domingo, 7 de agosto de 2011

A Profecia de São Malaquias

Não é algo para ser levado muito à sério por católicos, mas vale como curiosidade. Acontece que muitos jornais e programas de TV trouxeram de volta à tona nesse último ano essa velha profecia supostamente escrita por São Malaquias, que teria listado todos os 112 papas que viriam após sua morte em 1094. Segundo os cálculos o Papa Francisco seria o último papa! Depois do surgimento do Último papa haveria o final dos tempos. Malaquias foi um bispo que viveu no século XII, na Irlanda (onde nasceu) e posteriormente na Inglaterra (onde veio a falecer). Segundo alguns São Malaquias teria tido uma visão sobre o fim de Roma, da Igreja Católica e do próprio mundo!

Cada Papa listado por ele teria um nome que o identificaria. João XXIII, por exemplo, seria identificado pelo nome de "Paſtor & Nauta" (pastor marinheiro). João XXIII, que ficou conhecido como o Papa bondoso, teria em seu brasão o símbolo  de Veneza, cidade conhecida por seu porto e seus longos canais. Isso se confirmaria oito séculos depois. O Papa Bento XVI seria o penúltimo papa, segundo a visão de Malaquias, e seria denominado pelo nome de "Gloria Olivae". Seu brasão oficial teria um ramo de oliveira. Depois de ter recebido a profecia o bispo a teria levado ao conhecimento do Papa da época, Inocêncio II, que teria ouvido tudo atentamente para depois mandar arquivar o documento na secular biblioteca secreta do Vaticano.

O documento teria ficado por lá durante séculos, até que alguns pesquisadores tiveram acesso ao texto original. Analisando os nomes dados por Malaquias com os nomes dos respectivos papas eles tiveram algumas surpresas. O Papa Urbano VIII seria identificado como "O Lírio e a Rosa". Como se explicaria esse nome? Urbano VIII era natural de Florença (conhecida também na época como a "Rosa da Itália") e as armas dessa cidade tinham como símbolo um delicado lírio. Karol Wojtyla, o Papa João Paulo II, seria identificado pelo nome de "O Eclipse do Sol". E de fato ele teria nascido durante um eclipse solar, no dia 18 de maio de 1920. "Peregrinus Apostolicus" identificaria o Papa Pio VI, conhecido por suas longas viagens pela Europa. Já Pio XI seria conhecido como "Fides intrepida" ou "fé destemida" uma vez que foi um dos papas mais corajosos da história, criticando abertamente o regime fascista de Mussolini em sua encíclica "Mit brennender Sorge".

Francisco seria então "Petrus Romanus" ou "Pedro, o Romano", o último Papa da lista de Malaquias. O problema desse texto intitulado "Prophetia Sancti Malachiae Archiepiscopi, de Summis Pontificibus" é que a Igreja Católica jamais comprovou sua autenticidade, tampouco lhe deu qualquer valor do ponto de vista teológico. Para os estudiosos da Igreja a profecia sequer pode ser atribuída a Malaquias, mas sim a um monge beneditino chamado Arnold Wion que teria sido o responsável pela publicação original do texto no ano de 1595. Assim a Igreja Católica não dá qualquer aval sobre a tal profecia de São Malaquias. No fundo tudo estaria envolto apenas em boatos e manipulações que teriam sido realizadas ao longo dos séculos. Como eu disse, não pode ser levado à sério, mas serve como mera curiosidade histórica.

Pablo Aluísio. 

Um comentário: