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terça-feira, 26 de abril de 2022

Crepúsculo de Uma Raça

Quando o filme começa vemos um posto avançado da cavalaria do exército dos Estados Unidos em território demarcado como reserva indígena do povo Cheyenne. Aos poucos milhares de nativos chegam ali. Eles querem se encontrar com um senador que está chegando da capital. Querem mostrar para ele como as terras daquele lugar são desertas, sem água e nem comida. Que viver ali não seria possível. Os índios chegam pela manhã e ficam em pé esperando o senador que parece nunca chegar. Depois de horas de espera eles cansam de esperar e vão embora. Estão ofendidos e com razão. E decidem ir embora da reserva. O problema é que o comandante da tropa da cavalaria, o capitão Thomas Archer (Richard Widmark) tem ordens para evitar isso, usando de violência, se necessário for. Mas como ele vai atirar em crianças, idosos e mulheres indefesas?

Esse filme de John Ford foi uma espécie de pedidos de desculpas do cineasta para com o povo nativo dos Estados Unidos. Durante anos ele filmou filmes de western usando os indígenas como vilões e selvagens. Nesse filme ele decidiu que também iria mostrar o outro lado, o lado das nações nativas da América. O filme é assim dividido em três atos bem claros. No primeiro temos a fuga dos Cheyennes da reserva deserta e hostil para onde foram levados. No segundo ato, passado na cidade de Dodge City, há um pânico quando moradores descobrem que os índios estão chegando a na última parte vemos o desfecho, a conclusão da história.

Embora seja um filme muito bom ele se torna irregular por causa do segundo ato, em Dodge City. James Stewart aqui interpreta o xerife Wyatt Earp, mas tudo em tom de comédia, de humor, o que destoa do restante do filme. Quando eles saem em perseguição dos índios no deserto tudo parece um episódio de Corrida Maluca. Algo que quebra o ritmo sério e concentrado do restante do filme. O que diabos tinha John Ford na cabeça quando rodou esse segundo ato? Felizmente o filme retoma sua seriedade inicial na terceira e última parte, quando os indígenas chegam em um forte do exército americano. Ali eles esperam um tratamento adequado para seres humanos. Esperam que o governo americano encontre uma solução para eles. Quem se destaca nessa última parte é o veterano ator Edward G. Robinson. Ele interpreta o secretário do interior Carl Schurz, um homem justo e humano.

Então é isso. Temos aqui um filme que quase foi estragado pelo próprio John Ford na sua equivocada decisão de inserir humor em um filme com temática séria demais para esse tipo de coisa. O western assim se vale das duas partes (inicial e final) para se assumir como grande obra cinematográfica. Há elementos demais a se pensar nesse roteiro, de como o governo dos Estados Unidos foi injusto e cruel com os índios daquele país. Uma dívida história que pensando bem até hoje não foi devidamente paga!

Crepúsculo de Uma Raça (Cheyenne Autumn, Estados Unidos, 1964) Direção: John Ford / Roteiro: James R. Webb, Howard Fast / Elenco: Richard Widmark, James Stewart, Edward G. Robinson, Karl Malden, Ricardo Montalban, Carroll Baker, Sal Mineo, Dolores del Rio, Patrick Wayne, Gilbert Roland / Sinopse: O filme conta a história da fuga de um enorme grupo de índios da nação Cheyenne de uma reserva deserta dada pelo governo dos Estados Unidos. Assim que eles deixam a reserva passam a ser perseguidos pela cavalaria, dando origem a diversos confrontos e conflitos. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor direção de fotografia (William H. Clothier). Também indicado ao Globo de Ouro na categoria de melhor ator coadjuvante (Gilbert Roland).

Pablo Aluísio. 


terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Crepúsculo de uma Raça

Título no Brasil: Crepúsculo de uma Raça
Título Original: Cheyenne Autumn
Ano de Produção: 1964
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: John Ford
Roteiro: Mari Sandoz, James R. Webb
Elenco: James Stewart, Richard Widmark, Karl Malden, Sal Mineo, Edward G. Robinson, Ricardo Montalban

Sinopse:
No ano de 1878, o governo decide deixar de doar os suprimentos e alimentos necessários para a sobrevivência da nação indígena Cheyenne, levando centenas de milhares de índios a saírem da reserva em Oklahoma até o Wyoming, local onde sempre viveram. Thomas Archer, Capitão da Cavalaria, recebe a tormentosa missão de vigiar e conter os anseios de guerra dos índios, mas durante esse processo de convivência durante o percurso, passa a nutrir um grande respeito pelos nativos americanos.

