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sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Billy Elliot

Esse filme foi baseado em fatos reais. É a singela história de um garoto cujo pai quer que ele se torne lutador de boxe. Por isso o matricula na academia do bairro. O menino é franzino, magro, não muito adequado para um esporte tão violento, que exige tanto do aspecto físico. Assim acaba acontecendo o óbvio: ele leva uma dúzia de surras no ringue. O pai, um mineiro, porém não quer saber, acha que ele vai ficar mais durão com esse tipo de lição. Só que o pior acontece (sob o ponto de vista do pai, claro) quando Billy começa a prestar atenção nas meninas que dançam ballet numa sala ao lado onde ele treina boxe. Ele fica encantando com a dança, com a beleza e a suavidade dos movimentos. Logo compra (escondido) um par de sapatilhas e começa a frequentar as aulas de ballet ao lado das meninas. Imagine quando o pai descobre toda a verdade...

O roteiro é bem humano e desnuda o preconceito, a visão estreita e a estupidez de certa pessoas (em especial do pai do garoto). O fato dele dançar ballet não o tornava obviamente um homossexual, longe disso. Porém como explicar isso a um turrão do interior? Pela bela mensagem que passa, focando na tolerância e no respeito pelas escolhas de cada pessoa, o filme acabou sendo indicado a três prêmios no Oscar, entre eles o de Melhor Roteiro, o que foi um grande feito para um filme como esse, de pequeno orçamento e produção modesta. Depois a história do Billy Elliot acabou sendo encenada de novo nos mais concorridos palcos de teatro de Nova Iorque e Londres, alcançado o mesmo (e merecido) sucesso.

Billy Elliot (Billy Elliot, Inglaterra, França, 2000) Direção: Stephen Daldry / Roteiro: Lee Hall / Elenco: Jamie Bell, Julie Walters, Jean Heywood / Sinopse: Um garoto sonha em aprender a dançar ballet, mas para isso vai ter que superar os preconceitos de seu pai, um mineiro das minas de carvão, que acha que isso é coisa de homossexual. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Direção (Stephen Daldry), Melhor Atriz Coadjuvante (Julie Walters) e Melhor Roteiro Original (Lee Hall). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama e Melhor Atriz Coadjuvante (Julie Walters). Vencedor do BAFTA Awards nas categorias de Melhor Filme Britânico, Melhor Atriz Coadjuvante (Julie Walters) e Melhor Ator (Jamie Bell).

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

As Horas

Três linhas narrativas. Três excelentes atrizes. Um grande filme. Assim poderia resumir esse maravilhoso “As Horas”. Na trama acompanhamos três estórias envolvendo três mulheres em épocas diferentes mas com algo em comum: a impossibilidade de alcançar a verdadeira felicidade. Na primeira estória surge a figura da consagrada autora Virginia Woolf (interpretada com maestria por Nicole Kidman, perfeita, no papel que lhe valeu o Oscar e o Globo de Ouro de melhor atriz). Grande talento nas letras ela vive um drama em sua vida pessoal. Sofrendo de uma forte depressão e outros problemas mentais não consegue mais ter o controle sobre sua própria vida. Ela é casada com um homem que parece estar disposto a fazer tudo por sua felicidade mas essa parece cada vez mais distante e inatingível. A vida perdeu o próprio sentido de ser. Enquanto escreve seu grande livro, “Mrs Dalloway” (publicado em 1925), ela vai afundando em seus próprios dramas pessoais até que resolve tomar uma atitude extrema. Na segunda estória, passada na década de 50, conhecemos Laura Brown (Julianne Moore), uma dona de casa infeliz com a rotina de um casamento frustrante e banalizado. O marido a ama e tenta agradar mas ela, muito tímida e sempre melancólica, não consegue encontrar mais motivações para seguir em frente. Lendo “Mrs Dalloway” ela acaba se identificando com a forma de ver o mundo da protagonista do famoso romance.
   
