sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Feitiço Branco

Título no Brasil: Feitiço Branco
Título Original: White Witch Doctor
Ano de Produção: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Henry Hathaway
Roteiro: Ivan Goff, Ben Roberts
Elenco: Susan Hayward, Robert Mitchum, Walter Slezak
  
Sinopse:
Ellen Burton (Susan Hayward) é uma enfermeira americana que aceita o convite para trabalhar em um posto médico avançado no interior selvagem do país africano do Congo. A região é de complicado acesso, assim ele precisa contar com o apoio do aventureiro John 'Lonni' Douglas (Robert Mitchum) que ganha a vida como mercador de animais selvagens para os principais zoológicos do mundo. Ele tem suspeitas de que uma tribo isolada da civilização guarda em seu poder um manancial enorme de ouro, algo que ele precisa conferir com os próprios olhos, enquanto finge apenas ajudar Ellen em sua viagem de trabalho.

Comentários:
Apesar do filme ter sido dirigido pelo especialista Henry Hathaway, cineasta que assinou tantos clássicos da era de ouro do cinema clássico americano e do excelente elenco liderado pela carismática Susan Hayward e pelo sempre competente Robert Mitchum, "White Witch Doctor" se revelou realmente um pouco decepcionante. Inicialmente se percebe que o roteiro quis mesmo se inspirar nos antigos seriados de aventuras que reinaram nas matinês das décadas de 1930 e 1940, além de obviamente se mostrar bem próximo dos filmes de Tarzan, que ainda faziam grande sucesso de bilheteria nos cinemas naquela época. O problema é que em nenhum momento a trama se decide entre virar um filme dramático, romântico ou de aventura. Fica tudo no meio termo e nada é desenvolvido até o fim. Em termos de aventura "Feitiço Branco" tem pouco a oferecer, se resumindo mesmo em poucas cenas de combates ou ação. O herói Mitchum passeia em cena como uma figura heróica e aventureira, mas ao mesmo tempo também gananciosa, pois ele está de olho numa fortuna em ouro escondido nos confins da África negra. 

Seu romance com a personagem de Susan Hayward também não vai adiante, se resumindo em alguns beijinhos esporádicos e flertes casuais. Tampouco o lado mais dramático do roteiro pode ser considerado bom. Ele se desenvolve no idealismo da enfermeira que decide ir para o Congo para tratar de populações carentes da região. O problema é que uma vez lá ela não encontra mais a médica com a qual iria trabalhar, pois ela teria morrido por uma doença tropical. Sobra assim poucos momentos realmente interessantes nesse aspecto. Ela até tenta salvar vidas, mas como apenas é uma enfermeira e não uma médica e pouco conhece das doenças daquela parte do mundo tudo parece seguir em vão. Por fim temos que admitir também que a produção deixa a desejar em certos momentos. É nitidamente B. O uso excessivo de externas filmadas na África sendo projetadas nas costas do elenco incomoda. Os cenários pintados a mão também não convencem. Há um gorila em cena, logo no começo do filme, mas ele é tão mal feito, deixando tão claro que é um ator vestido de macaco, que chega a criar um humor involuntário, algo muito ruim para um filme como esse. Enfim, uma aventura que envelheceu mal, ficou muito datada e com roteiro inconclusivo e indeterminado. Definitivamente não é dos melhores.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Farrapo Humano

Título no Brasil: Farrapo Humano
Título Original: The Lost Weekend
Ano de Produção: 1945
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Billy Wilder
Roteiro: Charles R. Jackson, Charles Brackett
Elenco: Ray Milland, Jane Wyman, Phillip Terry

Sinopse:
Don Birnam (Ray Milland) é um escritor fracassado que afoga suas mágoas na bebida. Sustentado pelo irmão e vivendo de bar em bar, ele tenta de alguma forma superar seu sério problema de alcoolismo. As coisas parecem tomar um rumo melhor quando conhece a doce e meiga Helen St. James (Jane Wyman) que está disposta a lutar ao seu lado contra o vício da bebida. Filme premiado com o Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Ray Milland), Melhor Direção (Billy Wilder) e Melhor Roteiro. Indicado também nas categorias de Melhor Edição, Melhor Fotografia e Melhor Música (Miklós Rózsa). Vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama, Melhor Ator (Milland) e Melhor Direção. 

Comentários:
Considerado um dos melhores dramas do cinema americano de todos os tempos. O roteiro explora os problemas pessoais que atingem um escritor afundado no alcoolismo. O personagem de Ray Milland não consegue trabalhar, avançar na vida, ficando focado apenas no próximo drink. Isso o faz bolar todo tipo de artimanha para esconder garrafas pela casa, as escondendo na janela, penduradas no lustre do teto ou dentro de encanamentos. Para continuar seu vício ele engana justamente as pessoas que lhe ajudam, como seu irmão e sua namorada, uma jovem de boa família que resolve encarar a batalha por sua liberdade da bebida, algo que não será nada fácil, pois Birnam chega ao ponto até mesmo de penhorar sua máquina de escrever apenas para garantir mais um dia de bebedeiras pela cidade. Depois vai decaindo ainda mais, chegando ao ponto mais baixo de sua existência ao roubar a bolsa de uma mulher em um restaurante, já que não havia mais como pagar pela bebida consumida. Billy Wilder também explora de forma brilhante a própria mente de seu personagem principal. Em um dos momentos mais inspirados coloca Don Birnam em uma ópera que para seu desespero completo está repleta de cenas onde os atores bebem, servem drinks e cantam levantando seus copos! Essa cena é uma das melhores do filme, mesclando o drama pessoal de Don com uma pitada de tragicomédia, que era uma especialidade do gênio Wilder. Em suma, "Farrapo Humano" ainda é uma referência na sétima arte, uma obra brilhante que nunca envelhece. Mais do que indicado para cinéfilo de renome.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

O Estranho John Kane

Após longos anos distante de sua cidade natal, John Kane (Sidney Poitier) retorna. Ninguém sabe ao certo onde esteve por todo esse tempo e nem o que fazia. Ele apenas está de volta após a morte de sua irmã. Seu passado obscuro e desconhecido chama a atenção do médico local, o Dr. Thomas (Will Geer) e do xerife Charley Gray (Lincoln Kilpatrick). Esse último resolve investigar pois desconfia que Kane na verdade seja um anarquista, um baderneiro que está de volta àquela cidadezinha do Alabama para participar dos protestos e das greves dos trabalhadores de uma fábrica da região. Ele seria um agitador político, talvez um membro de organizações radicais como os Panteras Negras. Enquanto está ausente do hotel onde está hospedado, o xerife entra escondido em seu quarto e encontra em sua mala um passaporte. Nele se pode constatar que John Kane esteve nos mais diversos e diferentes países, tão diferentes como a China ou Cuba. As suspeitas de que seria um comunista logo acendem a desconfiança do velho homem da lei. A partir daí ele transforma Kane no alvo de suas investigações, seguindo cada passo que ele dá. Mas afinal qual seria realmente a verdade sobre esse estranho sujeito?

Temos aqui um bom filme, com argumento interessante e aberto a inúmeras interpretações. O roteiro se concentra justamente no personagem interpretado pelo grande ator negro Sidney Poitier. Ele não fala muito, está sempre com um ar misterioso e tudo isso só serve para aumentar ainda mais a curiosidade dos moradores dessa pequena cidade do interior do Alabama. Obviamente que o racismo não seria deixado de lado, ainda mais dentro do contexto histórico em que o filme foi rodado. Assim a cor de Kane acaba sendo o grande estopim para que o xerife comece a investigar sua vida. Para sua surpresa não encontra muita coisa e acaba, por via das dúvidas, em determinado momento do filme, prendendo Kane. Com um visual bem anos 70 e uma estética narrativa própria da época, o filme ainda se sobressai por apresentar uma ótima trilha sonora escrita pelo mestre Quincy Jones (O mesmo produtor musical que muitos anos depois assinaria a produção do disco mais vendido de todos os tempos, "Thriller" de Michael Jackson). Nos momentos finais o roteiro incorpora uma solução até mística e religiosa para explicar o que John Kane teria feito em seu passado e o que estaria fazendo pelo mundo. Mesmo assim essa explicação, um tanto diferente, jamais é inteiramente assumida pelo filme, ficando a critério do espectador aceitar ou não a incomum teoria. Um filme muito interessante, com uma proposta diferente, tudo levado com singela elegância e simpatia. Certamente uma obra que merece ser revista e reavaliada, particularmente indicada para os fãs da classe e dignidade ímpares do talentoso Poitier.

O Estranho John Kane (Brother John, EUA, 1971) Direção: James Goldstone / Roteiro: Ernest Kinoy / Elenco: Sidney Poitier, Will Geer, Bradford Dillman, Beverly Todd / Sinopse: John Kane (Sidney Poitier) retorna para sua cidade natal após viver fora por muitos anos. Ele está de volta para prestar suas últimas homenagens à irmã falecida. Sua presença logo chama a atenção dos moradores, em especial do xerife e do querido médico da comunidade, o Dr. Thomas (Will Geer). Em pouco tempo Kane, mesmo não tendo feito nada de errado em sua passagem pela região, começa a ser investigado pela polícia. O que afinal de contas ele estaria tentando esconder de todos?

Pablo Aluísio.

Jamais Te Esquecerei

Título no Brasil: Jamais Te Esquecerei
Título Original: The House in the Square
Ano de Produção: 1951
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Roy Ward Baker
Roteiro: John L. Balderston, Ranald MacDougall
Elenco: Tyrone Power, Ann Blyth, Michael Rennie
  
Sinopse:
O físico nuclear Peter Standish (Tyrone Power) acaba desenvolvendo uma tese de que no universo temos várias realidades paralelas, inclusive em relação ao tempo. Para Peter o passado, presente e futuro formam uma só dimensão, o que tornaria possível a viagem no tempo. Após encontrar anotações de um antepassado distante ele acaba se convencendo que em algum momento de sua vida retornou ao século XVI, onde deixou para o seu eu do presente pistas do que teria feito lá. Agora ele precisa descobrir uma maneira de romper o espaço tempo para provar suas teorias.

