segunda-feira, 16 de julho de 2012

Notas Sobre Um Escândalo

Uma professora veterana de ensino médio e uma jovem professora de artes acabam se envolvendo em um escândalo de grandes proporções após a descoberta de um impróprio relacionamento dessa última com um jovem aluno de apenas 15 anos de idade. Incrível como esse ótimo filme me escapou. Pois é, só agora - 5 anos depois - foi que finalmente assisti. Achei um primor de direção, roteiro e principalmente atuação. Na minha maneira de pensar não existem protagonistas "boazinhas" aqui. Muito embora a maioria das pessoas termine se colocando a favor da personagem Sheba (Cate Blanchet) e criem uma antipatia natural pela "vilã" Barbara (Judi Dench) o fato puro e simples é que a professora de artes não passa de uma profissional de educação que violou vários preceitos éticos e morais de sua profissão ao se envolver com um garoto de apenas 15 anos. Assim embora Barbara seja desequilibrada e tente tirar proveito de toda a situação ela não é mais vilã do que a colega de trabalho. Ambas estão equivocadas em seu comportamento. 

Aliás verdade seja dita: a grande Judi Dench dá show de interpretação. Sua narração em off torna tudo ainda mais interessante. A atriz passa um misto de pessoa má, com uma sensibilidade à flor da pele ao mesmo tempo em que se expõe como uma solitária amarga e sem esperanças que vê uma última chance de ter um relacionamento em sua vida. É aquele tipo de interpretação que humaniza muito a personagem do filme. "Notas Sobre Um Escândalo" foi dirigido pelo talentoso cineasta Richard Eyre, um talento nato do teatro clássico inglês, já tendo sido premiado várias vezes em seu país por adaptações maravilhosas como "Rei Lear". Sua formação erudita acrescentou e muito na elegância dessa produção, apesar do tema polêmico e complicado. Enfim, é isso: "Notas Sobre um Escândalo" é um excelente filme, uma boa pedida para quem quiser ver duas grandes atrizes em cena duelando para ver quem realmente é a melhor. Se bem que no final o grande vencedor será o espectador mesmo que assistirã a um belo filme. Não deixe de assistir. 

 Notas Sobre um Escândalo (Notes On a Scandal, Estados Unidos, 2006) Direção: Richard Eyre / Roteiro: Patrick Marber baseado na novela de Zoe Heller / Elenco: Cate Blanchett, Judi Dench, Andrew Simpson / Sinopse: Uma professora veterana de ensino médio e uma jovem professora de artes acabam se envolvendo em um escândalo de grandes proporções após a descoberta de um impróprio relacionamento dessa última com um jovem aluno de apenas 15 anos de idade. 

Pablo Aluísio.

sábado, 14 de julho de 2012

Jasão e o Velo de Ouro

Jasão (Todd Armstrong) é um jovem grego cujo pai, um rei poderoso, foi morto por um usurpador do trono. Protegido pela rainha dos Deuses, Hera (Honor Blackman), ele sai em busca de um velo de ouro, peça dada pelos deuses aos homens, que lhe dará poderes especiais para que possa lutar pelo trono que lhe é seu de direito. "Jasão e o Velo de Ouro" (também conhecido como "Jasão e os Argonautas") é mais uma prova da genialidade do grande produtor e expert em efeitos especiais Ray Harryhausen. Produtor, diretor e mestre na técnica de animação que ficou conhecida como Stop-Motion (captura quadro a quadro de movimentos) Harryhausen fez a alegria da garotada durante muitas décadas com suas animações extremamente bem feitas e imaginativas. Nesse "Jasão e o Velo de Ouro" ele presenteou seus fãs com momentos inesquecíveis como a luta contra os filhos da Hydra (na realidade os ossos dos mortos pelo famoso monstro que voltavam do túmulo para destruir a tripulação de Jasão) e o despertar do Titã da ilha de bronze, cuja cena não poderia ser mais charmosa e bem feita.

De certa forma filmes como "Jasão e o Velo de Ouro" só existiam mesmo para que Harryhausen explorasse seu talento em efeitos visuais. Não adianta se preocupar muito com roteiro e nem com boas atuações em produções como essa. Tanto que os filmes eram realizados em cima das técnicas de Stop-Motion, com pouca preocupação em outros quesitos. O elenco aqui, por exemplo, é praticamente todo desconhecido sem qualquer grande astro em cena. O próprio Jasão é interpretado por um ator pouco conhecido do grande público, Todd Armstrong, que nunca mais faria nada de muito significativo na carreira. Já o diretor Don Chafrey teria melhor sorte. Após realizar outras produções para o público infanto-juvenil encontraria o grande sucesso de sua carreira na telinha ao dirigir a popular série CHIPS na década de 70. Enfim, "Jasão e o Velo de Ouro" é uma matinê das mais saborosas, para reviver a nostalgia das antigas Sessões da Tarde das décadas de 70 e 80, quando o filme era um dos campeões de reprises, para alegria da garotada que ficava em casa assistindo aos saborosos filmes do imortal Harryhausen. Uma produção charmosa e nostálgica na medida certa.