Comentários:
Foi um dos últimos filmes da carreira do diretor John Ford. Nessa produção ele novamente decidiu reunir um grande elenco para contar esse lado menos heroico da conquista do velho oeste dos Estados Unidos. Ao lado de grandes cenas, explorando novamente a beleza natural de lugares como o Monument Valley, o mestre do cinema também cometeu alguns erros. Não é um filme perfeito, tem suas falhas. Uma delas é a longa duração. Esse faroeste assim acaba parecendo mais longo do que deveria ser, com excesso de tramas secundárias que não adicionam muito ao resultado final. Há uma longa parte no meio do filme com James Stewart que exagera nas doses de humor, quebrando o ritmo de um filme que deveria ter um tom mais sério. John Ford sempre tentou trazer algum tipo de alívio cômico em seus filmes, mas aqui ele definitivamente errou a mão. De qualquer forma esse último western assinado por Ford se mantém relevante por causa do teor de seu roteiro que procurou trazer uma visão mais consciente e humana em relação aos nativos americanos. Salvo por suas boas intenções, prejudicado um pouco por alguns deslizes de seu diretor, o filme ainda é um marco importante nesse gênero cinematográfico tão importante dentro do cinema americano. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor direção de fotografia (William H. Clothier).

Pablo Aluísio.

terça-feira, 22 de junho de 2021

Juventude Transviada

Esse filme capturou para a posteridade a essência do ator James Dean. Foi seu maior sucesso no cinema e também seu filme mais lembrado. O interessante é que o próprio James Dean jamais o assistiu. Antes do filme ficar pronto e ser lançado nos cinemas, ele morreu de um acidente de carro na estrada de Salinas na Califórnia. Tinha apenas 24 anos de idade. Com isso sua popularidade explodiu e o filme quando finalmente chegou nas salas de cinema se tornou um grande sucesso. A Warner aproveitou o trágico acidente para promover ainda mais o filme. Sim, um aspecto condenável, que no final de tudo teve sua razão de ser já que "Juventude Transviada" é sem dúvida um ótimo filme.

Pode-se dizer que o roteiro não tem um foco principal. Na realidade ele conta a história de amizade e paixão envolvendo três jovens da época (interpretados por James Dean, Natalie Wood e Sal Mineo). Eles enfrentam a barra e as crises típicas da adolescência em uma Los Angeles que mais parece uma selva para os jovens. James Dean interpreta um rebelde, mas não um rebelde ao estilo Marlon Brando. Não é um personagem explosivo ou violento. Está mais para um jovem que sofre várias crises internas, que tenta superar os traumas psicológicos dos problemas familiares e escolares. É um bom retrato, uma crônica fiel daquela geração do pós- guerra, quando os Estados Unidos viviam um ótima fase econômica. O rebelde de James Dean não tinha propriamente uma causa, a não ser encontrar-se a si mesmo.

Juventude Transviada (Rebel Without a Cause, Estados Unidos, 1955) Direção: Nicholas Ray / Roteiro: Stewart Stern, Irving Shulman / Elenco: James Dean, Natalie Wood, Sal Mineo / Sinopse: Um jovem rebelde com um passado conturbado chega a uma nova cidade, encontrando amigos e inimigos. Filme indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante (Sal Mineo), melhor atriz coadjuvante (Natalie Wood) e melhor roteiro (Nicholas Ray).

Pablo Aluísio.

terça-feira, 5 de novembro de 2019

A Caçada

Ben Chamberlain (Henry Fonda) chega numa pequena cidade localizada no final da estrada de ferro, bem no meio de um deserto inóspito. Ele vai ao vilarejo atrás de notícias do paradeiro de Alma Britten (Madylen Rhue). O problema é que os moradores locais se recusam a dar maiores informações sobre a garota. Depois de muito procurar finalmente Ben a localiza em uma cabana nos arredores da cidadela, mas para seu infortúnio a encontra morta por espancamento. Para piorar ainda mais o que já era ruim logo é acusado pelo Xerife Vince McKay (Michael Parks) de ter assassinado a jovem. Sem saída foge para o deserto e é caçado pelos homens da lei.

"A Caçada" é uma experiência que Henry Fonda fez em 1967. Ator consagrado de cinema aceitou realizar esse telefilme para a Universal. O curioso é que apesar de ser um produto televisivo "Stranger On The Run" não apresenta uma produção modesta, pelo contrário, o filme mostra uma boa reconstituição de época, inclusive com o uso de toda uma cidade cenográfica com direito a trilhos de ferrovia e trens antigos. Certamente não é um telefilme típico da TV americana dos anos 60. É bem melhor.