Comentários:
Então você pensava que o tema viagem ao tempo só foi explorado pelo cinema na série "De Volta Para o Futuro"? Melhor rever seus conceitos meu caro. Esse "Jamais Te Esquecerei" é um filme pioneiro, realizado no começo dos anos 1950, que explora muito bem esse tema. O personagem principal, interpretado pelo galã Tyrone Power, é um cientista que está convencido que a viagem no tempo seria possível, baseado nas teorias do gênio Albert Einstein. Revirando velhos manuscritos que pertencem à sua família há séculos ele encontra cartas datadas do século XVI que dão pistas de que ele próprio, de alguma maneira, esteve lá! A partir daí o físico começa uma série de experimentos para realizar essa viagem inédita. E depois de um evento perfeitamente natural (um raio, tal como em "De Volta Para o Futuro") ele consegue realmente romper a barreira do tempo, indo parar no passado. Lá ele encontra seus antepassados e até se apaixona por uma prima, que se torna um amor impossível. Dois aspectos merecem menção nesse imaginativo roteiro. O primeiro é que uma vez no passado Standish fica um tanto decepcionado com o que encontra. Ele tinha uma imagem romântica daquele tempo, mas acaba encontrando uma realidade dura, com muita pobreza, exploração (inclusive envolvendo trabalho infantil), sujeira pelas ruas e poucos padrões de higiene das pessoas ao seu redor. Imagine tudo isso em um filme que supostamente deveria explorar um universo de fantasia romântica! Outro ponto interessante é que o diretor Roy Ward Baker teve uma ideia realmente genial ao filmar em dois sistemas diferentes. Quando o físico interpretado por Tyrone Power está no seu presente o filme apresenta uma fotografia toda em preto e branco. Há um clima sombrio no ar. Quando ele retorna ao passado o filme se torna colorido, vibrante e alegre. Achei realmente muito criativo esse aspecto. Assim "Jamais Te Esquecerei" é um filme bem à frente de seu tempo. É em essência um drama romântico, mas também é bem inteligente e mais do que isso, realista! Uma produção que realmente surpreende o espectador.

Pablo Aluísio

terça-feira, 24 de outubro de 2017

O Planeta dos Macacos

Título no Brasil: O Planeta dos Macacos
Título Original: Planet of the Apes
Ano de Produção: 1968
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Franklin J. Schaffner
Roteiro: Michael Wilson, Rod Serling
Elenco: Charlton Heston, Roddy McDowall, Kim Hunter, Maurice Evans, James Whitmore, James Daly

Sinopse:
Após sua espaçonave sofrer uma pane, o astronauta George Taylor (Charlton Heston) vai parar em um estranho planeta, muito parecido com a Terra, mas que é dominado por macacos! Os únicos humanos estão aprisionados como animais. Tudo não parece fazer muito sentido até que Taylor descobre uma terrível verdade sobre aquele lugar...

Comentários:
Esse é o filme que deu origem a tudo. Baseado na obra literária de Pierre Boulle o projeto do filme ficou arquivado por muitos anos pois o estúdio tinha receios do público não entender a proposta principal do enredo. Só após o ator Charlton Heston aceitar o convite para estrelar a película é que finalmente a Fox deu sinal verde para a produção do filme. Acabou sendo um marco histórico para a ficção no cinema. É curioso porque Charlton Heston foi uma estrela da Hollywood clássica, com uma filmografia épica que nada tinha a ver com esse tipo de universo. De fato "O Planeta dos Macacos" é seu filme mais sui generis, nada parecido com o trabalho que ele tinha desenvolvido anteriormente em sua carreira. Ele teve muita coragem em atuar nesse tipo de produção Sci-fi, algo que seus admiradores não esperavam. De uma forma ou outra o público adorou o resultado. O roteiro não se resumia em mostrar um universo estranho, de um mundo dominado por macacos, mas também em discutir aspectos sociais da própria época. Era um argumento inteligente, muito bem escrito, que fez com que o público jovem (em plena era da geração hippie, power flower) abraçasse a proposta do filme. Havia também ótimas sequências como àquela em que o personagem de Heston encontrava a estátua da liberdade afundada nas areias do praia. Algo para não esquecer! O sucesso foi tão grande que acabou dando origem a uma extensa franquia, com continuações ora interessantes, ora irregulares. Mesmo assim não há como diminuir o impacto desse histórico primeiro filme. Sucesso de público e crítica acabou levando também um merecido Oscar na categoria de melhor maquiagem (para John Chambers). Simplesmente indispensável para qualquer cinéfilo que se preze.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Vampiros de Almas

Título no Brasil: Vampiros de Almas
Título Original: Invasion of the Body Snatchers
Ano de Produção: 1956
País: Estados Unidos
Estúdio: Allied Artists Pictures
Direção: Don Siegel
Roteiro: Daniel Mainwaring, Jack Finney
Elenco: Kevin McCarthy, Dana Wynter, Larry Gates
 
Sinopse:
Ao retornar para a pequena cidadezinha onde mora na Califórnia o Dr. Miles J. Bennell (Kevin McCarthy) começa a receber reclamações estranhas de seus pacientes. Para esses haveria algo muito anormal acontecendo, pois seus parentes não seriam mais quem dizem ser. Eles se pareceriam com seus maridos, tios, pais, mas definitivamente não seriam eles na verdade. Intrigado o Dr. Milles começa a investigar o que estaria acontecendo. Seria algum tipo de delírio coletivo? No mínimo tudo soaria muito estranho... Aos poucos ele vai descobrindo a terrível verdade. O problema é convencer alguém do que estaria acontecendo de fato. Plantas alienígenas estariam trocando os seres humanos por cópias perfeitas? Quem acreditaria em algo tão absurdo?

Comentários:
Esse filme é considerado um dos grandes clássicos de Ficção dos anos 50. O enredo foi baseado em um conto escrito por Jack Finney para a revista de literatura fantástica "Collier's magazine serial". Imaginem uma invasão bem sutil de uma raça de aliens que ao invés de enfrentar os seres humanos em uma grande guerra de mundos estaria aos poucos substituindo todos os humanos por cópias de si mesmos. As estranhas criaturas seriam uma simbiose entre o mundo animal e vegetal e estariam determinadas a conquistar o planeta, se livrando da humanidade que para eles seria completamente descartável por serem seres emocionais e propensos a atos de violência irracional. O roteiro assim joga com o suspense da situação, sem nunca apelar para os efeitos especiais ou monstros, como era de praxe na época. O curioso dessa produção é que ela joga mais com o lado intelectual da situação do que com qualquer outra coisa. Há certamente cenas de ação e tudo mais (como quando os protagonistas fogem colina acima, perseguidos por uma multidão de abduzidos), mas nada disso é o foco principal da fita. Na verdade o criador do conto original fez uma analogia em cima do clima de paranoia em que vivia a sociedade americana. Havia um temor que o comunismo invadisse e destruísse os valores americanos. Isso fica bem claro quando o médico é informado por um dos seres que o objetivo dos aliens seria a construção de uma sociedade sem individualidade, onde todos seriam iguais, subordinados, sem diferenças entre si (e sem emoções também!). Ora, basta entender o contexto histórico do lançamento de "Invasion of the Body Snatchers" para entender bem onde o argumento queria chegar. Claro que passados tantos anos a ideia já não soa tão original como nos anos 50, afinal de contas o filme foi extremamente imitado por décadas! Mesmo assim não há como negar que é realmente um marco na história do universo Sci-Fi americano. Depois de filmes como esse não haveria mais limites para a imaginação dos roteiristas. Sob esse ponto de vista "Vampiros de Almas" realmente fez escola e pode ser considerado uma das ficções mais influentes da história do cinema americano. Pequena obra prima.

Pablo Aluísio.

A Invasão dos Bárbaros

Título no Brasil: A Invasão dos Bárbaros
Título Original: Attila
Ano de Produção: 1954
País: Itália, França
Estúdio: Producciones Ponti-de Laurentiis
Direção: Pietro Francisci
Roteiro: Ennio De Concini, Richard C. Sarafian
Elenco: Anthony Quinn, Sophia Loren, Henri Vidal, Claude Laydu, Irene Papas, Colette Régis

Sinopse:
Durante o século V da era cristã, o general romano Aécio (Henri Vidal) é enviado até as terras ocupadas pelos bárbaros conhecidos como Hunos. Eles são liderados por um guerreiro violento chamado Átila (Anthony Quinn). O militar de Roma pretende assinar um tratado de paz com os bárbaros, mas logo percebe que isso é praticamente impossível pois uma invasão está prestes a acontecer nas fronteiras do império.

Comentários:
Filme baseado em fatos históricos reais. Átila, Rei dos Hunos, passou para a história conhecido como "O Flagelo de Deus". Ele liderou a maior invasão bárbara que se teve notícia até então. O outrora glorioso Império Romano estava em franca decadência. Liderado por um jovem e fraco imperador chamado Valentiniano III, Roma acabou sendo invadida pelos Hunos de uma forma nunca antes vista. Esse filme franco italiano tentou contar essa famosa passagem da história da queda do Império Romano. Pena que não teve o orçamento necessário para isso. Realmente o que estraga esse filme é sua fraca produção. Para épicos assim era necessário ter milhões de dólares na época. Como o filme foi feito na Itália, com um orçamento insuficiente, ficamos com aquela sensação ruim de estar assistindo a um teatro filmado, ou pior que isso, a uma novela de TV. O elenco até era muito bom, com destaque para o expansivo Anthony Quinn. Aqui cometeram um erro de maquiagem nele pois para reproduzir os olhos orientais de Átila, puxaram o rosto do ator para trás, lhe trazendo um aspecto nada natural. Sophia Loren, jovem e bonita, muito sensual até, interpretou a irmã do afeminado imperador, a víbora Honoria. Um papel central na trama, pois ela acabou sendo uma das razões da invasão dos bárbaros sobre Roma. O problema é que Loren não era uma atriz muito experiente na época em que o filme foi feito. Sua atuação deixa mesmo a desejar. Assim, no final das contas, temos um filme menor, pequeno demais para a grandeza da história que tenta contar.