Jasão e o Velo de Ouro / Jasão e os Argonautas (Jason and The Argonauts, Estados Unidos, 1963) Direção: Don Chaffey / Roteiro: Jan Read, Beverley Cross / Elenco: Todd Armstrong, Nancy Kovack, Gary Raymond, Honor Blackman / Sinopse: Jasão (Todd Armstrong) é um jovem grego cujo pai, um rei poderoso, foi morto por um usurpador do trono. Protegido pela rainha dos Deuses, Hera (Honor Blackman), ele sai em busca de um velo de ouro, peça dada pelos deuses aos homens, que lhe dará poderes especiais para que possa lutar pelo trono que lhe é seu de direito.

Pablo Aluísio.

Cartas de Iwo Jima

Clint Eastwood foi extremamente ousado ao iniciar um projeto que daria origem a dois filmes sobre a II Guerra Mundial em 2005. O primeiro filme se chamaria "A Conquista da Honra" e se focava bastante no lado americano do conflito. A segunda produção seria essa, "Cartas de Iwo Jima", mostrando o lado japonês de uma das batalhas mais sangrentas da guerra. Iwo Jima era uma pequena ilha vulcânica no meio do Pacífico considerada naquele momento histórico como a "porta de entrada" para a invasão americana ao Japão. Era a ante-sala de uma enorme invasão das tropas aliadas nas duas ilhas principais do império japonês, por essa razão a batalha foi das mais aguerridas e sangrentas de todo o conflito. Não havia a possibilidade do exército do imperador abrir mão de um território tão vital como aquele. O roteiro foi baseado em uma publicação que compilava cartas do general Tadamichi Kuribayashi. O curioso desses relatos que sobreviveram ao conflito é que mostram um militar de alta linhagem que a despeito de toda a hierarquia e rigidez de sua patente não conseguiu esconder o lado humano daquela tragédia que iria se abater sobre suas tropas. Seu relato é de ansiedade mas também de realismo pois sabia que seria quase impossível deter a invasão e a conquista do local. Como sabemos dentro daquele contexto a derrota militar era vista com uma carga de desonra pessoal tão profunda que muitos preferiam se matar do que voltarem derrotados para o Japão. O general sabia que se falhasse não iria sobreviver à luta. 

"Cartas de Iwo Jima" foi recebido com certa má vontade por alguns veteranos americanos. Não era para menos. Eles se ressentiram pelo fato de um filme americano, dirigido por um americano ter que retratar justamente as tropas inimigas, sob seu ponto de vista. Esqueceram que esse foi um dos aspectos que Clint Eastwood mais prezou em seu projeto que era justamente mostrar os dois lados do mesmo conflito. O resultado provou-se melhor do que em "A Conquista da Honra". O material era melhor e o filme conta com um excelente elenco. Além disso aqui Clint não precisou se preocupar com o lado da patriotada americana que sempre está presente nesse tipo de filme. Mais solto o cineasta conseguiu um lado mais humano bem mais presente do que em seu outro filme. Todos os personagens são muito humanos, sem a necessidade de posarem de heróis ou símbolos da pátria. No saldo final temos um dos melhores trabalhos já realizados mostrando o dia a dia, o cotidiano e as angústias das tropas japonesas naquela pequena ilha perdida que quase ninguém realmente queria mas que não poderiam se dar ao luxo de perdê-la. Aula de história e humanismo que não se aprende na escola.  

Cartas de Iwo Jima (Letters From Iwo Jima, Estados Unidos, 2006) Direção: Clint Eastwood / Roteiro: Iris Yamashita, Paul Haggis / Elenco: Ken Watanabe, Kazunari Ninomiya, Tsuyoshi Ihara, Ryo Kase, Shido Nakamura, Hiroshi Watanabe / Sinopse: Tropas japoneses estacionadas na ilha de Iwo Jima se preparam para enfrentar a iminente invasão das tropas norte-americanas.  

Pablo Aluísio.

Jogo Bruto

Com o sucesso de "Exterminador do Futuro" e "Conan" os estúdios americanos descobriram que tinham um novo chamariz de bilheteria nas telas. O cinema americano então resolveu apostar suas fichas nesse ator austríaco de nome impronunciável que sempre aparecia nos filmes geralmente mudo, mas que compensava isso trucidando as cabeças de seus inimigos. Arnold Schwarzenegger era essa aposta. Chamar o sujeito de ator realmente era uma licença poética, porque ele mal conseguia falar inglês (e quando falava ninguém entendia nada mesmo, por causa de seu sotaque forte). Também não tinha qualquer talento dramático. Isso era bem curioso porque não era a primeira vez que sujeitos fortões faziam sucesso nas telas. No passado os filmes de Hércules e Maciste já tinham provado que havia público para esse tipo de produção. A diferença agora era que os estúdios estavam dispostos a realizar excelentes produções em torno do nome do novo ator e não apenas produções B com orçamentos restritos como acontecia com Steve Reeves no passado, por exemplo. Dino de Laurentis o famoso produtor de grandes filmes estava particularmente interessado em Schwarzenegger e resolveu contratar o ator para estrelar um filme diferente, ambientado no mundo da moderna máfia americana, só que sem os roteiros mais trabalhados dos filmes de Martin Scorsese (que era especialista nesse tipo de produção). O enredo deveria ser o mais simples possível, só o suficiente para o ator austríaco ter alguma motivação antes de sair distribuindo tiros e socos nas cenas finais. 