Henry Fonda surge em um papel diferente dos que estava acostumado a interpretar em filmes de western. Aqui ele não é um ás do gatilho e nem muito menos um pistoleiro profissional. Na realidade seu personagem Ben Chamberlain é apenas um cidadão comum acusado de um crime que não cometeu. Fonda como sempre está muito bem, numa interpretação muito coesa e adequada. Sua parceira em cena, Anne Baxter, também demonstra talento e carisma. O problema em termos de elenco surge na figura do ator Michael Parks que faz o xerife que caça Fonda. Sem muita expressão não consegue ficar à altura de Henry em nenhum momento. No elenco de apoio ainda temos Sal Mineo fazendo um membro do bando do Xerife.

"A Caçada" foi dirigido por Don Siegel, diretor de TV que depois iniciaria uma ótima parceria com Clint Eastwood em alguns dos mais lembrados faroestes da década de 1970. Pelo jeito tomou gosto pela mitologia do western. Então é isso, "A Caçada" é uma produção feita para a TV que está bem acima da média do que se produzia naquela década. É sem dúvida um filme menor dentro da rica filmografia do mito Henry Fonda mas não deixa de ser um bom western que merece ser redescoberto nos dias atuais.

A Caçada (Stranger On The Run, EUA, 1967) Direção: Don Siegel / Roteiro: Dean Riesner, Reginald Rose / Elenco: Henry Fonda, Anne Baxter, Michael Parks, Sal Mineo / Sinopse: Ben Chamberlain (Henry Fonda) é um forasteiro acusado injustamente de ter assassinado uma jovem. Lutando por sua vida foge para o deserto onde passa a ser caçado pelo xerife McKay (Michael Parks) e seu bando de auxiliares.

Pablo Aluísio.

sábado, 2 de maio de 2015

Assim Caminha a Humanidade

"Giant" entrou para a história do cinema por vários motivos. O mais lembrado deles é o fato de ter sido o último filme de James Dean. Poucos dias após o fim das filmagens o ator resolveu participar de uma corrida e na viagem até lá morreu em um trágico acidente com apenas 24 anos. Outro ponto a se destacar é que esse é considerado até hoje o melhor filme de George Stevens. Diretor habilidoso, conseguia ótimos resultados por causa de um método inovador de trabalho. Ele utilizava várias câmeras, todas em ângulos diferentes e depois passava meses trancado no estúdio assistindo a cada registro, a cada tomada de cena. Só depois de montar o filme em sua própria mente é que ele finalmente dava o corte final em suas obras. Por essa razão "Assim Caminha a Humanidade" é uma verdadeira obra prima, uma ode ao Texas que até hoje impressiona por sua força e atemporalidade. Por fim, e não menos relevante, "Giant" é sempre lembrado pelas ótimas atuações do casal Rock Hudson e Elizabeth Taylor. Rock aliás considerado até aquele momento um mero galã de Hollywood conseguiu sua primeira e única indicação ao Oscar. O reconhecimento da Academia foi mais do que merecido pois o trabalho de Rock é realmente primoroso, onde ele interpreta um personagem em vários momentos de sua vida, desde a juventude até sua velhice. Permeando tudo temos os vastos campos do Texas. A própria imagem da casa de fazenda ao longe, sem nada por perto reflete bem a grandeza daquela região, onde grandes fortunas foram feitas praticamente da noite para o dia. O Ouro negro, como era chamado o Petróleo, fez a riqueza de muitas famílias texanas. E é justamente sobre isso que seu enredo enfoca.

Em sua autobiografia Rock Hudson relembra como foi tratado por George Stevens. O diretor lhe colocou a par de todos os aspectos da produção e chegou a dizer a ele que escolhesse a cor da casa de seu personagem no filme. Nunca um diretor havia feito algo assim com ele. Isso demonstrava o modo de trabalhar de Stevens, ele queria que todos se sentissem parte do processo de realização do filme. Hudson afirmou em seu livro que nunca vira nada igual antes. Se o diretor queria aproximação completa entre ele e o elenco o mesmo não se podia dizer dos dois atores principais. Desde o começo Rock Hudson e James Dean não se deram bem. Dean vinha de Nova Iorque e procurava ir fundo em suas interpretações. Hudson foi formado na Universal, dentro do Star System, e estava pouco preocupado com maneirismos do Actors Studio. Assim travou-se uma verdadeira batalha nas cenas, dois atores com formação completamente diferente que não se gostavam muito pessoalmente. Dean achava Rock um mero galã e um "poste" - apelido que usou por causa da grande altura do ator. Como ele era baixinho, Dean acabou sentindo-se intimidado por Rock. Já Hudson achava Dean esquisito, complicado de se lidar. Curiosamente apesar de ambos não se darem bem, os dois se tornaram grandes amigos da estrela Elizabeth Taylor. Para Dean, Liz era como uma irmã que nunca teve. Amorosa e simpática procurava entender o rebelde ator mesmo quando ele nitidamente se comportava mal com os outros. Já em relação a Rock ela se comportava como uma amiga de farras. Ambos tomaram grandes porres juntos e inventaram o Martini de chocolate, uma combinação explosiva que exigia um intestino de aço de quem ousasse beber aquela mistureba toda. Elizabeth Taylor virou amiga até os últimos dias de vida de Rock Hudson e quando esse morreu de AIDS em 1985 ela fundou uma instituição de apoio a pesquisas para combater a doença.