Pablo Aluísio.

domingo, 22 de outubro de 2017

O Poço e o Pêndulo

Título no Brasil: O Poço e o Pêndulo
Título Original: Pit and the Pendulum
Ano de Produção: 1961
País: Estados Unidos
Estúdio: MGM
Direção: Roger Corman
Roteiro: Richard Matheson, baseado na obra de Edgar Allan Poe
Elenco: Vincent Price, Barbara Steele, John Kerr, Luana Anders
 
Sinopse:
Século XVI. Ao descobrir que sua irmã morreu em circunstâncias misteriosas, o nobre Francis Barnard (John Kerr) resolve ir até o castelo onde ela morava com o marido, Nicholas Medina (Vincent Price). O lugar é sinistro, uma velha construção medieval usada no passado como câmera de torturas da inquisição espanhola. Aos poucos Francis vai percebendo que nada é como lhe fora informado. Sua irmã não morrera de um ataque do coração e nem da maneira como ele pensava ter sido. Afinal qual seria a verdade dos fatos naquele ambiente doentio e assustador?

Comentários:
Falar que esse filme foi baseado na obra de Edgar Allan Poe é sem dúvida forçar um pouco a barra. Na verdade apenas os 10 minutos finais tem alguma semelhança com o conto escrito pelo genial Poe. O fato é que o texto original tem uma trama muito simples. Basicamente é um homem que acorda numa câmera de torturas da idade média, onde um pendulo com uma grande Lâmina desce em sua direção. O poço onde ele está seria assim uma metáfora do próprio inferno e o pêndulo uma alegoria do tempo que conforme vai passando vai consumindo nossa existência. Essa é em breves linhas o conteúdo do que Poe escreveu. O roteirista Richard Matheson precisou assim criar todo um enredo próprio para a realização do filme. Dessa maneira surge vários personagens que inexistiam na obra original de Poe, entre eles o fragilizado Nicholas Medina (Vincent Price). Seu pai foi um dos mais sádicos inquisitores da Espanha e quando descobriu que seu próprio irmão estava tendo um caso com sua esposa resolveu torturar a ambos nos mesmos instrumentos de tortura que mantinha nos porões de seu castelo. Ainda criança Nicholas assistiu a tudo. Com o trauma criou uma personalidade frágil e assustada, sempre aterrorizado com as sombras daquele lugar assustador. É curioso porque Price interpreta ambos os personagens, pai e filho. Como Nicholas (o filho) ele é perturbado e medroso, como Sebastian (o pai) é um torturador insano e masoquista. O diretor Roger Corman fez um bom filme (considerado clássico por alguns), mas de modo em geral ficou apenas na média. As cores berrantes do filme atrapalham um pouco, se fosse realizado em preto e branco seria claramente mais assustador. A trama tem bons momentos e como o filme é relativamente curto (pouco mais de 80 minutos), jamais chega a aborrecer o espectador. Corman sabia como dar um ritmo adequado e um corte certo para filmes como esse.

Pablo Aluísio.

Esposa Só no Nome

Casualmente durante um passeio a cavalo, Alec Walker (Cary Grant) acaba conhecendo Julie Eden (Carole Lombard). Ela é uma jovem viúva que ganha a vida desenhando vestidos para revistas de moda em Nova Iorque. Ele é um homem infeliz em seu casamento de fachada. Sua esposa, uma alpinista social, só se casou com ele por causa da fortuna de sua família. Aos poucos Walker vai se apaixonando por Julie, mas sua esposa não vai deixar algo assim passar barato. Esse filme do final dos anos 1930 investe em um roteiro baseado na velha premissa do triângulo amoroso, envolvendo aqui um homem casado e uma viúva, mãe de uma garotinha de seis anos. O casamento dele é uma farsa. Não há amor envolvido, nem paixão. Assim ele busca por um novo amor, mas obviamente isso vai lhe trazer inúmeros problemas.

O grande interesse nessa produção vem do seu elenco, mas particularmente do desempenho da atriz Carole Lombard. Quando ela atuou nesse filme só tinha 3 anos de vida pela frente. Ela morreu tragicamente em um acidente de avião, enquanto trabalhava para vender bônus da segunda guerra mundial. Sua morte chocou Hollywood porque ela ainda era jovem, com apenas 33 anos de idade! Tinha uma bela carreira pela frente. Depois desse "Esposa Só no Nome" ela só faria mais quatro filmes. Outro destaque é a presença de Cary Grant, também ainda bem jovem. Seu papel é a de um homem, filho de uma rica e tradicional família do sul, que precisa enfrentar as barreiras da sociedade para ser feliz. Naqueles tempos romper um casamento, para se firmar em um romance com uma mulher viúva, era algo desastroso do ponto de vista social. Então é isso, "In Name Only" é certamente um filme bem interessante, contando no elenco com um grande galã de Hollywood atuando ao lado de uma jovem estrela que não viveria muito, vitimada por uma das grandes tragédias da história do cinema americano.

Esposa Só no Nome (Estados Unidos, 1939) Direção: John Cromwell / Roteiro: Richard Sherman, baseado na novela romântica escrita por Bessie Breuer / Elenco: Cary Grant, Carole Lombard, Kay Francis / Sinopse: Homem casado, mas infeliz em seu matrimônio, se apaixona por jovem viúva, artista de design de vestidos de luxo de Nova Iorque. O romance, encarado por ele como uma salvação para sua frustrada vida sentimental, logo se torna alvo de sua esposa, que não parece disposta a lhe dar o divórcio.

Pablo Aluísió.

sábado, 21 de outubro de 2017

Só Ficou a Saudade

Título no Brasil: Só Ficou a Saudade
Título Original: Kings Go Forth
Ano de Produção: 1958
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Delmer Daves
Roteiro: Merle Miller, baseado na novela de Joe David Brown
Elenco: Frank Sinatra, Tony Curtis, Natalie Wood, Karl Swenson
  
Sinopse:
Segunda Guerra Mundial. O tenente americano Sam Loggins (Frank Sinatra) e seu pelotão rumam em direção ao sul da França, país que estava sendo libertado naquele momento histórico da dominação nazista. Em seu grupo junta-se um novo cabo, Britt Harris (Tony Curtis), especialista em comunicação. Quando chegam numa pequenina cidade na costa descobrem que o local está praticamente livre de tropas inimigas. Assim eles partem para a diversão, indo à praia e namorando as garotas locais. Sam acaba se apaixonando pela doce e bela Monique Blair (Natalie Wood), mas ela parece ficar mais interessada por Harris, afinal ele é extrovertido, sedutor e boa pinta. O que eles nem desconfiam é que os alemães não estão tão derrotados como todos erroneamente pensam.

Comentários:
Depois de "A Um Passo da Eternidade" o cantor Frank Sinatra deu um tempo em dramas de guerra, só retornando mesmo com esse bom "Só Ficou a Saudade". Embora tenha cenas de ação e combate o filme não se propõe a investir muito nesse aspecto. Na realidade o roteiro está sempre muito mais focado em contar uma história de amor frustrado. A velha história do sujeito que ama uma mulher, mas que precisa se contentar com o triste destino, pois ela ama outro. É interessante que Sinatra tenha optado por interpretar um homem triste, melancólico e rejeitado que precisa manter a cabeça no lugar enquanto tenta sobreviver à guerra e ao fato de que um verdadeiro canalha (o cabo Harris) acabe roubando o coração da garota que ele tanta ama. Há uma linha de diálogo que reflete tudo isso. O tenente interpretado por Sinatra se vira para o personagem de Tony Curtis e desabafa, dizendo: "Olhe para você! É rico, bonito e se dá bem com as garotas. Eu sou pobre e feio!". 

A impressão que tive foi que Sinatra, que vinha numa fossa tremenda em sua vida pessoal, por causa da rejeição de Ava Gardner, tentava transmitir tudo o que sentia justamente nesse papel em que atuava. Outro aspecto digno de nota vem da personagem Monique de Natalie Wood. Ela é filha de um negro americano que se enamorou de uma francesa. Em determinado momento do roteiro ela conta essa história para o tenente Sam. Ele fica chocado com as suas origens! Hoje em dia algo assim daria inúmeros problemas, certamente. Mas enfim... O diretor Delmer Daves, de tantos faroestes, até que se saiu muito bem dirigindo esse romance improvável e triste, sem final feliz. E para fechar a pequena resenha aqui vai também mais um fato curioso. Em determinada cena, numa boate esfumaçada, os soldados começam a pedir que um membro do pelotão suba ao palco para se apresentar. Obviamente por Frank Sinatra ser um dos maiores cantores de todos os tempos o espectador acabe pensando que ele dará uma canja em cena, mas não! Quem sobe ao palco para "dublar" um trompete é Tony Curtis! Assim, sinceramente, não dá para ser feliz...

Pablo Aluísio.

Amor de Dançarina

Título no Brasil: Amor de Dançarina
Título Original: Dancing Lady
Ano de Produção: 1933
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Robert Z. Leonard
Roteiro: P.J. Wolfson
Elenco: Joan Crawford, Clark Gable, Fred Astaire, Franchot Tone, May Robson, Grant Mitchell, Nelson Eddy
  
Sinopse:
A vida para Janie Barlow (Joan Crawford) é o mundo da dança. Ela sonha em ser uma grande estrela da Broadway e para isso se dedica o tempo todo para aprender novos passos, novas coreografias. Tod Newton (Franchot Tone) é um rico playboy que decide ajudá-la a transformar seus sonhos em realidade. Para isso ele pede para que o diretor de musicais Patch Gallagher (Clark Gable) dê uma chance a Janie.

