteiro: William Brent Bell, Matthew Peterman / Elenco: Fernanda Andrade, Simon Quarterman, Evan Helmuth, Ionut Grama, Suzan Crowley, Bonnie Morgan, Brian Johnson, Preston James Hillier, D. T. Carney / Sinopse: Aqui acompanhamos a trajetória de Isabella (Fernanda Andrade) que tenta descobrir o que realmente teria acontecido com sua mãe pois há alguns anos ela teria assassinado três membros do clero que tentavam lhe exorcizar. Internada em um hospício em Roma e isolada do mundo, a filha Isabella leva um amigo com uma câmera para tentar desvendar se sua mãe é apenas insana ou se há realmente algum fenômeno paranormal por trás de todos aqueles acontecimentos trágicos.

Pablo Aluísio.

sábado, 22 de setembro de 2012

Apollo 13

“Houston, nós temos um problema””. Foi assim, com essa simples frase, que tudo começou. Hoje o programa espacial americano está em frangalhos. Com a crise econômica o governo americano fez profundos cortes no orçamento de sua agência espacial, a Nasa. Com isso programas pioneiros como a dos ônibus espaciais foram devidamente aposentados. Agora os astronautas americanos são meros caroneiros dos foguetes russos o que não deixa de ser muito irônico. Isso seria algo impensável durante a guerra fria pois naqueles anos os russos eram os principais concorrentes dos americanos na chamada conquista do espaço. Hollywood sempre serviu como braço direito dessa ideologia de chegar primeiro do que os comunistas soviéticos, louvando a  coragem e o brio dos cosmonautas do Tio Sam mas aqui temos uma exceção interessante. “Apollo 13”, o filme, enfoca justamente a missão do vitorioso programa onde praticamente tudo deu errado. Para quem gosta de superstições o fato de ter sido a décima terceira missão já era um prato cheio mas o filme é mais do que isso, pois procura retratar da forma mais fiel possível tudo o que passou os tripulantes depois que algo aconteceu na nave deles – até hoje não se sabe com exatidão o que desencadeou toda  uma série de eventos que colocaram em grande risco a vida dos americanos. De qualquer forma, como eles mesmos avisaram para sua torre de comando, eles tinham um problema, um sério problema.

Liderados pelo comandante vivido por Tom Hanks o filme consegue driblar o fato de ser passado praticamente todo dentro de um pequeno espaço sem se tornar chato, cansativo ou maçante. Os diálogos técnicos também poderiam contribuir para tornar tudo enfadonho mas o diretor de posse de um roteiro bastante inteligente conseguiu superar tudo isso. O fato é que tudo é tão bem exposto, tão bem desenvolvido que o espectador realmente fica torcendo pela vida dos membros da Apollo 13, mesmo já sabendo como será o desfecho da história. Quando essa produção surgiu nas telas muitos ficaram intrigados porque não se fazia um filme sobre a Apollo 11, essa sim um grande êxito do programa espacial americano pois foi a missão que levou o primeiro homem à lua. Bom, dramaticamente falando a Apollo 11 não tem a mesma intensidade da história da Apollo 13. Naquela tudo saiu conforme planejado, além disso os próprios eventos foram assistidos pelo mundo afora ao vivo pela televisão então o impacto já foi grande nos próprios eventos reais. Já a Apollo 13, além de ser bem menos conhecida, ainda traz o suspense e a carga de emoções próprias de uma missão desastrada e mal sucedida. No saldo final temos aqui uma película que vai agradar não apenas aos interessados pelo tema da exploração espacial mas também para os fãs de filmes de suspense e tensão em geral. Um excelente momento do cinema da década de 90 que merece ser redescoberto.

Apollo 13 - Do Desastre ao Triunfo (Apollo 13, Estados Unidos, 1995) Direção: Ron Howard / Roteiro: William Broyles Jr., Al Reinert, baseado no livro de Jim Lovell e Jeffrey Kluger / Elenco: Tom Hanks, Bill Paxton, Kevin Bacon, Gary Sinise, Ed Harris, Kathleen Quinlan, Frank Cavestani, Jane Jenkins, Christian Clemenson, Roger Corman / Sinopse: Baseado em fatos reais o filme mostra os problemas enfrentados pela missão Apollo 13.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Todos os Homens do Presidente

Já que estamos vivendo mais um momento de grandes escândalos políticos envolvendo altos figurões do governo brasileiro que tal relembrar esse grande filme de temática levemente parecida? “Todos os Homens do Presidente” retrata os bastidores do chamado caso Watergate, um dos maiores escândalos políticos da história dos Estados Unidos que chegou a custar a presidência do governo Nixon. Encurralado e desmascarado por dois grandes jornalistas do Washington Post que foram a fundo em suas investigações, Nixon não encontrou outra saída e decidiu renunciar ao seu mandato em razão das enormes pressões envolvidas. E o que foi o Watergate? Simplesmente uma tática ilegal promovida pelo Partido Republicano para espionar as estratégias do Partido Democrata antes das eleições. Watergate era o prédio onde funcionava um dos escritórios centrais dos democratas e ele foi invadido na calada da noite pela liderança Republicana. O fato, considerado gravíssimo, colocou por terra o prestigio do Presidente Nixon que se vendo envolvido em um ato criminoso como esse acabou perdendo a presidência do país. Claro que se formos comparar com os nossos escândalos tupiniquins como Mensalão e outros absurdos, Watergate pode soar pueril, quase infantil pois aqui abaixo do Equador a coisa é bem mais barra pesada. De qualquer modo o filme, feito em tom semi-documental, mostra de forma até didática o trabalho desses dois jornalistas que desvendaram toda a história.