"Jogo Bruto" foi concebido para ir no rastro dos recentes sucessos de bilheteria do cinema de extrema ação dos anos 80. Numa época em que Chuck Norris estrelava um filme atrás do outro e conseguia ótimos resultados de bilheteria com suas fitas de orçamento modesto, Arnold Schwarzenegger surgia como um suposto concorrente dele (em breve obviamente iria superar o concorrente e se tornar um grande astro das telas com filmes de ótimo resultado de bilheteria). O diretor desse filme é o talentoso britânico John Irvin que enfrentou dificuldades com o produtor Di Laurentis durante as filmagens. Acontece que ele vinha desenvolvendo uma certa trama dentro da produção que começou a irritar Di Laurentis que queria uma fita de pura ação e só, sem nuances ou roteiros complicados. Após visitar o set Dino jogou metade do roteiro fora e mandou Irvin elaborar com seus roteiristas um novo final ao estilo "Comando Para Matar" - que havia feito grande sucesso poucos meses antes. E assim foi feito. Visto hoje "Jogo Bruto" apresenta essa dualidade. Metade do filme tenta mostrar uma trama policial de complicada teia de interesses e a outra metade é pura ação descerebrada. O filme custou meros 8 milhões de dólares (em breve só o cachê de Schwarzennegger ultrapassaria esse valor com folgas) e fez sucesso, mostrando de uma vez por todas para os estúdios que o novo ator era uma aposta certeira para grandes sucessos de bilheteria. Nascia assim um dos ícones dos filmes de pura ação da década de 80.  

Jogo Bruto (Raw Deal, Estados Unidos, 1986) Direção: John Irvin / Roteiro: Luciano Vincenzoni, Sergio Donati / Elenco: Arnold Schwarzenegger, Kathryn Harrold, Darren McGavin / Sinopse: Em uma Chicago infestada de criminosos o policial Mark Kaminsky (Arnold Schwarzenegger) acaba se envolvendo numa extensa rede criminosa controlada por um grande chefão da máfia local. 

Pablo Aluísio.

O Último Tiro

No mesmo ano em que Henry Fonda estrelou o clássico “Era uma Vez no Oeste” ele realizou ao lado do amigo James Stewart esse “Firecreek” um de seus melhores westerns. Infelizmente não é de seus trabalhos mais conhecidos hoje em dia, o que é uma injustiça. Muito subestimada a fita tem um excelente roteiro, um argumento excepcional e é muito bem produzida. Na estória acompanhamos a chegada do bando de Bob Larkin (Henry Fonda) na pequenina cidadela de Firecreek. Essa é uma comunidade extremamente pacífica cuja população é formada basicamente por humildes comerciantes e pequenos proprietários rurais, entre eles Johnny Cobb (James Stewart) cuja esposa está em trabalho de parto em seu rancho. Ao visitar a cidade para comprar mantimentos acaba encontrando Larkin e seus facínoras no local. O problema maior para Cobb é que apesar de não ter treinamento e nem experiência responde pela segurança da cidade, servindo no posto de Xerife interino enquanto não é nomeado um oficial da lei pelo Estado. Obviamente Larkin e sua quadrilha não deixarão os moradores em paz após descobrir que o homem responsável pela lei no lugar não é páreo para eles, pistoleiros profissionais.

Assim são colocados em lados extremos o pistoleiro rápido no gatilho, com várias mortes nas costas e um simples e pacato cidadão que apenas quer que a lei e a ordem continue reinando em Firecreek. É a antiga metáfora do cordeiro contra o lobo, que se sacrificará se for necessário para proteger os que lhe são queridos e caros. Assistir Fonda e Stewart no mesmo filme já é um prazer, agora imaginem ver esses dois grandes astros duelando pelo que é certo e justo numa cidade perdida do velho oeste americano! Não existe melhor representatividade da mitologia do velho oeste do que essa. Henry Fonda era um ator extremamente expressivo que conseguia transmitir tudo apenas com um olhar. Seu Bob Larkin é um envelhecido pistoleiro tentando manter a autoridade entre seu grupo de bandidos. Já James Stewart explora muito bem sua imagem de homem trabalhador, ético, honesto, devotado à sua família e íntegro (algo que aliás era parte de sua personalidade real e não apenas um jogo de imagem ou marketing pois ele era exatamente assim). Esse é o melhor filme do diretor Vincent McEveety um veterano da TV que dirigiu entre outros os grandes ícones televisivos Jornada nas Estrelas, Os Intocáveis e Columbo. Sua direção aqui é segura e centrada, tudo resultando em um faroeste realmente excepcional, bem acima da média. Em conclusão podemos classificar “Firecreek” como um belo momento, resultado de mais uma feliz união profissional entre Stewart e Fonda em um faroeste puro sangue que agradará em cheio os fãs e puristas do gênero.

O Último Tiro (Firecreek, Estados Unidos, 1968) Direção: Vincent McEveety / Roteiro: Calvin Clement Sr / Elenco: James Stewart, Henry Fonda, Inger Stevens, Gary Lockwood, Dean Jagger, Ed Begley / Sinopse: Após participar de um tiroteiro Bob Larkin (Henry Fonda) procura por abrigo na pequena cidade de Firecreek com seu bando de pistoleiros. No local acaba entrando em confronto com Johnny Cobb (James Stewart) um simples rancheiro nomeado xerife honorário do local.