A edição do filme foi complicada e demorada. Havia muito material gravado, por diversas câmeras e assim George Stevens passou longos meses montando tudo aquilo. Quando o filme finalmente ficou pronto e foi lançado James Dean já havia morrido há mais de um ano. Como tinha se tornado um mito eterno da sétima arte com sua morte suas jovens fãs correram para os cinemas para conferir o último trabalho do encucado ator. O que viram foi uma produção completamente diferente de "Juventude Transviada". Enquanto aquele era uma crônica sobre a juventude e seus problemas, "Giant" era monumental, de enorme duração e com ares de cinema épico. A crítica se dividiu mas de forma em geral todos concordaram que estavam na presença de um dos maiores filmes já feitos por Hollywood. Um dos pontos mais criticados foi justamente a maquiagem realizada nos atores nas cenas em que eles surgem envelhecidos. Para Rock Hudson e Elizabeth Taylor as perucas grisalhas realmente não caíram bem. De fato apenas James Dean surge bem nessas cenas, o que não deixa de ser uma grande ironia pois ele nunca teria a chance de envelhecer como seu personagem, que aparece bêbado e caindo em um vexame público. Aliás muitas das falas de Dean ficaram ruins nesse momento final e o diretor George Stevens, sem opção, teve que contratar o ator Nick Adams para dublar certas partes do texto do ator falecido. Assim em conclusão podemos dizer que "Assim Caminha a Humanidade" não é apenas uma obra de cinema fenomenal mas também um marco histórico do cinema americano. Um filme tão grande quanto o Texas. Um momento maravilhoso do cinema americano que todos os cinéfilos devem assistir. 

Assim Caminha a Humanidade (Giant, Estados Unidos, 1956) Direção: George Stevens / Roteiro: Fred Guiol, Ivan Moffat baseados na obra de Edna Ferber / Elenco: Elizabeth Taylor, Rock Hudson, James Dean, Carroll Baker, Mercedes McCambridge, Jane Withers, Chill Wills, Sal Mineo, Dennis Hopper / Sinopse: "Assim Caminha a Humanidade" conta a estória do rico fazendeiro Bick Benedict (Rock Hudson) . Após cortejar e se casar com a mimada Leslie (Elizabeth Taylor) ele retorna para sua imensa casa de fazenda bem no meio do grandioso estado americano do Texas. Lá tem que lidar com todos os problemas de sua propriedade, inclusive seus empregados. Entre eles se destaca o estranho e taciturno Jett Rink (James Dean) que parece nutrir uma indisfarçável paixão pela esposa de seu patrão.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 19 de março de 2015

Juventude Transviada

O filme definitivo da carreira de James Dean. "Juventude Transviada" é a quintessência do mito. De certa forma foi o filme que criou a cultura jovem na década de 50. Os personagens são jovens desiludidos, perdidos, que procuram por algum tipo de redenção. Toda a estória se passa em menos de 24 horas. No filme acompanhamos o primeiro dia de aula de Jim Stark (James Dean) em sua nova escola. Filho de pais que vivem se mudando de cidade o jovem Jim não consegue por essa razão criar genuínos laços de amizades com outros jovens de sua idade. Nesse primeiro dia em Los Angeles ele busca por um recomeço, tudo o que deseja é se enturmar e se possível não se envolver em problemas. Dois objetivos que ele logo entenderá que são bem complicados de alcançar. Desafiado por um grupo de valentões liderados por Buzz (Corey Allen) ele logo se vê envolvido numa briga com punhais. Depois aceita o desafio de participar de um racha altas horas da noite numa colina da cidade, o que trará consequências trágicas para todos os envolvidos.