Outro aspecto interessante de toda essa história foi a participação de um misterioso personagem que serviu como fonte para os jornalistas. Usando do pseudônimo de “Garganta Profunda” ele passou valiosas informações que se revelaram verdadeiras conforme as investigações seguiam em frente. Os personagens principais do filme, os jornalistas Bob Woodward e Carl Bernstein do Post, são interpretados pelos grandes atores Robert Redford e Dustin Hoffman, respectivamente. Ambos lidam com um material mais intelectual, sem arroubos de ação ou algo do tipo. Suas atuações são sutis, programadas para envolver o espectador e no final se revelam extremamente bem realizadas. Redford no auge da carreira esbanja elegância e fibra. Hoffman não fica atrás. O filme foi dirigido por Alan J. Pakula, um militante do cinema mais socialmente engajado do ponto de vista político. Ele já tinha obtido ótimas críticas pelo seu filme anterior, “A Trama”, e manteve a excelência artística aqui também. Um diretor bastante autoral que em mais de uma dezena de filmes procurou sempre desenvolver grandes teses em tramas complexas e bem desenvolvidas, sempre mostrando o lado mais sórdido da vida política de seu país. Sem dúvida esse “Todos os Homens do Presidente” foi seu maior trabalho, sua obra prima, e que lhe trouxe maior reconhecimento. O sucesso tanto de crítica como de público lhe valeu a indicação de oito Oscars, perdendo injustamente o prêmio de melhor filme para “Rocky um Lutador”. Pelo menos acabou vencendo ainda em categorias importantes como Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Ator Coadjuvante (Jason Robards), Em conclusão aqui está uma das melhores produções de Hollywood sobre tema político. Um filme que traz para debate a importância da imprensa livre em um Estado democrático de Direito. Especialmente recomendado para estudantes de jornalismo e jornalistas em geral. Para esses realmente é um filme obrigatório pois discute ética na política e o papel da imprensa nesse processo de forma impecável.

Todos os Homens do Presidente (All the President's Men, Estados Unidos, 1976) Direção: Alan J. Pakula / Roteiro: William Goldman baseado no livro de Carl Bernstein e Bob Woodward / Elenco: Robert Redford, Dustin Hoffman, Jack Warden, Martin Balsam, Hal Holbrook, Jason Robards / Sinopse: "Todos os Homens do Presidente" mostra os bastidores do caso Watergate que levaria o Presidente americano Richard Nixo à renúncia.

Pablo Aluísio.

La Bamba

Cinebiografia do cantor americano de origem latina Ritchie Valens (1941 - 1959), cujo nome de batismo era Ricardo Esteban Valenzuela Reyes. Sua história é uma das mais trágicas da música norte-americana, pois morreu com apenas 17 anos em um acidente aéreo que vitimou também dois outros nomes famosos da primeira geração do Rock, Buddy Holly e Big Bopper. O acidente que chocou a nação ficou conhecido como o “dia em que a música morreu”. Dos três, Ritchie era o mais jovem e um dos mais promissores. Bom compositor e intérprete ele adaptou um velho sucesso latino “La Bamba” e com uma roupagem mais pop e rock alcançou uma excelente repercussão nas paradas de sucesso. Outros hits vieram como a romântica balada adolescente “Donna” e o bom rockabilly “Come On, Let´s Go”, uma das melhores músicas daquele período. Infelizmente tudo foi muito fugaz na vida de Valens, tanto que ele já estava praticamente esquecido na década de 80 quando o diretor, também de origem latina,  Luis Valdez, resolveu contar sua história no filme “La Bamba” que se tornou um grande sucesso em seu lançamento, fazendo sua trilha chegar aos primeiros lugares das paradas, só que desta vez sob novos arranjos e versões do grupo Los Lobos.

O roteiro é bem escrito e o filme tem boa estrutura, sempre mantendo a atenção mesmo o espectador sabendo de antemão tudo o que aconteceria na vida de Valens. O que vemos em cena é um jovem latino de origem humilde, louco por música, que sonhava um dia ser rico e famoso para ajudar sua família, formada por trabalhadores sazonais das plantações do sul da Califórnia. Assim como todo bom músico e compositor que se prezava, ele também tinha sua musa inspiradora, a bonita Donna Ludwig (Danielle von Zerneck), fonte de inspiração para várias de suas canções. Ritchie Valens é interpretado aqui pelo bom ator Lou Diamond Phillips em trabalho inspirado e com garra. Claro que a produção não é 100% fiel aos fatos históricos. Alguns detalhes não batem com a verdade dos fatos mas isso deve ser deixado de lado pois “La Bamba” é um filme tão carismático, tão redondinho que supera todas essas questões. No final das contas é uma bela homenagem a um jovem que sonhava ser ídolo da música para subir na vida através de sua arte e musicalidade. Além disso vai criar identificação imediata com os mais jovens pois esse é um sonho universal, até porque que adolescente nunca sonhou em um dia se tornar um rockstar? Uma pena que no caso de Ritchie Valens tudo tenha terminado em um terrível pesadelo.