 Pablo Aluísio.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Casino Jack - O Super Lobista

Só grandes atores como Kevin Spacey conseguem injetar carisma em personagens como Jack Abramoff. Senão vejamos: o sujeito era um lobista em Washington, descaradamente comprava apoio de congressistas, vivia enrolado em vários negócios escusos e obscuros, tudo ao mesmo tempo agora, numa rede de tráfico de influências que fica até mesmo complicado de compreender. Além disso se envolveu com picaretas, mafiosos, assassinos e escroques de todos os tipos. Era um canalha de marca registrada e apesar de tudo isso quando o filme termina estamos totalmente absorvidos pelo tal Casino Jack. Só Spacey mesmo para realizar um milagre desses. 

O filme é muito bom, apesar do tema "pesado", Spacey consegue suavizar tudo, transformar cada cena em um show particular. Ele inclusive aproveita para fazer pequenas paródias de personagens famosos de outros filmes (como "Os Bons Companheiros" ou "O Poderoso Chefão"). Também imita sotaques e politicos famosos (sua imitação de Bill Clinton no filme é perfeita). Fica claro para o espectador que ele certamente se divertiu muito fazendo o filme. Enfim, "Casino Jack" é 100% Kevin Spacey da primeira à última cena, não é por acaso que ele tem sido indicado a tantos prêmios. O filme é dele, existe por sua razão e só se justifica quando ele está em cena. Todo o resto é pura escada para o ator deitar e rolar em cena.  

O Super Lobista (Casino Jack, Estados Unidos, 2010) Direção: George Hickenlooper / Roteiro: Norman Snider / Elenco: Kevin Spacey, Barry Pepper, Jon Lovitz / Sinopse: Jack (Kevin Spacey) é um super lobista que transita pelos principais lugares na capital americana vendendo e comprando interesses. 

Pablo Aluísio.

O Aprendiz de Feiticeiro

Sinceramente, o dia em que Jerry Bruckheimer morrer ou pelo menos abandonar o cinema eu vou soltar fogos na rua. Esse sujeito é uma verdadeira desgraça para o cinema americano (e mundial). Ele tem acesso a milhões de dólares, todas as possibilidades para realizar grandes filmes e o que ele faz com essa grana toda? Os maiores lixos, chicletes, fast foods que eu já tive o desprazer de assistir. Perto dele o Sr James "Pipoca" Cameron é o Da Vinci. Jerry, pelo amor de Deus, cava uma cova e pula dentro ok? Os cinéfilos irão lhe agradecer encarecidamente...

O novo "filme" (entre aspas porque isso é qualquer coisa menos um filme de verdade) produzido por ele se chama "O Aprendiz de Feiticeiro". Nem precisa dizer que nem zero esse troço merece, pois sua nota seria negativa, abaixo do zero absoluto. O tal aprendiz de feiticeiro é interpretado por um ator Zé ninguém (não me perguntem o nome dessa ameba) que é provavelmente o pior ator jovem surgido nos últimos 200 anos. Não sabe interpretar, não tem carisma, é simplesmente um soco no estômago ficar vendo suas canastrices por quase duas horas. Péssimo. Nicolas Cage (usando uma peruca pavorosa) passa o filme inteiro posando de "Mago Sábio" mas tudo o que consegue é nos fazer ter pena dele. Ele provavelmente deve estar mesmo precisando muito de dinheiro para estrelar uma coisa dessas. O resto do elenco é constrangedor. Enfim, quando ver o cartaz dessa marmota do Jerry em cartaz fuja o mais rapidamente possível...

O Aprendiz de Feiticeiro (The Sorcerers Apprentice, Estados Unidos, 2010) Direção: Jon Turteitaub / Roteiro: Lawrence Konner), Mark Rosenthal / Elenco: Nicolas Cage, Alfred Molina, Jay Baruchel, Toby Kebbell / Sinopse: Velho feiticeiro com mal gosto para cabelos e roupas (Nicolas Cage) encontra um aprendiz para ensinar seus truques de magia. Juntos terão que enfrentar um bruxo versado em magia negra (Alfred Molina).

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Amizade Colorida

Hollywood até tenta ser "moderninha" e tudo mais porém eu sempre acho engraçado como eles só conseguem ir até um nível de modernidade. E quando diz respeito a relacionamentos amorosos a coisa piora ainda mais. Essa comédia romântica estrelada pelo cantor Justin Timberlake e pela atriz Mila Kunis é um exemplo disso. "Amizade Colorida" é um filme tão quadradinho por baixo de seu marketing "moderninho" que chega a ser divertido descobrir todas as suas falsas intenções. Embaixo da verniz de argumento liberal com personagens modernosos, tudo é tão careta, quadrado, antiquado. Um membro do Partido Republicano americano poderia até aplaudir seu argumento no final da exibição. O roteiro tem vergonha de ser uma comédia romântica e por isso tenta disfarçar de todas as formas possíveis mas naufraga em seus objetivos. Tudo o que você já viu em filmes assim irá encontrar novamente aqui - no final das contas são os velhos clichês de sempre. 

