Esses dois santos são provenientes dos primeiros anos do cristianismo em Roma. Segundo diversas fontes históricas ambos seriam irmãos, membros de uma distinta família romana. Tocados pela nova fé cristã que nascia eles foram executados como exemplo pelo Imperador Diocleciano que considerava essa uma grande ofensa aos deuses romanos, pois não seria admitida mais a existência de um cristão entre os cidadãos da cidade eterna. Para que não houvesse outros casos ele mandou prender Crispim e seu irmão Crispiano. Ele foram executados com requintes de crueldade, sendo decapitados publicamente no dia 25 de outubro do ano de 285 (data em que se celebra sua memória).
Segundo a tradição os dois irmãos foram levados até o general Maximianus Herculius. Esse militar havia sido nomeado por Diocleciano para ser o governador da Gália, uma região muito agitada por rebeliões bárbaras. Era importante para Maximianus manter a ordem e a disciplina entre o povo que sempre resistira à dominação de Roma. Um dos pontos mais sensíveis era justamente o religioso. A religião pagã romana passava por grave crise, até mesmo dentro das fileiras do exército. Essa nova crença chamada de Cristã acreditava que um judeu crucificado na província da Judéia no século I era um enviado por Deus para curar os pecados do mundo. Outros iam além e diziam que o tal Jesus era o próprio Deus dos judeus encarnado entre os homens. Pregando uma fé de paz e amor ao próximo, a nova crença foi corroendo as bases do Império Romano e sua religião oficial, com todo aquele panteão de deuses como Marte, Saturno e Baco.
Os adeptos desse Cristo judeu diziam que havia apenas um Deus e não vários. Ele havia ressuscitado dos mortos após ser morto na cruz pelo governador Pôncio Pilatos naquela distante província de Roma. Para o imperador Diocleciano era imperativo descobrir, prender e executar todo aquele que se declarasse cristão. Essa religião era muito associada a estrangeiros, mas nos últimos ano havia avançando dentro das próprias famílias romanas. Para Diocleciano isso era algo extremamente grave e sério, pois destruía os valores romanos mais importantes da sociedade. O cristianismo pregando paz, igualdade e amor entre os homens atingia as próprias bases do militarismo do grande Império que se baseava na força bruta, na submissão e no domínio dos povos.
Assim era necessário matar a todos os cristãos, sem distinção. O fato de Crispim e Crispiniano serem romanos tornava tudo ainda mais grave. Durante seu breve julgamento o general Maximianus Herculius lhes deu uma alternativa: se eles negassem ao Cristo seriam poupados de uma morte extremamente dolorosa e cruel. Quando lhes foi dada a palavra porém disseram: "Tuas ameaças não nos aterrorizam! Cristo é a nossa vida e a ameaça de morte não nos fará renegar a Jesus e ao reino dos céus. Seu poder e suas posses nada significam para nós. Estamos felizes por sermos sacrificados pela causa do nosso mestre. Jesus não prometeu os tesouros dessa terra, mas sim a glória e a riqueza de uma vida eterna.". O duro militar ficou visivelmente comovido pela fibra de seus prisioneiros naquele momento. Que Deus estranho seria aquele que teria tanto poder assim sobre seus súditos? Aqueles homens estavam renegando suas próprias vidas em prol de uma crença em um novo Deus...
Na mesma hora os irmãos foram levados para a execução. Eles foram submetidos a torturas, suas roupas foram rasgadas, uma pesada pedra de moinho foi fixada em seus pescoços. Depois foram amarrados em uma árvore e brutalmente espancados. O carrasco ficou o tempo todo dizendo: "Reneguem ao Cristo, reneguem ao Cristo!", mas eles não voltaram atrás em sua fé. Finalmente no final do dia foram decapitados. O general Maximianus então mandou que seus corpos fossem trucidados, com os restos espalhados pelos portões da cidade, expostos como exemplo do que aconteceria aos que ousassem desafiar as crenças religiosas da Roma pagã! Depois de suas mortes os cristãos de Roma o transformaram em um grande símbolo de fé. Eram mártires da nova fé Cristã. Quando o império finalmente reconheceu a liberdade de crença aos cristãos anos depois esses construíram uma bela basílica em honra aos irmãos mortos. Suas relíquias foram então levadas até Roma e colocadas no altar da Igreja de São Lorenzo. Outras relíquias foram doadas pelo Rei Carlos Magno para a Igreja dedicada aos santos - e que décadas depois se transformaria numa bela catedral.
Pablo Aluísio.
Catolicismo em Maria
ResponderExcluirA História da Igreja Católica