La Bamba (La Bamba, Estados Unidos, 1987) Direção: Luis Valdez / Roteiro:Luis Valdez / Elenco: Lou Diamond Phillips, Danielle von Zerneck, Esai Morales, Elizabeth Peña, Rosanna DeSoto / Sinopse: Ritchie Valens é um jovem cantor que desponta nas paradas com sucessos como "La Bamba", "Donna" e "Come On, Let´s Go". Infelizmente sua escalada aos picos da fama será interrompida de forma trágica.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Hitler: Um Retrato de Família

“Die Hitlers - Eine Familiengeschichte” é um documentário alemão muito interessante que mostra as origens familiares do ditador Adolf Hitler. Algumas coisas ainda me deixam bem admirado nesse mundo. Uma delas é a fascinação que a figura de Adolf Hitler ainda exerce no mundo atual. Muitos ditadores já vieram após seu surgimento mas Hitler ainda continua despertando a curiosidade de muitos. Basta apenas ligar sua tv nos canais a cabo para verificar isso. Eu me recordo de apenas um documentário sobre a vida de Winston Churchill nesses canais mas de Hitler me  lembro de vários. Será que o mal exerce tanto poder assim ainda nos dias de hoje? Pelo número de livros, documentários e filmes sobre Adolf Hitler creio que sim. Esse “Hitler: Um Retrato de Família” vai mais longe. Tenta entender o líder nazista olhando para sua árvore genealógica. Hitler nasceu do casamento de dois primos, sendo seu pai bem mais velho que sua mãe. Seu pai aliás era um homem autoritário e violento que tentava impor sua vontade aos filhos na base do espancamento. Não deu muito certo com Hitler. Esse queria ser pintor e odiava a idéia de seguir os passos de seu pai, um funcionário público acomodado. O fato de vários parentes casarem-se entre si na família de Hitler pode dar alguma pista de sua personalidade fora do normal e psicótica mas isso é uma explicação simplista demais. Hitler não foi fruto apenas de uma genética inoportuna mas também do meio social e do contexto histórico em que viveu.

Após voltar da I Guerra Mundial Hitler se interessou pela política. Com a Alemanha em frangalhos ele foi com seu discurso raivoso ganhando degraus na escada do poder. Usando de uma retórica furiosa e seguido por um grupo de fies e leais seguidores seu partido nazista logo chegaria ao poder. Por trás do líder forte da Alemanha porém havia também um homem com vida familiar caótica. Apaixonado pela sobrinha viu a mesma se suicidar pouco tempo depois. Depois teve que lidar com outro sobrinho que fugiu para os EUA em campanha aberta contra o tio. Havia suas irmãs e um irmão que ganharam muito com a guerra e a ascensão política de Hitler. Todas essas histórias e muitas outras podem ser conferidas nesse documentário que está sendo exibido com freqüência na programação de nossas tvs por assinatura. Um dos pontos altos dessa produção é a exibição pela primeira vez de várias cenas captadas por Eva Braun de seu marido. Imagens captadas por uma pequena câmera portátil. São curiosas as tomadas pois vemos em cena um Hitler na intimidade, brincando com seu cão preferido e crianças, rindo e de bom humor, completamente à vontade em seu refúgio nos Alpes. Muito longe da visão oficial do Estado nazista que vendia a imagem de um líder infalível. Não deixa de ser incrível saber que um homem como aquele, de gestos educados e elegantes, que gostava de pintura e música, era o mesmo que dirigia uma máquina industrial de morte que enviava para fornos crematórios e câmeras de gás mulheres, velhos e crianças judeus. Muito provavelmente essa dualidade em sua personalidade seja o grande chamariz de sua figura pública até mesmo nos dias atuais. Um personagem histórico contraditório e complexo, responsável direto pela morte de milhões de pessoas e que ainda sucinta terror e pavor em muitos sobreviventes do holocausto nazista. O documentário não desvenda esse lado do ditador mas serve para jogar mais uma luz nesse enigma chamado Adolf Hitler.

Hitler: Um Retrato de Famíla (Die Hitlers - Eine Familiengeschichte, Alemanha, 2005) Direção: Kai Christiansen / Roteiro: Kai Christiansen, Wolfgang Zdral / Sinopse: Documentário Alemão que tenta desvendar a personalidade do ditador Adolf Hitler por meio de seus antepassados e familiares.

Pablo Aluísio.

Tron O Legado

Título no Brasil: Tron O Legado
Título Original: Tron Legacy
Ano de Produção: 2010
País: Estados Unidos
Estúdio: Walt Disney Pictures
Direção: Joseph Kosinski
Roteiro: Edward Kitsis, Adam Horowitz
Elenco: Jeff Bridges, Michael Sheen, Olivia Wilde, John Hurt
  
Sinopse:
Décadas após os acontecimentos do primeiro filme e do desaparecimento de Kevin Flyyn (Jeff Bridges), seu filho Sam (Garret Hedlund) resolve desvendar o mistério de seu sumiço. Não tardará para que ele também consiga adentrar o universo virtual de Tron para enfrentar inúmeros perigos. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhores Efeitos Sonoros (Gwendolyn Yates Whittle e Addison Teague).

Comentários:
“Tron Uma Odisséia Eletrônica” foi considerado um projeto ousado na época de seu lançamento há exatos 30 anos. Esse “Tron O Legado” tenta seguir o fio da meada do primeiro filme, obviamente se aproveitando do avanço atual em que se encontra os efeitos digitais no cinema. O problema é que já se passou muito tempo do primeiro filme e os que gostaram dele na época já não são mais os mesmos que frequentam as salas de cinema hoje em dia. Como se sabe o grande público hoje é formado basicamente por jovens e adolescentes. Logo a maioria nunca assistiu ao primeiro filme e só conheceu Tron de nome mesmo (isso se conhecer realmente). Assim estamos na presença de uma continuação muito tardia que tenta seguir os eventos do filme anterior sem muito sucesso. Por essa razão o roteiro se torna um pouco confuso e truncado – personagens surgem do nada e o roteiro conta com o fato, pouco provável, de que o espectador conheça ou se lembre de todos eles lá do filme de 1982. Não é o caso da esmagadora maioria dos que pagaram para ver esse “Tron o Legado”. O que se salva no meio de tudo isso realmente é a qualidade inegável de suas cenas no aspecto técnico. Se em 1982 tudo soava como algo bem primitivo, agora os efeitos se mostram bem mais eficientes e absurdamente bem produzidos. A Disney também optou por uma escolha inteligente pois ao mesmo tempo em que abraça a nova tecnologia também procura respeitar o design da primeira produção, tentando manter o mesmo universo, com as mesmas ideias e praticamente a mesma direção de arte. Claro que se formos comparar com o filme original a diferença será substancial em termos de qualidade dos efeitos, mas isso é, de qualquer forma, um mero detalhe. O roteiro desse novo Tron não é muito inspirado. No fundo é a velha trama envolvendo o bem contra o mal só que em um mundo cibernético e virtual. Ao custo de 170 milhões de dólares – um orçamento robusto – o filme aos trancos e barrancos e amparado por marketing agressivo conseguiu se tornar um sucesso apenas razoável de bilheteria, não talvez ao ponto de virar uma nova franquia. De qualquer modo o filme é indicado tanto para os quarentões que viram o primeiro filme na sua infância como também para os que estão chegando agora nesse mundo singular.

Pablo Aluísio.

A Jaula

Com a popularidade cada vez mais crescente do MMA era de se esperar que mais cedo ou mais tarde a moda iria para o cinema. Esse “A Jaula” é justamente isso, uma tentativa de atrair o público das lutas para o filme. O roteiro é bem simplório e o orçamento modesto. No fundo o que se acompanha mesmo são as várias sequências de lutas, todas realizadas na chamada “Jaula”, um lugar dentro da prisão onde apostas são feitas de forma ilegal. Contando com o apoio do diretor corrupto um prisioneiro chamado Anton Vargas (Vinnie Jones) promove apostas e fica cada vez mais rico e poderoso com elas. A coisa toda fica ainda mais interessante depois que é armada uma simulação para colocar em cana o policial Danny (Tony Schiena) que inclusive colocou vários dos detentos atrás das grades. Agora todos querem destruí-lo no ringue e ele não terá como escapar de também entrar na jaula para lutar por sua vida.

“A Jaula” se apoia bastante nos combates entre os presos mas até nisso se revela não muito promissor. Não há nenhum grande combate digno de nota. Obviamente como o elenco conta com lutadores profissionais da modalidade a pancadaria é pelo menos competente mas é muito pouco. Há uma tentativa de dar algum conteúdo para o personagem Danny, lhe dando uma vida emocional e de amizade com outro detento mais velho que começa a lhe servir como treinador mas fora isso tudo é bem raso e derivativo. Há personagens caricaturais – inclusive uma policial oriental que usa uma peruca esquisita – e excesso de machismo (as mulheres só aparecem para transar com os grandalhões) mas isso não será problema para os adeptos do cinema estilo casca grossa. Se você gosta de pancadaria e filmes com lutas ao modelo MMA arrisque, possa ser que venha ser do seu agrado.

A Jaula (Locked Down, Estados Unidos, 2011) Direção: Daniel Zirilli / Roteiro: D. Glase Lomond, Daniel Zirilli / Elenco: Tony Schiena, Dave Fennoy, Vinnie Jones / Sinopse: Policial é acusado injustamente e enviado para uma penintenciária de segurança máxima onde são realizadas lutas na chamada "Jaula".