Talvez a única diferença seja o excesso de "pegação" entre Justin e Mila. De fato eles passam quase todos os primeiros 60 minutos de filmes na cama, rolando pra lá e pra cá. Pena que tudo isso soe artificial e falso no final. O título original do filme, "Friends With Benefits" é uma expressão em inglês que significa justamente aquelas amizades que podem ter alguns benefícios extras, como por exemplo, um eventual envolvimento sexual mas sem qualquer tipo de relacionamento emocional mais sério. É justamente nesse tipo de amizade que embarcam Dylan Harper (Justin Timberlake) e Jamie Rellis (Mila Kunis). São bem sucedidos em suas carreiras e querem ter de vez em quando sexo casual entre si, mas sem qualquer tipo de comprometimento com isso. Até aí tudo bem o problema é que como acontece em 99.9% das comédias românticas americanas tudo o que começa de forma bem liberal acaba da maneira mais quadrada e conservadora possível. Eu não sei o resto do público mas sempre fico com aquele gostinho de que estou levando uma lição de moral nesse tipo de produção. A mensagem subliminar aqui é das mais reacionárias: "Não se envolva casualmente com ninguém, se apaixone, se case, tenha filhos e vá morar no subúrbio". Se você acredita que isso seja o sinônimo de felicidade para alguém então certamente gostará desse "Amizade Colorida".  

Amizade Colorida (Friends With Benefits, Estados Unidos, 2011) Direção: Will Gluck / Roteiro: Will Gluck, Keith Merryman, David A. Newman, Harley Peyton / Elenco: Mila Kunis, Justin Timberlake, Emma Stone, Rashida Jones, Patricia Clarkson, Richard Jenkins, Woody Harrelson / Sinopse: Dylan Harper (Justin Timberlake) e Jamie Rellis (Mila Kunis) são dois jovens bem sucedidos em suas carreiras que querem ter de vez em quando sexo casual entre si, mas sem qualquer tipo de comprometimento com isso.  

Pablo Aluísio.

A Família Flynn

"Being Flynn" mostra o tormentoso relacionamento entre Jonathan Flynn (Robert De Niro) e seu filho Nick (Paul Dano). Após o abandonar ainda criança ele volta inesperadamente na vida do filho que agora adulto tenta sobreviver nos empregos que aparecem, como em um abrigo para sem tetos (nos EUA chamados de "Homeless"). Para sua surpresa certa noite quem chega no abrigo atrás de uma cama e um prato de sopa quente é justamente seu velho, agora desempregado, vivendo pelas ruas da grande cidade. Finalmente depois de vários filmes inexpressivos o ator Robert De Niro apresenta uma interpretação de nível em uma produção tocante. "Being Flynn" é um filme muito humano, um roteiro muito sensível que enfoca as dificuldades que podem surgir entre pai e filho, principalmente após longos anos de afastamento entre eles. Também mostra uma faceta muito cruel do momento econômico porque passa os EUA nesse momento. 

Recentemente li uma extensa matéria mostrando o alarmante aumento no número de pessoas sem emprego, casa e perspectiva que vivem nas ruas das grandes cidades americanas. Muitas dessas pessoas são cidadãos de bem, pessoas que viveram por anos de seus trabalhos, mesmo que humildes, mas que de uma hora para outra ficam sem nada, tendo que ir parar nas ruas. Pessoas dignas que acabam miseráveis por uma série de fatores sociais e econômicos. Como se sabe o Estado Americano é do tipo liberal o que significa que essas pessoas estão por sua própria conta e não receberão qualquer tipo de ajuda governamental para se levantarem na vida. Não é de se admirar o avanço da miséria no país mais rico do mundo. O roteiro foi baseado numa história real que foi contada em livro por Nick Flynn (atualmente um artista bem sucedido nos EUA). É um retrato muito humano dessas pessoas que perdem tudo, até sua dignidade, de uma hora para outra. De Niro está ótimo na pele de seu personagem, um taxista sem emprego com sonhos de um dia se tornar um grande escritor. Tudo é desenvolvido com muita sensibilidade, humanidade, mostrando a luta pela sobrevivência de certas pessoas que não aceitam a derrota. "Being Flynn" é socialmente consciente e leva à reflexão sobre a situação desses milhões de excluídos que vagam pelas ruas das grandes metrópoles sem qualquer esperança.

A Família Flynn (Being Flynn, Estados Unidos, 2012) Direção: Paul Weitz / Roteiro: Paul Weitz baseado no livro de memória de Nick Flynn / Elenco: Robert De Niro, Paul Dano, Julianne Moore / Sinopse: Após perder seu emprego e sua licença para dirigir Jonathan Flynn (Robert De Niro) vira um homeless, um sem teto. Vagando pelas ruas, no frio e abandono, acaba indo parar num abrigo para pessoas pobres onde seu filho Nick trabalha.  

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Solteiros Com Filhos

O modelo de família monoparental, ao estilo tradicional, tem sido substituído ultimamente por novas formas de relacionamento, algumas bem excêntricas, outras decorrentes do alto número de divórcios que a cada ano tem aumentado. O fato é que as pessoas finalmente entenderam que o importante na vida é ser feliz e não seguir dogmas de relacionamento impostos por tradições arcaicas e ultrapassadas. Assim se tornou bobagem hoje em dia ter uma certa postura rígida imposta por velhos costumes, como se casar em tal idade, ter forçosamente filhos, etc. Muitos hoje preferem seguir por outro caminho, permanecendo solteiros, sem filhos, com maior liberdade pessoal. Hollywood tentando entender o que se passa enfoca o tema nessa nova comédia romântica chamada "Friends With Kids". No enredo dois solteirões, Jason Fryman (Adam Scott) e Julie Keller (Jennifer Westfeldt) resolvem ter um filho por conta própria, mesmo permanecendo solteiros, não estando apaixonados um pelo outro e nem querendo algo parecido com o que acontece com seus amigos mais próximos, pessoas casadas ao velho estilo cujas vidas são infelizes e cheias de crises. Os casais do filme inclusive me lembraram de um antigo ditado que diz: "Poucas coisas no mundo são mais indicadas para destruir um ótimo relacionamento do que o casamento". 

