A Igreja Católica está em festa em nosso país. O Padre José de Anchieta foi canonizado pelo Vaticano. Essa grande figura da história tem grande valor para nossa cultura e nosso país, pois sua história de vida está interligada com a própria história do Brasil. Anchieta era espanhol de nascimento mas brasileiro de coração. Ele nasceu no dia 19 de março de 1534 nas Ilhas Canárias que pertenciam ao Império Espanhol. Quando jovem foi estudar filosofia na Universidade de Coimbra em Portugal e lá sua vocação se manifestou. Sem pensar muito e atendendo ao chamado de Deus ele se aliou às fileiras da Companhia de Jesus, onde se tornou jesuíta com apenas 18 anos.
Os Jesuítas tinham a missão de levar a palavra de Deus para terras distantes, evangelizar os povos ainda em formação. Assim em 1553 ele foi enviado para a colônia do Brasil, naquela época ainda uma nação em formação, com muitas terras selvagens e nativos que não conheciam o cristianismo. Anchieta pisou em terras brasileiras e se fixou inicialmente em Salvador (BA), naquele período histórico a mais rica capitania da colônia. Lá Anchieta se uniu ao padre Manuel de Nóbrega e seus missionários.
A vida no Brasil não era fácil. Não havia estrutura nenhuma e as doenças, a falta de condições adequadas de higiene e a precariedade do poder político deixava tudo mais complicado. Mesmo assim o jesuíta, preparado para levar uma vida dura e de austeridade, seguiu em frente com sua missão.
Ele foi enviado então para a missão de Piratininga. Não havia nada na região a não ser algumas tribos de índios nativos. Ali os jesuítas construíram e fundaram uma escola. A missão dos jesuítas sempre estavam ligadas com obras de caridade que envolviam educação, saúde e evangelho para as comunidades da região. Esse colégio jesuíta acabou se tornando o marco zero da fundação da cidade de São Paulo que anos depois iria se transformar na maior metrópole do Brasil. O próprio nome São Paulo foi dado pelos jesuítas pois a primeira missa celebrada na região celebrava a conversão do apóstolo Paulo (antes Saulo) ao cristianismo.
José de Anchieta dedicou especial carinho para os Índios. Homem culto e intelectual logo procurou aprender a língua dos povos índigenas. Assim que a aprendeu traduziu o evangelho para o Tupi. Também escreveu obras de gramática, teologia, peças de teatro e hinos religiosos na língua dos amados índios. Como era muito primitiva a época ele ensinava escrevendo nas areias da praia, para tornar o aprendizado dos nativos mais fácil. Isso acabou entrando na cultura de nosso país e em vários quadros Anchieta é retratado assim, pregando e ensinando na beira do mar, com uma simplicidade e devoção ao próximo jamais vista.
Continuou escrevendo, em português, latim, tupi e guarani, até que foi enviado ao Rio de Janeiro onde fundou uma nova escola. Diplomata participou de negociações de paz entre tribos e portugueses, tudo com o objetivo de evitar uma guerra entre as etnias. Continuou suas viagens, conhecendo um Brasil que poucos conheciam, levando a palavra de Deus a todos os rincões perdidos de nossa nação.
Homem corajoso e íntegro virou um símbolo para os religiosos do Brasil. Depois de tantas viagens, fundando missões, igrejas, escolas e hospitais finalmente veio a falecer em 9 de junho de 1597 na pequenina vila de Reritiba, situada numa região que faria parte do futuro estado do Espírito Santo. Essa localidade seria rebatizada depois de séculos com o nome de Anchieta, em devoção ao santo querido.
Anchieta foi um homem de letras e ação. Foi sacerdote, historiador, professor e poeta. Ajudou a distante colônia portuguesa a criar uma noção de país, terra, servindo de ligação para as culturas portuguesas, nativas e africanas. Foi profundo conhecedor do povo brasileiro que naquele momento se formava no horizonte. Dedicou toda sua vida à pregação do evangelho por todos os lugares por onde passou. Viajou a pé, de burritos e encarou todas as adversidades apenas para evangelizar o povo brasileiro onde quer que ele estivesse.
Por essas e outras razões recebeu de forma muito justa o título de “Apóstolo do Brasil”!
O Papa Francisco, um jesuíta tal como foi Anchieta, canonizou esse grande nome. Um homem santo que merece todo nosso respeito e devoção.
Pablo Aluísio.
Publicado originalmente no blog
ResponderExcluirCatolicismo em Maria
Pablo Aluísio.