quarta-feira, 17 de agosto de 2011

As Obras de Arte do Vaticano

As Obras de Arte do Vaticano
Qual é o exato tamanho da fortuna e da riqueza da Igreja Católica? Esse assunto é dos mais controversos. Sabe-se que a Igreja mantém investimentos e bens em praticamente todo o mundo, porém não há como mensurar seu valor. Talvez a grande riqueza da Igreja Católica venha de sua coleção de arte, a mais valiosa de todo o planeta. Os maiores artistas da história trabalharam para a Igreja Católica, os grandes mestres do renascimento e do barroco atuaram diretamente na construção e embelezamento das mais bonitas e suntuosas catedrais do mundo ocidental. Segundo especialistas jamais se poderá avaliar com isenção o valor das obras de arte do Vaticano. Muitas delas não possuem sequer cotação no mercado, de tão valiosas que são. Todas fazem parte do patrimônio cultural da humanidade.

Ao longo dos séculos a Igreja Católica teve como liderança Papas que amavam as artes e as patrocinavam.  Os Papas Júlio II, Leão X, Clemente VII, Paulo III e Pio V são exemplos de grandes Mecenas da época. Eles encheram as igrejas e propriedades da Igreja com a mais sublime coleção de arte que se tem notícia. Michelangelo, Leonardo DaVinci, Rafael, todos esses gênios trabalharam para os Papas. Todos puderam viver de sua arte por causa do patrocínio da Santa Sé. Em troca eles legaram algumas das obras primas mais valiosas de todos os tempos para o patrimônio do catolicismo.

A Igreja Católica mantém muitas coleções de artes históricas. Muitas delas não são expostas ao público. As que são podem ser encontradas nas salas do museu do Vaticano. O primeiro museu do Vaticano foi organizado pelo grande Papa Júlio II. Ele mandou contratar todos os grandes pintores, escultores e escritores para trabalharem para a Igreja. O curioso é que esse Papa mantinha uma relação de amor e ódio com seus artistas, ora os elogiando pelas maravilhas que criavam, ora entrando em pequenas brigas com eles por causa das inerentes licenças poéticas que eles ousavam tomar em suas obras. Os Papas Bento XIV (1740–1758) e Clemente XIII (1758– 1769) também amavam arte e literatura. Eles  fundaram os Museus da Biblioteca Apostólica: o Sagrado (Museo Sacro, 1756) e o Profano (Museo Profano, 1767). Pio IX fundou o Museu Cristão, que tinha a mais antiga e rica coleção de livros antigos, alguns datados poucos anos após a morte do próprio Jesus. A mais antiga Bíblia que se tem notícia fez parte desse Museu fantástico.

As edificações do Vaticano assim se tornaram monumentos únicos, vivos de uma era de grandes gênios da arte. Eram nas paredes das igrejas e propriedades do catolicismo que eram pintados os quadros e as obras maravilhosas que até hoje encantam os visitantes. Um exemplo máximo vem da Capela Sistina, pintada por Michelangelo. O lugar, usado para as eleições papais, é considerado um dos pontos obrigatórios de visita para quem aprecia arte em sua maior glória. A escultura Pietà, também de Michelangelo, mostrando a Virgem Maria recebendo em seus braços o corpo crucificado de seu filho Jesus, também é uma realização artística sem precedentes. Essa é considerada por estudiosos e pesquisadores a maior obra de arte da história. Não é para pouco. Tão sublime ficou que o próprio Michelangelo resolveu deixar sua assinatura, algo que até aquele momento não havia feito em nenhuma de suas esculturas anteriores. É a sua maior obra prima, de todos os tempos.

Um grande crítico de arte certa vez observou: "Michelangelo tinha apenas 24 anos de idade quando criou a Pietá. Com essa magnífica estátua, Michelangelo nos deu uma visão cristã e altamente  espiritualizada do sofrimento humano! Artistas anteriores e posteriores a Michelangelo sempre  retrataram a Virgem com o Cristo morto nos braços como enlutada, quase à beira do desespero. Michelangelo, por outro lado, criou uma aura altamente tranquila. Enquanto segura no colo o corpo sem vida de Jesus, o rosto da Virgem emana doçura, serenidade e uma  aceitação majestosa dessa imensa dor, combinada com sua fé no Redentor. É quase como se Jesus estivesse prestes a acordar de um sono brando, como se depois de todo sofrimento e espinhos, a rosa da ressurreição estivesse prestes a desabrochar.”

Essa obra de arte magnífica sofreu um atentado em 1972 por um homem perturbado chamado Laszlo Toth. Em 1972 esse húngaro subiu no monumento e começou a atacar a estátua com um martelo enquanto gritava: "Eu sou Jesus Cristo Ressuscitado!". Antes de ser preso ele conseguiu danificar seriamente o braço esquerdo da Virgem Maria, assim como seu nariz, seu olho esquerdo e seu véu. Nunca antes havia acontecido nada parecido, principalmente por se tratar de uma obra inestimável, colocada em lugar de honra na Basílica de São Pedro. A partir desse dia medidas de segurança foram tomadas pela guarda suíça, que evita a aproximação de estranhos com atitudes suspeitas, zelando pela Pietá todos os dias, impedindo que visitantes se aproximem dela com o intuito de destrui-la.

Michelangelo realmente foi um artista único. Porém a coleção de obras primas do Vaticano não se resume a esse gênio. Fazem parte também da coleção obras de Giotto, Caravaggio, Michelangelo, Leonardo da Vinci e Rafael, entre muitos outros. A famosa biblioteca do Vaticano, que possui uma sessão inacessível ao público possui alguns livros cujo único exemplar pertence justamente à Igreja. Os Papas, os maiores patronos da cultura de sua época, primavam pela conservação e guarda dessas obras literárias, evitando que se perdessem para sempre. Ao longo dos séculos vários tiranos como Napoleão Bonaparte e Hitler, tentaram colocar as mãos nas obras inestimáveis da Igreja Católica, mas foi em vão. Com muita luta e muito esforço tudo foi preservado para que as novas gerações pudessem desfrutar das obras de alguns dos maiores gênios de nossa história.

Pablo Aluísio.

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