Juventude Transviada demonstra bem que alguns temas são realmente universais, não importando a época em que acontecem. O jovem novato na escola que sofre bullying e é hostilizado pelos valentões locais, o desejo de ser aceito, a dor da rejeição e a frustrada tentativa de se enquadrar são temas pertinentes ao roteiro que dizem respeito não apenas aos personagens do filme mas a todos nós, principalmente no período escolar onde tudo isso vem à tona de forma muito transparente, para não dizer cruel. James Dean está simplesmente arrasador na pele de Jim Stark. Usando de sua já conhecida expressão corporal o ator esbanja versatilidade em uma interpretação realmente inspirada. Não é de se admirar que tenha sido tão idolatrado por tantos anos. Natalie Wood é outro destaque. Interpretando uma jovem com problemas de relacionamento com seu pai ela mostra bem porque era considerada um dos maiores talentos jovens daquela época. Por fim fechando o trio principal temos o frágil Platão, o personagem mais conturbado do filme. Em sensível atuação de Sal Mineo ele transporta carência afetiva e emocional, procurando a todo custo criar algum tipo de amizade, seja com quem for.

Quando "Juventude Transviada" chegou aos cinemas o ator James Dean já tinha morrido em um trágico acidente, com apenas 24 anos. A comoção por sua morte aliada á sua interpretação majestosa nesse filme criaram um dos mais fortes mitos da história de Hollywood. O nome James Dean ficou associado eternamente à figura do jovem rebelde. Unindo sua história trágica, muito parecida com as dos antigos mitos românticos, à força do cinema, James Dean logo virou ídolo de milhões de jovens ao redor do mundo. Mito esse que sobrevive até os dias de hoje pois mesmo após tantas décadas de sua morte o ator ainda é uma das celebridades falecidas que mais faturam em termos de licenciamento de produtos e direitos de imagem. De certa forma o mito James Dean ultrapassou e muito a influência do ator James Dean, embora essa também seja significativa. Juventude Transviada é assim seu testamento definitivo, o filme que criou toda uma mitologia em torno de seu nome, que se recusa a morrer de forma definitiva. Revisto hoje em dia o filme só cresce em importância e qualidade. Definitivamente é uma das produções mais importantes da história do cinema.

Juventude Transviada (Rebel Without a Cause, Estados Unidos, 1955) Direção: Nicholas Ray / Roteiro: Stewart Stern, Irving Shulman, Nicholas Ray / Elenco: James Dean, Sal Mineo, Natalie Wood, Corey Allen, Dennis Hopper, Jim Bechus / Sinopse: Jim Stark (James Dean) é um jovem recém chegado em Los Angeles que em seu primeiro dia de aula na nova escola tem que enfrentar um grupo de valentões liderados por Buzz (Corey Allen). Após uma briga de punhais no observatório da cidade ele aceita o desafio de participar de um racha mortal nas colinas da cidade.

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Exodus

Título no Brasil: Exodus
Título Original: Exodus
Ano de Produção: 1960
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Otto Preminger
Roteiro: Dalton Trumbo
Elenco: Paul Newman, Eva Marie Saint, Ralph Richardson, Peter Lawford, Lee J. Cobb, Sal Mineo

Sinopse:
Baseado no livro escrito por Leon Uris, o filme "Exodus" conta a história de formação do Estado de Israel. Ari Ben Canaan (Paul Newman) é um jovem judeu que ajuda outros de sua nação a emigrarem para a Palestina, nas vésperas da criação de Israel pela ONU. Roteiro parcialmente baseado em fatos históricos reais.

Comentários:
"Exodus" foi produzido para ser um filme grandioso, uma super produção de Hollywood. O tema era polêmico, mostrando uma série de personagens que ajudaram na criação do Estado de Israel. O problema dessa criação é que já existia na mesma região um país chamado Palestina. Isso criou um conflito armado entre judeus e palestinos que dura até os dias de hoje. Como se aprende nas aulas de ciência política não há como haver paz se duas nações habitam um mesmo território. A guerra se torna iminente. Deixando de lado essa questão o fato é que o diretor Otto Preminger optou por um corte excessivamente longo. O filme tem mais de 3 horas de duração, o que de certa forma o prejudicou muito comercialmente na época em que foi lançado nos cinemas. Com a história dividida em três grandes atos há uma inegável lentidão na edição, o que pode tornar o filme cansativo para muitos espectadores. De qualquer forma, pelo importante tema que trata, "Exodus" ainda é uma peça importante para se entender a questão palestina naquela região de conflitos políticos, econômicos e religiosos.

Pablo Aluísio.