Comentários:
Um bom musical da Metro, hoje pouco lembrado, que procura explorar o mundo dos bastidores dos grandes musicais da Broadway. A protagonista é uma jovem que sonha com o sucesso e a fama, mas que vai descobrindo como é duro para se tornar uma verdadeira estrela. O filme tem muito charme, bonitas sequências, extremamente bem realizadas e a participação especial de Fred Astaire e Nelson Eddy como grandes astros da Broadway. O curioso é que Fred Astaire, considerado por muitos como o maior dançarino da história de Hollywood, faz o papel de si mesmo. Ele brinca com sua imagem pública e como sempre arrasa no momento de mostrar seus passos. O diretor Robert Z. Leonard logo entendeu a importância de ter um mito como Fred Astaire fazendo uma participação especial em seu filme e por isso pediu a ajuda dele nas coreografias mostradas ao longo desse musical. O resultado realmente ficou ótimo. Joan Crawford era uma graça na época, ainda bem jovem, com apenas 26 anos, e esbanja um carisma e uma alegria inocente que logo se tornaria uma raridade em sua filmografia, pois ela iria se especializar mesmo em personagens de mulheres fortes e decididas. Já Clark Gable fugiu do convencional. Filmes musicais eram exceções em sua carreira, já que a sua especialidade eram os filmes românticos. Aqui ele interpreta um diretor de musicais da Broadway, algo que fugia totalmente de seu habitual. Enfim, um belo musical dos tempos áureos da Metro em Hollywood.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

O Céu é Testemunha

Segunda Guerra Mundial. Após ter seu navio afundado por japoneses o cabo americano dos fuzileiros navais Allison (Mitchum) consegue sobreviver, ficando dias à deriva em alto-mar. Para sua sorte sua pequena embarcação é levada até uma ilha no meio do Pacífico Sul. Ao desembarcar ele acaba descobrindo que só há uma pessoa naquele lugar distante e esquecido por Deus, a freira Angela (Deborah Kerr). Ela é a única sobrevivente da comunidade. Seu superior, o padre Phillips, está morto. Agora juntos terão que sobreviver. Não será uma tarefa fácil, por causa da escassez de alimentos e pela provável ocupação das tropas japonesas que estão chegando para transformar a ilha em um posto avançado das forças imperiais de seu país. Caberá ao militar e à freira a complicada tarefa de não serem descobertos e presos pelos violentos soldados japoneses. Para isso Allison usará de todo o seu treinamento de fuzileiro naval enquanto protege a irmã Angela de mais uma tragédia em sua vida.

John Huston aqui realiza mais uma de suas obras primas. Baseado em um roteiro que foi parcialmente inspirado em fatos reais, Huston explora duas figuras completamente diferentes entre si (um militar e uma religiosa) que se encontram em uma situação limite pela sobrevivência. O mais curioso é que Huston ousou até mesmo ultrapassar certos limites, criando uma atração entre o personagem de Robert Mitchum e a jovem e bonita irmã, interpretada por Deborah Kerr. A tensão sexual que se cria entre eles é uma das melhores coisas desse argumento. Outro fato digno de aplausos é a técnica que Huston explora para desenvolver sua história. Com basicamente dois personagens centrais ele desenvolve diversos temas interessantes, como a força da fé, os limites éticos que caem na luta pela sobrevivência e o que não poderia faltar em uma produção como essa, o senso de aventura.

O militar de Robert Mitchum é um tipo que, apesar de crer em Deus, nunca foi muito preocupado com essa questão religiosa. Órfão, criado em abrigos a vida inteira, chegou a se tornar um delinquente juvenil antes de decidir entrar nos fuzileiros navais e finalmente se encontrar na vida, trilhando um caminho seguro. Já a freira de Kerr é jovem, bela e ainda não fez os seus votos definitivos de castidade, o que abre uma pequena margem de esperanças para o militar, que claramente fica apaixonado por ela. Assim temos um ótimo filme, baseado em uma história que prende a atenção do começo ao fim. Nada mais normal para um gênio do cinema como John Huston.

O Céu é Testemunha (Heaven Knows, Mr. Allison, Estados Unidos, 1957) Direção: John Huston / Roteiro: John Huston, John Lee Mahin / Elenco: Robert Mitchum, Deborah Kerr / Sinopse: Um fuzlileiro naval dos Estados Unidos (Mitchum) consegue sobreviver a um ataque japonês ao seu navio durante a batalha do Pacífico, no auge da II Guerra Mundial. Ele acaba indo parar numa ilha onde conhece a bela e jovem freira irmã Angela (Kerr). Juntos vão tentar sobreviver ao mundo em chamas e à fúria da natureza do lugar. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Deborah Kerr) e Melhor Roteiro Adaptado (John Huston e John Lee Mahin). Indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz - Drama (Deborah Kerr). Também indicado ao BAFTA Awards nas categorias de Melhor Filme - Estados Unidos e Melhor Ator (Robert Mitchum),

Pablo Aluísio.

O Tempo Não Apaga

Título no Brasil: O Tempo Não Apaga
Título Original: The Strange Love of Martha Ivers
Ano de Produção: 1946
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Lewis Milestone
Roteiro: Robert Rossen
Elenco: Barbara Stanwyck, Van Heflin, Lizabeth Scott, Kirk Douglas, Judith Anderson, Roman Bohnen

Sinopse:
O ano é 1928. Baseado no romance "Love Lies Bleeding" escrito por John Patrick, o filme conta a história de Martha Ivers (Barbara Stanwyck), uma mulher dominadora e implacável, casada com um homem que tenta manipular de todas as maneiras. Martha tem um terrível segredo envolvendo seu passado, algo que não pode ser descoberto por ninguém.

Comentários:
Drama pesado, assinado pelo talentoso cineasta Lewis Milestone. O filme chegou a ser indicado a um Oscar, na categoria melhor roteiro. Curiosamente a indicação foi para o escritor John Patrick que escreveu o romance que deu origem ao filme e não propriamente ao roteirista dessa produção,  Robert Rossen. Um tipo de erro que alguns anos depois a Academia iria consertar, mudando as regras de indicação a esse prêmio. Outro fato curioso é que o filme fez grande sucesso na Europa (mais do que dentro do mercado americano). Sua trama, bem pesada, calcada em personagens dramáticos e trágicos, foi bem de encontro ao gosto dos europeus. Por essa razão o filme acabou fazendo boa carreira no exterior, inclusive sendo reconhecido no Festival de Cannes daquele ano. Outro fato digno de nota é que esse foi o primeiro filme da carreira do ator Kirk Douglas. Ele interpreta um jovem procurador, ambicioso, mas honesto, chamado Walter O'Neil. Douglas ainda era bem moço, mas já demonstrava aquele carisma forte que iria construir toda a sua carreira, o transformando em um dos grandes astros da história de Hollywood nos anos seguintes. Já Barbara Stanwyck se sobressai bastante com sua atuação ao dar vida a uma mulher com poucos valores éticos, cujas ambições se resumem a ficar rica, seja de que maneira for. Ela inclusive guarda um terrível segredo em seu passado que agora tenta de todas as formas esconder. Enfim, um bom dramalhão dos anos 40, valorizado sobretudo por seu excelente elenco.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Perdidos na Tormenta

Título no Brasil: Perdidos na Tormenta
Título Original: The Search
Ano de Produção: 1948
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer
Direção: Fred Zinnemann
Roteiro: Richard Schweizer, David Wechsler
Elenco: Montgomery Clift, Ivan Jandl, Aline MacMahon, Jarmila Novotna, Wendell Corey, Ewart G. Morrison

Sinopse:
Após o fim da II Grande Guerra Mundial, um militar norte-americano chamado Ralph Stevenson (Montgomery Clift) é enviado para Berlim. A outrora cidade alemã está reduzida a escombros por causa dos bombardeios que foram feitos pelos aviões americanos durante a guerra. No meio desse caos Ralph resolve ajudar um garotinho tcheco perdido a reencontrar sua mãe.

Comentários:

O primeiro filme de Montgomery Clift em Hollywood foi "Perdidos na Tormenta". Esse foi filme foi realizado em 1948, uma produção da Metro-Goldwyn-Mayer que tinha como tema o pós-guerra na Europa. Um tema muito adequado pois a II Guerra Mundial havia terminado apenas três anos antes. O diretor Fred Zinnemann queria trazer para o público americano a situação em que se encontrava os países europeus depois de um dos conflitos armados mais sangrentos da história. Foi uma excelente iniciativa pois capturava em tela a situação de Berlim, a antiga capital do III Reich de Hitler, agora reduzida a uma pilha de escombros depois dos intensos bombardeios dos aviões aliados. E foi justamente para esse caos que a equipe de filmagem foi enviada. Clift interpretava no filme um militar americano chamado Ralph Stevenson. Após o fim da guerra ele era enviado justamente para Berlim, onde acabava ajudando um garoto de origem tcheca a encontrar sua mãe.

Filmar ali foi uma grande experiência para o ator. Embora ele tivesse conhecimento de tudo o que havia acontecido na II Guerra, era algo bem diferente estar ali, bem no meio do povo alemão derrotado, tentando sobreviver de todas as formas. O filme também serviu como propaganda americana ao colocar soldados e militares dos Estados Unidos como pessoas prontas a ajudar os sobreviventes da guerra, os retratando como pessoas amigáveis e prestativas, militares honestos e de boa índole. Após seu lançamento o filme foi bastante elogiado, vencendo um Oscar numa categoria importante, a de Melhor Roteiro (prêmio dado aos roteiristas Richard Schweizer e David Wechsler). Além disso foi indicado ainda ao Oscar nas categorias de Melhor Direção e Melhor Ator, justamente para Montgomery Clift, que estreava assim com reconhecimento em Hollywood. Afinal ser indicado ao Oscar por seu primeiro filme era algo para poucos...

Pablo Aluísio.

A Praia dos Biquínis

Título no Brasil: A Praia dos Biquínis
Título Original: Bikini Beach
Ano de Produção: 1964
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: William Asher
Roteiro: William Asher, Leo Townsend
Elenco: Frankie Avalon, Annette Funicello, Martha Hyer, Don Rickles, Harvey Lembeck, John Ashley

Sinopse:
Entre várias ondas na praia, o jovem Frankie (Frankie Avalon) tenta conquistar mais uma vez o coração da doce e maravilhosa Dee Dee (Annette Funicello). Para isso porém ele terá que enfrentar mais uma vez as artimanhas de Eric Von Zipper (Harvey Lembeck) e seus motoqueiros e um cientista maluco, que quer provar que adolescentes e primatas possuem os mesmos instintos básicos de acasalamento!

