Ao contrário do exorcismo em outras vertentes religiosas cristãs, que é praticado quase diariamente em cultos protestantes, dando origem muitas vezes a acusações de encenações e falsidade, o exorcismo católico é extremamente protegido e resguardado do sensacionalismo público. Um padre católico só pode realizar um exorcismo em uma pessoa após a autorização de seu bispo e isso apenas após serem tentadas todas as outras maneiras de entender a crise pela qual passa a pessoa supostamente possuída por um demônio.
Mesmo com tantas cautelas (deve ser provado, por exemplo, que a pessoa possuída não esteja com algum problema mental), a possessão demoníaca é considerada um fato pela Igreja e seu catecismo. Sobre isso se manifestou o cardeal Jorge Arturo Medina Estevez ao declarar: "Apesar de poucas pessoas realmente serem possuídas pelo demônio (provavelmente apenas uma a cada cinco mil que apresentam sintomas) a questão é que o diabo existe e está agindo no mundo, como bem observou o Papa João Paulo II". O exorcismo católico deve ser realizado em ambiente privado, longe dos olhares de curiosos ou pessoas que só estejam lá para presenciar a extrema agonia de quem passa por esse tipo de experiência. A privacidade é essencial.
Em um texto escrito em latim chamado "De Exorcismis et Supplicationibus Quibusdam" (Do exorcismo e certos suplícios) o Vaticano tratou sobre o tema. Esse trouxe várias recomendações para padres diante de casos supostamente decorrentes de possessão. Vários aspectos devem ser procurados em pessoas que apresentem características de possessão, entre elas o uso de línguas desconhecidas, antigas e extintas, a apresentação de força descomunal e irracional, a aversão completa à palavra de Deus, à presença da Virgem Maria, à objetos sagrados, à imagens de santos e à cruz.
O Cardeal Estevez explica: ""O exorcismo se baseia na fé da Igreja que sustenta que Satã e outros espíritos malignos existem e que sua atividade consiste em desviar os seres humanos do caminho da salvação. A doutrina católica nos ensina que os demônios são anjos que caíram por causa do pecado, que eles são seres espirituais de grande força e inteligência, mas eu gostaria de ressaltar que a influência maligna do diabo e seus seguidores normalmente é exercida pelo engano e confusão. Assim como Jesus é a Verdade, o diabo é o mentiroso por excelência. Ele engana os seres humanos fazendo-os acreditar que a felicidade está no dinheiro, no poder ou no desejo carnal. Ele os engana fazendo-os pensar que não precisam de Deus, que a graça e a salvação são desnecessárias. Ele os engana inclusive diminuindo o sentimento de pecado ou suprimindo-o completamente, substituindo a lei de Deus como critério de moralidade pelos hábitos ou convenções da maioria"
O Catecismo também é claro nessa questão: “Jesus realizou exorcismos e dele a Igreja recebeu o poder e o ofício de exorcizar. De uma forma simples, o exorcismo é realizado na celebração do batismo. O exorcismo solene, chamado ‘o grande exorcismo’, só pode ser realizado por um padre e com a permissão do bispo. O padre deve agir com prudência, observando estritamente as regras estabelecidas pela Igreja. O exorcismo visa à expulsão dos demônios ou à libertação da possessão demoníaca ‘por meio da autoridade espiritual que Jesus confiou à sua Igreja’”
São Paulo também explica em Efésios 6:12-13: “Porque nossa luta não é contra a carne e o sangue, mas contra os principados e potestades, contra os governantes das trevas do mundo, contra os espíritos de malícia espalhados nas alturas. Portanto, tomai a armadura de Deus, para que possais resistir ao dia maligno, e havendo feito tudo, permanecer firmes”.
Pablo Aluísio.
Catolicismo em Maria
ResponderExcluirO Exorcismo na Igreja Católica