De fato os casais que passeiam pela tela vivem aos berros, em clima de total desrespeito pelo companheiro, estressados, com pouco carinho envolvido na relação (se é que isso ainda consiga resistir a monotonia típica de um casamento quadrado e tradicional). O casamento de Ben (Jon Hamm), por exemplo, destruiu até mesmo uma das poucas coisas boas que ainda tinha com sua esposa, a vida sexual. "Solteiros Com Filhos" até desenvolve bem toda a situação de pais solteiros com um filho em comum que continuam a se relacionar com outras pessoas sem qualquer culpa e stress. O problema é que em seus minutos finais, sem qualquer lógica ou fundamento, o comportamento dos personagens muda radicalmente e o filme sofre um viés conservador e bobo que leva tudo a perder. Jennifer Westfeldt, que estrela, dirige e assina o roteiro do filme se mostra muito inovadora no desenvolvimento do tema mas muito boba na conclusão da fita, transformando tudo em mais uma comédia romântica água com açúcar que Hollywood produz todos os anos. Faltou coragem para ela ir até as últimas consequências. O projeto nas mãos de alguém mais corajoso e menos conservador teria rendido excelentes frutos. Do jeito que ficou ficamos certos da falta de pulso da realizadora que preferiu o caminho fácil, piegas. Uma pena.  

Solteiros Com Filhos (Friends With Kids, Estados Unidos, 2012) Direção: Jennifer Westfeldt / Roteiro: Jennifer Westfeldt / Elenco: Jennifer Westfeldt, Adam Scott, Maya Rudolph, Jon Hamm, Kristen Wiig, Chris O'Dowd, Megan Fox, Edward Burns / Sinopse: No enredo dois solteirões, Jason Fryman (Adam Scott) e Julie Keller (Jennifer Westfeldt) resolvem ter um filho por conta própria, mesmo solteiros, não estando apaixonados um pelo outro, e nem querendo algo parecido com o que acontece com seus amigos mais próximos, pessoas casadas ao velho estilo cujas vidas são infelizes e cheias de crises.  

Pablo Aluísio.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Comando Para Matar

Se algum dia seu filho lhe perguntar como era o cinema de ação da década de 80 eu sugiro que você passe para o garoto esse "Commando". Pegando carona nos sucessos de Stallone o austríaco Arnold Schwarzenegger estrelou em 1985 o filme brucutu da década! Enquanto Stallone ainda se preocupava em armar toda uma situação dramática para desenvolver minimamente seus personagens, os filmes de Scharzennegger não perdiam tempo com esses detalhes. Se Rambo chorava pela perda do Vietnã, o Coronel John de "Commando" simplesmente usava um facão e uma bazuca para colocar ordem no mundo. Nada de sutilezas, filmes testosterona por excelência, porrada pela porrada e nada mais, sem discursos, sem papo furado, só pancadaria sem limites (e coloca sem limites nisso já que o filme de tão exagerado acabou ficando engraçado com os anos pois Arnold Schwarzenegger com apenas uma arma vence praticamente um exército inimigo inteiro no muque! Coisa de louco!). Os filmes de ação dos anos 80 eram assim mesmo, ao estilo "quebra ossos"! Tudo o que se precisava era de uma razão qualquer para se começar a matança desenfreada. 

Nesse "Comando Para Matar" o halterofilista Schwarzenegger mata centenas e centenas de inimigos sem muito esforço (geralmente os mesmos figurantes que morriam e apareciam na cena seguinte para também levar sua cota de balas e cair morto mais uma vez!). Nem preciso dizer que o filme foi mais um grande sucesso na carreira do ator. Para se ter uma ideia "Commando" custou menos de 10 milhões de dólares e rendeu quase sete vezes mais mundo afora! Nada mal. O filme acabou gerando (junto com Rambo) outros pequenos filmes de ação de roteiros semelhantes ao estilo "exército de um homem só". Em sua esteira vieram coisas como "Braddock" (com o baixinho indestrutível e marrento Chuck Norris) e centenas de cópias baratas que enchiam as locadoras (era a época do estouro do VHS no mercado brasileiro e mundial). Hoje em dia muitos atribuem essa overdose de violência no cinema ao momento político em que vivia os EUA. Com um governo ultra direita e republicano no poder (a chamada era Ronald Reagan) não parecia haver qualquer limite para a beligerância norte-americana. Eu acho essa visão um pouco exagerada, no fundo talvez tudo não passe apenas de um nicho de público que os estúdios descobriram na época. Os espectadores pareciam se divertir como nunca ao presenciarem o brutamontes austríaco mandando alguns inescrupulosos para o inferno! Mais anos 80 do que isso impossível! Diversão escapista em suma. 