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Os Cinco Rapazes de Liverpool

Definitivamente o melhor filme já realizado sobre as origens dos Beatles. O foco é voltado basicamente para os meses em que a banda esteve em Hamburgo se apresentando em boates de strip tease de má reputação e casas de shows de quinta categoria. Eram jovens, inexperientes mas acima de tudo corriam atrás do sonho de um dia se tornarem famosos no mundo inteiro. É justamente esse o ponto mais relevante do filme pois capta o momento da juventude dos rapazes de Liverpool quando tudo era possível e não havia limites para sonhar. O roteiro é caprichado, muito fiel do ponto de vista histórico e resgata a figura de Stuart Stutcliffe do esquecimento. Ele era o melhor amigo de John Lennon na época, um companheiro de farras que o guitarrista integrou ao grupo, mesmo não sando músico e não sabendo tocar direito nenhuma nota. De fato em Hamburgo os Fab Four eram na realidade cinco. Esse fato inusitado inclusive deu origem a um dos lemas publicitários do filme que até hoje soa bem bolado. Dizia o poster original de Backbeat: “Conheça John, Paul, George, Pete e... Stu?!” Além de Stuart outra personagem dos primórdios do grupo ganha também destaque nessa produção: a artista plástica Astrid Kirchherr (interpretada pela linda Sheryl Lee no auge de sua beleza). Astrid não era apenas a namorada de Stu mas também uma pessoa influente entre os Beatles, tanto que teve papel fundamental na mudança de visual do grupo. Saiu o estilo “Teddy Boy” com muito couro negro e entrou uma imagem mais sofisticada, com cabelos lisos de franjas – que se tornaria a marca registrada do grupo em sua primeira fase.

John Lennon é interpretado em Backbeat pelo ótimo ator Ian Hart. Sua caracterização realmente é perfeita, inclusive conseguindo reproduzir perfeitamente o timbre de voz característico de Lennon. De fato temos que admitir que todos os Beatles estão bem caracterizados em cena, exceto talvez Pete Best que surge bastante apagado dentro do roteiro (talvez porque ele logo tenha sido tirado do conjunto sendo substituído por Ringo Starr que tinha mais carisma e presença de palco). O roteiro não tem medo também em tocar em temas polêmicos como a morte de Stuart Stutcliffe. Morto precocemente na flor da idade por causa de um problema cerebral. Durante anos rolou um boato de que o próprio John Lennon teria algo a ver com seu problema de saúde. Lennon era um sujeito brigão na juventude e vivia se metendo em brigas de bar. Consta em algumas versões que foi durante uma dessas brigas de rua que Stu foi severamente ferido ao ter sua cabeça batida em um muro. Verdade ou ficção? Nunca saberemos. O que porém podemos ter certeza é que Backbeat é um ótimo retrato do grupo em seu início. É o verdadeiro Gênesis dos Beatles. Quem diria que aqueles garotos iriam se transformar no conjunto de rock mais popular da história? Coisas do destino. Assista ao filme e tente entender os caminhos que levaram os rapazes de Liverpool para esses picos da glória, da fama e do sucesso.

Os Cinco Rapazes de Liverpool (Backbeat, Estados Unidos, 1994) Direção: Iain Softley / Roteiro: Iain Softley, Michael Thomas, Stephen Ward / Elenco: Stephen Dorff, Ian Hart, Sheryl Lee, Rob Spendlove, Jennifer Ehle, Gary Bakewell, Chris O'Neill, Frieda Kelly / Sinopse: O filme acompanha o começo da carreira do grupo musical The Beatles. Aqui vemos os cinco rapazes ingleses de Liverpool tentando alcançar o sucesso em Hamburgo na Alemanha.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Face Oculta

Essa é uma pequena obra prima, praticamente desconhecida do grande público que sinceramente mal sabe o que está perdendo. O filme tem um começo que em nada nos faz pensar que algo de interessante vai acontecer com o desenrolar do filme. Mero engano. O filme cresce muito pois o cotidiano da pequena Peacock vai revelando coisas bizarras e terríveis. O filme me lembrou muito Psicose de Hitchcock pelas razões que não irei revelar aqui pois corre-se o risco de simplesmente estragar o filme para quem vai assistir pela primeira vez. 

Basta dizer que esse é um thriller psicológico classe A. Ideal para estudantes de psiquiatria forense. O ator Cillian Murphy dá show de interpretação. O papel que faz exige bastante e ele se saí extremamente bem. Embora não seja muito conhecido de nome todos logo vão se lembrar dele por seu papel mais popular, o de Espantalho do filme Batman. A ótima atriz Ellen Page também faz um dos principais papéis, a de uma típica "white Trash" do sul dos EUA, com um filho e sem perspectiva nenhuma na vida. Completando o elenco ainda temos Susan Sarandon, excelente como sempre. Se não assistiu ainda corra para ver pois esse filme é pra lá de interessante. 

Face Oculta (Peacock, Estados Unidos, 2010) Direção: Michael Lander / Roteiro: Michael Lander, Ryan O Roy / Elenco: Cillian Murphy, Ellen Page, Susan Sarandon, Josh Lucas, Bill Pullman, Graham Beckel, Keith Carradine, Eden Bodnar, Chris Carlson, Flynn Milligan, Virginia Newcomb, Jaimi Paige / Sinopse: Um acidente de trem numa cidadezinha do meio oeste americano revela um grande secreto envolvendo um pacato bancário da região.  

Pablo Aluísio.