Comentários:
Se você tiver curiosidade em saber como eram os filmes feitos para o público adolescente nos anos 60, uma boa dica é esse filme de verão chamado "Bikini Beach". Estrelado pelo casalzinho sensação da época, Frankie Avalon e Annette Funicello, essas produções eram extremamente lucrativas, porque tinham uma orçamento quase mínimo (esse aqui custou apenas 600 mil dólares!) e conseguiam faturar muito bem nas bilheterias. Essa fita aqui, por exemplo, foi a terceira de uma longa série de fitas rápidas que começaram com "A Praia dos Amores" no ano anterior, sendo seguida de "Quanto Mais Músculos Melhor". Haveria ainda um quarto filme intitulado "Folias na Praia" em 1965. Todos esses filmes foram bastante reprisados no Brasil, na década de 70, na Sessão da Tarde, por isso acabaram bem populares por aqui. Os roteiros eram sempre bem básicos. Avalon e Funicello em eterno namorico pelas praias da Califórnia, sendo importunados pelo motoqueiro maluco Eric Von Zipper (Harvey Lembeck). Tudo realmente muito pueril, inocente, bem de acordo com os padrões da época. Hoje em dia esses filmes, de baixo teor artístico e cinematográfico, servem apenas como curiosidades nostálgicas. Frankie Avalon, por exemplo, até tentou emplacar uma carreira de cantor ao estilo Elvis Presley, mas como ele definitivamente não era Elvis, acabou ficando pelo meio do caminho. De qualquer maneira assista e conheça, nem que seja para matar as saudades de um tempo que não existe mais.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Desaparecidas

1885. Novo México. Um velho cowboy e pistoleiro chamado Samuel Jones (Tommy Lee Jones) resolve voltar para sua terra natal para reconstruir sua vida pessoal e familiar. Está velho e cansado de viver eternamente cavalgando pelo velho oeste, sem rumo certo a seguir. Há muitos anos ele não vê sua filha Magdalena Gilkeson (Cate Blanchett). O retorno, como era de se esperar, é complicado. Há muitas mágoas no meio do caminho. O que ninguém poderia esperar era o rapto de sua neta por criminosos e bandoleiros, algo que Jones não deixará passar barato. Sua busca por vingança e justiça se tornará praticamente uma obsessão. Bom faroeste moderno valorizado pelas excelentes presenças dos atores Tommy Lee Jones e Cate Blanchett. Que ótima dupla! Tommy Lee Jones parece ter sido moldado para esse tipo de filme. Ele tem uma ótima presença em produções de western, algo que combina perfeitamente com seu estilo de ser mais durão.

Já Cate Blanchett também enche a tela com sua presença. Ela sempre ficou conhecida por suas personagens mais frias e elegantes, mas aqui consegue passar toda a fúria necessária para uma mãe que se viu sem sua filha. Ela vai da frieza para o desespero em questão de segundos. Ótima atuação. O clima em geral desse western é soturno. A fotografia valoriza um visual mais lúgubre, o que acaba se tornando sua principal característica. Os personagens em geral são pessoas com problemas de relacionamento, que não conseguem expressar adequadamente seus sentimentos. Quando se defrontam com uma situação limite acabam explodindo em uma obsessão de violência e fúria. Então é isso. Bom faroeste que merece ser conhecido, principalmente para quem deixou passar em branco.

Desaparecidas (The Missing, Estados Unidos, 2003) Direção: Ron Howard / Roteiro: Thomas Eidson, Ken Kaufman / Estúdio: Revolution Studios, Imagine Entertainment / Elenco: Tommy Lee Jones, Cate Blanchett, Evan Rachel Wood / Sinopse: Velho cowboy e sua filha vão atrás dos bandidos que sequestraram a pequena neta. A vingança será sem misericórdia ou perdão. Filme indicado ao Urso de Ouro no Berlin International Film Festival. Também indicado ao AARP Movies for Grownups Awards na categoria de Melhor Ator (Tommy Lee Jones).

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Renegado Heróico

Título no Brasil: Renegado Heróico
Título Original: Springfield Rifle
Ano de Produção: 1952
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: André De Toth
Roteiro: Charles Marquis Warren, Frank Davis
Elenco: Gary Cooper, Phyllis Thaxter, David Brian
  
Sinopse:

O Major Alex 'Lex' Kearney (Cooper) é um oficial do exército da União durante a Guerra Civil americana que se torna agente duplo no serviço de contraespionagem do governo americano. Agora ele terá que descobrir todos os planos dos inimigos para que os nortistas consigam vencer um dos conflitos históricos mais sangrentos da história dos Estados Unidos. Sua primeira missão é descobrir quem realmente estaria roubando os cavalos da União no território do Colorado.

Comentários:
Gary Cooper foi um dos grandes astros do cinema americano. Ele conseguiu transitar bem em praticamente todos os gêneros cinematográficos, mas é certo que se destacou muito nos filmes de western. Cooper tinha o tipo ideal. Era alto, passava integridade com o olhar e também se notabilizava por interpretar personagens extremamente íntegros e honestos. Aqui temos um filme menos conhecido do ator, nada que se compare com seus grandes clássicos como "Matar ou Morrer" onde interpretou o lendário xerife Will Kane. Aliás é bom salientar que esse filme foi justamente o faroeste que sucedeu aquela grande obra prima, lançada apenas alguns meses antes. Isso criou uma grande expectativa no público e crítica o que acabou causando uma certa decepção depois, durante o lançamento desse novo filme de Cooper. Acontece que as expectativas estavam altas demais. A verdade é que "Springfield Rifle" passa longe de ser marcante como o filme anterior. Aquele tinha um roteiro genial e uma brilhante direção do grande cineasta Fred Zinnemann; nada que se possa comparar com o trabalho "feijão com arroz" do apenas confiável André De Toth. A diferença de talento entre os diretores - diria até mesmo a diferença de nível - chega a ser covardia. Por isso assista ao filme com os pés no chão, procurando deixar de lado todas as comparações. Acaso pense e faça assim certamente conseguirá apreciar bem mais esse faroeste, vendo suas reais qualidades, entre elas a de ser um entretenimento mediano e bem realizado, honesto naquilo que se propõe a disponibilizar ao público. Não é uma obra prima da sétima arte e para falar a verdade essa nunca foi mesmo a intenção de seus realizadores. De qualquer forma tem Gary Cooper no elenco, o que convenhamos já é uma razão e tanto para assisti-lo.

Pablo Aluísio.

O Homem, O Orgulho, A Vingança

Título no Brasil: O Homem, O Orgulho, A Vingança
Título Original: L'uomo, l'orgoglio, la vendetta
Ano de Produção: 1967
País: Itália, Alemanha
Estúdio: Regal Film, Fono Roma, Constantin Film
Direção: Luigi Bazzoni
Roteiro: Luigi Bazzoni, Suso Cecchi D'Amico
Elenco: Franco Nero, Tina Aumont, Klaus Kinski
  
Sinopse:
No México do século XIX um soldado, Don José (Franco Nero), conhece a linda cigana Carmen (Tina Aumont), cuja beleza é proporcional ao perigo de se relacionar com ela. Isso porque Carmen é uma verdadeira femme fatale. Suas pretensões românticas serão colocadas à prova em duelo contra o desprezível marido de Carmen, o violento e irascível vilão Miguel Garcia (Klaus Kinski), um homem brutal que não aceita ser desafiado por absolutamente ninguém. O choque de personalidades imediatamente o colocarão em confronto direto, mais cedo ou mais tarde. Apenas o mais forte e rápido no gatilho sobreviverá.

Comentários:
Dentro do vasto universo das produções ao estilo Spaghetti Western o fã desse tipo de cinema poderá descobrir filmes realmente curiosos e interessantes. Um exemplo vem com esse "O Homem, O Orgulho, A Vingança" (que nos Estados Unidos recebeu o título de "Man, Pride & Vengeance"). O filme foi estrelado pelo eterno Django Franco Nero, mas é um erro dizer que se trata de mais um filme com o personagem. Na realidade em alguns países o material promocional do filme realmente usou o nome de Django para atrair bilheteria, porém o fato é que Nero interpretava apenas um militar (e pistoleiro) chamado Don José. Nada a ver com o Django original. O roteiro foi inspirado na ópera "Carmen", o que por si só já é uma curiosidade e tanto, algo bem diferente em se tratando de faroestes italianos. Franco Nero, já naquela época, procurava por algum tipo de material diferente, mesmo que fossem Westerns, para ser reconhecido como bom ator. Além dele o elenco tem dois óbvios atrativos. O principal deles é a presença de Klaus Kinski como um vilão louco e sádico (especialidade na carreira do ator). As melhores sequências do filme em termos de ação e atuação devem ser creditadas a Kinski que na vida real era tão insano quanto seus próprios personagens, por isso tudo acabava funcionando muito bem na tela. E para trazer beleza para a produção nada melhor do que a presença de Tina Aumont, uma das mais bonitas atrizes da época. Muitos pensavam que ela era italiana, mas não, Tina nasceu em Los Angeles, nos Estados Unidos, filha de um casal de imigrantes italianos que depois retornaram para seu país de natal. Sua familiaridade com a língua inglesa, além de sua estética sensual, lhe abriram muitas portas no cinema europeu. Por fim um detalhe curioso. A primeira versão de "L'uomo, l'orgoglio, la vendetta" foi lançada falada em alemão. Só depois surgiu a versão em italiano. No Brasil o filme foi um dos primeiros a serem exibidos dublados no cinema, fruto de seu apelo popular. A fita ficou meses em cartaz em pequenos cinemas de bairro, algo que hoje em dia infelizmente não existe mais. Foi um sucesso de bilheteria em nosso país.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

O Pistoleiro do Rio Vermelho

Título no Brasil: O Pistoleiro do Rio Vermelho
Título Original: The Last Challenge
Ano de Produção: 1967
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Richard Thorpe
Roteiro: John Sherry
Elenco: Glenn Ford, Angie Dickinson, Chad Everett
  
Sinopse:
Dan Blaine (Glenn Ford) é um xerife de uma cidade do velho oeste que precisa lidar com sua fama de ser o homem mais rápido do gatilho de todo o Arizona. Isso faz com que ele tenha que enfrentar de tempos em tempos vários pistoleiros que vão até onde mora pois todos querem provar que são melhores do que Blaine. Entre esses desafiantes está o pistoleiro Lot McGuire (Chad Everett). Ele conhece Blaine por acaso, sem saber que ele é exatamente o xerife que procura para um duelo mortal. Dessa fortuita amizade surge um conselho dado por Blaine para que ele deixe suas ambições de lado pois certamente morrerá se for em frente com seus planos.