Comando Para Matar (Commando, Estados Unidos, 1985) Direção: Mark L. Lester / Roteiro: Jeph Loeb, Matthew Weisman / Elenco: Arnold Schwarzenegger, Rae Dawn Chong, Dan Hedaya, Vernon Wells. / Sinopse: Jenny Matrix (Alyssa Milano) é sequestrada por um grupo paramilitar. Um ex-ditador latino-americano tenta usar a garota como meio de troca para que seu pai, o Coronel John Matrix (Arnold Schwarzenegger) mate um rival político que atualmente está no poder em seu país. Como descobrirá depois essa definitivamente não foi uma boa idéia.  

Pablo Aluísio.

O Clube dos Cafajestes

Esse filme foi feito no final dos anos 70 mas na realidade é um dos grandes precursores do estilo de comédia que seria feito na década seguinte. Produzido pela revista de humor National Lampoon o filme trazia como atrativo o comediante John Belushi, já naquela altura um dos mais populares dos EUA, graças ao programa SNL. Escrachado, glutão e nojento seu estilo de humor caiu muito bem no papel de um estudante universitário de uma fraternidade lixo, cheio de péssimos alunos, garotas de moral duvidosa e muitas festas (inclusive a famosa festa da toga, com todo mundo vestido de romano). Esse universo de fraternidade é tipicamente americano e geralmente vira tema de filmes e seriados (como o recente Greek), sendo "Animal House" um dos pioneiros do estilo. 

Visto hoje o filme obviamente envelheceu um pouco. Seu estilo de humor com muita anarquia foi considerado na época uma inovação e tanto mas nos dias de hoje já não choca mais. Além disso algumas gags podem soar ingênuas demais para os jovens de hoje. Apesar disso e de ter um roteiro simples em demasia o filme ainda consegue divertir se levarmos em conta todos esses fatores. De resto fica a nostalgia e a lamentação de ver um comediante tão talentoso como Belushi ter morrido tão precocemente. Ele certamente poderia ter feito muito mais se não tivesse sucumbido de uma overdose alguns anos depois da realização desse filme.  

O Clube dos Cafajestes (Animal House, Estados Unidos, 1978) Direção: John Landis / Roteiro: Harold Ramis, Douglas Kenney / Elenco: John Belushi, Karen Allen, Tom Hulce, Kevin Bacon, Stephen Furst / Sinopse: O filme mostra o cotidiano de uma fraternidade americana na década de 60. Bebedeiras, festas e confusões envolvendo os alunos com a direção da universidade.  

Pablo Aluísio.

Da Magia à Sedução

Título no Brasil: Da Magia à Sedução
Título Original: Practical Magic
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Griffin Dunne
Roteiro: Alice Hoffman, Robin Swicord
Elenco: Sandra Bullock, Nicole Kidman, Stockard Channing, Dianne Wiest, Evan Rachel Wood, Aidan Quinn
  
Sinopse:
Duas irmãs, Sally (Sandra Bullock) e Gillian (Nicole Kidman), tentam fugir de uma maldição secular. As mulheres de sua família, bruxas em um passado distante, não conseguem ser felizes no amor. Os homens com quem elas se envolvem geralmente acabam tendo finais trágicos. Para fugir desse destino tão cruel elas então tentam mudar o futuro, olhando para as lições do passado. Filme vencedor do Blockbuster Entertainment Awards na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante (Stockard Channing).

Comentários:
É um filme que hoje em dia está mais do que datado. E isso nem faz muita diferença pois o filme realmente nunca foi grande coisa! O roteiro jamais convence, é tudo muito popzinho, inofensivo, nada marcante. Revisto hoje em dia o maior atrativo vem obviamente do elenco, com uma ótima dupla de beldades de Hollywood, ainda bem jovens, bonitas e sensuais na época, prestes a se tornarem grandes estrelas de cinema (na época do filme elas ainda não tinham atingido esse status, sendo apenas atrizes promissoras). Como escrevi o argumento é bobinho, bobinho, tudo baseado na obra teen da escritora Alice Hoffman (alguém ainda lembra dos livros dela?). Nicole Kidman, já com os cabelos alisados, sem aqueles grandes cachos do começo de sua carreira, mas ainda bem ruivos, rouba todas as atenções com sua beleza. Já Bullock faz a linha mais inteligente, intelectual, embora também esteja muito bonita em cena. Um detalhe curioso: esse foi um dos primeiros trabalhos de Evan Rachel Wood (de "Westworld"). Ela era apenas uma garotinha e foi indicada, veja só, ao prêmio da Young Artist Awards! Mas enfim, esse é mesmo um desses filmes sobre magia que eram direcionados mais para o público jovem dos anos 90. Hoje em dia anda bem esquecido, o que não deixa de ser completamente compreensível porque é um filme bem mais ou menos.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Mary e Max - Uma Amizade Diferente

Existem filmes que são tão pequeninos mas com uma alma tão grande! Um dos grandes exemplos disso é esse lírico "Mary and Max" que me foi indicado com tanta convicção por uma amiga que resolvi conferir. Ela estava mais do que certa. O que posso dizer? Simplesmente genial. Fazia muito tempo que não assistia uma animação tão inspirada (e inspiradora) como essa. A forma como a história (que o filme esclarece ser real) é contada é sublime e maravilhosa. A trama é das mais simples: Max Jerry Horovitz (Philip Seymour Hoffman) é um senhor judeu e nova iorquino que certo dia recebe uma carta de Mary Daisy Dinkle (Toni Collette), uma garotinha de apenas oito anos que mora do outro lado do mundo, na Austrália. Eles se tornam amigos por correspondência durante anos. Max sofre da síndrome de Asperger que o isola do mundo ao redor, se tornando solitário e sem amigos. Finalmente com Mary ele consegue criar um genuíno laço de amizade com outra pessoa. Parece triste mas não é. O humor é ótimo, embora em muitas cenas seja entrelaçado com um gostinho amargo de melancolia. De qualquer forma além de tratar de um assunto sério (a síndrome de Asperger que atinge Max) o filme apresenta um roteiro tão bem escrito que coloca muito longa convencional no chinelo. 