A terceira e última linha narrativa de “As Horas” traz o espectador para a Nova Iorque dos dias atuais. É lá que vive a bem sucedida editora de livros Clarissa Vaughan (Meryl Streep). Ela tem um relacionamento estável com outra mulher há longos dez anos mas parece incapaz de esquecer o grande amor de sua vida, o escritor Richard (Ed Harris) que está morrendo de AIDS lentamente. Embora tenha uma vida complicada com agenda cheia ela não perde a oportunidade de visitá-lo, afinal ele é o amor platônico, idealizado, nunca superado de sua vida sentimental. Ela almeja organizar uma grande festa para trazer o prazer de viver novamente a Richard, mas esse, vendo o final se aproximando, tem outros planos. “As Horas” é um filme sensível mas também doloroso, pesado, não recomendado para pessoas que tenham algum tipo de depressão. O seu texto não procura amenizar o espectador nem trazer algum tipo de falsa esperança para as vidas frustrantes de seus personagens. No fundo todos parecem estar mergulhados na mesma melancolia de viver da personagem principal do livro de Virginia Woolf. São mulheres vivendo em tempos diferentes mas que compartilham o mesmo sentimento de frustração, infelicidade e falta de perspectivas em suas vidas. A falta da realização pessoal, a impossibilidade de alcançar uma existência plena são os temas centrais desse filme realmente marcante. Uma obra prima do cinema que merece todos os elogios e prêmios que recebeu em seu lançamento.

As Horas (The Hours, Estados Unidos, Inglaterra, 2002) Direção: Stephen Daldry / Roteiro: David Hare, baseado no livro de Michael Cunningham / Elenco:  Meryl Streep, Julianne Moore, Nicole Kidman, Ed Harris, Toni Collette, Claire Danes, Jeff Daniels / Sinopse: Três mulheres vivendo em épocas diferentes passam pelo drama de não conseguir alcançar a verdadeira felicidade.  Vencedor do Oscar na categoria de Melhor Atriz (Nicole Kidman). Indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator Coadjuvante (Ed Harris), Melhor Atriz Coadjuvante (Julianne Moore), Melhor Figurino, Melhor Edição, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Trilha Sonora. Vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme Drama e Melhor Atriz Drama (Nicole Kidman).

Pablo Aluísio

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

O Leitor

Dentro da atual situação do cinema americano, onde prevalecem as produções infanto-juvenis, uma obra como "O Leitor" é mais do que bem-vinda. Aqui temos um filme com temática adulta, muito sutil e de bom gosto, tocando em assuntos delicados de forma muito sensível e talentosa. O roteiro é baseado no romance "Der Vorleser" do escritor alemão Bernhard Schlink e mostra a aproximação de uma mulher mais velha, já madura, com um rapaz que se oferece como leitor de livros de sua escolha. Hanna Schmitz (Kate Winslet) tem um passado nebuloso e violento que tenta esconder da melhor forma possível. Já o jovem Michael (David Kross) não parece se importar com o passado dela mas sim com o seu presente. Não tarda para que ele crie uma avassaladora paixão por Hanna. O mais interessante nesse argumento é o fato de mostrar o lado sensual e amoroso de pessoas que são essencialmente vistas pela sociedade como indivíduos desprovidos dessas qualidades. É o caso de Hanna que durante a II Guerra Mundial havia servido em funções de carrasco para o regime nazista. Alguém consegue imaginar sensualidade e desejo sexual em uma nazista convicta? Essa é a proposta subliminar no filme. De certa forma a produção tenta desmistificar essa visão que insiste em colocar fora da categoria humana antigos colaboradores do regime mais brutal que já foi exercido na história. 