Comentários:
O tema desse roteiro é bem recorrente em faroestes antigos. A sina do gatilho mais rápido do oeste foi explorado em centenas de filmes. O sujeito é o melhor, mas isso também significa ter que lidar com vários desafiantes em duelos para se chegar naquele que finalmente seria o melhor da raça. Até filmes de ficção como "Highlander" beberam dessa mesma fonte. Pois bem, esse também é o destino do velho xerife Blaine (Interpretado por um envelhecido Glenn Ford). No passado ele foi o ás do gatilho, um pistoleiro temido, jamais vencido. Agora, entrando na velhice, ele procura por uma certa estabilidade na vida. Se torna xerife e começa a ter um relacionamento com a dona do saloon local, a bela Lisa Denton (Angie Dickinson). O problema é que seu passado não o abandona. De vez em quando chega uma forasteiro na cidade onde trabalha justamente para duelar com ele. Todos os pistoleiros querem o título e a honra de terem matado o homem que era considerado o mais rápido gatilho do oeste. Para Blaine não sobra outra alternativo do que enfrentá-los, já que uma recusa o colocaria na posição de covarde, algo fatal para um xerife. 

Um a um eles vão sendo mortos por Blaine, até o dia em que durante uma pescaria ele conhece esse jovem, Lot McGuire (Chad Everett), e acaba simpatizando com ele. A questão é que esse nada mais é do que mais um desafiante em sua vida. Blaine não quer matá-lo, mas pelo visto não terá outra alternativa. A direção de Richard Thorpe (que dirigiu o sucesso musical "O Prisioneiro do Rock" com Elvis Presley) é um tanto burocrática. Thorpe, que também produziu o filme, não parece ter pressa em contar sua história, o que dá um ritmo próprio ao filme, bem mais cadenciado. Isso não é necessariamente um defeito, mas uma marca do filme. Em termos de elenco o astro Glenn Ford até que cumpre seu papel, meio preguiçosamente é verdade, até porque naquela altura de sua carreira ele já não tinha mais nada a provar. O curioso é que Ford parecia sempre usar o mesmo figurino em todos os seus faroestes - até mesmo o chapéu era o mesmo! Por fim a presença de Angie Dickinson também chama muito a atenção. A atriz era bem jovem quando o filme foi feito e se sai muito bem em sua atuação (apesar da pouca idade). Ela em breve deixaria esse tipo de personagem, a de heroínas apaixonadas, para se destacar em uma bela carreira no cinema, em dramas fortes e de muita carga dramática.

Pablo Aluísio.

O Passado Não Perdoa

Título no Brasil: O Passado Não Perdoa
Título Original: The Unforgiven
Ano de Produção: 1960
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: John Huston
Roteiro: Ben Maddow, baseado no livro de Alan Le May
Elenco: Burt Lancaster, Audrey Hepburn, Audie Murphy, Lillian Gish
  
Sinopse:
O filme narra as lutas do clã Zachary. O patriarca foi morto há muitos anos pela tribo Kiowa. Agora a liderança da família pertence ao irmão mais velho, Ben Zachary (Burt Lancaster). Ao mesmo tempo em que negocia gado ele precisa manter a salvos seus irmãos mais jovens, entre eles Cash (Audie Murphy) e Rachel (Audrey Hepburn). Essa última tem traços indígenas, o que leva algumas pessoas da região a desconfiarem de que ela na verdade seria Kiowa. A relativa tranquilidade dos Zacharys muda completamente quando guerreiros nativos voltam para seu rancho. Eles querem Rachel, o que dará origem a uma nova guerra entre brancos e índios.

Comentários:
Só o simples fato de ter sido dirigido pelo mestre John Huston já chama a atenção. Quem conhece a obra desse cineasta sabe muito bem que ele nunca rodou filmes banais, que caíssem no lugar comum. É verdade que Huston não realizou muitos filmes de faroeste ao longo de sua carreira, mas quando o fez certamente caprichou. Não há outra qualificação para essa produção, trata-se de mais uma obra prima da filmografia desse talentoso diretor. O roteiro mostra a vida da família Zachary. Eles vivem há décadas em um rancho em um território dominado pela tribo Kiowa. De tempos em tempos ocorrem matanças entre brancos e nativos. Depois de um longo período de paz eles retornam. Querem Rachel (Hepburn) que eles alegam ter sido raptada de sua tribo no passado. Acontece que Rachel já é uma mulher adulta, plenamente integrada à sociedade civilizada. Ela jamais seria levada de volta para as montanhas onde vivem os Kiowas. Para Ben (Lancaster) essa hipótese jamais poderia ser nem ao menos cogitada. A recusa dele para os Kiowas eleva à tensão ao máximo, o que desencadeia uma nova era de conflitos entre os brancos e índios da região. 

Huston não se contenta em apenas contar um filme onde nativos são vilões e colonizadores brancos são mocinhos. Ele procura desenvolver cada personagem, cada membro da família Zachary. Com um elenco maravilhoso em mãos, Huston criou um filme que é considerado um dos melhores da década de 1960. Além dos familiares protagonistas da estória, Huston inseriu um personagem por demais interessante, um homem velho em roupas de soldado confederado que passa de tempos em tempos proclamando profecias e trechos do velho testamento, tal como se fosse um profeta do velho oeste. Outro aspecto que chama a atenção é o tema do racismo. Em pleno auge da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos, Huston soube como poucos tratar sobre o tema racial de uma forma extremamente inteligente. Se formos analisar atentamente veremos que esse faroeste tem como tema central justamente a diferença de raças e o preconceito sempre latente na mente humana. Em conclusão, temos aqui um excelente filme, genial realmente. Tudo acontece no seu devido tempo e Huston se mostra mais uma vez como um verdadeiro artesão da sétima arte. "The Unforgiven" é item obrigatório em qualquer coleção de western de respeito. Não deixe de assistir.

Pablo Aluísio.

domingo, 15 de outubro de 2017

Um Colt... para os Filhos do Demônio

Título no Brasil: Um Colt... para os Filhos do Demônio
Título Original: Al Di Là Della Legge
Ano de Produção: 1968
País: Itália, Alemanha
Estúdio: Roxy Film
Direção: Giorgio Stegani
Roteiro: Warren Kiefer, Mino Roli
Elenco: Lee Van Cleef, Antonio Sabato, Gordon Mitchell
  
Sinopse:
Três vigaristas liderados pelo bandoleiro e pistoleiro Billy Joe Cudlip (Lee Van Cleef) tentam colocar as mãos numa pequena fortuna, na verdade a folha de pagamento de uma empresa de mineração e ferrovias do velho oeste. Fingindo ser um homem bom, honesto e íntegro o bandido Billy Joe consegue ainda mais, se tornando xerife da cidade. No fundo o que ele deseja mesmo é dar um grande golpe para fugir em direção ao deserto, rico e livre da lei.

Comentários:
O filme foi lançado nos Estados Unidos com o título "Beyond The Law". No Brasil recebeu esse título nacional no mínimo curioso e diria até adequado pois os filmes do estilo Western Spaghetti sempre chegavam em nossos cinemas com títulos desse tipo, bem chamativos, muitas vezes comicamente sensacionalistas. O roteiro desse filme soube muito bem explorar o talento do ator Lee Van Cleef. Há uma certa comicidade quando seu personagem, um vagabundo, facínora e ladrão, começa a enganar a todos como um xerife honesto e honrado. Ele troca os farrapos por um terno elegante e acaba incorporando a imagem de bom moço, algo que ele nunca foi de verdade. Os elementos de humor foram bem inseridos e são espontâneos, nada forçados ou ao estilo pastelão. Há também boas cenas de ação, em especial a que Cleef enfrenta um bando de desordeiros. O diretor Sergio Sollima parece ter a intenção de demonstrar com seu filme que as circunstâncias podem mudar o cárater de uma pessoa. Mesmo sendo apenas um pilantra ladrão o Billy Joe de Cleef começa aos poucos a ter momentos de justiça e honra em suas atitudes. Apesar de ser um bom momento na carreira de Lee Van Cleef ele foi prejudicado pela má qualidade das cópias durante sua comercialização no mercado de vídeo VHS há alguns anos. No Brasil o filme foi lançado pelo selo Century Vídeo numa qualidade sofrível que deixou muito a desejar. De qualquer maneira, pelos toques de inteligência que apresenta em seu roteiro esse é certamente um bom Western Spaghetti a se conhecer, principalmente pelo fato de que quando foi lançado o estilo estava em seu auge de popularidade, ganhando espaço inclusive no circuito norte-americano de cinemas, um feito e tanto para uma produção italiana naqueles tempos distantes.

Pablo Aluísio.

Keoma

Título no Brasil: Keoma
Título Original: Keoma
Ano de Produção: 1976
País: Itália
Estúdio: Uranos Cinematografica
Direção: Enzo G. Castellari
Roteiro: Luigi Montefiori, Mino Roli
Elenco: Franco Nero, William Berger, Olga Karlatos, Orso Maria Guerrini
  
Sinopse:
Após o fim da guerra civil o misterioso Keoma (Franco Nero) surge das ventanias do deserto de volta ao seu antigo lar. Para sua infelicidade descobre que o lugar está dominado por uma quadrilha de bandoleiros. Logo ele entende que precisará fazer algo e sozinho, pois não consegue confiar em absolutamente mais ninguém sob a face da Terra. Keoma veio para espalhar justiça e pavor entre os bandoleiros e malfeitores em geral, tudo isso feito ao seu próprio modo. 

