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segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Radiomania

Bill Lawrence (James Stewart) é um trabalhador comum. Ao lado da esposa e dois filhos, ele leva uma vida bem rotineira e pacata. Todas as manhãs ele acorda e segue para o trabalho numa grande loja de magazine de sua cidade. Sua vida começa a mudar quando recebe o telefonema de uma estação de rádio local. A atendente lhe avisa que à noite, durante um popular programa, ele terá que responder a uma pergunta que vale 24 mil dólares. No começo Bill não leva nada muito à sério e resolve juntar todos os seus amigos para ouvirem o rádio juntos. Tudo acaba virando uma grande festa. Quando a grande hora chega e a pergunta é feita Bill, ele acaba acertando, se tornando o vencedor do cobiçado prêmio. O que ele não contava é que o prêmio vai lhe trazer uma série de dores de cabeça, virando sua vida literalmente de cabeça para baixo. Para começo de conversa os 24 mil dólares não surgem em dinheiro vivo, mas sim em vários produtos que são enviados pelos patrocinadores do programa. De repente sua casa é invadida por uma série de entregadores, que lhe trazem desde pôneis, até uma quantidade enorme de carne de bezerro, dezenas de vasos de plantas, centenas de relógios e tudo o mais que você possa imaginar. Para piorar o fisco americano acaba ficando de olho em sua premiação, o enchendo de cobranças de taxas e impostos dos mais variados tipos! Sua vida acaba assim virando um verdadeiro caos da noite para o dia.

"Radiomania" é muito divertido. Uma comédia hilariante que se encaixa perfeitamente no tipo de personagem que era ideal na pele de James Stewart. O sujeito comum, simples, que de repente se vê tendo que lidar com coisas que nunca fizeram parte de sua rotina, como um decorador esnobe (que joga fora toda a sua mobília) e até uma bela artista que vem pintar seu retrato como parte do prêmio ganho. A questão é que a grande maioria dos prêmios não tem a menor serventia na vida de Bill e sua família. Tudo acaba virando uma grande metáfora sobre a inutilidade de um sonho consumista sem sentido.

O roteiro, além de ser muito divertido, é muito bem escrito pois não deixa a bola cair em nenhum momento. Como o filme é relativamente curto (algo em torno de 80 minutos) o espectador nem percebe o tempo passando pois o personagem de Stewart se envolve numa série de confusões, uma mais engraçada do que a outra. Para os fãs da atriz Natalie Wood o filme ainda traz um atrativo extra, pois ela está no elenco, interpretando a jovem filha de Stewart. Incrível, mas ela deveria ter uns 12 anos quando fez o filme. Enfim, mais um belo momento da carreira do sempre ótimo James Stewart. Uma comédia leve, simpática, que deixará você com um inevitável sorriso no rosto após terminar de assistir.

Radiomania (The Jackpot, Estados Unidos, 1950) Direção: Walter Lang / Roteiro: John McNulty, Phoebe Ephron / Elenco: James Stewart, Barbara Hale, James Gleason, Natalie Wood / Sinopse: Bill (Stewart) é um sujeito comum que de repente vê sua vida virada de ponta cabeça após ganhar um prêmio em um programa de rádio!

Pablo Aluísio.

sábado, 24 de outubro de 2020

Meu Ofício é Matar

A pequena cidade de Suddenly é das mais pacatas do meio oeste dos Estados Unidos. Há muitos anos nenhum crime mais sério é registrado, talvez por isso o principal passatempo do xerife local seja tentar conquistar o afeto da jovem viúva Ellen Benson (Nancy Gates). Seu marido morreu na segunda guerra e ela ficou sozinha para criar seu único filho. Morando com seu pai, um veterano do serviço secreto, numa casa localizada em uma colina bem em frente à estação de trem, ela, por enquanto, não deseja mesmo se envolver romanticamente com ninguém. A rotina sossegada da cidadezinha muda porém quando o xerife Tod Shaw (Sterling Hayden) é informado que o presidente dos Estados Unidos chegará na estação local para passar alguns dias de folga. Ele pretende pescar e desfrutar da tranquilidade local. Isso obviamente muda completamente a rotina dos moradores. Agentes do serviço secreto e membros da polícia estadual logo tomam as ruas para garantir a segurança do presidente. Até mesmo a casa de Ellen é visitada por supostos agentes do FBI. Liderados por John Baron (Frank Sinatra) eles entram em sua casa dizendo-se membros da segurança do presidente. O que a família de Ellen não sabe é que na verdade são assassinos profissionais que estão ali justamente para matar o presidente. A localização da casa, bem em frente ao local onde o presidente desembarcará de seu trem é perfeita para um tiro de longa distância dado por Baron.

"Meu Ofício é Matar" surpreende por vários aspectos. Muitos anos antes do assassinato do presidente JFK, o roteiro antecipa várias coisas que aconteceriam com Kennedy. O atirador que almeja matar o presidente, interpretado muito bem por Frank Sinatra, era, assim como Lee Oswald, o assassino de JFK, um veterano das forças armadas. O uso de uma janela, acima de qualquer suspeita, para a colocação de um rifle de alta precisão também é similar ao que aconteceria na vida real anos depois. O grande diferencial porém é que Oswald conseguiu uma certa tranquilidade em seu local de tiro (um armazém de livros em Dallas) enquanto o personagem de Sinatra teve que lidar com várias pessoas dentro da casa de Ellen, tendo que se preocupar não apenas em atirar de forma certeira no presidente, mas também administrar seus reféns.

Frank Sinatra está muito bem como o atirador, o assassino profissional contratado para o serviço de sua vida. Afinal matar um presidente dos Estados Unidos não era algo fácil de fazer. Com ares de delírio o personagem de Sinatra se mostra um psicopata perigoso e cruel. O curioso é que o roteiro glorifica os esforços das pessoas que estão feitas reféns dentro da casa para evitar a morte do presidente. O desfecho assim é dos mais interessantes. Gostei muito desse filme. Diria até que foi um dos melhores filmes que assisti com Frank Sinatra. Assim deixo a recomendação desse surpreendente "Meu Ofício é Matar", um filme que antecipou em quase dez anos o que aconteceria na morte de um dos mais populares e marcantes presidentes da história americana.

Meu Ofício é Matar (Suddenly, Estados Unidos, 1954) Direção: Lewis Allen / Roteiro: Richard Sale / Elenco: Frank Sinatra, Sterling Hayden, James Gleason, Nancy Gates / Sinopse: Durante a visita do presidente dos Estados Unidos a uma pequena cidadezinha, um grupo de assassinos profissionais toma de refém uma família para da janela de sua casa mirar e acertar o líder americano assim que ele descer de seu trem.

Pablo Aluísio.