O fato de ser uma animação pode afastar algumas pessoas da produção, principalmente os que acham que animação é apenas coisa de criança mas mesmo para esses recomendo "Mary and Max" pois tudo é tão tocante e sincero que faz valer a pena cada minuto de exibição. Aliás é bom esclarecer que a animação usada no filme é algo que acrescenta muito ao resultado final. A técnica de "massinhas" (Stop Motion onde cada movimento é capturado lentamente em estúdio) ajuda ainda mais no jeito charmoso do filme pois cria um clima de ternura e sensibilidade que casa muito bem com o enredo. Muito provavelmente esse tipo de roteiro perderia muito de seu charme se fosse rodado de outra forma. É seguramente uma das animações mais ternas e sensíveis que já assisti na minha vida. Simplesmente imperdível (e emocionante). Minhas palmas para Mary e Max. Nota 10.

Mary e Max - Uma Amizade Diferente (Mary and Max, Estados Unidos, 2009) Direção: Adam Elliot / Roteiro: Adam Elliot / Elenco (vozes): Toni Collette, Philip Seymour Hoffman, Eric Bana / Sinopse: Max Jerry Horovitz (Philip Seymour Hoffman) é um senhor judeu e nova iorquino que certo dia recebe uma carta de Mary Daisy Dinkle (Toni Collette), uma garotinha de apenas oito anos que mora do outro lado do mundo, na Austrália. Eles se tornam amigos por correspondência durante anos. Max sofre da síndrome de Asperger que o isola do mundo ao redor, se tornando solitário e sem amigos. Finalmente com Mary ele consegue criar um genuíno laço de amizade com outra pessoa.  
 
Pablo Aluísio.

Nada é Para Sempre

No Estado americano de Montana, no começo do século XX, dois jovens crescem e enfrentam as adversidades da vida adulta. São filhos do reverendo Maclean (Tom Skerritt). Paul (Brad Pitt) é impulsivo, rebelde e aventureiro. Norman (Craig Sheffer) apenas deseja seguir os passos de seu pai. O estouro da I Guerra Mundial trará grandes modificações no seio familiar. Eu poderia escrever um texto bem longo sobre essa produção dirigida por Robert Redford mas isso iria ser desnecessário porque o filme pode ser resumido numa frase simples: "Nada é Para Sempre" é um filme bonito. Isso mesmo. A produção não é apenas bonita por ter sido filmada numa das reservas naturais mais belas dos Estados Unidos, o que resultou numa fotografia de encher os olhos. Ele é bonito porque tem um roteiro com muito lirismo, nostalgia e saudosismo. 

Baseado em fatos reais o filme se apóia nas ternas lembranças de Norman Maclean, um professor em idade avançada que vai recordando os anos de sua juventude ao lado de seu irmão e seus pais. Como pano de fundo as pescarias que faziam juntos, com o rio servindo como um símbolo da própria vida que passa por nós! Tudo muito suave, relembrado com muita ternura. Embora seja estrelado pelo ator Craig Sheffer, o filme acabou sendo um dos primeiros de repercussão do jovem Brad Pitt. Ainda meio desconhecido dentro da indústria Brad mostra muita desenvoltura e boa disposição no papel de Paul, o filho caçula dos Macleans. Interessante notar que mesmo em um filme dirigido por Redford o praticamente novato Pitt não se intimidou e aparece bem à vontade, num sinal do grande astro que ele iria se transformar dentro de alguns anos. Esse papel causou suspiros em suas jovens fãs no começo dos anos 90 pois Brad estava no auge da juventude e beleza. Como se isso não bastasse o filme ainda é agraciado por uma das melhores trilhas incidentais que já ouvi. "Nada é Para Sempre" é isso, bonito como sua fotografia, belo como o lirismo de seu roteiro e um colírio para os olhos por suas lindas paisagens naturais. Se ainda não assistiu fica a dica, sendo você um amante da beleza ou não. 

Nada é Para Sempre (A River Runs Through It, Estados Unidos, 1992) Direção: Robert Redford / Roteiro: Richard Friedenberg baseado no livro de Norman Maclean / Elenco: Craig Sheffer, Brad Pitt, Tom Skerritt / Sinopse: No Estado americano de Montana, no começo do século XX, dois jovens crescem e enfrentam as adversidades da vida adulta. São filhos do reverendo Maclean (Tom Skerritt). Paul (Brad Pitt) é impulsivo, rebelde e aventureiro. Norman (Craig Sheffer) apenas deseja seguir os passos de seu pai. O estouro da I Guerra Mundial trará grandes modificações no seio familiar. 

Pablo Aluísio.