O Talentoso Ripley

Título no Brasil: O Talentoso Ripley
Título Original: The Talented Mr. Ripley
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Miramax, Paramount Pictures
Direção: Anthony Minghella
Roteiro: Anthony Minghella
Elenco: Matt Damon, Gwyneth Paltrow, Jude Law, Cate Blanchett, Philip Seymour Hoffman, Jack Davenport
  
Sinopse:
Tom Ripley (Matt Damon) não é um sujeito comum. Ele tem o dom natural para copiar o modo de ser das pessoas, além de as manipular com maestria. Ao viajar para a Europa ele acaba se aproximando do casal formado por Dickie Greenleaf (Jude Law) e Marge Sherwood (Gwyneth Paltrow). No começo ele parece ser apenas uma pessoa agradável e amigável, mas logo surgem suspeitas sobre as suas reais intenções.

Comentários:
Boa adaptação do romance escrito por Patricia Highsmith. O enredo é tecido sobre as sutilezas do comportamento humano, mostrando que nem sempre uma amizade pode ser criada apenas por sentimentos nobres e verdadeiros. Um aspecto curioso é que o filme, apesar de ser americano, procurou copiar o melhor do estilo do cinema europeu. Por isso, para muitos, o filme tem um ritmo um pouco arrastado, quase parando. Essa crítica é porém injusta. Como a trama é baseada em nuances comportamentais, era mesmo de se esperar que existisse um certo tempo para desenvolver todas elas. Melhor para o elenco que assim teve a oportunidade de dar o melhor de si em termos de atuação. Embora todo o trio protagonista esteja muito bem (até o limitado Matt Damon se sobressai), eu gostaria de dar o devido crédito para o grande (em todos os aspectos) Philip Seymour Hoffman. Ele não tem um grande papel dentro da trama, isso é verdade, mas acaba roubando o show em todos os momentos em que surge na tela. Sua morte, causada por uma overdose acidental, deixou um vácuo muito grande dentro da indústria americana de cinema. Por fim, a título de informação, é importante salientar que "The Talented Mr. Ripley" virou uma espécie de queridinho da crítica americana em seu lançamento, o que proporcionou ao filme ser indicado a cinco categorias no Oscar, incluindo Melhor Ator (Jude Law), Melhor Roteiro Adaptado (para o próprio diretor Anthony Minghella que também escreveu o texto do roteiro) e Melhor Direção de Arte (para a dupla formada por Roy Walker e Bruno Cesari, em um reconhecimento mais do que merecido). Então é isso, um filme americano com todo o jeitão do elegante cinema europeu, em uma espécie de estudo da alma humana em frangalhos. Incisivo, mordaz e cruel nas medidas certas.

Pablo Aluísio.

domingo, 16 de setembro de 2012

Flores do Oriente

Durante a invasão japonesa na China um grupo de refugiados de guerra fica encurralado dentro de uma Igreja Católica em Nanjing. John Miller (Christian Bale) é um agente funerário americano que finge ser um padre para escapar da morte. Ao seu lado se encontram alunas do convento e várias prostitutas que entraram no local fugindo das tropas imperiais japonesas. "Flores do Oriente" é uma produção entre China e Estados Unidos que denuncia os crimes de guerra do Japão em 1937 quando o exército daquele país promoveu massacres e barbaridades contra a população civil local. É bem conhecido a selvageria das tropas japonesas nas cidades invadidas da China. Roubos, chacinas, torturas, execuções sumárias e estupros eram recorrentes e comuns. No fundo os soldados do imperador se comportaram como verdadeiros selvagens, bárbaros insanos, sem um pingo de civilidade ou respeito aos direitos humanos. Na estória do filme, baseado em fatos reais, a situação é muito delicada pois as alunas do convento eram crianças em essência e os japoneses obviamente queriam promover um estupro coletivo contra elas. Uma barbaridade inominável. Eram animais e agiam como tais.

Tudo em nome de um regime brutal comandado por um Imperador que o Japão considerava uma divindade. No fundo o Imperador Hiroito era apenas um sujeito baixinho, míope e com os dentes tortos, mas enfim. "Flores do Oriente" é muito bem produzido com ótima reconstituição de época. A cidade de Nanjing surge arrasada em cena, com corpos apodrecendo pelas ruas mostrando toda a selvageria do exército do sol nascente. O elenco é liderado por Christian Bale que curiosamente já havia participado de um filme cuja trama se passava praticamente na mesma época quando era apenas um garotinho, "Império do Sol" de Steven Spielberg. Em suma, "Flores do Oriente" serve não apenas como denúncia dos crimes cometidos mas também como reflexão pois mostra que em tempos de guerra todos os freios morais, humanos e legais simplesmente desaparecem, principalmente quando existe uma ideologia brutal por trás de tudo.

Flores do Oriente (Jin Lín Shí San Chai / The Flowers of War, Estados Unidos, Japão, 2011) Direção: Yimou Zhang / Roteiro: Heng Liu / Elenco: Christian Bale, Paul Schneider, Shigeo Kobayashi, Ni Ni, Xinyi Zhang, Atsurô Watabe, Shawn Dou, Yuan Nie, Tianyuan Huang, Kefan Cao, Takashi Yamanaka / Sinopse: Grupo de refugiados de guerra ficam encurralados numa Igreja Católica durante a brutal invasão japonesa na cidade de Nanjing na China.