Comentários:
Qualquer retorno de Franco Nero ao Western Spaghetti era comemorado pelos fãs do estilo. Isso porque ele foi um dos atores mais populares desse gênero cinematográfico tendo estrelado o filme de maior bilheteria do cinema italiano da época, "Django". Embora procurasse sempre desenvolver um trabalho paralelo ao faroeste o fato é que sempre retornava, até porque a oferta dos produtores era generosa. Ter Franco Nero estrelando filmes sobre o velho oeste era bilheteria certa. Em 1976 o Spaghetti já caminhava para seu fim, mas Nero deu o ar de sua graça novamente em "Keoma". Seu visual estava bem diferente, com longas barbas, como se fosse um caçador de ursos das montanhas. O diretor Enzo G. Castellari rejeitou a ideia de fazer um filme com bom humor e cenas pastelão como vinha ficando comum no Spaghetti. Ao invés disso determinou que o roteiro fosse mais realista, sem gracinhas estúpidas. Essa seriedade acabou atraindo Franco Nero para o projeto, já que ele próprio vinha se irritando com a mistura de cenas de comédia em filmes de western. Era algo que nunca lhe agradou. O curioso é que o roteiro também empresta uma dimensão surrealista ao personagem, como se ele fosse uma entidade de aspecto quase religioso e redentor. O uso de flashbacks também se mostra muito bem realizado. Destaque para o clímax do filme, que se tornou um marco do cinema italiano da época. Em suma, um filme diferente, que poucos realmente entenderam completamente em seu lançamento original, mas que hoje em dia ganhou um status de cult movie, por causa de suas boas ideias e produção com temática diferenciada.

Pablo Aluísio.

sábado, 14 de outubro de 2017

Califórnia Adeus

Título no Brasil: Califórnia Adeus
Título Original: California
Ano de Produção: 1977
País: Itália, Espanha
Estúdio: Uranos Cinematografica, Belma Cinematografica
Direção: Michele Lupo
Roteiro: Roberto Leoni
Elenco: Giuliano Gemma, Raimund Harmstorf, Miguel Bosé
  
Sinopse:
Giuliano Gemma interpreta Michael "California" Random, soldado confederado que está há muitos anos preso numa cadeia militar controlada pela União. Quando a guerra civil americana finalmente chega ao fim ele é colocado em liberdade. Ao lado de um amigo, Willie Preston (Miguel Bose), ele pretende recomeçar sua vida de alguma maneira. Para sobreviver porém precisam escapar de Rupp Whittaker (Raimund Harmstorf), um caçador de recompensas que está decidido a caçar ex-confederados.

Comentários:
No final da década de 70 o gosto do público italiano e europeu em geral mudou. Os filmes de western spaghetti já não rendiam tanta bilheteria como na década anterior. Os dramas e filmes policiais estavam dominando o mercado. Um grupo de cineastas tentou revitalizar o faroeste italiano introduzindo novos elementos. Entre eles estava o diretor Michele Lupo. Seu filme "Califórnia Adeus" foi uma tentativa de reconquistar o mercado. Para isso ele escalou um dos ídolos do estilo, Giuliano Gemma. Muito se falou na época de lançamento do filme que Gemma finalmente encarnava um pistoleiro mais sombrio, cinzento, com um passado negro a superar. Até então os personagens de Giuliano Gemma eram mais simpáticos, ao estilo bom mocinho. Enquanto seu rival nas telas, Franco Nero, interpretava tipos indigestos, cruéis e violentos, Gemma sempre surgia como um homem bom que pelas circunstâncias tinha que pegar em armas. Aqui houve uma mudança nesse estilo. Seu personagem do soldado confederado Michael "California" Random não faz a linha do "good guy" ou "Sunny boy", do bom rapaz. O diretor Lupo também fez questão de providenciar um cenário de acordo com o enredo do filme. As construções geralmente estão em quase ruínas, fruto obviamente das bombas do exército inimigo. São pequenos detalhes que contam muito em um filme como esse. O cineasta também acertou na atmosfera e no clima geral em que se passa a estória. Tudo é muito nebuloso, deprimente e melancólico. Tal como realmente deve ter sido ao final da guerra civil. Em suma, se "Califórnia Adeus" não conseguiu revitalizar o western spaghetti pelo menos trouxe um inegável saldo de qualidade no gênero. Sem dúvida é um dos melhores exemplares na fase final desse movimento cinematográfico.

Pablo Aluísio.

Jardim do Pecado

Título no Brasil: Jardim do Pecado
Título Original: Garden of Evil
Ano de Produção: 1954
País: Estados Unidos, México
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Henry Hathaway
Roteiro: Frank Fenton, Fred Freiberger
Elenco: Gary Cooper, Susan Hayward, Richard Widmark, Hugh Marlowe
  
Sinopse:
Dois americanos, Hooker (Cooper) e Fiske (Richard Widmark), acabam parando em um vilarejo mexicano à beira-mar chamado Puerto Miguel, após o navio em que viajavam apresentar problemas. Eles estão de viagem para a Califórnia para participarem da corrida do ouro. Enquanto esperam o tempo passar em um bar local são procurados por Leah Fuller (Susan Hayward). Ela está disposta a pagar uma quantia absurda, mil dólares, a cada homem que se propuser a lhe ajudar. Seu marido está preso numa mina da região e precisa de ajuda para sobreviver. Como a proposta é tentadora, Hooker e Fiske acabam aceitando a oferta. O que eles não poderiam imaginar é que a mina se localiza em território Apache, uma região infestada de guerreiros selvagens prontos a matar qualquer homem branco que se atrever a cruzar suas fronteiras.

Comentários:
Aqui temos mais um clássico western estrelado pelo astro Gary Cooper. O filme foi realizado apenas dois anos após seu grande sucesso no gênero, "Matar ou Morrer", uma verdadeira obra prima, imortal. Talvez por essa razão os roteiristas resolveram criar um passado de ex-xerife para o protagonista interpretado pelo ator. Ele como sempre está perfeito em cena. Seu personagem faz um contraponto com o de Richard Widmark. Enquanto Cooper é equilibrado, contido e cauteloso, Widmark dá vida a um impulsivo e inconsequente jogador de cartas do velho oeste, sempre com uma ironia maldosa na ponta da língua. Ele é cinicamente mordaz e deixa claro para todos que só está naquela jornada por causa do dinheiro e nada mais. O interessante desse faroeste é justamente isso. O argumento tem um viés psicológico inesperado para esse tipo de filme. Todos os personagens, por essa razão, são bem construídos pelo roteiro. Um exemplo claro vem com a Leah de Susan Hayward. Longe das heroínas indefesas dos filmes de faroeste americano ela interpreta uma mulher com um semblante de mistério no ar. Acusada pelo próprio marido de só pensar no ouro das minas e não nas pessoas ela jamais pensa em se defender das acusações que lhe são feitas, talvez por serem verdadeiras. 

Misoginia do roteiro? Provavelmente.... quem poderia saber? Deixando um pouco de lado essa complexidade dos personagens no roteiro, o filme apresenta ainda ótimas sequências de ação, as melhores delas passadas em um desfiladeiro traiçoeiro cheio de falhas e abismos pelo meio do caminho. Imagine galopar em alta velocidade em um lugar como esse! Por isso a equipe de cowboys e dublês que realizaram essas cenas estão de parabéns pois fica claro que todos eles correram perigo real de vida ao se arriscarem naquelas locações íngremes. Filmar naqueles rochedos definitivamente não deve ter sido fácil para ninguém. Para complicar ainda mais a tal mina para onde se dirigem os personagens do filme se localiza numa região de rochas vulcânicas, criando um clima bem peculiar ao filme em si por causa desses cenários naturais. A poeira levantada pelos cavalos é negra e espessa, algo que não se vê muito nesse tipo de produção. Em suma, pelos cuidados dispensados aos papéis que os atores interpretaram, pelas ótimas cenas no alto do desfiladeiro e pelo seu viés psicológico, só temos que elogiar "Garden of Evil". Esse é um faroeste diferente, muito bem desenvolvido em suas premissas básicas.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

No Coração do Oeste

Título no Brasil: No Coração do Oeste
Título Original: Station West
Ano de Produção: 1948
País: Estados Unidos
Estúdio: RKO Radio Pictures
Direção: Sidney Lanfield
Roteiro: Frank Fenton, Winston Miller
Elenco: Dick Powell, Jane Greer, Agnes Moorehead
  
Sinopse:
Dois militares, membros da cavalaria americana, são mortos de forma covarde enquanto transportavam ouro por uma região do deserto de Nevada. Os criminosos fogem com a pequena fortuna. Para descobrir quem teria cometido o crime o serviço de inteligência do governo dos Estados Unidos resolve enviar um agente disfarçado de minerador para as montanhas, de onde supostamente partiu o bando de bandidos que promoveu o latrocínio federal. Filme indicado ao Writers Guild of América na categoria de Melhor Roteiro - Western (Frank Fenton e Winston Miller).

Comentários:
Um faroeste que se propõe a ser um pouco diferente. Ao invés das armas o protagonista do filme, John Haven (Dick Powell) procura investigar um roubo de ouro pertencente ao tesouro dos Estados Unidos da América. A única pista que tem é a região onde o crime foi cometido. No lugar, bem no meio do nada de um deserto hostil, existem várias comunidades formadas por mineradores, homens em busca do eldorado, da fortuna do metal precioso. Com as jazidas quase exauridas só resta a muitos deles o puro desespero. E isso inclui cometer atos criminosos que chocam todo o país. A gota d'água vem quando soldados da cavalaria são mortos, de forma covarde e sem possibilidade de defesa. A partir daí o serviço de inteligência entra em cena para desvendar a autoria de crime tão bárbaro. Esse é um western do estúdio RKO, que foi muito popular nos anos 40. Infelizmente foi também uma das majors que não suportou ao teste do tempo, entrando em falência. Talvez o grande problema desse filme até bom seja a escalação do ator Dick Powell como o protagonista. Powell não era um mal profissional, porém nunca o vi como um astro adequado para o faroeste. Ele se dava melhor em filmes mais artísticos, com música, dança e romance. Ele nunca foi muito associado ao papel de cowboy, se saindo melhor em dramas românticos, por exemplo. Embora o roteiro seja muito bem escrito ele teria sido melhor aproveitado com um John Wayne ou até quem sabe Randolph Scott no papel principal. Powell nunca me soa convincente e esse é seguramente um problema e tanto. De qualquer maneira vale a pena ao menos conferir um vez, nem que seja por mera curiosidade histórica.