"O Leitor" acabou sendo bastante elogiado em seu lançamento, de forma justa e merecida aliás. Um dos grandes trunfos do filme é a atuação da atriz Kate Winslet. Deixando definitivamente os dias de "Titanic" para trás ela aqui desenvolveu um de seus melhores trabalhos, talvez o melhor. Sua personagem tem uma extensa gama de emoções e sentimentos conflitantes a expor na tela mas Kate consegue com muita delicadeza expor tudo isso em cena. O fruto de uma atuação tão sensível e comovente veio na forma de prêmios após a exaltação de sua atuação. Kate Winslet venceu o Oscar, o Globo de Ouro e o Bafta, os três mais importantes prêmios do cinema. Como se não bastasse ajudou "O Leitor" a ser reconhecido em seu conjunto, colaborando decisivamente para que o filme fosse indicado a várias outras categorias da Academia como Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Fotografia. Um saldo final merecido para uma bela obra cinematográfica.  

O Leitor (The Reader, Estados Unidos, 2008) Direção: Stephen Daldry / Roteiro: David Hare, baseado no livro "Der Vorleser" do escritor alemão Bernhard Schlink / Elenco: Kate Winslet, Ralph Fiennes, Bruno Ganz, Alexandra Maria Lara, David Kross / Sinopse: O filme mostra o romance entre uma mulher mais velha, Hanna Schmitz (Kate Winslet), e o jovem Michael (David Kross) durante o pós segunda guerra mundial. 

Pablo Aluísio.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Tão Forte e Tão Perto

Garoto Nova-iorquino (Thomas Horn) tem um relacionamento muito especial com seu pai (Tom Hanks) um joalheiro que adora ciência e enigmas. Sua vida infelizmente acaba virando de cabeça para baixo após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. O filme "Tão Forte e Tão Perto" foi considerado o azarão do Oscar desse ano. Ninguém esperava que o filme acabasse sendo indicado entre os melhores do ano. Muitos consideram a produção fraca e sem maiores méritos. Eu discordo. Gostei do enredo, de seu desenvolvimento e principalmente de sua conclusão. Filmes que mostram relacionamentos entre pai e filho costumam desandar para o dramalhão ou então para a xaropada mas "Tão Forte e Tão Perto" não cai nessa armadilha. O filme se apoia bastante na figura do garoto (que tem muita pinta de sofrer da síndrome de Asperger). Tentando resolver o último enigma deixado por seu pai ele vira Nova Iorque ao avesso e acaba conhecendo pessoas, lugares e novas situações. O ator mirim Thomas Horn recebeu algumas críticas por ser pouco carismático ou chato. Acho injusto uma vez que seu personagem é dessa forma e não poderia ser diferente.

Uma das maiores curiosidades de "Tão Forte e Tão Perto" é o elenco de apoio formado por grandes nomes. Tom Hanks faz o paizão bonachão. Espero que ele na vida real não esteja tão gordo como mostrado no filme. Sua participação é pequena mas essencial. Já a mãe é interpretada por uma envelhecida Sandra Bullock que também não aparece muito mas que mantém o bom nível quando surge em cena. Já o terceiro grande nome do elenco é justamente aquele que literalmente rouba todo o filme: Max Von Sydon. Sem dizer uma única palavra o ator apresenta uma de suas grandes performances. Sem diálogos a dizer ele tem que expressar todas as emoções apenas com um olhar, um gesto. Só grandes atores passam por isso de forma grandiosa como Sydon. O filme é dele e tudo indica que foi feito para ele. Quando surge em cena o enredo que vai devagar cresce em interesse e qualidade. Só isso já basta para indicar "Tão Forte e Tão Perto" um filme bem humano e belo que vale a pena ser assistido.

Tão Forte e Tão Perto (Extremely Loud and Incredibly Close, Estados Unidos, 2011) Direção: Stephen Daldry / Roteiro: Eric Roth / Elenco: Tom Hanks, Sandra Bullock, Thomas Horn, Max von Sydow, John Goodman, James Gandolfini e Viola Davis / Sinopse : Oskar é um garoto de 9 anos que perdeu o pai no trágico 11 de setembro e vive tentando entender sua dor e seus sentimentos. O garoto encontra em meio às coisas do pai uma chave em um envelope com um nome: Black. A curiosidade e seus instintos naturais o levam a uma busca pela fechadura da misteriosa chave.

Pablo Aluísio.