Pablo Aluísio.

As Crônicas de Spiderwick

Após o fim do casamento de seus pais dois irmãos gêmeos, sua irmã e sua mãe vão morar em uma antiga casa em ruínas. Ao encontrarem um livro mágico são transportados para um mundo de fantasia onde habitam fantásticas criaturas. Baseado na série de livros homônima de Tony DiTerlizzi e Holly Black o filme "As Crônicas de Spiderwick" vai certamente cair no gosto dos mais jovens pois segue basicamente a trilha deixada por outros sucessos do cinema como a franquia "O Senhor dos Anéis", "História Sem Fim" e "Labirinto". A tônica obviamente é de fantasia, realismo fantástico, onde convivem os jovens da família ao lado de seres imaginários e mágicos. A produção é caprichada, tudo de extremo bom gosto na direção de arte. Os jovens atores são carismáticos e seguram bem as pontas. No núcleo mais adulto se destaca Mary-Louise Parker como a mãe dos garotos. 

O diretor Mark Waters já tem experiência em filmes que mostrem o universo juvenil. Seu maior êxito foi "meninas Malvadas", um excelente retrato da vida de jovens americanas no High School (equivalente ao nosso ensino médio). Também se destacou em "Sexta Feira em Apuros", um dos melhores filmes sobre troca de identidades, outro estrelado pela atriz Lindsay Lohan. Seu filme mais recente foi "Os Pinguins do Papai" com Jim Carrey, uma produção mais voltada para o público infantil. Em suma, se você gosta de filmes de fantasia, ambientados em universos mágicos ao estilo conto de fadas esse "As Crônicas de Spiderwick" pode certamente ser uma boa opção.  

As Crônicas de Spiderwick (The Spiderwick Chronicles, Estados Unidos, 2008) Direção: Mark Waters / Roteiro: Karey Kirkpatrick, David Berenbaum, John Sayles / Elenco: Freddie Highmore, Sarah Bolger, Seth Rogen, Mary-Louise Parker, David Strathairn, Izabella Miko / Sinopse: Após o fim do casamento de seus pais dois irmãos gêmeos, sua irmã e sua mãe vão morar em uma antiga casa em ruínas. Ao encontrarem um livro mágico são transportados para um mundo de fantasia onde habitam fantásticas criaturas.

Pablo Aluísio .

sábado, 15 de setembro de 2012

Hick

Luli McMullen (Chloë Grace Moretz) é uma garota de 13 anos que tem uma vida familiar disfuncional. Sua mãe é irresponsável, infiel e não lhe dá apoio e nem atenção. Seu pai é um bêbado incurável, sempre chamado por sua mãe de fracassado. Cansada dessa vida de brigas e bebedeiras ela resolve certa manhã simplesmente ir embora de casa. Coloca na bolsa seus poucos pertences pessoais, entre eles uma arma .45 que ganhou de aniversário, e parte para a estrada atrás de carona. Pretende ir para Las Vegas com o objetivo de começar vida nova. Pelo caminho vai encontrando os tipos mais incomuns como Glenda (Blake Lively), uma viciada em cocaína, e um cowboy manco (Eddie Redmayne) que se apaixona por ela. Esse "Hick" faz parte daquele subgênero americano conhecido como "Road Movie". O enredo é todo passado na estrada, com personagens marginais em situações extremas. A garotinha interpretada por Chloë Grace Moretz é uma adolescente que não aguenta mais sua vida familiar e resolve partir para conhecer o mundo lá fora. O que encontra são almas perdidas, pessoas sem esperança, vivendo no limite. 

O filme é interessante porque é desenvolvido sob o ponto de vista da jovem. Ela gosta de desenhar e assim vai fazendo esboços das pessoas que conhece pelo meio do caminho. Obviamente que por ser tão jovem ela se expõe a todos os tipos de riscos, inclusive sexuais, mas o filme nesse aspecto não vai até as últimas consequências, poupando o espectador de detalhes mais sórdidos ou ofensivos. A estória é baseada na novela de Andrea Portes e tem toques autobiográficos pois a autora também fugiu de casa na adolescência. Misturando fatos reais com ficção o resultado é muito bom, bem interessante e até mesmo cativante em relação aos sonhos da jovem garota. Em resumo "Hick" é uma boa pedida para quem estiver em busca de filmes com temáticas mais alternativas, diferenciadas. Vale a indicação certamente.  

Caipira (Hick, Estados Unidos, 2012) Direção: Derick Martini / Roteiro: Andrea Portes / Elenco: Chloë Grace Moretz, Eddie Redmayne, Juliette Lewis, Blake Lively, Alec Baldwin / Sinopse: Uma adolescente resolve fugir de casa por não aguentar mais o caótico ambiente familiar. No caminho para Las Vegas encontra pessoas incomuns e exóticas.  

Pablo Aluísio.

