Howard Nightingale (Kirk Douglas) é um delegado do Texas com grande ambição política. Pomposo e vaidoso transforma cada prisão que realiza em propaganda para sua campanha. Seu grande objetivo é ser eleito senador do Texas no congresso americano. Para isso viaja de cidade em cidade em sua própria locomotiva ao lado de seu grupo de auxiliares, todos impecavelmente bem vestidos. A grande chance de conquistar muitos votos surge na captura do bandido mais procurado do estado, o ladrão de trens Jack Strawhorn (Bruce Dern). Após eliminar todo o seu bando, Nightingale consegue encurralar o bandido perto de uma cidadezinha do velho oeste. Após a captura o leva para lá e realiza um verdadeiro comício com o evento, com direito a banda de música e tudo. Depois decide levar o criminoso para Austin onde pretende literalmente exibi-lo como troféu pelas ruas da grande cidade, obviamente tentando com isso angariar o maior número possível de votos para sua eleição ao senado. No caminho porém as coisas saem do controle e agora Nightingale terá que provar que não é apenas um político falastrão mas um delegado de verdade.
“Ambição Acima da Lei” foi um projeto muito pessoal do ator Kirk Douglas. Aqui ele atua, dirige e produz um western dos mais interessantes, uma verdadeira crítica à classe política de seu país, onde homens públicos utilizam aspectos inerentes aos seus deveres para única e exclusivamente se auto promoverem. O delegado interpretado por Douglas é um sujeito que se torna extremamente ambicioso em alcançar uma carreira política de sucesso e se distrai de suas verdadeiras obrigações como homem da lei. O roteiro se aproveita para no final o colocar como vítima da ambição de seus homens, o fazendo saborear do próprio veneno. Aliás o clímax de “Ambição Acima da Lei” é um dos mais inteligentes do cinema americano. Muito ácido e corrosivo, expõe as vísceras dos homens públicos de lá. Outro aspecto a chamar a atenção é que o filme foi realizado em 1975, já no ocaso do gênero, com Kirk Douglas bem veterano, mas tentando manter a chama do faroeste acessa. O resultado não poderia ser melhor, um filme inteligente, intrigante e com um raro sabor de crítica social.
Pablo Aluísio.