É incrível, mas eu nunca havia assistido a esse clássico do terror. Essa produção de 1931 foi a primeira adaptação autorizada do livro de Bram Stoker para o cinema americano. Também foi uma das mais importantes obras cinematográficas na transposição desse famoso personagem para as telas. O curioso é que o filme teve muitos problemas de produção. A Universal Pictures não queria investir muito dinheiro. Por isso contratou basicamente o mesmo elenco da peça na Broadway. Foi um acerto. Tanto Bela Lugosi (na pele do Conde Drácula), como Edward Van Sloan (que interpretava Van Helsing), estavam muito entrosados quando o filme começou a ser rodado. Eles basicamente apenas repetiram o que vinham fazendo nos palcos. O cinema mudo estava desaparecendo e a possibilidade do uso do som foi uma revolução e tanto. E eles tinham ótimos diálogos para seus personagens. Aliás é bom lembrar que esse foi um dos primeiros filmes falados da história.
O diretor Tod Browning fez um bom trabalho, principalmente na questão envolvendo a direção de arte do filme, como também nos cenários, figurinos, etc. Ele deu um visual ao vampiro que seria imitado por décadas e décadas. Algumas cenas, como a do grande salão do castelo de Drácula, até hoje impressionam pela beleza gótica. E pensar que essa primeira versão foi realizada com pouco dinheiro e com um diretor que não conseguiu terminar o filme porque o prazo estourou e ele teve que ir para outro lugar, para começar um outro filme pelo qual tinha assinado contrato. Quem terminou as filmagens foi Karl Freund, que também ajudou na sala de edição, criando assim um corte final rápido e sem excessos, trazendo muita agilidade para o filme de uma maneira em geral.
Em relação à teatralidade de certos momentos, principalmente nos gestos bem teatrais de Bela Lugosi, isso obviamente foi fruto de suas origens, pois ele na época era um ator de teatro. Seu visual estranho, seu sotaque húngaro, tudo se encaixou perfeitamente com a proposta de interpretar esse estranho conde. Outro aspecto digno de nota é que os produtores cortaram todas as cenas que pudessem ser consideradas violentas demais. Por isso o filme traz uma curiosa característica. O Drácula de Lugosi morde suas vítimas, mas isso nunca é mostrado no filme. Tudo fica apenas na sugestão e na imaginação do espectador. Também não se vê presas de vampiro. Para os executivos da Universal da época isso seria de muito mau gosto. Mal sabiam que o estava por vir nas décadas seguintes. Enfim, esse Drácula pioneiro do cinema é item obrigatório para quem se interessa pela história do cinema. O filme captou o nascimento nas telas de um dos personagens mais marcantes da sétima arte.
Drácula (Dracula, Estados Unidos, 1931) Direção: Tod Browning, Karl Freund / Roteiro: Hamilton Deane, baseado na obra escrita por Bram Stoker / Elenco: Bela Lugosi, Edward Van Sloan, Helen Chandler, David Manners / Sinopse: Um estranho nobre chamado Conde Drácula (Lugosi) viaja até Londres e acaba se interessando pela jovem Mina. Desconfiado de sua verdadeira natureza, o professor Van Helsing (Van Sloan) decide confrontar aquela estranha criatura que ele acredita ser um vampiro.
Pablo Aluísio.
Drácula 1931
ResponderExcluirPablo Aluísio.
Acabei de ver, na Netflix, uma série de três episódios de uma hora e meia cada com o Drácula. Apesar da boa expectativa devido a direção (Sherlock) e por ser uma produção inglesa caprichada, conseguiu o impossível: desagradar a todos por motivos diferentes. O interessante você falar dos movimentos teatrais pelo fato do Bela Lugosi ser do teatro e até hoje o personagem Dracula ainda ser bem teatral, até para não se descaracterizar, inclusive nesta série, mas infelizmente o resto, meu deus!
ResponderExcluirSerge Renine.
Reza a lenda que esse filme foi feito ao mesmo tempo de outro, com baixo orçamento e em espanhol. Esse Drácula para países de língua espanhola é bem raro hoje em dia.
ResponderExcluirSerge,
ResponderExcluirEssa série que você assistiu eu ainda não vi, mas li algumas críticas. Dizem que começa muito bem, mas o final é horrível. Levaram o Drácula para o presente e ficou tosco. Li também muitos comentários negativos, principalmente por causa disso.
Lord Erick,
ResponderExcluirNão é lenda, é verdade! A Universal rodou mesmo uma versão espanhola de Drácula. A direção foi do George Melford. Quem interpretou Drácula nessa outra versão foi o Carlos Villarías, que era até bem parecido com o Bela Lugosi. Esse filme foi deito para ser exibido nos países da América Latina, mas o Brasil ficou de fora porque falamos português. Aqui em nossos cinemas a versão americana é que foi lançada.
Dentre milhares de filmes sobre o famoso vampiro, o que eu mais goste, foi a obra dirigida por Copolla - Drácula de Bram Stoker (1992). Além de um elenco estrelado com Gary Oldman, Winona Rider e Keanu Reeves, o clássico é recheado de charme, sensualidade e ótimas atuações. Para mim, o mais fiel à obra de Stoker, feito até hoje.
ResponderExcluirCorrigindo: mais gostei
ResponderExcluirEu também tenho o filme de Francis Ford Coppola como o melhor já feito sobre o Drácula. É uma obra-prima do cinema. Nesse ponto concordo plenamente com você!
ResponderExcluirPablo. Eu acho que postei este texto aqui no seu Blog. Não tenho certeza.
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