Pablo Aluísio.

Uma Winchester Entre Mil

Título no Brasil: Uma Winchester Entre Mil
Título Original: Killer, adios
Ano de Produção: 1968
País: Itália, Espanha
Estúdio: Concord Film, Copercines Studios
Direção: Primo Zeglio
Roteiro: Mario Amendola
Elenco: Peter Lee Lawrence, Marisa Solinas, Armando Calvo
  
Sinopse:
Jess Brayn (Peter Lee Lawrence) é um ex-pistoleiro veterano que resolve voltar para sua cidadezinha natal após passar longos anos percorrendo o velho oeste. De volta ao lar ele percebe que a região está dominada por um homem rico e inescrupuloso que logo se torna seu inimigo. Enquanto tenta reconquistar seu velho amor de juventude, ele precisa de alguma forma trazer a paz e a justiça para aquele lugar esquecido por Deus.

Comentários:
Mais um western spaguetti que foi lançado no auge da popularidade do gênero. O filme tem uma boa produção e é tecnicamente bem feito (algo que nem sempre era muito comum nesse tipo de filme na época). Visando o mercado americano os produtores fizeram o filme no bonito sistema Techniscope, que inegavelmente trouxe um visual bem interessante, com cores vibrantes e vivas. Pena que esse capricho não foi levado para outros aspectos do filme, como seu roteiro, por exemplo, que deixa a desejar, se revelando muito derivativo e sem maiores novidades. O diretor Primo Zeglio (que também era um produtivo roteirista de filmes de western italianos) descuidou nesse ponto, o que era de surpreender uma vez que ele sempre fora um roteirista de ofício. Curiosamente esse seria seu último filme pois em pouco tempo abandonaria o cinema. Já o astro principal, Peter Lee Lawrence, tinha jeito e nome de ator americano de faroeste, só que na verdade não era (algo que era bem costumeiro acontecer em filmes italianos). Na verdade seu nome era Karl Hyrenbach e ele era alemão. Morreu muito jovem, com apenas 30 anos de idade. Os fãs de Spaguetti o conhecem mais por fitas como "Dólares de Sangue para McGregor" e "Arizona Kid", que também foram lançados no Brasil, com relativo sucesso comercial.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Rua dos Conflitos

Título no Brasil: Rua dos Conflitos
Título Original: Abilene Town
Ano de Produção: 1946
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Edwin L. Marin
Roteiro: Ernest Haycox, Harold Shumate
Elenco: Randolph Scott, Ann Dvorak, Edgar Buchanan, Rhonda Fleming, Lloyd Bridges
  
Sinopse:
1870. A guerra civil deixa rastros de morte e destruição por toda a nação norte-americana. Em Abilene (uma conhecida cidade do velho oeste, famosa por suas belas planícies) o xerife Dan Mitchell (Randolph Scott) tenta colocar ordem e justiça pelas vastas terras da região. O lugar passa por um conflito violento envolvendo colonos e criadores de gado que decidem contratar pistoleiros violentos para impor seu ponto de vista a todos os moradores da cidade.

Comentários:
Um filme estrelado pelo astro do western Randolph Scott atuando como um bravo e honesto xerife do velho oeste já é um bom motivo para se assistir. Some-se a isso o bom roteiro e o elenco de apoio acima da média (que conta inclusive com um jovem Lloyd Bridges como o líder dos colonos) e você terá no mínimo uma boa diversão. Não é uma grande produção, na verdade foi um faroeste de orçamento mediano bancado pela United Artists. O estilo procura ser o de diversão familiar, sem muita violência ou cenas de impacto. Um filme tipicamente produzido para as matinês de cinema que faziam grande sucesso na década de 1940. Há um pouco de romance, com o personagem de Scott disputando o coração de duas mulheres, a garota de um saloon (interpretada por Ann Dvorak) e a de uma jovem mocinha, Rhonda Fleming (bem carismática e diria até encantadora). Enquanto o xerife luta contra os bandidos ainda há espaço para um pouco de música, com um bom número musical a cargo da atriz Ann Dvorak. Tudo um tanto leve e ameno. Essa cidade de Abilene sempre surgia em filmes de faroeste porque historicamente ela foi um centro de carga e descarga de grandes carregamentos de gado. Depois que as manadas eram enviadas para todo o país (em vagões de trem), os cowboys, pistoleiros e todos os tipos violentos que povoavam o oeste americano ficavam na cidade, pelos saloons, causando todos os tipos de confusões. Ser xerife de um lugar assim definitivamente não era algo fácil. O diretor Edwin L. Marin trabalhou em vários filmes ao lado de Randolph Scott e morreu precocemente, com apenas 52 anos de idade. Uma perda lamentada muito pelo ator que perdeu um de seus mais leais colegas de trabalho.

Pablo Aluísio.

Sartana no Vale dos Gaviões

Título no Brasil: Sartana no Vale dos Gaviões
Título Original: Sartana nella valle degli avvoltoi
Ano de Produção: 1970
País: Itália
Estúdio: Victor Produzione
Direção: Roberto Mauri
Roteiro: Roberto Mauri
Elenco: William Berger, Wayde Preston, Aldo Berti
  
Sinopse:
Lee Galloway (William Berger) é um pistoleiro condenado que é contratado para liquidar um grupo de irmãos, bandidos da pior espécie. Uma vez do lado de fora das grades ele precisa sobreviver ao ambiente hostil do deserto na região conhecida como Vale da Morte, onde apenas poucos homens conseguiram sair vivos de lá. Quando rouba um cavalo começa a ser perseguido de modo implacável pelas areias escaldantes daquela região seca e árida.

Comentários:
Uma produção B, tão típica do Western Spaghetti. Antes de qualquer coisa é bom saber que o roteiro na verdade nada tem a ver com o famoso (e comercial) personagem Sartana. Os produtores, em um ato tipicamente picareta, resolveram acrescentar seu nome apenas para faturar nas bilheterias. Tirando isso até que o roteiro tem algumas sacadas bem boladas. Por exemplo, em determinado momento do filme o personagem Lee se vê no deserto fortemente armado, mas sem cavalo, enquanto seus inimigos - um grupo de bandoleiros - tem todos os cavalos, mas nenhuma arma! No mínimo divertido! O ator William Berger não queria fazer o filme, mas foi obrigado por ter assinado um contrato para três produções (ele já havia feito dois anteriores e realizar essa produção significava que ele estaria livre). O ator parece cansado em cena, pouco disposto a atuar bem. A feição é de aborrecimento. Também pudera, o filme como um todo é mal feito mesmo. A trilha sonora, com um folk rock até diferente, ajuda um pouco, mas no geral "Sartana no Vale dos Gaviões" é abaixo da média do cinema italiano de faroestes. Esse pode ser dispensado sem maiores problemas.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Billy... O Sanguinário

Título no Brasil: Billy... O Sanguinário
Título Original: Voltati... ti uccido!
Ano de Produção: 1967
País: Espanha, Itália
Estúdio: Producciones Cinematográficas Hispamer
Direção: Alfonso Brescia
Roteiro: María del Carmen Martínez Román
Elenco: Richard Wyler, Fernando Sancho, Eleonora Bianchi
  
Sinopse:
Billy Walsh (Richard Wyler) é um pistoleiro do velho oeste que está cansado da vida que leva. A cada nova cidade que chega há sempre alguém disposto a lhe desafiar para saber quem seria o gatilho mais rápido do oeste. Assim ele resolve montar em seu cavalo e vai embora, pelo deserto afora. Acaba encontrando uma pequena cidade onde seu nome não é conhecido. É o lugar que ele estava procurando para recomeçar sua vida. Os problemas porém não tardam a chegar novamente perto dele, pois Billy acaba se envolvendo numa disputa local por minas de ouro da região. O próximo duelo, pelo visto, não vai demorar muito.

Comentários:
Western Spaghetti produzido em parceria entre Espanha e Itália. O filme foi lançado nos Estados Unidos com o título de "Winchester Bill" (bem melhor do que o fraco título nacional que usaram nos cinemas brasileiros da época). O roteiro segue basicamente aquele velho tema do pistoleiro que não consegue ter paz pois sua fama o precede onde quer que ele vá. Viajando de cidade em cidade pelo oeste, o protagonista acaba indo parar em um lugar remoto onde está havendo uma sangrenta disputa por minas de ouro. Ele simpatiza com o minerador Sam (Espartaco Conversi) e sua filha e resolve protegê-los da ganância de bandoleiros e homens ricos, como Ted Shaw (Conrado San Martín), que deseja desesperadamente colocar as mãos naquela fortuna em ouro. Infelizmente Billy acaba sozinho na luta por justiça pois o xerife local é um corrupto, além do que o milionário Ted Shaw resolve contratar um matador conhecido como El Bicho (Fernando Sancho) para matar todos os que fiquem em seu caminho de dominação e poder. Esse é um Spaghetti Western bem típico, com muitas cenas de ação, tiroteios e closes nos rostos sujos desse homens que não tinham medo de se enfrentar face a face. O ator Richard Wyler não era um italiano usando um falso nome americano (como era bem comum na época), mas sim inglês. Quando o cinema italiano explodiu em busca de astros gringos para seus filmes de western, Wyler nem pensou duas vezes e se mudou para Roma, a mega da produção desses faroestes. Lá rodou várias fitas, entre elas "O Pistoleiro Marcado por Deus" e "Rattler Kid: Se Queres Viver... Atira", fitas que chegaram a ser lançadas inclusive no Brasil, no circuito comercial.

Pablo Aluísio.