Por Uma Noite Apenas

Max Carlyle (Wesley Snipes) é um bem sucedido profissional que consegue conciliar o sucesso na carreira com uma bem estruturada família. Ao visitar um amigo de longa data que sofre de Aids, Charlie (Robert Downey Jr.), ele por acaso acaba conhecendo a sensual Karen (Nastassja Kinski). Após uma breve aproximação materializada numa aventura de apenas uma noite, ambos acabam se reencontrando tempos depois com consequências para todos. Detalhe: ela também era casada! "Por Uma Noite Apenas" é uma tentativa de mudança de ares na carreira de Wesley Snipes. Aqui ele tenta emplacar como galã, embora o resultado tenha sido bem abaixo das expectativas. Ao seu lado ressurge em cena a bela Nastassja Kinski que tanto sucesso fez na década de 80 mas que andava realmente sumida das telas e dos palcos. Em termos de elenco o curioso mesmo é ver Robert Downey Jr em papel coadjuvante servindo de escada para os demais atores que interpretam os personagens centrais. Downey Jr estava passando por problemas profissionais decorrentes do uso abusivo de drogas e tinha que aceitar o que lhe aparecia pela frente. Aqui ele está correto mas contido.

"Por Um Noite Apenas" foi dirigido e roteirizado pelo cineasta Mike Figgis. Seu texto é uma vitrine das complicadas relações amorosas do mundo atual onde traições ocorrem a todo momento por variados motivos. No caso o personagem de Wesley Snipes representa o homem bem sucedido tanto do ponto de vista profissional quanto familiar, que não precisava em hipótese algum trair sua esposa mas o faz sem motivo aparente. A traição pela simples traição. Obviamente que o roteiro coloca algumas armadilhas moralistas no meio do caminho dos personagens infiéis. Mas mesmo esse viés conservador não atrapalha a produção em si, que é muito chic, sofisticada. Vale a pena ser conhecido e assistido por pelo menos uma vez. Um filme diferente que levanta bons temas sobre os motivos da traição masculina no dias que se seguem.

Por Uma Noite Apenas (One Night Stand, Estados Unidos, 1997) Direção: Mike Figgis / Roteiro: Mike Figgis / Elenco: Wesley Snipes, Nastassja Kinski, Robert Downey Jr.,Ming-Na, Kyle MacLachlan / Sinopse: Um homem e uma mulher casados resolvem trair seus conjuges numa noite trazendo várias consequências para suas vidas pessoais.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

O Leitor

Dentro da atual situação do cinema americano, onde prevalecem as produções infanto-juvenis, uma obra como "O Leitor" é mais do que bem-vinda. Aqui temos um filme com temática adulta, muito sutil e de bom gosto, tocando em assuntos delicados de forma muito sensível e talentosa. O roteiro é baseado no romance "Der Vorleser" do escritor alemão Bernhard Schlink e mostra a aproximação de uma mulher mais velha, já madura, com um rapaz que se oferece como leitor de livros de sua escolha. Hanna Schmitz (Kate Winslet) tem um passado nebuloso e violento que tenta esconder da melhor forma possível. Já o jovem Michael (David Kross) não parece se importar com o passado dela mas sim com o seu presente. Não tarda para que ele crie uma avassaladora paixão por Hanna. O mais interessante nesse argumento é o fato de mostrar o lado sensual e amoroso de pessoas que são essencialmente vistas pela sociedade como indivíduos desprovidos dessas qualidades. É o caso de Hanna que durante a II Guerra Mundial havia servido em funções de carrasco para o regime nazista. Alguém consegue imaginar sensualidade e desejo sexual em uma nazista convicta? Essa é a proposta subliminar no filme. De certa forma a produção tenta desmistificar essa visão que insiste em colocar fora da categoria humana antigos colaboradores do regime mais brutal que já foi exercido na história. 

"O Leitor" acabou sendo bastante elogiado em seu lançamento, de forma justa e merecida aliás. Um dos grandes trunfos do filme é a atuação da atriz Kate Winslet. Deixando definitivamente os dias de "Titanic" para trás ela aqui desenvolveu um de seus melhores trabalhos, talvez o melhor. Sua personagem tem uma extensa gama de emoções e sentimentos conflitantes a expor na tela mas Kate consegue com muita delicadeza expor tudo isso em cena. O fruto de uma atuação tão sensível e comovente veio na forma de prêmios após a exaltação de sua atuação. Kate Winslet venceu o Oscar, o Globo de Ouro e o Bafta, os três mais importantes prêmios do cinema. Como se não bastasse ajudou "O Leitor" a ser reconhecido em seu conjunto, colaborando decisivamente para que o filme fosse indicado a várias outras categorias da Academia como Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Fotografia. Um saldo final merecido para uma bela obra cinematográfica.  

O Leitor (The Reader, Estados Unidos, 2008) Direção: Stephen Daldry / Roteiro: David Hare, baseado no livro "Der Vorleser" do escritor alemão Bernhard Schlink / Elenco: Kate Winslet, Ralph Fiennes, Bruno Ganz, Alexandra Maria Lara, David Kross / Sinopse: O filme mostra o romance entre uma mulher mais velha, Hanna Schmitz (Kate Winslet), e o jovem Michael (David Kross) durante o pós segunda guerra mundial. 

Pablo Aluísio.