segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Os Papas Assassinados

Os Papas Assassinados
Durante séculos o posto de Papa foi extremamente poderoso no mundo ocidental e em razão disso também muito perigoso para seus ocupantes. A questão é que o Papado tinha poder e influência sobre os povos de reinos de todo o mundo conhecido. Muitos monarcas tinham que contar com o apoio dos Papas para sobreviverem no poder em suas próprias nações. Nem sempre isso era possível. Por essa razão muitos nobres na Idade Média promoveram complôs para matarem os Papas de sua época. Alguns deles realmente foram mortos enquanto estavam no trono de São Pedro, outros foram destituídos de seu poder e mortos logo depois. Vários Papas foram assassinados por ordens diretas de Reis e Rainhas. Outro ponto que fomentava esse tipo de crime infame era a própria luta pelo poder no Vaticano. Famílias nobres da Europa sonhavam em ter algum Papa proveniente de seu clã no posto mais alto da Igreja Católica. Assim era comum a disputa de membros de famílias influentes para subirem ao trono papal. Algumas dessas histórias nos lembram até mesmo em certos aspectos da própria história de Cristo e Judas. Muitos Papas foram traídos e mortos por complôs liderados por pessoas próximas, que eram considerados amigos e irmãos, mostrando que a vida de Jesus acabou se refletindo pelos corredores do Vaticano durante a era medieval. Esse período negro da história vitimou muitos Papas, vamos conhecer alguns deles:

Papa Estevão I (254 - 257)
Foi o primeiro Papa a ser assassinado no trono. Em uma época ainda primitiva da Igreja Católica, Estevão lutou pela união da doutrina religiosa dentro do catolicismo. Enfrentou opositores poderosos, principalmente de setores da Igreja na África e Ásia. Também precisou combater as ideias de Cipriano de Cartago, que defendia uma relativização dos dogmas católicos. Além de enfrentar oposição interna também teve que enfrentar a perseguição romana, tendo sido decapitado por ser cristão em 257 por ordens do Imperador Valeriano. Era o auge da perseguição do Império Romano contra aquela nova fé que crescia cada vez mais dentro da sociedade, o cristianismo.

Papa João VIII (872 - 882)
Passou dez anos no poder. No trono de Pedro evitou uma grande guerra entre os herdeiros do reino Franco. Assim colocou no trono do Reino Franco ocidental, Carlos, o Calvo e no trono do Reino Franco Oriental, Carlos III, o Gordo. Depois foi abandonado pelo dois monarcas quando Roma foi sitiada e pilhada por forças árabes muçulmanas. Para evitar um genocídio de cristãos o Papa João VIII abriu os cofres da Igreja Católica e pagou um tributo que quebrou as finanças da Igreja. Depois caiu vítima de um complô que contou inclusive com seus próprios familiares, sendo morto envenenado provavelmente por seu próprio sobrinho. Uma lenda antiga afirma que ele sobreviveu ao veneno, mas acabou sendo martirizada de forma cruel, com marteladas na cabeça!

Adriano III (884 - 885)
Adriano teve um papado breve e tumultuado. Logo que assumiu o poder aceitou o convite de Carlos III para visitar seu reino. Era uma armadilha. Carlos III queria colocar seu próprio candidato no trono de Pedro e por essa razão era preciso eliminar Adriano III. Oficialmente foi dado como morto durante a viagem por problemas de saúde, mas cronistas da época afirmam que sua carruagem foi cercada por mercenários contratados por Carlos. Colocado para fora do veículo foi morto sumariamente com golpes de espada. Foi enterrado no mosteiro de Nonantola, onde até hoje sua memória é cultuada e reverenciada por moradores da região.

Estevão VI (896 - 897)
Essa foi realmente uma época muito perigosa para se tornar um Papa. Pouco tempo depois dos assassinatos de João VIII e Adriano III, outro Papa foi morto por envenenamento, o terceiro em menos de vinte anos. A vítima foi Estevão VI, que também ocupou o trono por apenas um ano! Estevão foi o escolhido após a morte de Bonifácio VI, sendo indicado a dedo pela poderosa família Espoleto para subir ao poder com o objetivo de confirmar Lamberto de Espoleto como o novo Imperador. Pressionado por Ageltrudes Espoleto, a mãe do imperador, acabou tendo seu papado marcado pelo lamentável "Sínodo do Cadáver". Acontece que a família Espoleto queria que o falecido Papa Formoso fosse julgado e declarado culpado por inúmeros crimes supostamente cometidos durante seu reinado. Assim seu corpo foi retirado de sua cova, levado para um tribunal e lá considerado culpado de todos os crimes que lhe acusavam. Depois desse absurdo uma dose letal de veneno foi colocada na comida de Estevão, provavelmente sob ordens diretas da própria Ageltrudes Espoleto.

Leão V (903)
Outro Papa que morreu supostamente estrangulado. Veio de família humilde. Seu pai era um pobre homem que vivia do campo. Sua mãe valorizava imensamente a educação e deu a Leão a melhor base educacional que era possível naquela época. Logo se tornou um jovem muito culto e muito versado na história de Jesus. Sua sabedoria chamou a atenção do clero e em pouco tempo entrou para os quadros da Igreja Católica. Considerado um homem de valor e muito virtuoso em sua vida pessoal foi rapidamente subindo na hierarquia do catolicismo. Foi eleito Papa em 903, em uma eleição tumultuada, onde um candidato apoiado por nobres foi derrotado por ele, que tinha origem bem pobre e simples. O resultado enfureceu nobres de Roma que começaram a planejar um complô para seu fim. Assim acabou sendo preso após um tumulto, acusado de crimes que jamais cometeu, menos de dois meses após subir ao trono de Pedro. Segundo algumas fontes foi traído por um capelão chamado Cristóvão, que pensou de forma equivocada que seria o próximo Papa. Depois que Leão foi preso simplesmente desapareceu. Seu corpo nunca foi encontrado. Alguns historiadores afirmam que foi morto sob ordens diretas de Sérgio III, o Papa que o sucedeu.

Pablo Aluísio.

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